As palmeiras são plantas que integram a paisagem de praticamente todas as regiões do país, sendo amplamente utilizadas em ornamentações de praças e jardins. São conhecidos 240 gêneros pertencentes à família Areacaceae (Palmae) que, por sua vez, abriga cerca de 3.500 espécies, predominantemente de regiões tropicais.
Mas, a exemplo dos demais grupos de vegetais, as palmeiras também podem sofrer com o ataque de pragas, algumas específicas dessas plantas, que podem causar sérios prejuízos ao desenvolvimento da planta, afetando tanto a sua produtividade quanto a sua estética.
Neste artigo, falaremos sobre as principais pragas das palmeiras, suas características e as formas de combatê-las. Assim, você que cultiva essa planta terá condições de adotar medidas de controle logo ao primeiro sinal de problema. Confira!
Broca-do-olho-das-palmeiras
A chamada broca-do-olho-das-palmeiras ou broca-do-olho-do-coqueiro é um tipo de besouro conhecido cientificamente como Rhynchophorus palmarum. Estes insetos, quando adultos, têm uma coloração negra-aveludada e comprimento de aproximadamente 4,5 a 6,0 cm.
Os machos e as fêmeas apresentam diferentes características em seus bicos. Enquanto os machos possuem cerdas rígidas em sua parte superior, as fêmeas ostentam bicos lisos, mais finos e afiados. Em fase adulta, possuem o costume de pôr seus ovos, aproximadamente 250 por fêmea, na gema apical (olho da palmeira) ou em ferimentos pré-existentes na planta.
Quanto às suas larvas, estas não possuem pernas (ápoda) e seu tamanho é grande se comparado a outros tipos de parasitas, podendo chegar a 7,5 cm. Além disso, apresentam corpo robusto e coloração branco-amarelada. Essa praga tem hábitos diurnos, podendo ser encontrada o ano todo em todas as suas fases de desenvolvimento.
Os danos causados por essa praga ocorrem tanto na fase larval quanto na fase adulta. As larvas se alimentam dos tecidos tenros da planta, construindo galerias que destroem o broto terminal do palmito. Já os insetos adultos transmitem o nematoide responsável por causar uma doença conhecida como anel vermelho, bem como o fungo causador da resinose.
Quando atacada, os principais sintomas iniciais apresentados pela planta são a má-formação e esfacelamento da folha central, seguido pelo amarelamento, murchamento e curvatura das folhas novas, indicando a morte da planta.
Controle da broca-do-olho-das-palmeiras
As plantas mortas, atacadas por essas pragas, devem ser imediatamente queimadas e enterradas, principalmente a sua região apical, para impedir a proliferação dos focos de criação.
É importante também evitar ferimentos nas plantas sadias, mas, caso ocorram, pincele uma substância selante no lugar do corte (piche, alcatrão vegetal ou cal) para evitar que a praga seja atraída para o local.
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Ácaro-da-necrose
Aceria guerreronis é o nome científico do chamado ácaro-da-necrose que, além das palmeiras, ataca também os coqueiros. Essa praga apresenta tamanho microscópico, corpo alongado e vermiforme, com coloração branco-leitosa ou levemente amarelada.
O ácaro-da-necrose se desenvolve sob as brácteas (pétalas, cálice, perianto), alimentando-se do conteúdo das células da epiderme. Nestas regiões, surgem pequenas manchas claras triangulares que, posteriormente, tornam-se marrons e maiores, apresentando aspecto áspero e necrosado.
Os primeiros sintomas da praga ocorrem entre 4 e 8 semanas da fecundação das flores femininas. Além de afetar os frutos, provocando a sua redução de tamanho, peso e queda prematura, esse ácaro também pode causar a necrose do broto ou da gema terminal, levando à deformação ou até mesmo à morte de plantas jovens. No Brasil, as perdas resultantes da infestação dessa praga podem chegar a até 50% da produção.
Controle do ácaro-da-necrose
Com o fim de controlar o ácaro-da-necrose, recomenda-se identificar as plantas que foram gravemente afetadas e retirar os cachos com frutos danificados e deformados, bem como as palhas e panículas secas, providenciando a destruição desses materiais.
Em se tratando de plantas de viveiro e plantas jovens no campo, é aconselhado pulverizar acaricidas, dirigindo-se o seu jato às folhas centrais da planta, assim que os primeiros sinais de ataque da praga forem constatados.
Ácaro vermelho das palmeiras
O ácaro-vermelho-das-palmeiras, cientificamente identificado como Raoiella, é mais uma das pragas que atacam as palmeiras. Pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já identificaram prejuízos causados por ela em mais de 90 espécies de plantas, como em coqueiros, bananeiras e dendezeiros.
Essa espécie de ácaro provoca o amarelecimento e necrose das folhas da planta, ocasionando uma redução severa da produtividade, especialmente em se tratando de plantas novas e mudas cultivadas em viveiros. Possuindo alto poder reprodutivo, a fêmea dessa praga chega a colocar até 160 ovos.
Embora minúscula, ela é facilmente identificada a olho nu, devido à sua cor vermelha intensa com manchas pretas. As fêmeas medem de 0,25 a 0,32 mm e os machos, menores, apresentam apenas 0,22 a 0,23 mm. Geralmente, estão localizadas nas partes de baixo dos folículos das plantas, onde já estão amarelados.
Controle do ácaro-vermelho-das-palmeiras
De acordo com os técnicos da Embrapa, a recomendação é que sejam adquiridas apenas mudas não atacadas em casos de novos plantios, bem como o uso de cerca viva para evitar que o ácaro seja transportado pelo vento. No entanto, trata-se de uma medida onerosa que pode não apresentar eficácia.
Em se tratando de plantações de palmeiras já infestadas, é necessário destruir as folhas já atacadas, além de evitar o transporte de material vegetal e sacarias contaminadas. Importante ressaltar que o uso de produtos químicos não é recomendado, já que são caros e não existe ainda um produto registrado no Brasil para controle dessa praga.
Atualmente, pesquisadores da Embrapa estão desenvolvendo estudos a respeito da eficiência dos óleos vegetais, a exemplo do de algodão, no controle dessa praga. Eles já vêm sendo utilizados como controle alternativo de outras pragas, apresentando vantagens de baixa toxicidade aos inimigos naturais.
Lagarta-das-palmeiras
A lagarta-das-palmeiras é uma das pragas mais comuns encontradas nas palmeiras e é conhecida cientificamente como Brassolis sophorae. Trata-se de uma borboleta de tamanho médio (quando adulta), de hábito crepuscular, que apresenta posturas em grupos de cerca de 100 ovos, depositados nas folhas das plantas. As lagartas nascem após um período de aproximadamente 25 dias, chegando a até 8 cm de comprimento no seu último estágio de desenvolvimento.
Os danos causados pela lagarta são de grande importância, principalmente estética, uma vez que arruinam significativamente a planta hospedeira, desfolhando-a completamente. No entanto, em casos de infestações mais severas, a lagarta-das-palmeiras pode levar a planta, direta ou indiretamente, à morte.
Sua presença é muito fácil de ser detectada por conta da presença de uma espécie de “ninho” feito para a proteção de predadores e intempéries. Além disso, é possível também constatar o seu aparecimento quando observados danos às folhas e acúmulo de fezes em formato de pelotas próximas ao solo, na projeção da copa da planta.
Controle da lagarta-das-palmeiras
No vídeo, confira como deve ser feito o controle das lagartas que atacam as palmeiras. Confira:
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Taruranas: mais uma praga das palmeiras
As taturanas, também chamadas de lagartas urticantes ou “lagartas de fogo”, termo muito utilizado, são aquelas que possuem cerdas especializadas como meio de defesa contra predadores e agressores. Quando em contato com a epiderme humana, essas cerdas provocam uma sensação dolorosa semelhante a uma queimadura causada por substâncias químicas cáusticas ou fogo.
De modo geral, essas pragas são desfolhadoras de inúmeras espécies de vegetais, mas são mais comumente encontradas em palmeiras e outras árvores urbanas, não causando danos significativos em baixas infestações.
O maior problema, porém, é com o ser humano. Isso porque são plantas cultivadas em ambientes urbanos, como praças, jardins e até ambientes internos, e é comum o registro de acidentes com pessoas que foram “vítimas” dessa praga ao manusear a vegetação.
Aliás, caso isso ocorra, os especialistas não recomendam a utilização de pomadas para queimaduras, pasta de dente, álcool ou amoníaco. Caso a pessoa tenha uma reação alérgica, com febre e início de edema de glote (inchaço repentino na garganta, impedindo a passagem de ar para os pulmões) é preciso acionar um socorro médico imediato.
Controle das taturanas
Embora não existam inseticidas químicos ou biológicos registrados, o uso do controle biológico (agentes entomopatogênicos) é considerado eficiente para a maioria das espécies de taturanas.
Falsa-barata-das-palmeiras
As falsas-baratas-das-palmeiras são do gênero Coraliomela e, como o próprio nome já diz, são falsas porque, na verdade, são besouros. Não há qualquer parentesco entre eles, apenas a semelhança de possuírem seu dorso achatado ventralmente como as verdadeiras baratas. Essa praga é representada por diversas espécies, sendo as mais encontradas a C. brunnea e a C. aenoplagiata.
Esses insetos apresentam coloração predominantemente vermelha com manchas negras conjugadas, a depender da espécie e variedade. Possuem hábitos diurnos e capacidade de voo reduzida, chegando a ter dimensões entre 22,0 a 36,0 mm de comprimento.
Curiosamente, quando tocados, esses besouros liberam um líquido viscoso e amarelado pelo aparelho bucal, caindo ao solo e fingindo-se de mortos (comportamento de tanatose). Na fase adulta, alimentam-se do parênquima das folhas das palmeiras (tecidos da folha), partindo-o em tiras.
Quando ocorre o ataque dessa praga, observam-se furos elípticos realizados pelas larvas. Esses são os principais sintomas da falsa-barata-das-palmeiras, pois dão um aspecto rendilhado à folha com furos quase que simétricos nos folíolos após a sua abertura. Outro fator que pode ser notado em casos de infestações são as fezes em forma de pequenas escamas amareladas junto aos locais danificados.
Em casos mais severos – infestações acima de 4 ou 6 larvas por planta e posteriormente pelos insetos – são identificados elevados danos estéticos às palmeiras. Além do seu depauperamento generalizado, a planta passa a ter dificuldades de desenvolvimento, podendo inclusive levá-la à morte.
Controle da falsa-barata-das-palmeiras
Apesar de não existirem produtos registrados para o controle das falsas-baratas-das-palmeiras, o uso de defensivos químicos de contato e de baixa toxicidade é eficiente para a eliminação de larvas. No caso dos besouros adultos, pode-se eliminá-los manualmente.
É comum encontrar esses insetos infectados naturalmente pelo fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, que pode ser usado, inclusive, como controle biológico dessa praga. Trata-se de um produto que age por contato, eliminando tanto adultos como larvas, com pulverização realizada nos horários menos quentes do dia sobre as folhas, axilas e flechas das palmeiras.
Escaravelho das palmeiras
O escaravelho das palmeiras (Rhynchophorus ferrugineus), pertencente à ordem dos Coleópteros, tem origem nas regiões tropicais do sudeste da Ásia e Polinésia. No Brasil, essas pragas atacam principalmente a Palmeira das Canárias (Phoenix canariensis), sendo menos frequentes em tamareira (P. dactylifera) e Washingtonia sp.
Esses insetos são de fácil detecção, tendo em vista que se alimentam do interior da planta, durante 3 a 4 meses, tempo suficiente para que o inseto atinja a fase adulta. No entanto, como são identificados na planta por meio de sua alimentação, os sintomas costumam aparecer apenas após três meses ou até mais de um ano do início da infestação.
Os aspectos sintomatológicos podem ser percebidos quando começam a aparecer, por exemplo: orifícios na base das folhas, podendo conter larvas e casulos; folhas jovens com parte dos folíolos comidos (aberturas em forma de V ou truncadas); coroa com aspecto achatado ao topo (aspecto tipo “chapéu-de-chuva”); presença de exsudação viscosa junto aos orifícios de saída das larvas; dentre outros.
Controle do escaravelho das palmeiras
Para evitar que ocorra o ataque do escaravelho das palmeiras, é importante evitar todo o tipo de feridas na planta, já que essas lesões facilitam o acometimento pela praga. Além disso, aplicar pastas cicatrizantes com ação fungicida e inseticida nos cortes, utilizar armadilhas para a captura de adultos e podas realizadas em períodos mais frios de novembro a fevereiro (período em que a praga está mais ativa) são medidas preventivas de grande eficácia contra essa praga.
Outra alternativa viável é o tratamento preventivo, realizando-se pulverizações alternadas, com intervalos entre 30 e 45 dias, utilizando nematoides entomopatogênicos (controle biológico) e inseticidas de uso autorizado em palmeiras.
E então, gostou do artigo? Agora que você conheceu as principais pragas das palmeiras, acesse outro post que trata das principais doenças das palmeiras, seus sintomas e controle. Boa leitura!