A prática agrícola, por sua natureza, requer um comprometimento excepcional, uma dedicação incansável e investimentos consideráveis para alcançar níveis de produtividade desejáveis.
Além dos processos essenciais como o preparo do solo e a adubação adequada, as plantas demandam atenção constante ao longo de seu ciclo de vida. Um aspecto importante reside no monitoramento diligente de pragas e doenças, cuja presença pode prejudicar o desenvolvimento das plantas e impactar substancialmente a produtividade final.
Assim, entre as diversas doenças que afetam as culturas agrícolas, o oídio se destaca como um exemplo comum e temido pelos agricultores, dada sua capacidade de incidir em uma ampla variedade de cultivos.
Por isso, acompanhe este artigo, a fim de compreender os fundamentos do oídio, identificar seus sintomas nas plantações e explorar estratégias eficazes para combatê-lo nos campos agrícolas. Não perca esta oportunidade de ganhar mais conhecimento!
O que é o oídio?
O oídio, cujo agente causal é o fungo Sphaerotheca fuliginea, é uma doença que afeta a parte aérea das plantas.
Além disso, o oídio exerce sua maior incidência em plantas pertencentes à família das cucurbitáceas, englobando cultivos como abóbora, moranga, pepino, melão, e melancia. Contudo, sua ação não se restringe a estas, podendo também afetar outras culturas como o morangueiro, o tomateiro, o feijoeiro, a vagem, a soja, o trigo, e diversas outras plantas cultivadas.
Desse modo, a identificação do oídio é relativamente simples, uma vez que ele se manifesta na forma de uma camada branca sobre a superfície das folhas, frequentemente descrita pelos agricultores como “cinza das folhas”. Ao longo do tempo, a coloração branca do fungo tende a transformar-se em tons castanho-acinzentados, e em situações de alta incidência, pode resultar na desidratação e na queda prematura das folhas.
Os sintomas do oídio geralmente são visíveis na parte superior das folhas, mas ocasionalmente também podem ser observados na face inferior.
Além dos sintomas mencionados anteriormente, em casos de infestações severas, o oídio pode induzir a manifestações adicionais, tais como o retorcimento das folhas, a necrose e a morte de folhas e ramos, a deformação de frutos e a queda prematura de folhas, flores e frutos.
Embora o oídio possa afetar as plantas em qualquer estágio de seu desenvolvimento, sua incidência é especialmente favorecida em condições ambientais específicas. Ambientes com baixa umidade relativa do ar, caracterizados pela aridez, juntamente com temperaturas moderadas, criam condições ideais para o surgimento e desenvolvimento desta doença.
Por isso, em ambientes controlados, como estufas, as condições de umidade e temperatura muitas vezes propiciam o desenvolvimento do oídio. No entanto, em ambientes externos, a ocorrência de chuvas pode ter um efeito benéfico, removendo a camada esbranquiçada, que consiste nas estruturas fúngicas que se desenvolvem na superfície da folha.
É crucial notar que o oídio é um parasita obrigatório, o que implica que ele requer tecidos vivos e suscetíveis para seu desenvolvimento. Em outras palavras, ele só pode prosperar em plantas vivas e não sobrevive em restos culturais ou materiais mortos.
Para estabelecer-se e se alimentar da planta hospedeira, o oídio necessita penetrar nas células da epiderme por meio de estruturas especializadas conhecidas como haustórios. Uma vez dentro das células, o fungo extrai nutrientes da planta hospedeira por meio de suas hifas, estruturas filamentosas responsáveis pela absorção de nutrientes e pela disseminação do fungo pelo tecido vegetal.
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Quais são os danos causados pelo oídio?
A presença do oídio sobre as folhas interfere diretamente na capacidade da planta realizar a fotossíntese de maneira eficiente. A camada esbranquiçada que se forma sobre as folhas bloqueia a passagem da luz solar e, consequentemente, prejudica a absorção de luz pelas células vegetais, comprometendo o processo fotossintético e reduzindo a produção de energia e nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento saudável da planta.
Nesse sentido, em situações extremas, a obstrução da fotossíntese e a deterioração do tecido vegetal podem, de fato, resultar na morte da planta. Contudo, geralmente, o que se observa é uma redução significativa na produção. Essa redução na produção pode impactar negativamente a rentabilidade da colheita e a sustentabilidade econômica do cultivo.
A disseminação do oídio no campo ocorre principalmente através do vento, que transporta os esporos do fungo por longas distâncias. A água também pode desempenhar um papel na disseminação, especialmente em distâncias mais curtas, como durante a irrigação ou chuvas. Esses dois mecanismos de dispersão contribuem para a rápida propagação da doença em áreas agrícolas.
Quais as principais culturas atacadas pelo oídio?
Já aprendemos que o oídio incide sobre diversas espécies cultivadas. Vamos explorar mais a fundo as características específicas do oídio nas principais culturas agrícolas.
Oídio na Videira
O oídio é uma das doenças mais prevalentes e significativas que afetam a videira, sendo provocado pelo fungo Uncinula necator.
O sintoma primário do oídio na videira é o aparecimento de manchas branco-acinzentadas, que correspondem à esporulação do fungo sobre as folhas.
Além das folhas, o oídio também pode afetar ramos, inflorescências e frutos da videira, manifestando-se com o mesmo sintoma de crescimento branco pulverulento.
Em casos de ataques posteriores ao estágio de floração, é possível observar a divisão das bagas ao meio, deixando suas sementes expostas. No entanto, em estágios mais avançados da infestação, as bagas não se partem, mas apresentam manchas escuras, um sintoma que também pode surgir nos ramos.
O controle eficaz do oídio na videira demanda atenção e cuidado constantes por parte dos viticultores.
Logo, para combater o oídio na videira, é crucial adotar medidas preventivas, como a pulverização regular com fungicidas à base de enxofre. No entanto, se os primeiros sintomas da doença aparecerem, é recomendável o uso de fungicidas sistêmicos para conter a propagação do fungo. Essas práticas de manejo ajudam a proteger as videiras e garantir uma produção saudável de uvas.
Em regiões tropicais, onde as condições ambientais favorecem o desenvolvimento do oídio, é altamente recomendado aplicar produtos preventivos desde o estágio de floração até a maturação das videiras. Essa abordagem proativa ajuda a evitar infestações e a garantir a saúde das plantas ao longo de todo o ciclo de crescimento.
Portanto, é importante observar as condições climáticas ao aplicar enxofre, pois o produto não deve ser utilizado quando a temperatura do ar exceder 30°C, devido ao risco de fitotoxicidade, nem quando estiver abaixo de 18°C, pois sua eficácia pode ser comprometida. Essas diretrizes ajudam a garantir uma aplicação eficaz e segura do enxofre para o controle do oídio na videira.
Oídio na soja
O fungo responsável pelo oídio na soja é o Microsphaera diffusa. Apesar de ser comum nas lavouras de soja, especialmente em ambientes com temperaturas entre 18°C e 24°C e baixa umidade, as perdas produtivas geralmente são baixas, em torno de 10%.
Tal qual em outros cultivares, o principal sintoma do oídio na soja é a formação de uma camada esbranquiçada sobre toda a parte aérea da planta. À medida que a doença progride, essas manchas esbranquiçadas nas folhas tendem a se tornar castanho-acinzentadas, e em casos severos, pode ocorrer a queda das folhas.
Embora o oídio possa afetar a soja ao longo de todo o seu ciclo de desenvolvimento, a sua maior incidência geralmente ocorre entre os estádios R1 e R6 da planta.
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Oídio no Trigo
O oídio é uma doença amplamente disseminada na cultura do trigo, presente em quase todas as regiões tritícolas do mundo. Em casos de infecção em cultivares suscetíveis, essa doença pode resultar em danos significativos à produtividade, chegando a reduções de até 60%.
Com efeito, o fungo responsável pelo oídio no trigo é o Blumeria graminis f. sp. tritici. Nas lavouras, a doença é frequentemente referida pelos agricultores como mofo ou cinza.
Por isso, nos campos de trigo, os sintomas do oídio manifestam-se pela formação de uma camada branca nas folhas e nas bainhas das plantas. Ao agitar as plantas afetadas, é possível observar a liberação de um pó branco, que consiste nos esporos do fungo, caracterizando a disseminação da doença.
Conforme a doença progride, as partes afetadas pelo oídio tendem a adquirir uma coloração amarelada, e em casos de infestação severa, pode ocorrer a queda prematura e o acamamento das folhas.
O ciclo de vida do oídio no trigo é bastante rápido, variando de 5 a 25 dias, dependendo das condições ambientais, especialmente da temperatura do ar. A doença tende a ser mais grave quando as temperaturas oscilam entre 15°C e 22°C, proporcionando um ambiente ideal para o rápido desenvolvimento do fungo.
Em síntese, a ação do oídio no trigo é irreversível. As partes da planta que foram afetadas pela doença acabam morrendo, o que resulta em uma redução significativa da produtividade da cultura. A morte de partes da planta compromete o seu desenvolvimento saudável e, consequentemente, afeta o rendimento da colheita.
Oídio no feijoeiro
O oídio no feijoeiro é causado pelo fungo Erysiphe polygoni. Embora esteja distribuído em diversas partes do mundo, no Brasil, essa doença geralmente apresenta uma importância secundária devido à sua baixa ocorrência.
Também no feijoeiro, os sintomas dessa doença manifestam-se pela formação de manchas com uma camada esbranquiçada nas folhas. Em casos de ataques mais severos, pode ocorrer o surgimento de folhas amareladas e retorcidas, acompanhadas de desfolhamento.
Efetivamente, o oídio no feijoeiro geralmente tem uma maior ocorrência a partir do estádio de florescimento da planta. Se a infecção ocorrer antes da formação das vagens, pode causar danos sérios à cultura, afetando negativamente o desenvolvimento das plantas e a produção de vagens.
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Oídio no Tomateiro
Existem dois fungos que podem causar oídio no tomateiro: o Oidium neolycopersici e Oidiopsis haplophylli.
Assim que, o oídio é uma doença bastante comum no tomateiro, especialmente em cultivos realizados em estufas ou ambientes protegidos. As condições dentro das estufas, como a baixa umidade relativa do ar e a temperatura elevada, geralmente favorecem o desenvolvimento do fungo causador do oídio, contribuindo para sua disseminação e impactando negativamente a produção de tomates.
Os sintomas da doença são diferentes de acordo com o fungo que está atacando:
- Oidium neolycopersici: observa-se manchas pulverulentas de coloração esbranquiçada principalmente na parte de cima da folha, mas na parte de baixo também é possível identificar. É chamado de oídio-adaxial.
- Oidiopsis haplophylli: não se observa facilmente a massa pulverulenta, mas manchas amareladas que evoluem para necrose. Neste caso, é chamado de oídio-abaxial.
Oídio em outras culturas
Como comentamos, o oídio é um patógeno polífago que pode atacar diversas culturas. Vamos conhecer mais algumas espécies comumente atacadas pelo oídio:
- Cucurbitáceas (Padosphaera xanthii);
- Brássicas (Erysiphe polygoni);
- Aveia (Blumeria graminis f. sp. avenae);
- Cevada (Blumeria graminis f. sp. hordei);
- Canola (Oidium balsamii);
- Girassol (Erysiphe cichoracearum);
- Ervilha (Erysiphe poligoni).
Como controlar essa doença?
Em suma, uma das principais estratégias de controle do oídio é o uso de cultivares resistentes, quando disponíveis. Optar por variedades de tomateiro que apresentam resistência genética ao oídio pode reduzir significativamente a incidência da doença e minimizar os danos causados às plantações.
Outra alternativa para o controle do oídio no tomateiro é o uso de fungicidas. É fundamental consultar os fungicidas recomendados para cada cultura no site da AGROFIT ou em outras fontes confiáveis, garantindo o uso de produtos adequados e registrados para o controle eficaz da doença, seguindo as recomendações de dosagem e aplicação para evitar problemas de resistência e garantir a segurança do cultivo.
No caso das culturas anuais, como o tomateiro, é necessário evitar a semeadura em épocas que favoreçam a ocorrência do oídio. Planejar o plantio de forma a evitar períodos de clima quente e seco, que são propícios para o desenvolvimento da doença, pode ajudar a reduzir sua incidência e minimizar os danos à produção.
E então, gostou do artigo sobre oídio? Continue aprendendo sobre a prevenção e controle de doenças fúngicas com o nosso artigo sobre míldio, sintomas e formas de controle. Até a próxima leitura!