Tripes em soja: entenda os principais pontos sobre o assunto!

Tripes em soja: entenda os principais pontos sobre o assunto!

Em um país de clima tropical e subtropical como o nosso, é comum lidarmos constantemente com uma série de pragas nas lavouras. Esse é um desafio constante para o produtor brasileiro, independentemente da região em que ele está inserido. Nesse contexto, você já ouviu falar sobre ocorrência de tripes em soja?

Trata-se de uma praga secundária na cultura da soja que, apesar de causar prejuízos, geralmente não representa um dano expressivo, porém, em caso de grande infestação pode gerar perdas significativas na produtividade final.

Sendo assim, ao longo deste post vamos falar acerca do tripes, uma praga que aflige diversos produtores rurais Brasil afora. Você conhecerá em detalhes o que são, os danos que causam à lavoura de soja e como realizar um controle efetivo. Confira!

Leia também: Principais doenças da soja: sintomas e principais dicas de controle.

O que são tripes?

Tripes são um grupo de insetos que fazem parte da família dos artrópodes (Thripidae), constituída de mais de 290 gêneros e duas mil espécies catalogadas, abundantes nas lavouras de soja.

São pequenos, com um tamanho máximo de 5 mm de comprimento, de cor preta ou marrom, que em períodos de seca podem alcançar grandes densidades populacionais, prejudicando o cultivo. O seu ciclo de desenvolvimento varia de 18 a 28 dias, a depender da espécie, com um hábito alimentar fitófago, sendo que existem alguns exemplares que se alimentam de pulgões, ácaros e cochonilhas.

Tripes em folha com manchas esbranquiçadas
Os tripes são insetos que atacam as lavouras de soja e, se não forem controlados, podem causar grandes prejuízos.

Quais são os tipos de tripes em soja?

Na cultura da soja prevalecem as espécies Caliothrips braziliensis e Frankliniella schultzei. A primeira normalmente se instala na parte inferior das folhas, em sua porção mais baixa. Já a Frankliniella, na maioria dos casos, ataca o tecido merismático (de origem embrionária).

Por conta disso, é fundamental realizar um acompanhamento da praga desde os primeiros estágios da cultura, a fim de realizar um controle antecipado, agindo exatamente nos locais onde o inseto costuma ficar alojado.

Conforme o desenvolvimento da planta avança, fica mais complicado realizar o acompanhamento, e, caso não tenha sido realizado esse controle, a densidade populacional do inseto pode se tornar um problema que afeta a produção das plantas.

Veja também: Nematoides na soja: como fazer o manejo cultural.

Quais são os danos que os tripes podem causar às plantações?

Essas pragas possuem um aparelho bucal sugador, que utilizam para romper o tecido celular das plantas, dando a impressão de raspagens nas folhas das quais eles se alimentam.

A princípio os rastros se apresentam em coloração branca e tomam uma tonalidade escura com o tempo, formando trilhos nas folhas, que então se tornam prateadas ou acinzentadas e em seguida, ficam marrons.

Imagem com 2 fotos sendo à esquerda mão segurando três folhas infestadas com tripes e à direita imagem com zoom
Os tripes atacam principalmente a parte inferior das folhas de soja. Foto: Maurício Paulo Batistella Pasini.

Além disso, os tripes trazem maior dano quando estão na fase de larva, quando necessitam de maior quantidade de alimento. Nesse período, eles passam todo o tempo se alimentando da planta e causando danos às folhas da soja.

Essas lesões causam a redução da área foliar fotossintética, o que consequentemente interfere no peso do grão, reduzindo a produtividade da planta. Pode causar também o abortamento das folhas e flores.

O ataque de tripes também pode acarretar um aumento da perda de água nas plantas, fazendo com que as folhas murchem rapidamente.

Ademais, essas lesões também se tornam porta de entrada para patógenos como o vírus da “queima-do-broto”. O problema se torna ainda mais intenso em épocas de seca, quando há maior incidência do inseto.

Larva de tripes em folha
As larvas dos tripes por necessitarem de maior quantidade de alimento trazem maiores prejuízos às lavouras.

Confira também: 5 dicas para combater a ferrugem asiática da soja.

Quais são os principais fatores de propagação da praga?

Mesmo que os insetos tenham uma baixa capacidade de voo, o principal fator de propagação da praga é através do vento, se espalhando por distâncias consideráveis até mesmo para outras áreas.

Por isso, é comum que regiões inteiras enfrentem o problema de tripes simultaneamente, devido à proximidade entre as propriedades e plantações.

Como parte do ciclo de vida dos insetos é realizado no solo, com os ovos, a seca tem um papel fundamental no desenvolvimento da praga.

O estresse hídrico permite que eles se desenvolvam no solo, passando rapidamente da fase de ovos e larvas para insetos adultos, que se alimentam das plantas, se espalham pela região e se proliferam, aumentando a população da praga na lavoura.

Infestação de tripes na parte inferior de folha de soja
O maior propagador desses insetos é o vento, que acaba levando essa praga inclusive para lavouras vizinhas. Foto: Maurício Paulo Batistella Pasini.

Como realizar o controle de tripes em soja?

Para realizar o controle de tripes é preciso utilizar um manejo integrado, que se apoie em um sistema de rotação de culturas, verificando quais plantas não são hospedeiras. O controle de ervas daninhas no meio da plantação também deve ser feito, já que elas são abrigos para os tripes.

No que diz respeito aos defensivos a serem utilizados, inseticidas com ação translaminar (que atuam na parte externa e interna das plantas) devem ser escolhidos para que o efeito alcance os insetos, que agem na região inferior das folhas. Além disso, é preciso escolher produtos que sejam seletivos, a fim de manter os inimigos naturais dos tripes.

Entre os princípios ativos registrados para o controle das duas espécies principais da praga estão:

  • Acefatos (organofosforados);
  • Clorfenapir (análogo de pirazol);
  • Imidacloprido (neonicotinóide);
  • Permetrina (piretróide).

Como mencionamos, a ocorrência de tripes na cultura da soja não é uma ameaça tão grande para a produção se mantida sob controle. Um manejo correto e atento já é o suficiente para evitar maiores prejuízos.

Algo que deve sempre estar em mente, porém, é o fato de que a seca maximiza a sua ação, levando a necessidade de uma estratégia mais firme de irrigação em tempos de estresse hídrico.

No vídeo abaixo, veja como identificar tripes já no início do desenvolvimento do cultivo da soja:

Fonte: Maurício Paulo Batistella Pasini.

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Aproveite e acesse também o nosso artigo sobre as principais pragas do tomateiro. Boa leitura!

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