Versátil, altamente rentável e adaptável. Essas são apenas algumas das características que transformam o Pirarucu em uma ótima opção para produtores que desejam bom retorno financeiro.
Devido a esse alto potencial produtivo, atualmente a criação de Pirarucu – também chamado de “bacalhau da Amazônia” – se encontra em fase de crescimento, especialmente na região Norte do país.
Segundo o IBGE, em 2020 a produção em cativeiro chegou a 1.892.65 kg, o que demonstra uma criação ainda tímida, baseada na qualidade da carne e outras facilidades.
E então, se animou e deseja iniciar a sua criação de Pirarucu? Já ouviu falar das possibilidades comerciais desse peixe em cativeiro? Para te ajudar, preparamos um guia básico com tudo que você precisa saber antes de iniciar os investimentos. Confira na íntegra!
Antes de tudo, conheça o Pirarucu
Se o Pirarucu atende pelo título de “gigante das águas doces”, podemos dizer que está entre os maiores peixes de água doce do ecossistema brasileiro. Embora seu comprimento médio costume ficar em torno de dois metros, é possível chegar a até três metros. Já o peso pode chegar a atingir a casa dos 300 kg, com ganho médio em torno de 10kg/ano.
As medidas podem assustar à primeira vista, mas esse é um dos motivos dos criadores optarem por essa espécie: a rapidez em chegar no potencial produtivo.
A facilidade também diz respeito ao habitat natural do Pirarucu. Originário da região Amazônica, a espécie gosta muito de águas claras e tranquilas, com temperaturas em torno dos 30°C.
Além disso, o Pirarucu possui respiração tanto aquática quanto aérea, portanto, não se trata de uma espécie de profundezas.
De acordo com a Embrapa, o Pirarucu chega ao peso de mais de 10 kg na fase de comercialização, o que exige um processamento industrial antes de chegar ao consumidor final. Aí é que entra uma fragilidade da cadeia produtiva.
Existe, ainda, baixo investimento nesse quesito, diferentemente de quando se trata de outros peixes de água doce populares entre os criadores, como o robalo, o linguado ou a tilápia, que domina o mercado atualmente.
Leia também: Pirarara: tudo sobre essa espécie de peixe.
Pontos de atenção: desafios na criação do Pirarucu
Como acontece com qualquer criação, também é necessário colocar na balança alguns pontos de atenção antes de apostar todas as fichas nessa espécie.
Quando o assunto é Pirarucu, o primeiro ponto de atenção é planejar a criação. Para isso, considere o ambiente e os fatores mínimos para que os alevinos inseridos ali tenham chance de sobreviver, crescer e ganhar peso, assim como se reproduzir e gerar a rotatividade da atividade. Assim, certifique-se da origem dos genitores e da genealogia, que vai garantir o alto valor de mercado.
Considere também as regras para iniciar a criação desse tipo de peixe, que são criteriosas, uma vez que o Pirarucu é um dos integrantes da relação de espécies ameaçadas de extinção na fauna nacional, lista gerenciada pelo Ibama. É preciso fazer um cadastro de monitoramento, para assegurar a pureza da espécie e evitar a completa extinção do Pirarucu.
Além disso, também deve-se considerar os desafios relativos ao manejo reprodutivo. É interessante notar que a disponibilidade de alevinos é irregular, já que a reprodução dos peixes ainda precisa de ajustes.
Sabemos que entre a espécie existe o dimorfismo sexual, e somente ao se aproximar o período de acasalamento que passa a ficar clara a diferenciação entre machos e fêmeas, mais especificamente quando se aproxima a época de oviposição.
De forma empírica, os criadores se apegam a diferenciação entre os sexos por meio da observação das cores dos peixes em determinadas épocas dos ciclos reprodutivos. Quando se aproxima a época de desova, por exemplo, os machos assumem uma coloração rosada ou mais puxada para o vermelho, porém, essa confirmação do sexo não é 100% válida e os estudos nesse sentido tem sido cada vez mais intensos.
Uma vez que a diferenciação do sexo baseada apenas na aparência dos peixes é pouco satisfatória, pesquisadores da Embrapa Amazônia, em parceria com cientistas franceses, alemães e escoceses, desenvolveram um método rápido e seguro de identificação do sexo por meio de testes de DNA, através de sexagem molecular para determinação individual. Além de não ser invasiva, alevinos jovens podem ser identificados. Isso, sem dúvida, é uma forma de agregar valor comercial às criações e permitir também o aumento e incentivo comercial da espécie.
Alimentação do Pirarucu
Alimentar um peixe com tamanho e peso tão significativos também exige um trabalho proporcional. No caso do Pirarucu, o ideal é investir na alimentação correta para hábitos carnívoros, o que supõe uma base de ração específica.
Uma opção é utilizar ração para peixe marinho, que contém farinha de lula, de peixe e de camarão, e vão potencialmente liberar aminoácidos. O consumo não apresenta dificuldades, já que são altamente palatáveis.
O Pirarucu é um peixe grande, de bom desenvolvimento, que atinge a maturidade muito rapidamente. Portanto, é indispensável que a composição do alimento escolhido tenha um percentual grande de proteínas brutas.
De acordo com as recomendações da Embrapa, elaboradas por especialistas, o percentual ideal mínimo fica entre 40% e 50%. Para se ter uma ideia, rações voltadas a outros peixes carnívoros costumam ficar na casa dos 35% a 37%. Ademais, em cativeiro, é importante dar uma atenção especial aos alevinos, que precisam ser ensinados desde os primeiros momentos de vida a ingerirem a ração.
No entanto, também existem piscicultores que acabam optando pela alimentação natural, feita utilizando outros peixes menores. Em geral, a cadeia alimentar torna espécies pequenas – como a tilápia e o lambari – boas opções para a dieta altamente proteica do Pirarucu. Se desejar introduzir alimento natural, é importante ter atenção e oferecê-lo de forma gradativa.
Veja também: Tambaqui: veja como obter sucesso na criação.
Como é o mercado para comercialização de Pirarucu?
O Pirarucu é considerado uma iguaria muito cobiçada por cozinheiros do mundo todo, justamente pela sua delicadeza no sabor e no preparo, além de ter uma carne de cor clara e de padronização como poucas espécies, detalhes que o transformam em um dos preferidos do público.
O rendimento de carne é bem alto, o que contribui bastante para a espécie ser uma grande experiência gastronômica: sem espinhos, com sabor suave e carne macia, do tipo que desmancha na boca, com uma textura única.
As escamas e couro da espécie também são aproveitadas por outros setores industriais, principalmente na confecção de sapatos, bolsas, cintos e outros acessórios ou peças de vestuário.
Pra se ter uma ideia do valor da compra dos alevinos para criação, tende a flutuar de acordo com alguns detalhes, como a região da transação, se já são treinados ou não para o consumo de ração e, é claro, a qualidade e o tamanho do lote. Em geral, é possível encontrar ofertas que vão de R$ 30,00 a R$ 125,00.
Atualmente, o quilo do filé começa a ser comercializado por um preço mínimo que gira ao redor dos R$ 8. No entanto, a depender da região, é possível ampliar ainda mais sua margem de lucro na venda. Nas regiões Sul e Sudeste, por exemplo, o Pirarucu ganha um certo status de iguaria nacional e pode ser encontrado por valores de R$ 15 a R$ 17 o quilo, em média.
Essa ótima aceitação do mercado, o fato de ser um peixe de ótimo rendimento e de relativa facilidade em manejar em cativeiro são pontos que precisam fomentar o aumento de indústrias capazes de suprir a demanda produtiva, sendo que esse é o ponto frágil da cadeia produtiva de forma geral.
Com todas essas informações e, tendo em mente que os lucros compensam, a atividade de psicultura com o Pirarucu é realmente uma oportunidade que tem muito a contribuir com o cenário produtivo brasileiro. Não fique de fora dessa, produtor!
E então, gostou de saber mais detalhes sobre a criação de Pirarucu? Aproveite e acesse também nosso post sobre lambari. Boa leitura!