O sistema de cruzamento industrial é muito usado na pecuária de corte no Brasil, uma vez que une raças diferentes, aproveitando o melhor da genética de cada uma delas, com o objetivo de produzir uma carne de alta qualidade.
Neste artigo, vamos dar todos os detalhes sobre como funciona o cruzamento industrial e também apresentar algumas das raças mais usadas em programas de melhoramento genético de gado de corte.
Afinal, o que é cruzamento industrial?
Antes de tudo, é preciso explicar o que é o cruzamento industrial e as formas que são utilizadas. Trata-se de uma estratégia adotada por pecuaristas para produzir novos exemplares de animais, usando diferentes raças.
O cruzamento industrial teve seu primeiro “boom” na década de 1990, quando pecuaristas constataram que o acasalamento do gado zebu com o gado europeu resultava em animais com melhor desempenho, isto é, havia ganho de peso, resistência a doenças e qualidade da carne, devido a um fenômeno conhecido como heterose.
Com o melhoramento genético, de forma mais rápida, é possível “tirar o melhor” do pai e da mãe para as futuras gerações de animais. A escolha das raças, obviamente, dependerá muito do seu objetivo na pecuária.
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Formas de cruzamentos
Agora, vamos fazer uma breve análise sobre as formas de cruzamento industrial. Atualmente, é possível realizá-lo pelos seguintes tipos: rotacionado, terminal e rotacionado-terminal.
Na modalidade rotacionado, usa-se somente duas raças. As fêmeas são destinadas à reprodução, que ocorre com um animal que seja da mesma raça do pai ou da mãe, ou seja, realiza-se o retrocruzamento.
O cruzamento terminal ocorre entre duas raças diferentes e todos os produtos são destinados ao abate. Nesse caso não se reserva as fêmeas para reprodução. Elas também são levadas à produção de carne, tão longo alcançarem as características essenciais, como peso e idade. É uma das modalidades mais praticadas na pecuária nacional.
Por fim, no terceiro caso (rotacionado-terminal), também são utilizadas duas raças, entretanto as fêmeas que resultarem desse primeiro processo serão cruzadas com uma terceira raça. O resultado dessa última cruza será destinado ao abate.
Assim, nesse sentido, ocorrem duas cruzas. A primeira com separação das fêmeas, e, na segunda, as fêmeas também se destinam à produção de carne.
Por isso, essa forma de cruzamento industrial possui o nome composto pelas duas hipóteses anteriores, pois, de certa forma, ela engloba as duas maneiras de cruzamento.
O resultado de tudo isso que explicamos acima é a exploração da heterose e a melhora dos abates, pois as raças cruzadas são melhores em diversos aspectos. É o que iremos mostrar a seguir.
Vantagens do cruzamento industrial
Agora que as formas cruzamento industrial já foram mencionadas, é hora de citar as vantagens desse processo, citando alguns exemplos de raças mais usadas e que apresentam melhores resultados.
Como essa técnica tem por finalidade “tirar o melhor” de duas ou mais raças de gado de corte, de diferentes tipos biológicos, visando melhorar a eficiência na produção de carne bovina, esse sistema explora o fenômeno da heterose.
Também chamada de vigor híbrido, a heterose tem grande importância, pois ela significa a superioridade média que os filhos nascidos desses cruzamentos possuem em relação aos pais.
Os benefícios da heterose se dão tanto no aspecto produtivo (ganho de peso de carcaça, fertilidade e precocidade, por exemplo) e também na qualidade da carcaça (melhor acabamento, marmorização e maciez).
Na prática, proporcionam maior valor agregado no final do ciclo produtivo dos animais. Aliás, a heterose será mais destacada no caso de haver maior distanciamento genético entre as raças puras envolvidas no cruzamento. Ocorre um benefício máximo quando se cruza um taurino com um zebuíno.
No vídeo abaixo, confira sobre a heterose a pasto no cruzamento industrial:
Além da heterose, também é levado em conta a heterozigose, que é a quantidade de genes oriundos das raças diferentes. Quando se cruza animais de raças diferentes, a heterozigose é total, ou seja, 100%.
Por exemplo: ao se cruzar animais das das raças Angus com Nelore, a heterozigose é de 100%, pois todos os genes estão vindo de raças diferentes puras.
Precocidade dos animais
Outra questão importante a ser destacada é que, com essa técnica, o pecuarista busca precocidade, ou seja, velocidade com que o bovino atinge a maturidade sexual, que só ocorre quando completa seu crescimento ósseo e a maior parte da musculatura já está desenvolvida.
Isso permite a chamada “precocidade de terminação”: animais que atingem uma quantidade de gordura adequada na carcaça visando o abate ainda em idade jovem. Assim, o pecuarista tem maior rentabilidade e ao mesmo tempo uma carne de excelente qualidade.
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Como escolher as raças de gado para o cruzamento industrial?
O cruzamento industrial, conforme citamos acima, tem por finalidade maior rentabilidade ao pecuarista que ocorre por meio da precocidade do abate, mas com uma carne de excelente qualidade.
Como estamos tratando de raças puras, as mais utilizadas pelos pecuaristas brasileiros são o Angus e o Hereford, considerada uma das raças bovinas mais antigas do mundo.
Mas, de acordo com especialistas, a escolha vai depender muito da região do país onde está localizada a propriedade rural, disponibilidade de alimentos (boa quantidade de pasto pasto ou silagem) e manejo sanitário.
Assim sendo, com objetivo de realizar essa escolha, é sempre importante que o pecuarista procure animais com avaliação genética adequada ao sistema de produção específico da sua propriedade rural.
Conclusão
Portanto, como mostramos neste artigo, o cruzamento industrial é um importante avanço tecnológico na pecuária.
Por meio desse sistema, é possível aumentar a produtividade, a qualidade da carne e a rentabilidade do pecuarista, contribuindo para que o Brasil seja o maior exportador de carne bovina do mundo, tanto em volume como em faturamento.
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