Covid-19: animais de grande porte são usados para produzir anticorpos

Covid-19: animais de grande porte são usados para produzir anticorpos

Cientistas brasileiros e americanos estão usando vacas e cavalos para produzir soro com anticorpos contra o novo coronavírus. O produto poderá ser usado no tratamento da Covid-19 em um futuro próximo, após serem testados.

A empresa norte-americana SAB Therapeutics está realizando os testes com um anticorpo policlonal extraído do plasma de vacas geneticamente modificadas. Esses anticorpos são como uma coleção de várias proteínas capazes de defender o organismo contra um patógeno.

Segundo a empresa, as vacas receberam cromossomos do sistema imune humano. Quando entram em contato com um invasor (como um vírus) produzem anticorpos humanos em vez de bovinos. Cada vaca pode produzir cerca de 45 litros de plasma por mês, de acordo com a companhia.

Homem aplicando injeção na vaca
Neste experimento, as vacas produzem anticorpos humanos

Isso deve resolver um dos desafios enfrentados pelos cientistas. Eles explicam que o soro de pessoas curadas da doença (produziram anticorpos para combatê-la) já é usado no tratamento em alguns casos.

Mas, o maior problema é a produção limitada, já que depende da retirada do plasma do sangue dos pacientes recuperados. O uso dos animais nesse processo deve aumentar a disponibilidade do produto.

Início dos testes

De acordo com a empresa, testes clínicos com o produto devem começar nos próximos meses. Mas, segundo a bióloga Ana Maria Moro, diretora do Laboratório de Biofármacos do Instituto Butantan, os anticorpos produzidos pelas vacas não são totalmente humanos (ainda carregam traços dos animais).

Usar os anticorpos desses animais pode ser válido, mas ainda precisamos aguardar os resultados dos experimentos e a definição da questão regulatória”, afirma a cientista.

Cavalos

Outro animal de grande porte também está sendo usado nessa batalha mundial contra o novo coronavírus, o cavalo.

Pessoas dando injeção em cavalo
O cavalo também passa a ser um aliado nessa busca por soluções de tratamento contra o COVID-19

No Brasil, o Instituto Vital Brazil, ligado ao governo do estado do Rio de Janeiro, é responsável por um estudo que usa cavalos para produção do soro que contém anticorpos policlonais do novo coronavírus para tratar pacientes da Covid-19.

No método, cavalos recebem um pedaço do Sars-Cov-2 que não causa a doença nos animais, mas ativa o organismo para a produção dos anticorpos.

O sangue retirado desses animais passa por um processo que separa o plasma, que dá origem ao soro para o tratamento.

Várias bandejas com plasma em refrigerador
O plasma é armazenado refrigerado para ser utilizado em pacientes doentes

O material é então purificado em um processo com reações físicas e químicas que retiram bactérias e vírus e permitem descartar outras proteínas e moléculas de gordura desnecessárias para o tratamento.

Depois de 60 dias a partir da primeira aplicação do vírus nos cavalos do Vital Brazil, devem começar os testes pré-clínicos. Um cavalo é capaz de produzir cerca de 20 litros de plasma em um mês.

O Instituto Vital Brazil prevê que, após passar pelos testes de segurança e eficácia, o produto deve ficar disponível gratuitamente em aproximadamente seis meses.

Veja também: Covid-19: Brasil dobra exportações de alimentos com vitamina C

Post Relacionado