Mandioca: veja o que pode ser feito com essa raiz

Mandioca: veja o que pode ser feito com essa raiz

Macaxeira, aipim, maniva, uaipi e castelinha, são alguns dos outros nomes pelos quais a mandioca é conhecida. Muito versátil, é utilizada na preparação de diferentes pratos tradicionais. Além disso, é a base da produção de diversos alimentos processados.

Essa raiz de origem brasileira tem grande importância para o setor de alimentos em todo o mundo. No Brasil, ocupa lugar de destaque em área colhida, valor de produção e arrecadação de impostos. A maior parte do que é vendida nos mercados vem de propriedades de agricultura familiar.

Nesse post, vamos falar um pouco mais sobre a mandioca e seus diversos usos, seja na alimentação humana ou animal. Confira!

Características da mandioca

A mandioca (Manihot esculenta) é uma das 109 espécies que pertencem ao gênero Manihot, porém é a única utilizada em cultivos com fins comerciais. Ela pode ser encontrada em mais de 100 países, em áreas de clima tropical e subtropical.

A planta tem formato de arbusto que pode chegar a medir, em média, de um a dois metros de altura. Seus galhos possuem um aspecto lenhoso, aparência reta e podem ou não ter ramificações.

Pé de mandioca com suas raízes
O Brasil possui mais de 2 milhões de hectares de área cultivada com mandioca.

A parte utilizada da mandioca na alimentação é a raiz, que tem a função de armazenar as reservas de alimento e, por isso, ela é tão nutritiva. Elas têm o formato de um cilindro ou então mais cônico, e a sua cor característica é o marrom-claro.

A cor do interior da raiz da mandioca pode mudar de acordo com a variedade, podendo ter uma tonalidade amarelada ou esbranquiçada. Cada pé desenvolve de 5 a 10 raízes, com um tamanho que varia de 15 até 100 centímetros. Já o diâmetro, fica entre três e 15 cm.

Tipos de mandioca

Existem mais de 5 mil variedades de mandioca, que diferem quanto às suas estruturas genéticas, características, e adaptabilidade aos ambientes.

As variedades podem ser classificadas em três grupos de acordo com a sua utilização: de mesa, para indústria ou para forragem. O que vai definir para qual fim a mandioca pode ser destinada é o teor de ácido cianídrico (HCN), o teor de amido, a facilidade de cozimento, o sabor, a qualidade da massa, a porcentagem de matéria seca, etc.

Também pode-se classificar a mandioca em mansa ou brava. A diferença entre os dois tipos é a quantidade de ácido cianídrico em cada uma delas, sendo: mansas aquelas que possuem menos de 100 mg de HCN por kg de polpa de raiz fresca, e brava aquelas que possuem mais de 100 mg de HCN por kg de polpa de raiz fresca.

O ácido cianídrico é uma substância com altos níveis de toxicidade. Sua ingestão pode causar hipertireoidismo e konzo, doença de caráter irreversível que causa paralisia no seu portador.

Uso na alimentação humana

As mandiocas brava e mansa podem ser utilizadas na alimentação humana. Entretanto, a diferença é que a primeira precisa passar por processos que diminuam o seu percentual de ácido cianídrico. Por isso, a mandioca que encontramos no mercado geralmente é a mandioca mansa.

Receita culinária com o uso de mandioca
Na culinária, ela é usada no preparo de diversos pratos. Que tal uma carne “de panela” com mandioca cozida?

No Brasil, para fins industriais é mais utilizada a mandioca brava, pois além de ser mais difundida, apresenta maior produtividade e rusticidade. Entre os diversos produtos industrializados advindos da mandioca, podemos destacar:

  • Farinha d’água: produzida com a raiz da mandioca brava, essa farinha granulada pode ser utilizada no preparo do cuscuz e, se fermentada, dá origem a massa puba;
  • Farinha de tapioca: produzida a partir da fécula; é utilizada para fazer tapiocas e cuscuz;
  • Polvilho (doce/azedo): tipo de amido extra fino é obtido através da mandioca ralada, prensada e lavada. Desse processo, resulta um líquido que é colocado para descansar até que o polvilho decante. A versão azeda dessa farinha é obtida depois de o líquido fermentar por 20 dias;
  • Tucupi: caldo de sabor ácido e marcante, muito comum no Norte do país. É obtido a partir da fermentação do líquido que resulta da prensagem da massa de mandioca brava. Antes de ser consumido, precisa ser fervido até que o ácido cianídrico evapore, sendo assim, esse processo pode levar dias;
  • Maniva: iguaria comum da região Norte do Brasil, ela é uma pasta obtida a partir da trituração das folhas da mandioca brava, por isso, a pasta também precisa ser fervida, sem pausas, por sete dias, para que esteja pronta e segura visando o consumo humano.

Uso na alimentação animal

Na alimentação animal, tanto as raízes quanto a parte aérea da planta podem ser utilizadas. A parte aérea pode ser oferecida aos animais na forma de silagem, feno ou peletizada, pura ou misturada à outros alimentos.

Independente do tipo de mandioca e da parte da planta ofertada aos animais, quando estiverem frescas, devem ser picadas e submetidas à murcha por no mínimo 48 horas para diminuir os níveis de ácido cianídrico, evitando intoxicação nos animais.

As raízes de mandioca picadas e secas são chamadas de raspas ou aparas, e constituem ótima fonte de carboidrato para bovinos e suínos. Já as folhas possuem um teor de proteína de 12 a 16%.

No vídeo abaixo, confira como utilizar a mandioca como fonte de alimento para o gado:

Fonte: Agência Mais Unaí.

Como é feito o cultivo de mandioca

O cultivo da mandioca é bem simples. Ela desenvolve-se melhor em climas quentes e úmidos, com alta luminosidade, preferindo temperaturas entre 25 ºC e 30 ºC, sendo que, abaixo de 10 ºC ou acima de 40 ºC, o seu crescimento é prejudicado.

O plantio, que deve coincidir com o início do período chuvoso, é feito a partir de pedaços do caule (entre 15 e 25 cm), chamados de manivas, que são retirados das plantas que já foram colhidas. Cada parte do caule a ser plantado é colocado dentro de uma cova que dará origem a um novo pé de mandioca.

Uso da irrigação nas lavouras
Embora o cultivo da mandioca não exija cuidados especiais, a irrigação das lavouras pode aumentar a produtividade principalmente na fase inicial.

O espaçamento a ser utilizado vai depender de diversos fatores como a fertilidade do solo, a variedade de mandioca e o tipo de plantio. Essa planta se desenvolve bem em diversos tipos de solo, tolera certo nível de acidez e possui uma grande resistência à pragas e doenças.

A colheita, de modo geral, deve ser feita nas épocas em que as plantas estão em repouso vegetativo provocado por baixas temperaturas ou tempo seco, pois é o momento que atinge produção máxima de raízes e de amido.

Ademais, após a colheita as raízes devem ser processadas antes de 48 horas para evitar deterioração. Para quantidades menores, destinadas à mesa, é comum o transporte em caixas com serragem para conservação. Além disso, a comercialização de mandioca descascada e congelada tem se tornado cada vez mais comum.

Portanto, como mostramos neste artigo, a mandioca é um dos produtos mais populares da alimentação brasileira, com uso bastante diversificado e ótima fonte de renda para o produtor.

Para continuar no assunto, acesse também nosso post que fala sobre uma nova variedade de mandioca desenvolvida pela Embrapa, que apresenta maior produtividade. Boa leitura!

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