Com a modernização dos processos produtivos agrícolas, tornou-se necessário também um controle maior de toda a cadeia para garantir a segurança alimentar. Por meio da rastreabilidade, é possível identificar a origem dos produtos agrícolas em todas as etapas da cadeia produtiva.
Ademais, o aumento da preocupação dos consumidores com relação à origem e a qualidade dos produtos adquiridos fez da rastreabilidade uma ferramenta fundamental para garantir transparência e segurança alimentar.
Neste artigo, abordaremos o significado da rastreabilidade no campo, benefícios e desafios enfrentados na implementação desse sistema. Confira!
O que é rastreabilidade agrícola?
A rastreabilidade agrícola refere-se ao processo de rastreio de um produto agrícola em todas as etapas da cadeia produtiva, desde a sua origem até o ponto de venda. Isso envolve o registro e acompanhamento de todas as informações, desde a origem das sementes ou mudas, histórico de cultivo, aplicações de defensivos, colheita, processamento, armazenamento e transporte.
Por meio de um QR Code, código de barras ou etiqueta, é possível ter acesso a todo caminho percorrido por aquele produto, desde a sua origem, muitas vezes indicando inclusive o talhão da fazenda onde o produto foi cultivado, até chegar à mesa do consumidor.
Principais tecnologias utilizadas na rastreabilidade
Diversas tecnologias são utilizadas para garantir a rastreabilidade. As principais são:
- QR Code: o QR Code é um código bidimensional que permite o armazenamento de uma grande quantidade de informações e pode ser facilmente escaneado por smartphones e tablets equipados com câmeras, permitindo rápido acesso aos dados contidos no código. Pode ser utilizado para identificar e rastrear os produtos de maneira individual, Cada produto recebe um código contendo informações como a sua origem, práticas de cultivo, dados de produção, transporte, entre outros. Assim, os consumidores podem ter acesso à informações detalhadas sobre a procedência e o histórico do produto de maneira prática e rápida;
- RFID (Identificação por radiofrequência): a tecnologia RFID utiliza etiquetas eletrônicas equipadas por chips de identificação por radiofrequência. Essas etiquetas podem ser colocadas em produtos agrícolas, embalagens ou até mesmo contêineres contendo as informações apropriadas. Dessa forma, permite-se a leitura automática por meio de dispositivos específicos de leitura, agilizando o processo de rastreabilidade e permitido a identificação mais rápida e precisa dos produtos;
- Códigos de barras: os códigos de barra são amplamente conhecidos e utilizados para identificar os produtos agrícolas. Cada item recebe um código de barras exclusivo com informações do produto. Esses códigos podem ser lidos por scanners para registro e rastreio dos produtos;
- Blockchain: com essa tecnologia, é possível ter o registro de qualquer alteração de dados no sistema, o que significa que as informações podem ser facilmente auditadas. Além disso, o blockchain permite que os dados sobre todo o ciclo do produto possam ser compartilhadas com o consumidor final por meio de um QR Code, atribuindo maior transparência para o mercado;
- Internet das Coisas (IoT): sensores e dispositivos são acoplados às máquinas agrícolas e em processos de armazenamento, possibilitando a coleta de dados sobre a utilização de insumos e outras informações em tempo real;
- Sistemas de Informação Geográfica (SIG): os sistemas de informação geográfica são utilizados para mapear os dados agrícolas, permitindo o monitoramento do produto desde o campo até a distribuição. Essas informações podem incluir a localização das fazendas, talhões onde o produto foi cultivado, rotas de transporte e pontos de venda.
Regras e normas da rastreabilidade
No Brasil, a rastreabilidade na agricultura é feita de acordo com a INC nº 2/2018, criada pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) e pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Essa norma dispõe sobre a obrigatoriedade da adoção de sistemas de rastreabilidade de produtos vegetais frescos in natura por toda cadeia produtiva.
O descumprimento das normas de rastreabilidade de alimentos pode resultar em diversas consequências como multas, apreensão e descarte dos produtos, além da suspensão das vendas, cancelamento do registro e até mesmo a possibilidade de interdição parcial ou total do estabelecimento.
A fiscalização da rastreabilidade de alimentos é realizada tanto pelos órgãos de vigilância sanitária quanto pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), existindo, inclusive, iniciativas que oferecem suporte ao processo de rastreabilidade.
Um processo de rastreamento eficiente deve ser composto pelos seguintes elementos:
- Normas referências de qualidade que se objetiva preservar ou garantir. Essas normas devem ser revistas periodicamente de maneira que estejam sempre condizentes com a realidade;
- Listar procedimentos permitidos, proibidos, tolerados e obrigatórios;
- Relação de insumos permitidos e proibidos;
- Períodos de carência ou de transição estabelecidos nos casos previstos nas normas;
- Exigência de que os produtores disponham de todos os comprovantes que permitam aos inspetores comprovar a obediência às normas por parte do titular do processo, como comprovantes de compra e venda, por exemplo;
- Realização de visitas periódicas padrão ao estabelecimento;
- Realização de visitas surpresas ao estabelecimento.
Benefícios da rastreabilidade agrícola
A rastreabilidade no agronegócio traz benefícios significativos a todos os envolvidos da cadeia de suprimentos. Para os produtores, especificamente, esses benefícios podem representar maior eficiência operacional, mitigação de riscos e maior acesso ao mercado global, por exemplo.
Alguns desses benefícios são:
- Aumento do valor agregado do produto: ao fornecer informações sobre a origem, métodos de cultivo e características do produto, é possível atender a demandas específicas dos consumidores, como alimentos livres de alergênicos, orgânicos, entre outros. Isso cria oportunidades de diferenciação e segmentação de mercado, aumentando o valor percebido pelos consumidores e possibilitando a comercialização a preços mais altos;
- Aumento da satisfação do cliente: como a rastreabilidade permite ao consumidor o acesso à informações detalhadas sobre a origem e produção dos alimentos, há consequentemente o aumento da confiança e satisfação do cliente, já que é possível ter a garantia de que os produtos adquiridos são seguros, de qualidade e produzidos de forma mais sustentável;
- Otimização da gestão da cadeia de abastecimento de alimentos: com a rastreabilidade é possível reduzir erros, minimizar desperdícios, otimizar rotas de transporte e melhorar a logística de abastecimento, aumentando a transparência de todo processo;
- Contribuição para o desenvolvimento tecnológico do setor: a implementação da rastreabilidade na agricultura impulsiona o desenvolvimento tecnológico do setor. A utilização de sistemas de rastreamento, identificação por radiofrequência (RFID), QR Codes, códigos de barras, sensores e outras tecnologias, permitem capturar, armazenar e analisar grandes volumes de dados. Essas informações são valiosas para identificar padrões, recepcionar possíveis causas de incidentes e tomar medidas preventivas. Isso contribui com o aprimoramento dos processo de produção, com o aumento da eficiência e segurança, além de impulsionar a inovação tecnológica no agro;
- Facilita a identificação de possíveis falhas ao longo da cadeia produtiva: com a implementação da rastreabilidade é possível identificar de forma rápida e precisa a origem de um problema, caso ocorra algum incidente ou falha. Por meio do registro das informações é possível identificar o lote específico do produto, a data de produção, os insumos utilizados, as práticas agrícolas adotadas, entre outros dados relevantes. Essas informações são essenciais para realizar uma investigação detalhada e identificar a causa raiz do problema.
Veja no vídeo abaixo, a importância da rastreabilidade dos alimentos:
Desafios
Apesar dos inúmeros benefícios que a rastreabilidade agrícola traz, sua implementação ainda enfrenta alguns desafios. Alguns dos principais obstáculos são:
- Infraestrutura tecnológica: para implementação do sistema de rastreabilidade é necessário investimentos em sistemas adequados de informação e tecnologia. Isso inclui a coleta, armazenamento e compartilhamento de dados obtidos ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Muitos produtores ainda não possuem a infraestrutura necessária para adotar essas soluções, o que pode dificultar a implementação em larga escala;
- Padronização de dados: o sucesso da implementação da rastreabilidade depende do estabelecimento de padrões das coletas e armazenamento das informações. No entanto, devido à diversidade de tecnologias e sistemas existentes na agricultura, essa padronização pode ser um desafio. A desuniformidade pode comprometer a eficiência da rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva;
- Segurança dos dados: a segurança cibernética é um dos desafios da implementação dos sistemas de rastreabilidade agrícola. Garantir a proteção dos dados e informações é crucial para a integridade de todo o sistema de rastreabilidade.
Conclusão
A rastreabilidade agrícola é uma ferramenta poderosa na promoção da transparência, da segurança alimentar e da eficiência na cadeia de suprimentos agrícolas. Com o uso adequado de tecnologias como QR Code, geolocalização, IoT e blockchain é possível monitorar de maneira mais precisa toda a cadeia de produção agrícola.
Embora a implementação desse sistema apresente alguns desafios, os benefícios são inúmeros e atingem não só o produtor mas também o consumidor final. Investir em rastreabilidade é contribuir para um sistema mais seguro e confiável para todos.
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