Cenário previsto para a produção e a comercialização do algodão
A perspectiva para o mercado de algodão em 2020 é positiva: as exportações devem continuar firmes, devido à alta demanda mundial e o volume excedente do produto no Brasil. É o que prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com o levantamento realizado pela empresa pública, a projeção de colheita, no país, em 2019/20, é de 2,755 milhões de toneladas e, em 2018/2019, a safra colhida chegou a 2,725 milhões.
As previsões e estimativas da consultoria em agronegócio FCStone, divulgadas em janeiro, seguem o mesmo sentido. Assim como a colheita, o consumo interno do algodão deve aumentar, se a economia brasileira, de fato, se recuperar e se a fibra sintética demonstrar bom desempenho nos próximos meses.
Porém, o relatório da organização aponta para uma baixa nos preços da fibra, que sofreu uma retração de 16,3% em 2019.
Neste artigo, conheça as previsões para o mercado de algodão em 2020, bem como os principais fatores que podem impactá-lo. Boa leitura!
Alta demanda mundial da fibra
O algodão é um dos produtos agrícolas mais importantes do mundo, sendo produzido atualmente nos cinco continentes, por mais de 60 países. Desde a década de 1950, a fibra tem a sua demanda mundial aumentada, de forma gradativa, em média de 2% ao ano.
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Condições climáticas para o plantio nos Estados Unidos
Os Estados Unidos (EUA) são os maiores exportadores de algodão do mundo, sendo mais de 75% da safra doméstica enviada para o exterior. No ano passado, os agricultores do país enfrentaram um ano difícil, com os atrasos no plantio e a diminuição das exportações de produtos agrícolas para a Ásia.
Para o ano de 2020, a produção norte-americana ainda é incerta, depende do quadro climático, principalmente do inverno e da primavera, quando o plantio da safra começa, e da disputa comercial com a China.
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos (NOAA) prevê elevadas temperaturas no cinturão do algodão até fevereiro, o que deve manter o solo úmido antes do início das chuvas.
Guerra comercial entre os EUA e a China
A relação política e econômica atual entre os chineses e os norte-americanos deve influenciar e muito as exportações da fibra brasileira. Isso porque, ao firmarem um acordo, é possível que haja um aumento no embarque do algodão dos Estados Unidos para a China, o que comprometeria as nossas vendas externas.
Mesmo que as previsões se confirmem, a cotonicultura local não deve ficar desamparada. Caso os chineses não sejam obrigados a importar volumes específicos dos EUA, cerca de 40 a U$ 50 bilhões a mais em produtos agrícolas, conforme as expectativas do exportador, devem recorrer também a mercadorias de outros países, considerando fatores como preço e necessidade de consumo.
Volume excedente do algodão brasileiro
Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, revelam que o Brasil poderá suprir a necessidade mundial de algodão em 2020, em função do volume previsto para a colheita, que será quatro vezes superior à quantidade estimada para a demanda doméstica.
A produtividade média estimada é de 1.658 kg/ha, o que pode elevar em 1,1% o cultivo nacional.
Embora a última safra tenha sido volumosa, com produção três vezes maior do que o consumo, os cotonicultores devem ter cuidado com a disponibilidade do algodão a partir de março, no período de entressafra.
Em razão do aquecimento das vendas externas, há grande possibilidade de redução na oferta local do produto, de acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel.
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