O lambari, conhecido também como a “sardinha da água doce“, é um dos peixes mais populares que existem. É, certamente, um dos preferidos dos pescadores brasileiros como isca-viva na pesca do robalo, corvina e de outras espécies maiores.
O sucesso é tanto que tem levado muitos piscicultores a investir na criação do lambari em cativeiro como atividade comercial, buscando novas tecnologias voltadas justamente à atender principalmente o mercado de pesca esportiva.
Outra vantagem é que o lambari não exige muitos cuidados e, dessa maneira, possui muita facilidade na reprodução, permitindo um aumento significativo da sua presença no comércio de pescados.
Se você é piscicultor ou pensa em investir nessa atividade, veja como é feita a criação do lambari em cativeiro. Boa leitura!
Características do peixe lambari
Natural de águas brasileiras, o lambari é um peixe de água doce, de porte pequeno e muito veloz. Raramente ultrapassa 20 centímetros de comprimento. Costuma viver em rios, lagos e represas, com presença em praticamente todo o país.
Além disso, são animais onívoros, isto é, sua alimentação tem como base animais e vegetais, podendo incluir desovas de outros peixes, pequenos insetos, crustáceos, flores, sementes, algas, frutas e rações próprias à essa espécie. Embora sejam pequenos, são robustos e muito vorazes.
O lambari também possui outros nomes em diferentes regiões do Brasil. No Nordeste, é conhecido como piava ou piaba, no Norte como matupiris, e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, como lambaris do sul.
É importante salientar que o termo “lambari” não designa apenas uma espécie de peixe. Existem várias que pertencem ao gênero Astyanax. Calcula-se em torno de 400 espécies, mas nem todas são reconhecidas cientificamente.
Essas espécies variam de acordo com a sua coloração e a mais conhecida é a que apresenta cor prateada. As nadadeiras têm cores variadas, geralmente sendo as amarelas, pretas e vermelhas as mais comuns.
Outra espécie bem popular de lambari é o lambari-do-rabo-amarelo, que também é considerada a que fornece maior retorno econômico. Possui carne de excelente sabor, sendo muito apreciado como petisco.
Leia também: Pirarara: tudo sobre essa espécie de peixe.
Vantagens da criação de lambari
O peixe lambari apresenta muitas vantagens na sua criação em cativeiro. Uma das principais é o seu crescimento rápido, além de fácil reprodução e boa resistência na fase de alevino.
Outro atrativo é um dos itens que mais pesam no custo de produção da piscicultura: a alimentação, que é bastante simples. Confira:
Alimentação simplificada
Por serem animais onívoros, que consomem praticamente de tudo, a alimentação acaba se tornando um processo simples e prático, conforme já citamos no começo deste artigo. No entanto, em cativeiro é possível complementar a alimentação com ração, visando um desenvolvimento ainda mais rápido.
Existem variados tipos de rações balanceadas com tudo o que eles precisam para se desenvolverem de forma rápida e ao mesmo tempo saudável.
O ideal é que a ração tenha uma taxa de proteínas em torno dos 40%. Quanto a quantidade, recomenda-se oferecer 5% do peso de cada peixe, cerca de três vezes por dia.
Veja também: Noções básicas sobre nutrição, alimentação e rações para peixes.
Crescimento rápido
A maturação sexual dos lambaris é atingida em apenas quatro meses. É um crescimento considerado muito acelerado se comparado com outras espécies de peixes.
Nesse período, chegam a atingir sete centímetros, com peso de 20 a 50 gramas, medidas adequadas com o propósito de iniciar a comercialização.
Peixe de alto desempenho
O desempenho dos lambaris, especialmente na fase de engorda, é considerado alto. Aliás, nessa fase, costuma atingir o dobro do tamanho num ciclo de apenas quatro meses, rendendo cerca de três períodos de engorda por ano.
Facilidade de reprodução
Devido ao crescimento da criação do lambari em cativeiro, existem práticas cada vez mais modernas e eficientes de reprodução.
Por exemplo: a aplicação de hormônios de carpa visando estimular a desova dos lambaris, processo que permite ao produtor um controle maior sobre a reprodução dos peixes. É possível ocorrer de três a quatro desovas por ano.
Confira também: Tambaqui: veja como obter sucesso na criação.
Manejo do lambari em cativeiro
Apesar de ter um processo de criação simples com alimentação fácil, seguir boas práticas de manejo é importante para ter bons resultados. A seguir, falamos sobre algumas delas:
Cuidado ao escolher o tipo de tanque
O lambari oferece uma boa flexibilidade quanto ao local de criação, então pode ser facilmente cultivado em tanque-rede, tanque elevado ou em reservatórios escavados.
É muito importante lembrar que, antes de depositar os filhotes no tanque, é fundamental fazer a limpeza adequada com a finalidade de eliminar totalmente ovos de outros peixes se o local já tiver sido utilizado para criação de outras espécies.
Expor o fundo do tanque aos raios solares também é uma forma de eliminar toda a matéria orgânica que possa estar presente.
Além disso, é importante contar com a utilização de equipamentos que permitam a renovação periódica da água.
O Instituto de Pesca (IP-APTA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por exemplo, criou um sistema semi-intensivo de viveiro escavado, onde o viveiro é cavado na terra com entrada e saída de água, permitindo uma renovação ininterrupta.
Ademais, a utilização de aguapés e outras plantas aquáticas podem ajudar a fazer o controle das larvas e dos alevinos.
Faça o controle da quantidade de peixes
É importante saber que cada tipo de viveiro pode comportar uma quantidade diferente de peixes. Os tanques escavados, por exemplo, podem abrigar cerca de 50 peixes a cada metro quadrado.
No caso de tanques-rede, é possível criar entre mil e dois mil lambaris por metro cúbico, dependendo da vazão do rio, e no caso de tanques elevados até 1.500 lambaris por metro cúbico.
É importante respeitar essa proporção, com o propósito de não haver falta de oxigênio e proliferação de doenças, causando a morte de peixes. Portanto, antes de fazer a compra, analise qual tipo de tanque será utilizado.
Além da quantidade por metro quadrado ou cúbico, também é preciso observar a proporção adequada de machos e fêmeas de lambari. O ideal é de três machos para cada fêmea por metro quadrado.
É importante, também, realizar a despesca seletiva: os lambaris que atingirem o tamanho ideal deve ser transferidos aos tanques de engorda, como forma de evitar que acabem se alimentando dos alevinos e peixes menores.
Temperatura e oxigenação da água
A temperatura da água pode interferir no ciclo reprodutivo dos animais, por isso, é fundamental que seja mantida entre os 26 e os 28 graus Celsius.
Quanto a oxigenação da água, também exige monitoramento. Se estiver abaixo dos quatro miligramas por litro, é preciso reduzir o fornecimento da ração, pois há o risco de provocar um excesso de excrementos e, por consequência, a queda do oxigênio, o que leva a proliferação de bactérias e outros parasitas.
No vídeo abaixo, confira como é feita a criação da espécie lambari rosa que pode ser usada tanto como isca-viva como também na gastronomia, em forma de petisco:
E então, gostou do artigo? Aproveite e acesse também nosso post sobre piscicultura ornamental: um mar de infinitas possibilidades. Boa leitura!