As abelhas possuem vários inimigos naturais, e um dos que mais preocupam os apicultores são as formigas.
Os meliponicultores (criadores de abelhas nativas “sem ferrão”) parecem não ter problemas graves com as formigas. O grande Prof. Paulo Nogueira Neto em seu livro “Vida e Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão” relata abelhas nativas e formigas como vizinhas sem conflitos.
Como as abelhas Apis mellifera (abelhas africanizadas) são exóticas, parecem ter poucos mecanismos de defesa contra as formigas encontradas no Brasil, diferente das abelhas nativas, como a jataí que além de mandíbulas fortes utilizam outras estratégias como colar resinas nos intrusos e em volta do tubo de entrada.
Confirmando a lei do menor esforço, as formigas buscam fontes de alimento que são mais fáceis e evitam conflitos com abelhas, dessa forma se observa uma maior incidência de ataque de formigas em épocas de escassez de alimento, especialmente no inverno, coincidindo com o período em que as colônias de abelhas normalmente estão mais fracas (o que reforça a importância da alimentação energética.
Diferente do que possa parecer, as formigas normalmente não estão tão interessadas no mel e sim nas crias, ovos, larvas e pupas de abelhas são fontes ricas em proteínas e minerais, vital para as formigas.
Utilidade das formigas
As formigas têm um importante papel ecológico, podem ser utilizadas como indicadoras de qualidade ambiental, tanto que a ciência que estuda as formigas tem nome próprio, “mirmecologia”.
Vamos nos conter apenas na relação delas com as abelhas, onde podem ser úteis em algumas situações. Um exemplo são algumas abelhas nativas que formam ninhos subterrâneos, e usam “panelas” de antigos formigueiros, estas são encontradas somente em solos favoráveis à nidificação de formigas.
O exsudato secretado por plantas e insetos sugadores existe especialmente por causa da associação destes com formigas e, neste caso, as abelhas aproveitam para produzir o ‘mel de melato’, valioso para apicultores.
Uma outra observação interessante partiu de um amigo consultor que acredita haver uma dificuldade de multiplicação do pequeno besouro das colmeias (Aethina tumida), praga preocupante na apicultura, em território nacional devido o ciclo deste ser parcialmente no solo onde as formigas não desperdiçam proteína.
A intenção neste artigo não é promover as formigas, mas sim expor uma visão racional sobre o convívio inevitável próximo a elas.
Quais os tipos de formigas que atacam as abelhas
As formigas que mais causam prejuízos aos apicultores no Brasil provavelmente são as do gênero Camponotus.
Estas formigas podem acabar com uma colônia da noite para o dia, fazem ninhos próximos ao apiário antes de um ataque e, a depender da espécie, possuem vários “ninhos satélite” que podem mudar de lugar a depender dos recursos da natureza. Popularmente, são chamadas de Sará-sará, doceira, ciganinha, tracuá, etc.
Um grupo diverso de formigas (mais de 200 espécies) são as chamadas formigas correição. Estas são carnívoras e não fazem ninhos fixos, sendo de maior ocorrência nas regiões norte e nordeste, pode matar uma colônia em seu caminho.
Outras formigas podem se aproveitar de colônias fracas, ou se aproveitar do espaço e algum recurso de uma colmeia vazia, como formigas lava-pés.
Como evitar/controlar formigas nos apiários
O controle de formigas não é algo de solução simples e única, é necessário uma séria de medidas e vigilância constante.
Para um controle eficiente apresento a seguir medidas por ordem de importância seguindo uma sequência da profilaxia (prevenção) ao controle de fato.
1- Manter as colônias fortes;
2- Limpeza do apiário/meliponário;
3- Eliminar locais que possibilitam alojamento de formigas (cascas soltas de árvores, telhas encostadas umas nas outras ou deitadas no chão, colmeias vazias, etc.) ao redor das colmeias e apiário;
4- Vigilância e eliminação de focos (um maçarico culinário ajuda nessa situação por ser prático e leve);
5- Uso de cavaletes ou suportes para colmeias que evitem acesso de formigas (caso as medidas anteriores não sejam suficientes), podem ser usadas graxas (misturar com óleo queimado ajuda a não ressecar tão rapidamente), cola entomológica, ilhas com óleo queimado, e suspensa sobre recipientes invertidos.
6- Controle químico – em casos mais severos o controle químico é a solução, porém deve ser feito com muito cuidado pois os formicidas podem matar abelhas, procure a orientação de um profissional ao tomar essa decisão, pois este pode lhe indicar o produto e forma segura de manipulação e uso.
Gostou do conteúdo? Então aproveite para acessar esse outro post e descubra mais sobre as abelhas nativas que produzem um mel de excelente qualidade!