O milho é cultivado em diferentes safras, a depender da época de cultivo. A primeira safra, considerada a safra verão, ocorre geralmente entre os meses de setembro a dezembro.
No entanto, é a segunda safra (considerada de inverno), que ocorre entre os meses de janeiro a abril, em que a produção do grão ocorre em maior volume, visto que a maior parte dos produtores cultiva outras culturas no período correspondente à primeira safra.
Neste sentido, como a cultura do milho safrinha é cultivada após a primeira safra, onde diversos patógenos (principalmente fungos causadores de doenças), e molicutes (como os causadores do enfezamento pálido e vermelho), e do vírus da risca, principais doenças da cultura, se encontram em grande inóculo nas regiões de cultivo.
Tendo em vista que as doenças da cultura do milho limitam a produtividade deste grão, segundo em volume produzido no país, é necessário que produtores e técnicos conheçam as principais doenças que podem ocorrer na cultura e quais estratégias de manejo podem ser tomadas para reduzir o impacto destas.
A seguir, conheça os principais sintomas das doenças que acometem as lavouras de milho safrinha, seus agentes causais, como elas podem ser identificadas e as principais formas de controle!
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Principais doenças do milho safrinha
Como destacamos anteriormente, as principais doenças do milho safrinha incluem aquelas causadas por fungos, como:
- Mancha branca ou mancha por Phaeosphaeria, causada pela associação de um fungo e uma bactéria;
- Cercosporiose, causada pelo fungo;
- Helmintosporiose, causada pelo fungo.
Mancha branca
A mancha branca encontra-se presente em todas as regiões produtoras. Os danos causados pela doença podem chegar a reduzir a produtividade da cultura em 60%, a depender da suscetibilidade do híbrido utilizado.
Por isto, a identificação rápida e conhecimento do histórico da área são fundamentais para o sucesso do controle.
Esta doença é facilmente reconhecida, mas pode também ser confundida com deriva de aplicações de herbicidas, sendo ainda mais importante saber diferenciar os sintomas entre ambos. Uma das características é de que a mancha branca não afeta plântulas, logo, se plântulas apresentarem sintomas semelhantes, estes podem ter sido causados pela aplicação de produtos em áreas próximas ou por outras doenças.
Os sintomas da mancha branca incluem lesões iniciais de formato circular, aspecto aquoso, e coloração verde claro (como uma mancha de óleo). Após a evolução da doença, as manchas tornam-se necróticas (de cor palha), e as lesões além de circulares, podem ser elípticas, podendo alcançar 1 cm de diâmetro.
Os sintomas inicialmente são visualizados na parte inferior das plantas, progredindo para o terço médio e superior. A fase mais crítica da doença ocorre principalmente após o pendoamento.
A mancha branca tem dois principais agentes causais, ou seja, ocorre devido à infecção simultânea de um fungo, o Phaeosphaeria maydis (o qual também explica como a doença é também conhecida), e uma bactéria, a Pantoea ananatis.
Temperaturas entre 15 e 20ºC acompanhadas de umidade relativa do ar acima de 60% favorecem a ocorrência da doença.
Cercosporiose
A cercosporiose ou mancha por cercospora, é causada pelo complexo de fungos Cercospora zeae-maydis, C. sorghi f. sp. maydis. Também é uma doença recorrente em todas as regiões produtoras.
As lesões iniciais da doença são cloróticas, ou seja, passam da coloração verde saudável, para o amarelado/amarronzado.
As lesões podem ainda ser de coloração palha, devido a ação do fungo. Uma maneira de diferenciar a cercosporiose da doença que será apresentada a seguir, a helmintosporiose (que também causa lesões em folhas), é de que no caso da mancha por cercospora, as extremidades das lesões serão quadradas, além disso, a extensão das lesões lembra um arranhão com a unha.
Já a helmintosporiose provoca lesões mais afinadas nas extremidades e mais largas ao passo que se aproxima do centro. Ambas são lesões extensas e afinadas.
Os sintomas da mancha por cercospora surgem de forma mais intensa próximo ao florescimento. Temperaturas entre 22ºC e 30ºC associadas a elevada umidade relativa do ar e dias nublados favorecem a ocorrência da doença.
Helmintosporiose
A helmintosporiose, também conhecida como mancha de turcicum, é causada pelo fungo Exserohilum turcicum, e junto da mancha branca e mancha por cercospora, compõem as doenças foliares mais frequentes nas lavouras brasileiras, especialmente em segunda safra, visto que a primeira safra forneceu condições para aumento do inóculo destas nas regiões de produção.
Os sintomas da doença são lesões foliares, de extensões distintas, geralmente compridas (de 5 a 8 cm de comprimento), extremidades pontiagudas e centro ligeiramente mais largo do que as extremidades.
Da mesma forma que as doenças anteriores, a mancha de turcicum é mais severa próximo ao pendoamento da cultura.
Outra característica das lesões provocadas pelo fungo é a presença de um ponto no centro das lesões, que pode ser visualizado colocando a folha contra a luz.
Temperaturas entre 18ºC e 27ºC acompanhadas de elevada umidade relativa do ar favorecem a doença.
Veja também: Principais doenças da cultura do algodão: identificação, sintomas e manejo.
Controle das doenças fúngicas
O uso de híbridos resistentes ou tolerantes é uma das estratégias recomendadas, além disso, o controle cultural, com a antecipação da semeadura, pode reduzir a exposição da cultura ao patógeno nas fases mais críticas de desenvolvimento (reprodutivo).
A aplicação de controle químico também é uma estratégia necessária para redução não somente da doença na cultura, mas também da produção de inóculo para novas infecções da doença na lavoura.
Os fungicidas recomendados para o manejo das doenças podem ser consultados no AGROFIT.
Abaixo, confira um comparativo entre os sintomas de manchas foliares no milho safrinha:
Ademais, há ainda as doenças causadas por molicutes, tão ou mais importantes do que as causadas por fungos e que têm apresentado problemas significativos nos cultivos em todas as últimas safras de milho no país. Veja a seguir.
Doenças transmitidas direta e indiretamente pela cigarrinha-do-milho
Molicutes é uma classe de bactérias que não possuem parede celular, também são conhecidas como fitoplasmas ou espiroplasmas, microrganismos que causam sérios problemas à cultura do milho, e são responsáveis pelos:
- Enfezamento pálido, causado por Spiroplasma kunkelii;
- Enfezamento vermelho, causado por Maize bushy stunt phytoplasma.
Há ainda o vírus da risca (Maize rayado fino virus) e fungos do gênero Fusarium associados a este complexo de doenças.
Todos estes patógenos, são direta ou indiretamente transmitidos pela cigarrinha-do-milho, que além de provocar danos diretamente pela sucção da seiva (nutrientes) necessários para o desenvolvimento da cultura, ainda é vetor de doenças nas quais o controle com uso de fungicidas ou bactericidas não é eficiente, sendo concentrado no controle do inseto vetor.
Embora o fungo do gênero Fusarium não seja transmitido pela cigarrinha-do-milho, e sim favorecido pelos molicutes, este inseto continua sendo responsável indiretamente pela sua ocorrência, uma vez que é ele quem dissemina os molicutes não somente na área de cultivo, mas também para regiões próximas.
Controle de doenças transmitidas pela cigarrinha-do-milho
Para estas doenças – causadas por molicutes e vírus, não há controle químico ou biológico disponível, por isto, as estratégias de manejo devem visar a eliminação do inseto vetor.
A rotação de culturas com espécies não hospedeiras da cigarrinha-do-milho, eliminação de plantas tiguera e plantas daninhas, são estratégias complementares ao controle químico e/ou biológico da cigarrinha-do-milho e devem ser pautadas no monitoramento constante da praga.
O ajuste da data de semeadura e o controle regional do inseto vetor, ou seja, ações que visem o controle em toda região de cultivo são fundamentais para reduzir a população deste inseto que causa perdas consideráveis na cultura do milho pela disseminação de doenças.
A seguir, você pode visualizar a eficiência das diferentes estratégias de controle para as doenças da cultura do milho.
Lembrando que o manejo integrado de doenças (MID) é fundamental para um controle adequado, e que uma única estratégia de manejo dificilmente resultará em bons resultados, especialmente a longo prazo.
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