Produção de tomate industrial no Brasil

Produção de tomate industrial no Brasil

O tradicional “macarrão da mama” aos domingos tem um toque especial com o molho utilizado. O industrial, comprado em supermercados, é mais prático porque já vem pronto e em diferentes sabores, agradando a todos os paladares.

Para chegar até ao tradicional “molho ou extrato de tomate”, existe uma cadeia produtiva que, no campo, envolve várias etapas, a escolha de variedades, plantio, cultivo e colheita. Hoje, a produção não é suficiente para atender à demanda e as indústrias têm que recorrer à importação.

Para a produção industrial, é utilizado o tomate rasteiro por apresentar boa capacidade de explorar o solo e seus nutrientes, aumentando a produtividade.

Principais Estados produtores de tomate industrial

O Brasil ocupa a primeira colocação em volume de tomate industrializado no mundo. Sua polpa permite a fabricação de muitos derivados. Segundo a Conab, com mais de 16,3 mil hectares, Goiás é o maior produtor de tomate industrial no País, tendo colhido, em 2017, quase 1,3 milhão de toneladas.

A safra também é destaque em São Paulo e Minas Gerais. Os três Estados concentram mais da metade da área plantada e também da produção nacional de tomate industrial, devido principalmente às boas condições de solo e clima. Nessas regiões também estão instaladas as principais indústrias processadoras.

Plantação de tomate Goiás, São Paulo e Minas Gerais são os principais produtores de tomate industrial do país.

A expansão da área de plantio de tomate rasteiro, na safra 2019/20, ocorreu no Estado de São Paulo, com aumento de 32,5% do cultivo em relação à safra anterior, totalizando 3,3 mil hectares.

Plantio do tomate industrial

O tomate industrial pode ser plantado em diversas regiões do país, especialmente em climas tropical e temperado, onde as temperaturas médias sejam em torno de 21ºC.

A safra do tomate ocorre em cerca de 120 dias. O plantio é feito entre março e julho para ser colhido até outubro, visando escapar do período chuvoso e quente que dificulta a colheita.

A escolha do solo é um dos fatores mais importantes para a produção do tomate, principalmente ao optar pela mecanização da lavoura. Áreas encharcadas, com topografia irregular ou bancos de areia, devem ser evitadas porque dificultarão o transplante das mudas e a colheita da safra.

De acordo com a Embrapa, é importante analisar o histórico de plantio de outras culturas na área escolhida para o cultivo do tomate industrial. O objetivo é evitar que ocorram ataques de pragas, como nematoides formadores de galhas.

Além disso, o tomateiro deverá ficar bem afastado de áreas ocupadas por outras lavouras para evitar a reprodução de insetos.

Escolha das mudas

A produção de mudas de tomate industrial é feita por viveiros especializados, a partir de sementes híbridas que seguem rigoroso critério técnico, permitindo melhor controle sanitário e nutricional.

Trator plantando mudas de tomate O plantio mecanizado do tomate industrial garante uniformidade das mudas no solo.

No processo mecanizado, as mudas já vem prontas em bandejas de isopor e são colocadas numa transplantadeira mecânica que garante um espaçamento correto, em média cinco plantas por metro. Esses equipamentos têm capacidade para transplantar cerca de 120 mil mudas/dia, o que equivale a uma área de quatro hectares de lavoura.

Este processo é mais recomendado porque o transplante manual das mudas é um processo considerado muito trabalhoso e demorado, elevando o custo de mão-de-obra.

Plantio mecanizado do tomate rasteiro, destinado à produção industrial.

Controle de doenças

Durante a safra do tomate industrial, o produtor deve ficar atento ao aparecimento de doenças que podem comprometer a produtividade e a qualidade do produto.

Para evitar isso, o ideal são vistorias freqüentes na lavoura, procurando identificar as anomalias como crescimento deficiente, murcha, manchas e mofos.

Os agentes causadores de doenças são:

  • Bactérias
  • Fungos
  • Vírus
  • Nematóides
  • Distúrbios fisiológicos

De acordo com a Embrapa, as principais doenças que atacam a produção de tomate industrial são:

  • Mancha-bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria) – ocorre principalmente em regiões com temperaturas mais elevadas (20 a 30°C). Os primeiros sintomas aparecem nas folhas. Provoca queda de flores no momento do florescimento, além de lesões nos frutos.
  • Pinta- bacteriana (Pseudomonas syringae pv. Tomato) – é muito freqüente em condições de temperaturas amenas (18 a 24°C) e alta umidade. Ataca todas as folhas na forma de pequenas manchas na cor marrom, circundadas por um halo amarelo. Nos frutos, os sintomas são pontos negros que podem ser retirados com a unha. O ataque durante a floração pode provocar intensa queda de flores.
  • Murcha-bacteriana (Pseudomonas solanacearum) – associada a solos muito encharcados e com temperaturas elevadas, esta doença ocorre principalmente no verão. Ocorre em plantas ainda verdes, começando pelo ponteiro. Além disso, é importante realizar o teste do copo e verificar um escorrimento leitoso que sai do caule das plantas infectadas. A bactéria pode permanecer no solo por vários anos.
  • Talo-oco ou podridão mole dos frutos (Erwinia spp.) – é uma bactéria que aparece também em áreas com temperatura e umidade elevadas. Após penetrar os frutos com ferimentos, causa podridão do tomate. Por isso, é importante controlar os insetos que provocam esses furos.

Portanto, ao optar pela irrigação do tomate industrial, o produtor deve ficar atento para que o solo não fique encharcado, porque é um dos principais fatores que podem levar ao aparecimento das doenças que atacam o tomateiro.

Cuidados com a irrigação

Investir em sistema de irrigação garante uma boa produtividade, levando em conta que a produção do tomate industrial ocorre justamente no período de seca em boa parte do cultivo.

O tomate é uma planta que exige muita água. Seu fruto maduro é 95% constituído de líquido. Portanto, a falta de água ou umidade suficiente pode prejudicar o desenvolvimento e a produtividade.

Sistema de irrigação do tomate Segundo a Embrapa o ideal para o tomate industrial é que a irrigação seja por gotejamento.

De acordo com a Embrapa, a irrigação das lavouras de tomate (in natura ou industrial) pode ser feita por aspersão, gotejamento ou sulco.

No caso da produção do tomate rasteiro é indicado o sistema de gotejamento . É que, embora tenha custo elevado para implantação, tem como vantagens a possibilidade de uma aplicação melhor de fertilizantes e utilização menor de mão de obra.

Colheita do tomate industrial

Enquanto que na variedade “de mesa” são realizadas diversas colheitas, pois dependem do ponto de maturação e da distância até o local de venda, no caso do tomate industrial esse processo é feito de uma só vez. Pode ser manual ou mecanizado.

Maquina colhendo tomate e despejando no caminhão Mecanização da colheita de tomate: máquina chega a encher até 20 caminhões por dia.

A mecanização da colheita reduz o custo de mão-de-obra por ser mais rápida e sem grandes perdas, quando os equipamentos estão bem regulados e desde que o produtor siga as recomendações que citamos no começo deste artigo.

As colhedoras utilizadas atualmente possuem um sistema de trilha que retira as ramas dos frutos através da vibração, o mesmo sistema usado em lavouras como de café. Em boas condições de trabalho, uma máquina colhe cerca de 18 a 20 caminhões de tomate por dia, ou seja, cerca de 340 toneladas.

Abaixo, acompanhe vídeo que mostra a rapidez da colheita mecanizada do tomate industrial:

Apoio ao produtor de tomate industrial

Localizada na região Nordeste, Guaíra concentra a maior produção de tomate para processamento industrial do Estado de São Paulo. Essa cultura se tornou uma excelente opção de inverno para os agricultores devido à fertilidade do solo.

Hoje, são cerca de 60 produtores, entre médios e grandes. Eles contam com apoio direto do Grupo Predilecta (uma das principais indústrias de alimentos do Brasil), através da unidade Só Fruta Alimentos que atua no ramo de atomatados, vegetais, azeitonas, condimentos, doces e geleias desde 1949.

A unidade foi estrategicamente instalada em Guaíra para permitir que o tomate seja colhido, transportado e processado no mesmo dia. São mais de 5 mil toneladas/dia, operando durante 24 horas.

Os produtores recebem acompanhamento técnico da indústria desde o preparo do solo, escolha de variedades, tratos culturais até o período da colheita.

Consultor agrícola na lavoura de tomate Como consultor agrícola, Mateus é uma das principais “pontes” entre o produtor e a indústria.

O técnico agrícola Mateus Henrique Nunes Ferreira trabalha no grupo há sete anos. Ele é uma das principais “pontes” entre o produtor e a indústria, atuando como consultor agrícola.

Mateus explica que o maior desafio da produção de tomate industrial são as condições climáticas. Tanto que a safra tem um período curto para que a colheita, feita até o final de outubro, não ocorra durante o período de chuva.

Segundo ele, há uma preocupação grande no investimento em tecnologia para proporcionar maior produtividade por área plantada e, para que isso ocorra, o agricultor conta com todo apoio técnico.

Portanto, como vimos, a produção do tomate industrial pode ser uma boa alternativa agrícola, já que o cultivo ocorre em apenas metade do ano e as indústrias precisam de uma safra maior para suprir a demanda pelo tomate.

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