Sementes piratas e os riscos de usá-las nas lavouras

Sementes piratas e os riscos de usá-las nas lavouras

As chamadas “sementes piratas” são aquelas que não possuem nenhum tipo de certificação ou garantia de procedência. São consideradas um risco à agricultura, uma vez que as sementes são a principal matéria prima do sistema de produção agrícola.

Entretanto, elas também consistem em um alto investimento por parte do produtor, que, ao tentar reduzir os custos de produção, se aventuram no mercado paralelo. Esse é um assunto que gera muito debate e envolve cerca de 5 milhões de produtores rurais em todo o Brasil.

Afinal, quais os riscos do uso de sementes piratas? E quais as diferenças em relação aos insumos que recebem o certificado de qualidade pelos órgãos do governo? É o que iremos tratar neste artigo. Acompanhe!

Sementes piratas x sementes certificadas

As sementes são os insumos básicos que garantem o sucesso das safras, os alimentos na mesa das famílias e ao mesmo tempo ajudam a manter o Brasil como destaque mundial na exportação de grãos.

Nesse sentido, os agricultores são orientados a adquirir esses insumos de empresas que possuem certificação do RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas) e registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Isso garante a compra de produtos de qualidade e de origem conhecida, com perspectivas de uma boa produtividade na hora da colheita.

Classificação de sementes polêmica envolvendo as piratas
As sementes certificadas passam por um controle de qualidade, com objetivo de garantir maior produtividade.

As empresas do setor afirmam que têm um custo elevado porque precisam investir na qualidade e garantir que estão entregando um produto que vai efetivamente germinar e ter um alto desempenho.

É preciso enfatizar a diferença entre grão e semente: “A semente não é apenas um grão que germina. Ela precisa ter outros atributos como alto poder germinativo, sanidade, e sobretudo vigor, para produzir plantas vigorosas e de alto desempenho“, afirma a Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (ABRASS).

Além disso, no caso de híbridos de milho, por exemplo, os grãos colhidos no campo não possuem a mesma composição genética das sementes que foram utilizadas para semear a lavoura, pois não foram obtidos através do cruzamento entre os mesmos parentais. Logo, ao utilizar os grãos colhidos, o desempenho da lavoura seguinte também não será o mesmo.

Números do uso de sementes piratas

Entretanto, com o objetivo de reduzir o custo de produção, muitos agricultores se arriscam em semear os próprios grãos colhidos em safras anteriores ou comprar aqueles considerados “piratas”, sem nenhum tipo de controle de qualidade.

Essa “aventura agrícola” está crescendo por todo o Brasil. De acordo com a ABRASS, 29% das sementes utilizadas no Brasil são consideradas piratas, isto é, praticamente um terço vem do mercado informal.

Confira alguns exemplos da quantidade de sementes ilegais que são depositadas nas lavouras brasileiras de grãos: feijão: 90%; arroz: 44%; algodão: 43%, e em seguida vem a soja: 30%.

Uso de sementes piratas na produção de soja
O Brasil é o maior produtor de soja do mundo, porém muitos produtores usam sementes piratas, o que ameaça a produtividade.

Em nota, a CropLife Brasil, uma associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias incluindo a produção de mudas e sementes, afirma que o uso de sementes piratas causam um prejuízo anual de até dois bilhões de reais ao agricultor.

Ademais, a estimativa é que os prejuízos girem em torno de R$ 2,5 bilhões anuais ao setor sementeiro nacional, gerando uma sonegação de R$ 2 bilhões em impostos.

Riscos de adquirir sementes piratas

Agora, vamos apresentar um resumo dos riscos do agricultor comprar sementes piratas:

  • No mesmo lote pode conter sementes de plantas daninhas de difícil controle;
  • As piratas podem vir contaminadas com vírus/hospedeiro, resultando em contaminação em campos;
  • Uso de sementes piratas pode aumentar a proliferação de insetos-praga nas lavouras;
  • Baixo vigor e germinação no campo, o que gera insegurança na safra;
  • Presença de torrões e partículas de solo, fontes de disseminação de patógenos de solo e de nematoides;
  • Falta de garantias: se o agricultor tiver algum problema quanto à qualidade da semente, não terá a quem recorrer.

No vídeo abaixo, veja porquê “o barato sai caro”:

Fonte: Agro em Foco.

Leia também: Principais regras para importação de sementes.

Afinal, como identificar as sementes piratas?

Pela quantidade comercializada em todo o Brasil, há o risco dos agricultores comprarem de “boa fé” produtos piratas sem saber. Dessa maneira, vamos dar algumas dicas para você conseguir identificar quando as sementes são piratas:

  • Identificação: as sementes certificadas vêm em embalagens que mostram a qualificação de seleção de produtos, contendo a razão social do produtor e o número de inscrição no RENASEM, além de testes de qualidade com o número do lote, valores de germinação ou viabilidade e pureza do lote;
  • Embalagens violadas: verifique as condições das embalagens das sementes adquiridas. Se estiverem abertas, desconfie;
  • Nota fiscal: o produtor deve exigir a nota fiscal ao comprar as sementes. É a garantia de que não está sendo enganado;
  • Mistura de cultivares: nas embalagens é preciso verificar se há identificação das sementes, sem misturas;
  • Comprar com segurança: procure sempre uma revenda de confiança e, se necessário, tire dúvidas com um engenheiro agrônomo. Comprar de vizinhos ou amigos pode não ter a mesma qualidade;
  • Valor de compra: desconfie se a semente que você está comprando está muito barata em relação ao valor de mercado. Há o risco de ser pirata ou mesmo roubada.

E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também o nosso post sobre a importância e benefícios do tratamento de sementes. Boa leitura!

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