Considerado o segundo maior peixe de escamas de água doce da América do Sul, o tambaqui é uma espécie intensamente pescada na região Amazônica, inclusive sua carne é exportada a outros países.
Essa espécie pode ser uma boa opção de renda para quem trabalha com criação de peixes, uma vez que tem um manejo considerado bem simples. Além disso, tem uma carne saborosa, faz parte da culinária de diversas regiões e é de fácil comercialização, o que proporciona um bom retorno financeiro.
Neste artigo abordaremos de maneira mais detalhada os principais pontos sobre a criação do tambaqui. Confira!
Características do tambaqui
Popularmente conhecido como pacu vermelho, o tambaqui (Colossoma macropomum) é um peixe tropical originário da bacia Amazônica (rios Amazonas e Orinoco). Possui uma coloração geralmente parda na metade superior e preta na metade inferior do corpo, podendo variar dependendo da cor da água.
O tambaqui é bastante apreciado devido ao seu rápido crescimento, adaptação ao cativeiro, resistência, e, conforme citamos no começo do artigo, tem uma alimentação simples e sua carne tem alto valor comercial e gastronômico.
Esta espécie de peixe atinge cerca de 90 cm de comprimento total. Antigamente eram capturados exemplares com até 45kg, mas hoje, devido a sobrepesca (retirada acima das quotas estabelecidas pelos órgãos ambientais), praticamente não existem exemplares desse porte.
Produção brasileira de tambaqui
De acordo com a Embrapa, de 2013 a 2018, a produção de tambaqui apresentou crescimento de 15,6%, com uma taxa média de aumento anual de 2,6%, passando de 88 mil para 102 mil toneladas. É o segundo peixe mais produzido no Brasil, ficando atrás apenas da tilápia (311,5 mil toneladas).
Além disso, foi a terceira espécie mais exportada no primeiro semestre de 2020. A sua relevância comercial no mercado internacional tem despertado o interesse de empresas e instituições, tal como a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) que, em 2019 lançou uma publicação técnica sobre o tambaqui.
Sendo assim, com todos esses atributos, o tambaqui vem atraindo cada vez mais a atenção de piscicultores por todo o país. Os principais estados produtores são Rondônia, com 41.554 toneladas, seguido do Maranhão e de Roraima.
A seguir, iremos apresentar algumas das características principais da sua criação:
Alimentação correta
A alimentação é essencial na criação de peixes, ou seja, o processo de engorda, com o propósito que ganhem peso e valor. O tambaqui é uma espécie que tem alimentação baseada em vegetais, por tratar-se de um onívoro no ambiente natural, o que capacita o aproveitamento desses nutrientes em sua dieta.
É fundamental que os alimentos sejam bem distribuídos pelo tanque no qual estão os peixes. Caso fique tudo muito centralizado, a tendência é de que os exemplares maiores comam mais e, desta forma, os menores ou menos fortes acabem sem alimentação e, assim, podem morrer ou ter uma saúde debilitada, sem atingir o tamanho e as características ideais.
A cada período de alimentação, com o fim de que haja a criação do padrão ideal, é importante que os criadores observem como os peixes comem, se eles terminam rápido, com qual ferocidade atacam a comida etc. É importante também que os grânulos de ração sejam ingeridos em, no máximo, 10 minutos.
Cada porção é relevante e, neste caso, estamos falando de um peixe que se alimenta várias vezes por dia. Portanto, é recorrente a necessidade de repor uma nova quantidade de comida ao longo do dia.
Cuidados com a água
Como em qualquer caso na aquicultura, prezar pela qualidade da água em que os peixes são instalados é essencial. Entrando em acordo e regularizando a situação com órgãos ambientais, é possível utilizar água captada de rios.
Este elemento é de alta qualidade e faz a diferença. Usar água de baixa qualidade pode atrapalhar a criação, gerando peixes de menor potencial durante o período de engorda.
Espaço do tanque para criação do tambaqui
Mais um aspecto que faz total diferença quando falamos em criação de sucesso do tambaqui é o espaço físico em que os peixes são colocados para serem desenvolvidos.
Além da questão da água, como dissemos acima, todo o espaço precisa ser muito bem definido e detalhado. Primeiramente, é preciso saber exatamente qual o número de exemplares que farão parte da criação.
Isso porque o recomendado é que haja um espaço de, pelo menos, 1 m² para cada peixe. Assim, não há o risco de eles se atrapalharem na luta por um lugar próprio e vantajoso.
O viveiro em que eles forem colocados também precisa respeitar uma certa profundidade ideal, de no mínimo, 1,5 m. Assim, o tambaqui garante um espaço mais bem organizado para se desenvolver em condições mais próximas ao natural.
Veja também: Melhores práticas na criação de peixes em tanque rede.
Estudo durante o processo de criação
Finalizando os aspectos que fazem total diferença na hora de criar tambaqui, é preciso ter em mente que, apesar de ser uma espécie de trato simples e de fácil adaptação a diferentes condições, não é possível ter sucesso sem acompanhamento e estudo.
Analise os peixes, perceba se a alimentação está correta, mantenha o cuidado com o tanque onde eles vivem, para que a qualidade e quantidade de água seja a ideal e, claro, faça avaliações periódicas sobre os avanços no processo de engorda e desenvolvimento.
Nesse sentido, o ideal é capturar amostras de peixes a cada quatro semanas. Os exemplares avaliados devem ser pesados e medidos visando análise do desempenho, cruzando informações sobre a ingestão de ração e o ganho de peso nesse período.
Assim, com dados e informações bem definidos, é possível corrigir eventuais erros e garantir que todo o processo corra da maneira certa.
Em situações normais, todo o desenvolvimento se dá em um ciclo que dura entre 8 e 12 meses. Mas, se o objetivo for alcançar tambaquis maiores, que ultrapassem 2kg, é preciso aumentar esse processo em mais de 1 ano.
No vídeo abaixo, conheça o passo a passo da recria e engorda de tambaqui em tanques:
Conclusão
Portanto, conforme mostramos neste post, a criação de tambaqui é uma boa opção de investimento quando se trata de piscicultura.
E então, gostou do artigo? Que tal aproveitar e também conhecer um pouco mais sobre a criação de pacu? Temos um guia completo sobre essa espécie. Boa leitura!