Quando ocorre uma inflamação na glândula mamária acontece o que chamamos de mastite bovina, que é responsável pela mudança na composição bioquímica do tecido da glândula mamária e do leite.
Tratando-se de uma das doenças mais comuns, que atingem as vacas leiteiras e apresenta um impacto extremamente negativo na quantidade e qualidade do leite produzido.
Por conta destes impactos, a mastite bovina traz diversos prejuízos para o produtor. E, pior, se não for tratada a tempo pode se transformar em uma doença crônica, levando inclusive a necessidade de sacrificar o animal.
Quer saber mais sobre a mastite bovina e como tratá-la? Continue lendo este post.
Quais são as principais causas da mastite bovina?
Não existe apenas uma causa específica que é responsável pela mastite bovina, já que depende do tipo de germes, das características da vaca e das condições ambientais para se desenvolver.
A doença é causada pela invasão de microorganismos nos tecidos mamários que leva a uma infecção. Pode ser classificada em dois tipos:
Mastites contagiosas
Decorrem de infecções causadas por micro-organismos que vivem na glândula mamária (principalmente, os Streptococcus agalactiae e Staphylococcus aureus).
Estes microrganismos são transmitidos durante a ordenha da vaca, através da maquinaria de ordenha contaminada, pelo uso de equipamentos contaminados pelos trabalhadores (luvas, panos sujos etc) ou pelo bezerro.
Tem como principal característica a diminuição da qualidade do leite.
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Mastites Ambientais
Decorrem de infecções causadas por micro-organismos que vivem no meio ambiente (principalmente os estreptococos ambientais e os coliformes) que são transmitidos entre as ordenhas, quando não há produção de leite.
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Principais sintomas da mastite bovina
A mastite bovina pode apresentar diferentes sintomas e, por isso, os veterinários apresentam três classificações a depender dos sintomas apresentados e para cada uma delas há uma forma de tratamento:
Mastite clínica
É a mais fácil de detectar, pois a vaca apresenta sinais evidentes quando está sofrendo de mastite bovina.
Entre os principais sintomas temos:
– Inchaço, vermelhidão e edema nas mamas;
– Febre;
– Dor e endurecimento da glândula mamária;
– Redução da produção de leite;
– Alteração no leite: pode aparecer grumos de pus, escamações, soro descolorido, coágulos e até sangue.
– Falta de apetite.
Esses sintomas aparecem principalmente em virtude das mastites ambientais, em decorrência de ambientes sem a higiene adequada, com excesso de cama orgânica, esterco, barro e urina.
E, tem maior incidência no período de pré e pós parto.
Mastite subclínica
Já as mastites subclínicas são mais difíceis de diagnosticar por não apresentar sintomas nem alterações perceptíveis no leite.
As alterações ocorrem no âmbito microscópio do leite havendo:
– Aumento na contagem de células somáticas (CCS);
– Aumento do teor de cloro, sódio e proteínas séricas do leite.
– Diminuição de lactose e caseína.
Por isso, apenas é possível ser diagnosticada através de testes auxiliares, como o CMT, onde há a contagem das células somáticas no leite analisando a viscosidade.
Ademais, a mastite subclínica tem o agravante de responder por 90 a 95% dos casos diagnosticados. Além de ser na maioria das vezes do tipo contagiosas de longa duração e crônicas.
Com isto, por muitas vezes ser altamente contagiosa e de difícil diagnóstico, os especialistas recomendam o descarte das vacas com mastites crônicas para evitar a contaminação de outros animais.
Mastite Aguda
É a fase mais grave da mastite clínica ou subclínica e que gera risco a vida da vaca. Apresenta os sintomas especificados anteriormente, além de outros sintomas generalizados, como febre, diminuição da produção de leite ou perda de apetite.
Como diagnosticar a mastite bovina?
Para diagnosticar a mastite bovina deve se analisar os sintomas apresentados pela vaca e fazer uma análise do leite produzido.
Entre os testes que poderão ser feitos para diagnosticar a mastite na vaca, temos, por exemplo:
– Contagem de células somáticas (CCS): se apresentar um número elevado de células somáticas (mais de 200.000 células/ml) existe a indicação de mastite subclínica.
– Cultivo de bactérias do leite: para identificar qual o micro-organismo causador da inflamação (mais de 50.000 Bactérias/ml é o indicativo de qual foi a fonte de contaminação).
– California Mastitis Test (CMT): apresenta o número de célula somáticas do leite recolhidos da amostra, entre outros testes.
Tratamento e prevenção da mastite bovina
A prevenção é sempre a melhor solução para a mastite bovina. Manter o ambiente limpo e os aparelhos da ordenha higienizados garante que seu rebanho não seja prejudicado.
Mas uma vez que houve a contaminação e é necessário o tratamento do animal, tradicionalmente tem como tratamentos possíveis:
– Cura espontânea: em casos de infecções leves, espera o próprio organismo curar;
– Descarte da vaca contaminada, para evitar que contamine o resto do rebanho;
– Tratamento com antibióticos e antimicrobianos durante a lactação e;
– Tratamento com antibióticos e antimicrobianos de vaca seca.
O tratamento mais comum é o uso de antibioticoterapia, que tem como principal função atingir pelo menos um dos seguintes objetivos:
– a cura da vaca;
– diminuição do desconforto do animal;
– diminuir o risco de contaminação de outros animais;
– evitar a morte da vaca contaminada, para os casos da mastite aguda.
O ideal é que o tratamento seja realizado após a análise e recomendação do veterinário para que seja indicado qual antibiótico e antimicrobianos deve ser utilizados e ainda como deve ser feito o tratamento.
Mastite bovina Clínica
Uma vez que a mastite bovina tem como principal causa as questões de higiene do local, o primeiro passo para evitar a infecção é manter o ambiente limpo, principalmente no período pré-parto e seco.
O tratamento deve ser feito por meio de antibióticos e antimicrobianos e deve continuar mesmo com o desaparecimento dos sintomas a fim de que haja eliminação do agente causador.
Mastite bovina subclínica
O tratamento da mastite bovina subclínica também é feito por meio de antibióticos e antimicrobianos.
Com a recomendação adicional de fazer uma excelente desinfecção dos equipamentos e dos profissionais que atuam na ordenha, para evitar a contaminação entre as vacas.
Outras recomendações dos especialistas
Os especialistas afirmam que tratar o animal apenas com o foco de reduzir os sintomas clínicos sem o conhecimento do agente causador não é o mais indicado.
O foco do tratamento deve ser em eliminar o agente causador, para evitar que vire uma mastite crônica e ainda a contaminação de outras vacas.
Além disso, existem outros fatores que influenciam na eficácia do tratamento, como o tipo de agente causador, duração da infecção, a idade da vaca e a gravidade da infecção. Por exemplo, contaminações por Streptococcus uberis tem taxa de cura de 89% utilizando os antibióticos, enquanto o mesmo tratamento em Staphylococcus aureus é reduzido para 33%.
Por isso, é essencial que o tratamento seja feito por um veterinário que irá analisar todos os protocolos de tratamento e a gravidade da mastite para determinar qual será o tratamento mais eficaz.
Quer saber mais? Acesse nosso post sobre identificação e prevenção de mastite.