Saiba mais sobre utilização de Trichoderma no controle biológico

Saiba mais sobre utilização de Trichoderma no controle biológico

Em busca de alternativas sustentáveis e seguras, o mercado de bioprodutos tem desenvolvido inúmeras soluções que visam proteger os cultivos. Entre tantas possibilidades, estão os biodefensivos à base de Trichoderma, que é considerado um dos melhores agentes no controle biológico de pragas.

Sendo assim, neste artigo explicaremos o que é Trichoderma, qual a sua atuação no controle biológico, como utilizar na lavoura e os cuidados na sua utilização. Confira!

O que é Trichoderma?

Trichoderma é um gênero de fungos encontrado naturalmente nos solos e capaz de controlar uma série de doenças nas plantas. É conhecido pela sua atuação benéfica nos cultivos, sendo um dos principais agentes de controle biológico, além de ter a capacidade de promover crescimento vegetal e aumentar a tolerância a estresses.

Pode ser encontrado em praticamente todos os tipos de solo e clima, no entanto, é visto com mais frequência nas regiões de clima temperado e tropical, junto às raízes das plantas e matéria orgânica morta.

Fungos do gênero Trichoderma
Os fungos do gênero Trichoderma podem apresentar colorações variadas como verde, amarela, creme ou marrom.

Leia também: Lepidópteros: como fazer o controle nas lavouras.

Quais as espécies de Trichoderma mais utilizadas no controle biológico?

Existem mais de 200 espécies de Trichoderma catalogadas, mas as mais utilizadas em produtos comerciais para controle biológico são:

  • Trichoderma harzianum;
  • Trichoderma viride;
  • Trichoderma atroviride;
  • Trichoderma asperellum;
  • Trichoderma lignorum;
  • Trichoderma virens;
  • Trichoderma catenulatum;
  • Trichoderma koningiopsis;
  • Trichoderma fertile;
  • Trichoderma stromaticum.

Além disso, alguns produtos são feitos com uma mistura de espécies de Trichoderma e com misturas de Trichoderma com outros organismos.

Qual a atuação do Trichoderma no controle biológico?

A aplicação no campo pode ser realizada de diversas maneiras: com sementes tratadas, no sulco de semeadura, via foliar ou no substrato, e cada maneira pode apresentar resultados distintos.

Biodefensivo à base de Trichoderma sendo diluído em água em um balde azul
O momento da aplicação, as condições climáticas durante a aplicação, a modalidade de aplicação, o equipamento e a compatibilidade entre os produtos a serem utilizados vão influenciar na eficiência do método de controle.

Os mecanismos de ação utilizados por Trichoderma são a antibiose, competição, parasitismo e indução de resistência. Falaremos melhor sobre cada um deles nos tópicos a seguir.

Antibiose

Aqui, o antagonista é capaz de produzir uma ou mais substâncias inibidoras de crescimento ou reprodução do patógeno no ambiente ou na planta.

De acordo com a publicação “Trichoderma: uso na agricultura” da Embrapa, a produção de metabólitos secundários por cepas de Trichoderma apresenta uma grande variedade e aplicação potencial, pois conta com vários milhares de compostos distribuídos em mais de 120 estruturas moleculares, constituindo-se como uma das fontes de maior diversidade metabólica do Reino Fungi.

Competição

Como o nome já diz, ocorre uma briga pela sobrevivência entre o patógeno e o antagonista. O motivo da disputa são os recursos utilizados por ambos para a sua proliferação, como luz, espaço, oxigênio e nutrientes.

Se essa competição ocorrer no solo, por exemplo, o antagonista pode impedir que as estruturas de infecção presentes no patógeno entrem em contato com a planta. O Trichoderma é considerado como um ótimo competidor pois demonstra grande capacidade de adaptação e é capaz de crescer sob condições adversas.

Placa de Petri com os fungos  Trichoderma e Sclerotium rolfsii
Uma das formas de combate aos fungos patógenos é através da competição por recursos.

Veja também: Giberela no trigo: como controlar essa doença?

Parasitismo

Uma das melhores características do Trichoderma é a sua capacidade de parasitar fungos. Nesse mecanismo de ação, o antagonista se alimenta do patógeno por meio de estruturas conhecidas como hifas, com o objetivo de enfraquecer a sua atuação ou até mesmo causar a morte.

Durante o processo há a liberação de uma grande diversidade de enzimas degradadoras de parede celular, que acabam por interferir na germinação de esporos, no crescimento de hifas e, consequentemente, no desenvolvimento de estruturas de resistência dos patógenos.

Indução de resistência

Esse é um mecanismo de ação preventivo, ou seja, se algumas linhagens de Trichoderma forem aplicadas antes do patógeno entrar em contato com a planta, eles podem induzir resistência à contaminação.

É importante frisar que um ou mais mecanismos de ação podem ser acionados ao mesmo tempo para a defesa da planta.

Como utilizar Trichoderma na lavoura?

Agora que já listamos os modos de atuação desse fungo no biocontrole de doenças e pragas, você deve estar se perguntando quais são as possibilidades de utilização na sua lavoura, correto? Pois bem, a boa notícia é que é possível fazer uso de diversas espécies para os mais variados problemas.

A aplicação pode ser realizada em sementes, diretamente no solo, em substratos para a produção de mudas, na parte aérea das plantas, em resíduos de culturas, entre outros. No caso das sementes, por exemplo, é necessário ajustar a dosagem para evitar a diminuição do vigor das plantas e sua germinação.

Veja no vídeo abaixo, mais detalhes sobre a utilização de Trichoderma nas lavouras:

Fonte: Instituto Biológico.

Confira também: Doenças do tomateiro: descubra mais sobre elas.

Quais cuidados tomar ao utilizar os bioprodutos a base de Trichoderma?

É importante levar em consideração que apesar de ser um produto biológico, a utilização em quantidade excedente pode causar problemas aos cultivos. Para evitar esse tipo de questão, recomenda-se ler atentamente a bula e seguir rigorosamente as recomendações repassadas pelo fabricante. Portanto, fique atento às seguintes dicas:

  • temperatura ideal de aplicação varia entre 20 ºC a 35 ºC;
  • é recomendado evitar a exposição em dias mais ensolarados e muito quentes ou frios, seguindo os parâmetros de temperatura indicados anteriormente;
  • as indicações de controle para doenças distintas podem variar mesmo se tratando do mesmo microrganismo e espécie;
  • procure por fabricantes que são registrados pelo Ministério da Agricultura.

Como puderam perceber, os pesticidas que baseiam os seus ingredientes em fungos e bactérias, também conhecidos como biopesticidas, se destacam pela diminuição do risco para o meio ambiente, tornando-se uma alternativa sustentável para diversas culturas. Entre as suas vantagens há a rápida decomposição, a possibilidade de serem utilizados em quantidades menores, além do baixo risco de contaminação humana, se comparado aos pesticidas químicos.

Além disso, cada vez mais o mercado consumidor tem exigido práticas mais sustentáveis no campo, como forma de garantir a produção de alimentos mais saudáveis na mesa. Portanto, caso ainda não os utilize, vale a pena pesquisar um pouco mais sobre os benefícios e as melhores maneiras de utilizá-los em suas plantações.

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