O Brasil é muito conhecido por ter uma agricultura forte, sendo esse setor responsável por aproximadamente 24,5% do PIB nacional. Porém, o que é muito pouco falado é que os solos brasileiros, em sua maioria, são ácidos e têm baixos teores de nutrientes. Por isso, realizar a amostragem de solo na lavoura é essencial.
Porém, é necessário que haja um planejamento dessa amostragem, de maneira que a coleta seja eficiente e demonstre a realidade do solo que será analisado.
Neste texto, você poderá compreender o que é a amostragem de solo, a importância da sua realização nas lavouras, alguns métodos dessa operação e o passo a passo. Confira!
O que é amostragem de solo?
A amostragem de solo é uma das práticas mais importantes do processo produtivo na agricultura. Essa fase é essencial e precisa ser muito bem representativa de toda a área de cultivo. Essa operação é feita por meio da coleta de pequenas porções do solo para avaliação físico-química.
Por meio dessa operação, é possível observar pontos de falta de determinados nutrientes e níveis de pH do solo. Com isso, é possível melhorar a qualidade do solo, corrigindo seu pH e oferecendo a quantidade necessária de nutrientes para o desenvolvimento da cultura a ser implantada.
Além disso, por meio das análises, também é possível observar aspectos como contaminantes e patógenos que podem eventualmente estar presentes no solo analisado.
Portanto, uma boa amostragem de solo é um dos passos essenciais para garantir o sucesso na produtividade agrícola.
Amostragem composta
A amostragem composta é realizada por meio da coleta de porções de solo de várias partes da lavoura. O objetivo dessa coleta é ter uma visão mais abrangente das condições do solo na área de cultivo.
Por meio da amostragem, realizam-se análises químicas e físicas, além da avaliação da fertilidade e textura do solo. Quando a amostragem não é executada de maneira adequada, a representação das condições reais do solo fica comprometida. Isso, por sua vez, resulta em imprecisões nas recomendações relacionadas à correção do solo e à adubação.
Portanto, é importante entender que os erros cometidos durante o processo não podem ser corrigidos posteriormente. Sendo assim, é crucial que as amostras enviadas ao laboratório de análise de solo sejam representativas da área de cultivo pretendida.
Como realizar a amostragem georreferenciada?
A variabilidade na produtividade dentro de uma área é o fator principal para uma abordagem não convencional, o que fundamenta a adoção de práticas de Agricultura de Precisão.
Nesse sentido, o ponto crucial consiste em delinear as áreas onde essas variações ocorrem e identificar suas origens para então determinar a estratégia de manejo mais adequada para cada região. É importante que a variação no solo observada em um talhão seja de relevância agronômica, de modo a justificar a implementação de práticas de manejo específicas para cada local, evitando intervenções diferenciadas que não tragam benefícios significativos.
Em agricultura de precisão, é necessário realizar um conjunto de ações de forma planejada com o intuito de obter uma boa amostragem.
Portanto, é preciso empregar técnicas que permitam otimizar a coleta de amostras e, ao mesmo tempo, garantam a confiabilidade das recomendações para o manejo adaptado a cada local.
Existem vários métodos para a identificação da variabilidade do solo, porém, os mais utilizados são:
Amostragem em grade por ponto
Nesse método, a área é dividida em outras subáreas, em formato quadrado ou retangular. Dentro de cada subárea é fixado um ponto georreferenciado que pode ser posicionado no centro dessa área menor. Dentro dessas células, são coletadas subamostras em um determinado raio ao redor do ponto central.
Recomenda-se coletar de 8 a 12 subamostras em um raio de 3 a 5 metros, que seria o erro do GNSS utilizado, porém pode também ser utilizado o raio de giro do veículo amostrador. Quanto maior o número de subamostras, maior a confiabilidade dos resultados, porém, maior será o tempo e o custo da operação.
Em seguida, o resultado das análises é vinculado aos pontos centrais das subáreas. Os dados obtidos são inseridos num software de SIG (Sistema de Informação Geográfica) para análise exploratória, a fim de verificar a existência de possíveis dados anômalos que podem ter ocorrido devido a problemas no momento da coleta.
Após esse processo, os dados são interpolados a fim de estimar valores nos locais da lavoura onde não houve amostragem. Essa interpolação pode ser realizada seguindo alguns modelos matemáticos como o Inverso do Quadrado da Distância ou geostatístico, conhecido como krigagem.
Vale ressaltar que, para obter um resultado mais realístico e um mapa de qualidade, independente do método de interpolação utilizado, é importante realizar a coleta de maneira correta. Essa operação impacta diretamente em quão próximo à realidade do campo este mapa interpolado estará. Isso é um fator decisivo para o sucesso das recomendações de correção e adubação da área analisada.
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Amostragem em grade por célula
Diferente da amostragem em grade por pontos, na amostragem em grade por células, as coletas das subamostras são feitas em zigue-zague ao longo de toda a célula, sem um ponto central. Enquanto o objetivo da amostragem em grade por ponto é caracterizar o solo ao redor do ponto central, na amostragem em grade por célula a finalidade é oferecer maior representatividade da célula.
Normalmente, coleta-se de 8 a 20 subamostras dentro de cada célula, sendo que quanto maior a quantidade de subamostras, maior a confiabilidade dos resultados da célula. Ademais, quanto maior o tamanho da célula, maior deve ser a quantidade de subamostras.
Nesse método, o resultado de cada amostra representa individualmente cada célula. Portanto, diferente da amostragem por pontos, a amostragem por célula não usa a interpolação de dados para a geração de mapas de solo. Sendo assim, as doses irão variar de acordo com a célula, sendo a mesma dentro de toda a sua área.
Amostragem direcionada
A amostragem direcionada é indicada para produtores que tenham maior conhecimento e já adotem práticas de agricultura de precisão, já que para a sua realização é necessário ter informações como: tipo de solo, relevo e dados sobre as safras anteriores. Nesse caso, é necessário ter em mãos dados como mapas topográficos, mapas de tipo de solo, mapas de produtividade e NDVI (índice de vegetação).
Na amostragem direcionada, o objetivo principal é analisar possíveis causas de variabilidade dentro da lavoura. Portanto, os pontos amostrais são determinados por meio de dados já obtidos de mapas e imagens de satélite. Sendo assim, os pontos não são distribuídos de maneira uniforme.
Conclusão
Como vimos, a amostragem de solo é uma operação fundamental para o sucesso das lavouras. Os métodos de amostragem podem variar de acordo com a necessidade da lavoura. Para qualquer um dos métodos, é necessário realizar um planejamento, identificando as áreas de amostragem e determinando a quantidade de pontos de coleta, antes de partir para a operação de coleta e à análise e interpretação dos resultados.
É importante sempre ter em mente que, para se obter um resultado o mais realístico possível, isso dependerá diretamente da qualidade da amostragem realizada em campo. Isso é fator determinante para bons resultados com as correções e adubação do solo.
Escolher a melhor opção para sua lavoura levará em conta os aspectos da sua área. Um engenheiro agrônomo, técnico agrícola ou especialista em agricultura de precisão poderão te ajudar a escolher o melhor método de amostragem a fim de obterem resultados mais fidedignos.
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