A floricultura é um dos pilares do agronegócio contemporâneo, destacando-se como um setor de grande importância econômica tanto para o Brasil quanto para o mundo. Com a sua crescente evolução, a atividade se divide, atualmente, em três segmentos distintos: plantas ornamentais, flores de vaso e flores de corte, sendo estas últimas responsáveis por 15% da produção nacional.
Diante do crescimento da atividade, tem-se notado não só a sua importância para a economia, mas também social, já que tem gerado milhares de empregos diretos e indiretos, alcançando um notável faturamento de mais de R$ 10 milhões no último ano, o equivalente a um aumento de 10% em relação ao ano anterior.
Neste artigo, exploraremos o cenário do mercado da floricultura, quais as variedades de flores adaptadas aos climas tropical e temperado, detalhes do cultivo e pós-colheita, e ainda destacaremos algumas das flores de corte mais vendidas no país. Boa leitura!
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Cenário econômico da floricultura
O setor da floricultura tem ganhado cada vez mais espaço, tanto no Brasil como no mundo. De acordo com dados disponibilizados em 2016, figuram nas primeiras posições a Índia e a China, com áreas superiores a 150 mil hectares dedicados à atividade. Logo atrás estão os Países Baixos, Estados Unidos, Japão e México, com áreas plantadas entre 10 e 50 mil hectares. O Brasil está entre os 15 maiores em escala mundial, mas tem potencial para figurar entre os 10 a medida que o PIB e o consumo per capita aumentarem.
Por ser um dos setores que mais evoluíram dentro do agronegócio, a floricultura tem movimentado a economia brasileira de forma significativa, com um crescimento de quase 10% em relação ao ano anterior. Segundo o Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), essa produção é responsável por cerca de 209 mil empregos diretos, 800 mil indiretos e faturamento aproximado de R$ 10,9 bilhões/ano.
Dentre os estados que mais empregam mão de obra na floricultura estão São Paulo, Minas Gerais e Ceará. São Paulo é o estado que mais produz no Brasil, sendo que o destaque fica para o município de Holambra, que recebeu o título de “Capital nacional das flores”.
Trata-se de uma atividade muito desenvolvida em pequenas propriedades, já que possui boa rentabilidade por área, exigindo pouca terra e conferindo retorno significativo.
De acordo com informações da Secretaria da Agricultura e Pecuária do Ceará (Seagri), um hectare de rosas cultivadas pode gerar uma receita anual estimada de R$ 100 mil a R$ 200 mil. Em contrapartida, a mesma extensão de terra destinada à fruticultura tende a proporcionar uma receita anual mais modesta, em torno de R$ 10 mil. Além desses aspectos financeiros, é importante notar que o setor de cultivo de rosas também se destaca pela criação de empregos, empregando cerca de 15 pessoas por hectare, enquanto a fruticultura, na mesma área, gera apenas 3 empregos.
Segundo o censo de 2017 do IBGE, o Brasil conta com um total de 43.714 estabelecimentos dedicados à floricultura e flores ornamentais, sendo que cerca de 22%, ou seja, 9.718 destes estabelecimentos são exclusivamente voltados à flores de corte. Quanto à exportação, o envio para o exterior de flores de corte pelo Brasil interrompeu-se há aproximadamente 10 anos em função dos custos elevados, câmbio desfavorável e, especialmente, por conta do mercado interno aquecido.
Flores de corte
A atividade de floricultura é dividida em diversos segmentos e um deles é dedicado ao cultivo de flores e folhagens ornamentais para corte. Esses itens são predominantemente comercializados em floriculturas e são destinados à criação de arranjos florais, buquês e à decoração de festas, eventos e residências. A diferença em relação às demais espécies de flores é que elas são cortadas no caule e continuam produzindo durante certo tempo, enquanto as demais são colhidas uma única vez.
A produção de flores de corte tem se destacado no cenário nacional, não só pelo aumento das demandas do mercado, mas também pelas mudanças comportamentais dos consumidores, que tornaram-se mais exigentes em termos de diversidade e qualidade dos produtos, gerando demandas mais específicas para o setor.
Resultado disso foi a constante melhoria na qualidade dos produtos disponíveis, gerando atenção e investimentos em treinamento e capacitação dos produtores. Exemplo disso é o projeto de extensão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) denominado “Flores para todos”. Atualmente, o projeto está em sua oitava fase e já abrangeu 157 famílias, 130 municípios e 23 escolas do campo, estando presente em 10 estados brasileiros das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Trata-se de uma parceria da Equipe PhenoGlad com a Emater/RS – Ascar, com início em 2017, que teve como objetivo agregar renda aos horticultores, introduzindo espécies de flores no campo, como gladíolos, statice, girassol de corte e dália, sem precisar depender da importação. Além disso, as equipes envolvidas no projeto prestam auxílio na conservação do solo e da água, visando alcançar uma produção mais sustentável.
Outro ponto a ser destacado é a parceria entre Embrapa e Ibraflor para a implementação do selo azul. O selo azul consistirá em um selo de uso eficiente da água para o setor de flores e plantas ornamentais. O objetivo é estabelecer protocolos e critérios técnicos para o uso da água de forma racional e adequada, conscientizando os produtores a respeito do uso responsável deste recurso.
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Flores de corte de climas tropical e temperado
O clima é um dos fatores determinantes que influenciam a floricultura. Existem espécies de flores que se adaptam ao clima tropical e outras que se adaptam melhor ao clima temperado. No Brasil, isso fica mais evidente por ser um país de grande extensão territorial e diversidade climática.
Flores e folhagens de corte de clima tropical
As flores e folhagens tropicais são de grande beleza e rusticidade, além de muito bem adaptadas ao clima brasileiro, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Tratam-se de plantas com maior durabilidade que as convencionais e com menor exigência em manutenção. Por serem adaptadas ao clima quente, o seu cultivo a céu aberto é favorecido, simplificando o seu processo produtivo e reduzindo o custo inicial para o produtor.
O cultivo de flores tropicais proporcionou a descentralização da produção de flores, que distanciou-se dos principais polos produtores tradicionais e tornou-se uma alternativa de investimento tanto para aqueles que vivem da agricultura familiar, como para os que utilizam tecnologia.
Alguns exemplos de flores tropicais são: abacaxi-ornamental (Ananas spp.), antúrio (Anthurium spp.), bastão-do-imperador (Etlingera spp.), musa (Musa spp.), gengibre-sorvetão (Zingiber spectabile Griff.) e helicônia (Heliconia spp.)
Propagação e manejo de flores de corte tropicais
- Propagação de mudas: pode ocorrer por meio do rizoma, a exemplo do bastão-do-imperador e da helicônia, ou por estacas. A estaquia é um processo de multiplicação por meio do qual são retirados pedaços da planta e postos em condições favoráveis para o enraizamento e formação de uma nova planta. Muitas são as espécies multiplicadas por estaquia, no entanto cada uma tem um tipo de estaca ideal;
- Adubação: os adubos são essenciais para que a planta se desenvolva de maneira adequada, melhorando a produção de flores e folhagens. No entanto, visando reduzir os erros em sua utilização, seja excesso, falta ou mau preparo, é importante contar contar com orientação técnica para alcançar melhores resultados;
- Corretivos: os corretivos são utilizados para diminuir a acidez do solo e favorecer o crescimento da planta por meio da absorção de nutrientes. Geralmente, utiliza-se calcário e gesso agrícola, mas a aplicação e a dosagem devem ser orientadas por um técnico;
- Preparação do solo: após preparar o solo com adubos e corretivos, revolva-o para a incorporação do adubo e para melhorar a aeração do solo. Cubra o canteiro com palhada, visando evitar plantas daninhas e o contato direto da planta com o solo;
- Preparação das covas: para plantas de maior porte, abra covas de 0,5 x 0,5 x 0,5 metros. Faça uma coroa ao redor da cova com a mistura do solo, adubos e corretivo e cubra com palhada até o momento do plantio;
- Irrigação: irrigue o solo em abundância e deixe-o em repouso por 5 a 10 dias até que os adubos e corretivos ajam e liberem nutrientes para a planta;
- Plantio: após o repouso, remova a palhada, abra uma cova com dimensões ligeiramente maiores que o torrão da muda, posicionando-o e completando com solo. Pressione as laterais para a fixação da muda. Coloque novamente a palhada em volta para manter a umidade, diminuir a temperatura, aumentar a quantidade de organismos benéficos e reduzir a infestação por ervas daninhas. Irrigue abundantemente e repita a irrigação até que haja o pegamento das mudas;
- Monitoramento: normalmente, as flores e folhagens tropicais apresentam fácil manejo em relação a pragas e doenças. No entanto, atente-se ao excesso de água, já que podem favorecer o ataque de fungos e bactérias. Monitore constantemente as plantas, verificando a presença de lagartas, pois estas podem causar danos irreparáveis às flores e folhagens. A utilização de produtos químicos para o controle de pragas e doenças deve ocorrer apenas sob supervisão técnica de profissional capacitado.
Flores e folhagens de corte de clima temperado
Em se tratando de plantas de clima temperado, no geral, elas têm melhor adaptação ao clima frio, sendo o seu cultivo um pouco mais complexo se comparado às plantas tropicais, uma vez que praticamente todo o procedimento é realizado em estufas.
Além disso, outro aspecto importante para o cultivo de flores de corte de clima temperado é a instalação de redes de tutoramento, visando evitar que haja a quebra das inflorescências. Como muitas das espécies são sensíveis ao fotoperíodo, muitas vezes é necessário também fornecer iluminação adicional para o florescimento. Apesar de mais dificultoso o cultivo, existem soluções totalmente viáveis para as dificuldades apresentadas, mas que exigem maiores investimentos financeiros por parte do produtor.
Alguns exemplos de flores de clima temperado são: rosa (Rosa spp.), lisianto (Eustoma grandiflorum (Raf.) Shinners.), lírio (Lilium spp.), gladíolo (Gladiolus spp.), girassol (Helianthus annuus L.), gérbera (Gerbera jamesonii Adlam.), cravo (Dianthus caryophyllus L.), crisântemo (Dendranthema grandiflora Tzvelev.), copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng.), boca-de-leão (Antirrhinum majus L.), aster (Symphyotrichum tradescantii (L.) G.L. Nesom), astromelia (Alstroemeria spp.), gipsofila ou mosquitinho (Gypsophila paniculata L.) e sempre-vivas (Eriocaulon spp., Paepalanthus spp. e Syngonanthus spp.).
Propagação e manejo de flores de corte tropicais
- Produção de mudas: pode ocorrer por estacas, sementes ou mircropropagação. A produção por estacas ocorre da mesma forma como foi abordado nas flores tropicais.
No caso da propagação por sementes, recomenda-se adquirir sementes de empresas especializadas, plantando-as em bandejas de isopor com substrato próprio para germinação. As sementes devem ser distribuídas nas células segundo a quantidade indicada para cada espécie, recobrindo-as com uma fina camada de substrato. Coloque a bandeja em estufa, irrigando-a de duas a três vezes por dia até que atinja a fase de transplante de muda para o local definitivo.
Quanto à micropropagação, trata-se de uma técnica muito utilizada na floricultura industrial para produzir indivíduos idênticos em larga escala e em condições ideais controladas em laboratório. Inclusive, é muito comum os produtores adquirirem mudas produzidas em laboratórios especializados; - Adubação: a adubação é fundamental para que a planta apresente bom desenvolvimento, melhorando a produção de flores e folhagens. No entanto, para que não haja erros em sua utilização, é importante contar contar com orientação técnica para alcançar melhores resultados;
- Corretivos: o seu uso tem o objetivo de diminuir a acidez do solo e favorecer o crescimento da planta por meio da absorção de nutrientes. Em geral, são aplicados calcário e gesso agrícola, com recomendação e dosagem orientadas por profissional técnico;
- Preparação do canteiro: a preparação dos canteiros deve ser feita de maneira elevada, com posterior aplicação de adubos e corretivos sobre o solo. Revolva o solo para que haja a incorporação do adubo, bem como para favorecer as condições de aeração do solo. Cubra com palhada ou com um plástico furado (mulching) para evitar a ocorrência de plantas daninhas e o contato direto das plantas com o solo;
- Irrigação: recomenda-se a irrigação por aspersão até o início do florescimento e por gotejamento do início do florescimento até a colheita;
- Rede de tutoramento: estenda a rede sobre o canteiro, fixando-a por meio de mourões enterrados no solo e subindo-a de acordo com o crescimento das plantas. A rede ajudará a direcionar o plantio das mudas;
- Plantio das mudas: abra as covas, coloque as mudas de acordo com a quantidade recomenda para cada espécie e pressione levemente o solo ao redor da planta para a sua fixação;
- Controle de pragas e doenças: mantenha a área limpa, realizando o arranquio manual de plantas daninhas e a capina manual nos corredores. Faça também o monitoramento frequente para evitar a ocorrência de pragas e doenças na plantação. Entre as principais pragas das flores de clima temperado estão: insetos sugadores (pulgão, mosca branca, cochonilhas, percevejos e tripes), insetos mastigadores (grilos, gafanhotos, besouros e lagartas), ácaros, formigas cortadeiras e nematoides. Quanto às doenças, temos as fúngicas (oídio, míldio, ferrugem e antracnose), bacterianas (Xantomonas spp., Pseudomonas spp. e Erwinia spp.) e viroses. Busque orientação técnica para a aplicação de agrotóxicos e para a realização de um sistema de monitoramento adequado;
- Adubação de manutenção: a adubação de cobertura é realizada após o preparo inicial dos canteiros e deve ser realizada periodicamente durante o ciclo da cultura. A definição da formulação, dosagem e frequência dependerá da espécie a ser cultivada. No entanto, busque sempre orientação técnica. Após a definição dos aspectos citados, espalhe o adubo sobre o solo, irrigando-o em seguida.
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Cuidados no pós-colheita
Tanto as flores de corte tropicais como as temperadas têm cuidados pós-colheita que devem ser adotados para que as plantas mantenham o seu vigor e valor comercial.
Cuidados com as flores de corte tropicais
Primeiramente, é importante contar com um galpão limpo e bem ventilado, com disponibilidade de água limpa e fresca em tanques, mantendo sempre ao alcance materiais de limpeza (tesouras, facas e tecidos limpos) e de acondicionamento.
Assim, após a colheita das plantas, deve-se realizar:
- Hidratação: deve-se colocar as flores e folhagens rapidamente na água, utilizando tanques com água limpa e fresca;
- Toalete: realize a limpeza das flores e folhagens, retirando as partes danificadas e utilizando panos limpos e borrifador para secar e retirar a poeira das flores;
- Apresentação: para obter uma apresentação comercial, faça maços de flores e folhagens, mistos ou não, utilizando ligas elásticas ou embalagens plásticas próprias;
- Armazenamento: após a montagem dos maços, é de suma importância colocar a sua base em água limpa e fresca. Essas plantas devem permanecer dessa maneira durante todo o tempo de armazenamento e transporte até a sua venda. Recomenda-se também que o armazenamento de espécies tropicais seja realizado em temperaturas entre 7 e 15°C, visando prolongar a sua durabilidade.
Cuidados com as flores de corte temperadas
Assim como ocorre com as flores tropicais, é importante contar com um galpão limpo, ventilado e equipado para a realização dos cuidados pós-colheita das flores de corte de clima temperado.
Dessa forma, temos as seguintes etapas:
- Limpeza: realize a limpeza da haste floral imediatamente após a colheita, eliminando as folhas e flores danificadas ou aquelas com defeitos e pequenos danos;
- Classificação: cada espécie possui uma classificação comercial pré-definida. Por isso, após a limpeza, deve-se separar as hastes por tamanho seguindo a indicação padronizada para cada espécie;
- Montagem dos maços: a montagem dos maços deve ser realizada de acordo com a classificação comercial padronizada para cada espécie;
- Embalagem: a embalagem dos maços deve ser feita com materiais plásticos ou em papel desenvolvido especificamente para essa finalidade;
- Acondicionamento: existem soluções conservantes chamadas pulsing que são tratamentos pré-transporte e de armazenamento que prolongam a vida das flores. Cada espécie de flor de corte apresenta uma solução de pulsing mais indicada para manter a qualidade das flores, bem como para retardar o seu murchamento e secagem. Por isso, deve-se colocar a base do ramo submersa nas soluções conservantes (de acordo com o recomendado para cada espécie) durante um período que pode variar entre alguns minutos a algumas horas. Por exemplo, o tiossulfato de prata (TSP) pode prolongar em até três dias a longevidade de rosas. As soluções de pulsing também são utilizadas em flores tropicais, como o nitrato de prata no antúrio;
- Armazenamento: um dos detalhes mais importantes é o armazenamento dessas plantas em câmara fria. As baixas temperaturas, entre 3 a 5ºC e a umidade relativa do ar entre 90 a 95% diminuem a transpiração e a respiração, reduzindo a produção de etileno e retardando a degradação das reservas de açúcares e outros substratos, o que prolonga a durabilidade das flores. As rosas, por exemplo, apresentam taxa de respiração seis vezes mais alta a 25°C em relação a 5°C, já os cravos apresentam temperatura ótima de armazenamento superior a 3°C.
Agora, confira três espécies de flores de corte que estão entre as mais vendidas no Brasil.
Rosa: a mais tradicional das flores de corte
A rosa (Rosa sp.) pertence à família Rosaceae é a mais tradicional entre as flores de corte. Trata-se de uma planta arbustiva, de caule lenhoso e geralmente com muitos espinhos e emissão de flores nos ramos basais.
São plantas exigentes em relação ao cultivo, contando com a utilização de diferentes técnicas para uma produção de qualidade e em quantidade que possibilite o retorno econômico. Geralmente, o seu cultivo se dá a céu aberto, mas podem também ser cultivadas em ambiente protegido (estufas).
Nesse último caso, apesar de exigir maior investimento por parte do produtor, a produção de rosas em estufa permite controlar as condições ambientais e alcançar uma produção de melhor qualidade tanto em botão, com características mais bem definidas (cor, tamanho e forma), como pela haste, proporcionando firmeza e robustez,
Quanto à propagação, esta pode ocorrer de duas maneiras: via sementes e via estaquia. No entanto, em razão da dormência das sementes, demora no florescimento e desuniformidade das plantas produzidas, as sementes não são utilizadas para a produção de mudas para fins comerciais.
Essa planta exige algumas condições climáticas especiais: temperaturas entre 17º a 26ºC e umidade do ar entre 70 a 75%, podendo chegar a 90% durante o período de brotação. As altas temperaturas podem levar a produção de flores pequenas e pálidas, enquanto que temperaturas mais baixas atrasam o crescimento e florescimento. Já em ambientes protegidos, deve-se tomar cuidado com a umidade, pois a alta umidade pode favorecer doenças como o mofo cinzento e a baixa pode gerar distúrbios fisiológicos.
As roseiras também exigem uma grande exposição ao sol e, quando isso deixa de ocorrer, há o risco de estiolamento, aparecimento de doenças e, consequentemente, a redução da produção
No que tange aos solos, estes devem ser argilosos, bem drenados e férteis, com pH de 5,5 a 6,0. O local de cultivo deve ser escolhido criteriosamente, avaliando a ventilação, atentando-se à não incidência de ventos fortes e à boa insolação.
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Crisântemo: uma das mais populares flores de corte do Brasil
O crisântemo está entre as flores de corte mais vendidas do Brasil. Originária da China, essa flor pertence à família Asteraceae e é muito conhecida como a flor da nação japonesa. Durante três décadas, o crisântemo ocupou a liderança no cenário de consumo interno de flores e, atualmente, está em 2º lugar entre as espécies ornamentais mais cultivadas, com 15% de participação no mercado de flores de corte.
Trata-se de uma planta herbácea e perene muito versátil, com alta durabilidade, grande diversidade de variedades, fácil cultivo e excelente custo-benefício, podendo ser produzida durante todos os meses do ano. É classificada como planta de dia curto, respondendo com precisão ao controle fotoperiódico para a indução floral.
As mudas de crisântemo são produzidas por meio do enraizamento de estacas. São considerados ideais para o seu plantio os solos de baixa densidade, ricos em matéria orgânica, com boa drenagem e boa disponibilidade de nutrientes. No que tange ao pH do solo, o valor fica entre 5,5 e 6,0.
No entanto, no Brasil, essas são características difíceis de se encontrar, sendo comum o uso de substratos e condicionadores que, de acordo com a região e a disponibilidade, são utilizados em diferentes composições e proporções para alcançar misturas adequadas às plantas.
Quanto às condições climáticas para o cultivo comercial do crisântemo, é importante optar por locais onde a temperatura diurna permaneça entre 23 a 25ºC e a noturna por volta de 18ºC. Porém, por serem plantas de grande faixa de adaptação, especialmente no que tange às temperaturas elevadas, suportam temperaturas bem acima das sugeridas durante o verão.
O consumo de água pela planta dependerá de alguns fatores, como: porte da planta, radiação solar, velocidade do vento, temperatura e déficit de saturação do ar. É recomendável a utilização de sistemas de irrigação por gotejamento ou por microaspersão em nível do canteiro, atentando-se para não molhar a parte aérea da planta. Sempre que possível, é interessante optar pelo cultivo em locais com baixa umidade relativa, visando o controle de doenças.
O excesso de água no solo pode deteriorar as raízes e comprometer o desenvolvimento da planta, já a sua falta reduz a absorção de nutrientes, ocasionando o murchamento e a morte da planta. Uma das recomendações é a adição de matéria orgânica ao solo, pois irá alterar a sua estrutura e melhorar as condições de retenção de água, diminuindo os problemas de compactação.
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Astromelia: a flor de luxo
Pertencente à família Alstroemeriaceae, a astromelia (Alstroemeria x hybrida) tem origem na América do Sul. Trata-se de uma flor de corte que está entre as mais vendidas do Brasil devido a sua ampla variedade de cores e durabilidade em vaso. É considerada uma espécie de luxo, com grande volume, três pétalas externas e três internas com pintas que as destacam diantes das demais.
Trata-se de uma planta ereta e perene que vem sendo cultivada com sucesso no Brasil, especialmente em ambientes protegidos. São flores de fácil cultivo e que não exigem muitos cuidados, inclusive no que se refere à irrigação e fertilização.
A astromelia prefere solos com matéria orgânica, bem aerados e com densidade suficiente para que as mudas tenham uma boa fixação. É importante optar por um material com boa drenagem, já que o excesso de umidade em torno das raízes pode ocasionar o aparecimento de podridões.
Um dos detalhes que vale a pena ser mencionado é com relação à temperatura do solo ou do substrato, umas das particularidades da espécie. Grande parte do desenvolvimento da altromeria se dá no subsolo e, por isso, a temperatura é um fator fundamental para o crescimento do rizoma e para a emissão de novos brotos. Geralmente, a temperatura do solo acima de 20°C propicia o aparecimento de hastes sem produção de flores ou de brotos cegos e poucas hastes reprodutivas, sendo essa a principal exigência dessa planta.
A sua produção ocorre em regiões de clima ameno e em ambiente protegido, sendo possível, assim, utilizar sistemas de refrigeração do solo, especialmente durante o versão. O manejo de pós-colheita deverá ocorrer em temperaturas frias, em torno de 8ºC.
Como ingressar no mercado de flores de corte
Por tratar-se de um setor desafiador, que exige produtos de alta qualidade e conhecimento avançado em tecnologia de cultivo, é fundamental que os novos produtores se familiarizem com o mercado antes de entrar nele. Buscar consultoria em órgãos especializados e selecionar os produtos mais adequados à sua região constituem os primeiros passos cruciais para aqueles que desejam ingressar neste segmento.
As demandas tecnológicas abrangem desde o processo de cultivo até o transporte das plantas, implicando a necessidade de habilidades específicas. De fato, Sérgio Puppo Nogueira, líder da Ibraflor, aconselha que os interessados na indústria de flores evitem adentrar nesse mercado de maneira precipitada.
Para complementar o conteúdo, confira o vídeo a seguir com dicas para a armazenagem de flores de corte e para fazê-las durar mais:
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