A tilápia é uma das espécies de peixes mais consumidas no mundo, por oferecer características importantes, como uma carne sem espinhos, ser bastante nutritiva, ter bom rendimento de filé e velocidade de crescimento. A criação de tilápias cresce a cada ano no Brasil, visando principalmente o mercado exterior. É o que iremos mostrar neste artigo.
Estudos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que o consumo mundial de peixes per capita atingiu um novo recorde: 20,5 kg por ano. A previsão é que aumente ainda mais na próxima década, chegando a 204 milhões de toneladas/ano em 2030, o que representará 15% a mais do que em 2018.
De olho nesse crescente mercado consumidor, a produção de tilápias atrai cada vez mais criadores por todo o país que são beneficiados pelo constante melhoramento genético proporcionando, por exemplo, maior rendimento do filé.
Crescimento da criação no Brasil
Em 2019, a piscicultura brasileira teve um aumento de 4,9%, com 758 mil toneladas produzidas. A tilápia foi a principal responsável por esse crescimento já que representa 57% dessa cadeia produtiva, com 432 mil toneladas, segundo levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).
O Brasil é o quarto maior produtor de tilápias do mundo, ficando atrás apenas da China, Indonésia e Egito. O Paraná é o Estado que mais produz essa espécie de peixe, com cerca de 146 mil toneladas (33% do total), seguido por São Paulo (15%).
Três espécies de tilápias são produzidas no Brasil: a do Nilo ou nilótica, que pode pesar até cinco quilos, a Rendali, que pesa em média um quilo, e Zanzibar, variedade desenvolvida em Israel. A Nilótica é a mais indicada para a criação em pesqueiros.
Clima favorável, rusticidade da espécie, que aceita diferentes sistemas de produção, alta demanda dos produtos e o bom resultado em cultivos intensivos, são fatores que contribuem para alavancar a criação da tilápias no país.
O piscicultor brasileiro também foi beneficiado com a regulamentação do uso das águas públicas, permitindo a criação de peixes em tanques-rede nos lagos e reservatórios de hidrelétricas, sem necessidade de ter a posse dessas áreas. Para se ter uma ideia da importância dessa atividade, a piscicultura é responsável por mais de 1 milhão de empregos diretos em todo o Brasil.
Mercado consumidor de tilápias
A tilápia pode ser vendida viva, principalmente para pesqueiros, aproveitando apenas o filé que é muito apreciado pelo seu sabor e ter muitas proteínas, e mais recentemente exportando a pele de tilápias.
No mercado nacional, o filé de tilápia apresenta atualmente preços mais elevados, mas o volume comercializado ainda é relativamente pequeno. Já no mercado internacional, embora os preços sejam menores, a comercialização é feita em grandes quantidades e tem demanda distribuída ao longo do ano.
Afinal, qual a melhor opção para o criador na hora de vender sua produção? Hoje, os especialistas afirmam que é a exportação.
Para facilitar a chegada do filé de tilápias aos países compradores, a participação de cooperativas tem ajudado principalmente os pequenos criadores porque estabelecem regras de mercado, pelo know-how que possuem em produção e comercialização. Elas, portanto, têm ajudado no crescimento da atividade no país.
A tilápia é responsável por 81,35% do volume de espécies de peixes exportadas pelo Brasil, tendo como principal comprador os Estados Unidos. Em 2019, foram vendidas mais de 5 mil toneladas que representaram um aumento de 19% em relação ao ano anterior.
O Brasil também está exportando a pele de tilápias. Rica em colágeno, é destinada à indústria farmacêutica, como curativo biológico no tratamento de queimaduras, acelerando o processo de cicatrização e diminuir a dor sofrida pelo paciente.
Para crescimento das vendas no mercado nacional, a Associação Brasileira da Piscicultura está realizando uma campanha para incentivar o consumo de peixes. É que o brasileiro consome pouco pescado, cerca de 9,5 kg por ano, menos da metade da média mundial, como citamos acima. Para a entidade é preciso destacar essa que é uma proteína de excelente qualidade e extremamente saudável.
Como criar tilápias
Para investir na criação de tilápias, como nas demais espécies de peixes, é preciso que a propriedade tenha água suficiente para encher os tanques. A qualidade da água também é fundamental, como veremos a seguir.
O ideal para o criador é optar pelo sistema superintensivo, que é a utilizando de tanques-rede porque permitem a produção durante o ano todo e com um bom rendimento.
O piscicultor precisa ficar atento à qualidade da água, começando pela sua coloração. De acordo com a Embrapa, a cor esverdeada é a ideal para a criação de espécies como carpas e tilápias, porque demonstra a existência de elementos básicos para a manutenção da vida aquática. Já águas cristalinas indicam uma baixa produtividade do viveiro.
A temperatura da água é outro fator importante porque influencia no metabolismo das espécies. O ideal é que esteja entre 20 e 24 ºC. Temperaturas acima de 32 ºC pode levar à morte dos peixes.
A alimentação das tilápias é feita com rações balanceadas: devem ter entre 28% e 32% de proteína bruta, com índice mais elevado quando optar pelo sistema de tanque-rede. A quantidade de ração depende do estágio da produção e pode ser oferecida duas ou mais vezes ao dia.
Gostou do texto? Pretende investir na criação de tilápias? Como mostramos, é um mercado em constante crescimento no Brasil. Conheça também a criação e cultivo de camarão.
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