Como foi o agronegócio brasileiro em 2019 e o que esperar em 2020

Como foi o agronegócio brasileiro em 2019 e o que esperar em 2020

A mudança de governo sempre gera expectativas de mudança no agronegócio, uma vez que se trata do setor mais importante para a economia brasileira. Com a troca de administração em janeiro, novas metas e projetos foram traçados. Neste artigo vamos fazer uma retrospectiva do agronegócio na economia brasileira em 2019.

Desde o período da eleição, Jair Bolsonaro prometia mudanças profundas na área econômica. Seu ministro da economia, o liberal Paulo Guedes, afirmava que o projeto incluía diminuir taxas de juros, privatizar e abrir o mercado, fazendo mais investimentos entrarem no Brasil.

O governo, ainda, prometeu novos acordos comerciais, seja com blocos econômicos ou bilateralmente com países, de modo a investir no produto brasileiro. Vamos ver, neste artigo, a retrospectiva de 2019 para o agronegócio brasileiro.

Primeiro semestre – Otimismo no início de 2019

A vitória de Jair Bolsonaro na eleição alimentou uma perspectiva otimista no setor agropecuário, que espera um novo ciclo de crescimento para o Brasil. Isso ficou demonstrado pelo índice que mede o otimismo, o Índice de Confiança (IC Agro), que saiu no começo do ano.

crescimento economico do agronegocio
A eleição de Jair Bolsonaro gerou otimismo no setor agropecuário

Os dados demonstraram que o quarto trimestre de 2018 marcou 115,8 pontos – alta de 15,4 pontos sobre o terceiro trimestre. Só a agropecuária foi de 12,1 pontos para 113,8, mostrando o potencial de crescimento do Agronegócio Brasileiro.

O índice da IC Agro é feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A metodologia utilizada divide o otimismo e o pessimismo em uma escala de 100 pontos. Quando os pontos não atingem a marca de 100, o cenário é de pessimismo.

Acordo com a União Europeia

Uma das notícias mais importantes do ano para o agronegócio brasileiro veio em junho. Os representantes do Mercosul fecharam um acordo comercial com a União Europeia (UE) após 20 anos de negociação.

Para o agronegócio, o acordo trouxe a eliminação de tarifas de produtos como frutas, café solúvel e laranja. Além disso, há cotas para exportação de carnes, etanol e açúcar. Com isso, o setor vai experimentar excelentes oportunidades em uma das maiores áreas de livre comércio do mundo.

Carcaças bovinas penduradas em frigorífico
O acordo com a UE abriu espaço para crescimento da exportação de carnes

Crescimento do PIB do agronegócio

Ao fechar o balanço do primeiro semestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro observou um crescimento de 0,53% em relação ao mesmo período de 2018. O balanço foi divulgado em junho pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançado em Economia Aplicada (Cepea).

Os dados também demonstraram que as exportações do agronegócio brasileiro cresceram quase 4% em relação também ao mesmo período do ano anterior. O crescimento se deu em um cenário de queda das vendas. Em 2018, os primeiros meses renderam 2,7% a mais, e o faturamento externo na época lucrou 11% a mais. O Cepea afirma que a queda está relacionada a baixa de 8,5% dos preços de dólares recebidos por exportadores. O lucro, mesmo assim, foi de US$ 47,8 bilhões.

Mais empregos no setor

Ao final do semestre, um balanço dos novos empregos revelou que agropecuária é o segundo setor que mais gerou emprego até a metade do ano de 2019. Foram 75.380 vagas, atrás apenas do setor de serviços, que teve 272.784 vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Homens trabalhando em frigorífico de frangos
O agronegócio gerou muitos empregos diretos e indiretos

O aumento das vagas reflete não só o crescimento do setor, como também o aumento da confiança no agronegócio. Vale lembrar que o Brasil começou o ano com 13 milhões de desempregados, e o aumento significativo no setor de agricultura é animador para o país.

Segundo semestre – Novo crescimento

No fechamento do terceiro trimestre, foi observado um novo crescimento, de 0,91% comparado ao mesmo período de 2018. E na comparação entre o terceiro trimestre de 2019 com o terceiro trimestre do ano anterior, o crescimento foi de 0,99%.

Outro bom resultado foi em relação aos últimos 12 meses. Entre setembro de 2018 e setembro de 2019 o crescimento no Agro foi de 0,99%.

Aumento da confiança

O terceiro trimestre também fechou com a alta da confiança no agronegócio. O IC Agro teve um resultado 3,8 pontos maior em relação ao trimestre anterior. Agora o valor total é de 115,1 pontos, marcando o quarto trimestre consecutivo com aumento acima de 110 pontos, fazendo o índice mais positivo a história brasileira.

Acordos com o Oriente Médio

O presidente Jair Bolsonaro realizou no final de outubro uma viagem pelo oriente com o objetivo de estreitar os laços e atrair investidores. Na Arábia Saudita um acordo de 10 bilhões de dólares foi firmado. A negociação afetará diretamente o agronegócio brasileiro, pois o país é 12º maior importador do produto brasileiro.

Brics

Em novembro, com a reunião do Brics no Brasil, o governo firmou novas parcerias com os países emergentes. O agronegócio brasileiro é bastante dependente das exportações dos países do Brics, formado por Índia, China, Rússia e África do Sul, além do Brasil. O grupo fica com 35,4% das vendas externas do agronegócio.

Apenas em 2019, os países que compõem o Brics gastaram 27 bilhões com produtos brasileiros, 24 bi apenas em alimentação. Novas parcerias saem do encontro no Brasil, e acordos comerciais são firmados para fortalecer o setor.

Expectativas para 2020

Para 2020, há uma boa previsão de crescimento para o mercado interno e externo. Com juros e inflação baixas, a forma de fazer negócio no Brasil irá mudar, o que vai facilitar a exportação para o agronegócio e atrair investidores.

A perspectiva de crescimento é acompanhada pela cautela. Se as mudanças são favoráveis, o setor precisa investir nos negócios para construir uma base forte e aumentar a competitividade. Por isso, muitos especialistas recomendam não tirar o dinheiro do setor. Pelo contrário, é preciso buscar maneiras de melhorar o serviço e o produto a ser vendido, para garantir mais crescimento no novo ciclo econômico.

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