Framboesa: conheça seus benefícios e como plantá-la

Framboesa: conheça seus benefícios e como plantá-la

A framboesa, com seu sabor e aroma marcantes e suas valiosas propriedades nutricionais, conquistou o paladar e o interesse dos consumidores, tornando-se bastante popular no mercado. Com alta concentração de vitamina C e compostos fenólicos, a fruta tem se destacado pelos inúmeros benefícios à saúde que proporciona.

Embora muito apreciada, o cultivo da framboesa no Brasil ainda ocorre em pequena escala. No entanto, devido ao seu baixo custo inicial e rápido retorno, tem chamado a atenção de pequenos produtores e consiste em uma excelente alternativa para aqueles que desejam complementar sua renda de maneira eficiente.

Neste artigo, exploraremos os principais aspectos relacionados à framboesa, desde suas características principais e cultivares até seus inúmeros benefícios para a saúde. Além disso, trataremos também do processo de plantio, cultivo e colheita dessa saborosa fruta. Boa leitura!

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Aspectos gerais da framboesa

A framboesa (Rubus ideaus L.), pertencente à família Rosaceae, é originária do centro e norte da Europa (subespécie vulgatus Arrhen) e de parte da Ásia (subspécie stringosus Michx). A espécie chegou ao Brasil em Campos do Jordão – SP e, atualmente, é cultivada especialmente no estado do Rio Grande do Sul e, em menor escala, em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.

Frequentemente confundida com a amora-preta, as duas frutas possuem parentesco próximo e muitas características em comum. No entanto, o principal aspecto diferenciador entre elas é o fato do fruto da framboesa ser oco, enquanto a amora é consistente. Além disso, a framboesa produz frutos em hastes primárias, enquanto a amora produz em hastes secundárias.

Framboesa vista de maneira aproximada com destaque para a sua cor avermelhada e ao fato de ser oca por dentro
A framboesa, muitas vezes, é confundida com a amora-preta. No entanto, apresentam características diferentes, como o fato de a framboesa ser oca por dentro.

Devido ao sabor doce e aroma únicos, fácil condução, baixo custo de implantação e retorno financeiro rápido, a produção de framboesa tem conquistado cada vez mais espaço no país. No entanto, a cultura é caracterizada pela alta exigência em mão de obra, apresentando alto valor agregado.

Estima-se que a área cultivada no Brasil seja de aproximadamente 40 hectares. Apesar de a produção nacional ainda ser em pequeno volume (em torno de 150 t/ha), a produtividade é considerada acima da média em relação aos países de maior produção, levando ao mercado frutas de boa qualidade que atingem os padrões exigidos para exportação.

Características da framboeseira

Geralmente, a framboesa é cultivada em regiões com verão moderadamente fresco e invernos amenos, clima ideal para o seu cultivo. No entanto, também são produzidas em regiões subtropicais ou tropicais com microclima temperado.

Tratam-se de plantas rústicas, caducifólias, de menos de 2 metros de altura que, geralmente, produzem a partir do segundo ano de cultivo ou, dependendo da cultivar, a colheita pode ser iniciada a partir do oitavo mês de plantio. Devido à agilidade de retorno da cultura, é uma excelente opção para agricultores de base familiar que desejam complementar a renda.

Frutos de framboesa vermelhos em ramos de folhas verdes
A framboeseira conta com ramos frutíferos trifoliados e apresenta alta capacidade de absorção de água,

A framboeseira apresenta sistema radicular fasciculado – parte perene da planta – com maior parte das raízes desenvolvendo-se nos primeiros 25 cm do solo. É deste sistema radicular que surgem novas hastes, todos os anos, contendo gemas reprodutivas que dão origem aos novos frutos. O seu máximo crescimento ocorre durante o verão devido à temperatura do solo.

Quanto ao caule, este apresenta formato cilíndrico, podendo ser liso ou com acúleos e pelos. Os nós são produzidos em limites muito próximos durante toda a época de crescimento. Grande parte das framboesas apresentam apenas uma gema axilar por nó, todas elas potencialmente frutíferas. Porém, podem existir também gemas secundárias com o mesmo vigor das primárias, sendo que algumas cultivares apresentam de 90 a 100% de gemas secundárias.

A espécie apresenta folhas jovens e de ramos frutíferos trifoliadas, e adultas com cinco folíolos, com destaque para a sua capacidade de absorção de água e movimentação. As folhas podem movimentar-se para cima ou para baixo, sendo a sua capacidade condutora de água maior em relação às necessidades da planta.

As inflorescências são do tipo cimeira, com o eixo principal terminando com uma flor – primeira a florescer – de crescimento limitado. As demais flores aparecem sucessivamente em direção à base, em ráquis secundários. É variável a quantidade de flores por inflorescência, apresentando cerca de 2,5 cm de diâmetro, cinco sépalas e cinco pétalas pequenas, de cor branca, rosa ou vermelha. São hermafroditas e geralmente polinizadas por abelhas domésticas, o agente polinizador mais eficiente.

Flor de framboeseira de coloração branca e verde sendo polinizada por abelha doméstica
As flores da framboesa apresentam cinco sépalas e cinco pétalas, geralmente de coloração branca, e são polinizadas por abelhas domésticas.

Já os frutos apresentam cerca de 10 a 20 mm de diâmetro, sabor doce ou ligeiramente ácido e aroma peculiar. A framboesa é um agregado de drupéolas, ou seja, formado pela associação de numerosos ovários, todos da mesma flor, formando um fruto com múltiplas drupas. Geralmente, o fruto é preto ou vermelho, mas pode ocorrer também a framboesa de cor amarela, que resulta da mutação entre a vermelha e roxa ou cruzamento entre vermelha e preta.

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Cultivares

As framboeseiras podem ser divididas em grupos segundo a sua coloração ou seu hábito de frutificação.

De acordo com a coloração, atualmente existem quatro grupos de framboesas: vermelhas, pretas, roxas e amarelas. As amarelas originaram-se do grupo de framboesas pretas ou vermelhas, já as roxas foram formadas a partir do cruzamento das pretas com as vermelhas.

No que tange ao hábito de frutificação, existem as uníferas (não remontantes) e bíferas (remontantes). As uníferas caracterizam-se por produzir apenas após o período de dormência, concentrando a sua produção uma única vez ao ano, no período de primavera/verão. Já as bíferas produzem na extremidade superior no outono e, após passarem por um período de dormência, produzem novamente nas gemas medianas durante a primavera, ou seja, apresentam duas colheitas. Após a segunda colheita, o ramo seca.

Entre as cultivares já testadas no Brasil e aptas ao plantio em regiões subtropicais, destacam-se:

  • Autumn Bliss: classificada como bífera/remontante, ou seja, produz duas vezes no ano, e está entre as mais produtivas. A cultivar é resistente a todas as raças de afídeos (vetores do mosaico), mas é suscetível ao “Raspberry Dwarf Vírus” (nanismo). Apresenta produção precoce e menor exigência com relação ao frio. Os frutos são grandes, com sabor agradável, de coloração vermelho-escura e muito sensíveis no pós-colheita. É cultivada no Sul de Minas Gerais, região de Caxias do Sul e São Paulo;
  • Heritage: de porte alto (1,5 a 2,1 m), é uma planta vigorosa, ereta, perfilha com facilidade, com produção nas hastes primárias. Trata-se de uma cultivar remontante e suscetível ao afídeo. Suas frutas têm tamanho médio e são firmes, cônicas, vermelhas e de qualidade regular. São exigentes quanto ao frio hibernal, necessitando de mais de 600 horas de frio para a frutificação. A Heritage é a cultivar com maior distribuição mundial, sendo no Brasil mais cultivada em Gonçalves, Campos do Jordão, Vacaria e Caxias do Sul;
  • Batum: são vigorosas, com baixa exigência em frio e, consequentemente, boa adaptabilidade às regiões mais quentes. A cultivar, também remontante, apresenta hábito de crescimento semelhante à Autumn Bliss, com frutos em formato oval e coloração vermelha. A cultivar Batum adaptou-se bem ao clima do Sul de Minas Gerais.

Benefícios da framboesa à saúde

Além do sabor agradável e aroma peculiar, a framboesa conquista os consumidores com suas propriedades nutricionais, medicinais e farmacêuticas. Rica em ácido ascórbico (0,03% da composição total) e com quantidades consideráveis de provitamina A, vitamina B1, B5 e B6, minerais, fibras, manganês, cálcio, fósforo, ferro e potássio, a framboesa conquista cada vez mais espaço no mercado.

A framboesa também é conhecida como fruta da longevidade devido ao alto teor de compostos fenólicos, com destaque para os flavonoides, que possuem alta atividade terapêutica. Essas substâncias são excelentes antioxidantes, retardando o envelhecimento precoce e doenças relacionadas, além de apresentar propriedades anticancerígenas e anti-inflamatórias.

Segundo a EPAMIG, a framboesa auxilia também no tratamento de inflamações nas gengivas e na garanta, bem como no combate à prisão de ventre, reumatismo, doenças do fígado, doenças nos rins e hemorroidas.

Além dos benefícios mencionados, ainda podemos destacar:

  • Fortalece o sistema imunológico: fonte de vitamina C, a framboesa aumenta a produção de células de defesa e fortalece o sistema imunológico;
  • Melhora a concentração e a memória: a composição rica em polifenóis da fruta melhora a circulação sanguínea, reduz o estresse oxidativo e a inflamação no cérebro;
  • Previne a diabetes: a quantidade de antocianinas e as fibras presentes na framboesa diminuem a velocidade de absorção do açúcar nos alimentos, ajudando a controlar os níveis de glicemia no sangue;
  • Ajuda a regular a pressão arterial: os teores de potássio da fruta contribuem para a eliminação de sódio pela urina, ajudando a regular a pressão arterial. Além disso, as antocianinas presentes na composição da framboesa também favorecem o relaxamento das artérias, melhorando a circulação do sangue e, consequentemente, controlam a pressão arterial;
  • Auxilia na prevenção de doenças cardíacas: rica em polifenóis, compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que auxiliam na redução do colesterol LDL no sangue, prevenindo a formação de placas de ateroma, protegendo contra doenças cardíacas, como aterosclerose, infarto, trombose e AVC.
Pote de geleia de framboesa em cima de tábua de madeira, cercada por framboesas vermelhas e folhas verdes
A framboesa é muito utilizada na culinária, já que possui um sabor marcante e propriedades nutricionais. Pode ser consumida tanto in natura, como em forma de lácteos e congelados, além das tradicionais geleias caseiras.

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Plantio e cultivo da framboesa

Após abordarmos os aspectos gerais e características da framboesa, é chegada a hora de nos aprofundarmos no seu plantio e cultivo. Continue lendo e confira.

Condições edafoclimáticas

Antes de tratarmos no plantio propriamente dito da framboesa, é importante destacar as condições edafoclimáticas para o desenvolvimento da cultura, que abrangem as condições climáticas, de solo e precipitação.

  • Solo: apesar de desenvolverem-se bem em diversos tipos de solo, a framboeseira aprecia solos profundos, bem drenados, ricos em matéria orgânica e com boa capacidade de retenção de água, recomendando-se os pouco argilosos;
  • Clima: essa espécie é exigente em relação ao frio, devendo ser plantada em regiões com clima relativamente fresco e inverno com temperatura a 7ºC por, no mínimo, 250 horas. No entanto, diante da ausência de invernos rigorosos, recomenda-se utilizar cianamida hidrogenada para a quebra da dormência das gemas;
  • Precipitação: a precipitação anual deve ser entre 700 a 900 mm. A planta é encontrada em seu habitat natural em altitudes de 1.300 a 1.400 metros, mas também se adapta a altitudes entre 500 a 600 metros.

Apesar da exigência em frio da espécie, pesquisadores da EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) realizaram trabalhos com a variedade Heritage dentro de casas de vegetação, onde conduziram trabalhos com ausência total de frio e temperaturas atingindo até 40ºC. Os resultados obtidos em termos de produção foram excelentes, gerando tantos frutos quanto os exemplares cultivados na presença de frio, ao ar livre.

Propagação

A propagação da framboeseira se dá por estaquia, desenvolvimento de propágulos de raiz e por micropropagação, sendo os dois primeiros os mais utilizados no Brasil para a produção de mudas da espécie. Quanto à propagação via sementes, esta não é recomendada.

Estaquia

A propagação das framboeseiras por meio da estaquia é um método simples e eficiente que consiste no enraizamento de estacas herbáceas, com aproximadamente 15 a 20 cm de comprimento, obtidas da própria plantação entre os meses de maio e julho.

Essas estacas são inseridas em tubetes contendo areia esterilizada e depois transferidas para recipientes maiores preenchidos com substrato adequado. Outra alternativa é agrupá-las em feixes e enterrá-las em um local sombreado no solo. Neste método, não é necessário utilizar reguladores vegetais para o enraizamento e formação da muda.

Desenvolvimento por propágulos

Consiste em plantar raízes com cerca de 8 a 10 cm de comprimento e 8 a 10 mm de diâmetro, aproximadamente do tamanho de um lápis, em canteiros que contenham areia esterilizada. Após o crescimento da parte aérea, as mudas são transferidas para sacolas plásticas preenchidas com substrato, onde completarão seu desenvolvimento e formarão as mudas.

Esse é um método fácil, rápido e de baixo custo, tornando-se uma opção atrativa para a propagação das framboeseiras.

Micropropagação

A micropropagação é o método mais utilizado na Itália e nos Estados Unidos para a produção de mudas em larga escala.

Nesse método, é possível produzir milhares de clones de uma única planta a partir de uma célula vegetal somática ou de um pequeno pedaço de tecido vegetal, conhecido como explante. Esse processo é baseado em técnicas de cultura de tecido vegetal in vitro e segue uma série de etapas para a produção das mudas.

Primeiro, as plantas matrizes são submetidas a um pré-tratamento com soluções fungicida e bactericida para minimizar as contaminações durante o cultivo in vitro. Em seguida, o explante é coletado e passa por um processo de indexação (avaliação do êxito do processo de remoção dos vírus de framboeseira) e, posteriormente, é desinfetado para eliminar qualquer contaminação.

A extração de meristemas é realizada para otimizar a eliminação de viroses, viroides e micoplasmas. Essas células são então cultivadas in vitro, onde ocorre o estabelecimento e multiplicação das mudas. Posteriormente, é feito o enraizamento e as mudas são transplantadas em casa de vegetação e aclimatadas.

A micropropagação tem sido bem-sucedida em diversas fruteiras, pois possibilita a produção de uma grande quantidade de mudas saudáveis a partir de uma pequena quantidade de material genético, em um curto espaço de tempo e com espaço físico reduzido. No entanto, apresenta custo elevado e há grandes possibilidades de infecção.

Local de plantio

Para a escolha da área de plantio, recomenda-se optar por áreas:

  • Bem iluminadas;
  • Protegidas em relação aos ventos;
  • Com boa circulação de ar;
  • Evitar locais onde foram cultivadas solanáceas (batata, tomate, pimentão ou beringela) nos últimos cinco anos, pois apresentam patógenos em comum;
  • Evitar locais próximos a variedades selvagens de framboesas e amoras, já que abrigam doenças virais.
Plantio de framboeseiras já adultas e com frutos
A escolha do local de plantio é essencial para o bom desenvolvimento da planta, devendo-se priorizar ambientes com boa incidência de luz, protegida dos ventos e com boa circulação de ar.

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Plantio das mudas

Para o plantio das mudas, é necessário fazer a correção do pH solo (entre 5,5 a 6,5) com cerca de 6 meses a 1 ano de antecedência, tempo necessário para a sua correção. Além disso, é importante incorporar às covas nitrogênio, fósforo, potássio e magnésio, cerca de três meses antes do plantio.

Recomenda-se que a framboesa seja plantada no início de setembro, com espaçamento de 30 cm entre plantas e 2,0 a 2,5 m entre linhas. Contudo, nos estados de Minas Gerais e São Paulo, os produtores estão optando pelo plantio adensado, visando aumentar a produtividade, com espaçamento de 10 a 15 cm e linhas de 45 a 60 cm.

É importante também prestar atenção no direcionamento da linha. Sempre que possível, a linha deve orientar-se no sentido Norte-Sul para obter maior interceptação luminosa e permitir melhor circulação do ar.

Por fim, vale destacar que não se deve adubar a framboeseira logo após o plantio, pois as mudas levam tempo para o desenvolvimento de um sistema radicular vigoroso. A exceção se dá com relação ao nitrogênio, que pode ser adicionado ao solo nas semanas posteriores.

Sistemas de condução

Após o plantio, as mudas começam a se desenvolver, com crescimento das hastes e formação da parte aérea, que requer um sistema adequado de condução. O método mais recomendado para a maioria das variedades de framboesa é a espaldeira, pois traz várias vantagens, como facilitar a colheita e a aplicação de agroquímicos, melhorar a luminosidade na plantação e evitar o contato direto das frutas com o solo.

Existem três tipos de condução em espaldeira:

  • Espaldeira simples: nesse sistema, as plantas são amarradas a um único arame, posicionado entre 0,90 a 1,20 m do solo. Os suportes verticais são colocados a intervalos de 6 a 9 metros. As hastes devem ser amarradas no final do inverno ou início da primavera. Esse método é de fácil construção e baixo investimento, no entanto, a linha de plantas fica com iluminação reduzida, o que pode levar ao surgimento de brotos entre na entrelinha;
  • Espaldeira em “V”: o arame é fixado em três suportes verticais, com dois deles alinhados à frente do terceiro, formando um “V” com ângulos de 20 a 30º em relação ao solo. As hastes são amarradas em ambos os lados do arame. Esse método reduz a competição por luz entre as plantas, tornando mais fácil a realização dos tratos culturais, gerando uma produtividade mais elevada. No entanto, é um sistema mais dispendioso;
  • Espaldeira em “T”: estacas com comprimento entre 0,75 a 1,0 m são posicionadas nos mourões, e o arame é passado ao redor delas. Os suportes verticais devem estar distanciados a cada 6 a 9 m. As hastes das plantas podem ser amarradas ao arame ou simplesmente apoiadas nele.

Tratos culturais da framboesa

Os tratos culturais da framboeseira consistem na adubação, irrigação, poda e quebra da dormência.

  • Adubação: recomenda-se que seja realizada uma análise do solo para diagnosticar as necessidades físicas e químicas do solo. A adubação deve ser feita em duas etapas: a de plantio, realizada com o objetivo de fornecer nutrientes ao crescimento da planta; e a de produção, feita quando as plantas entram em produção, visando favorecer o crescimento dos frutos e brotações;
  • Irrigação: a irrigação é essencial para o cultivo da framboeseira, já que planta não tolera secas durante o verão, primavera e outono. Em geral, as framboeseiras requerem cerca de 16 mm de água por semana (dependendo do tipo de solo), com aumento da demanda durante o verão. O sistema de irrigação por gotejamento é o mais recomendado, pois fornece água diretamente ao sistema radicular sem molhar as frutas;
Plantação de framboesa com frutos vermelhos em destaque
É fundamental que framboesa seja bem irrigada para o seu bom desenvolvimento, já que a planta não tolera secas durante o verão, primavera e outono.
  • Poda: após a colheita, é recomendada a poda de frutificação para remover as hastes produtivas antigas e otimizar o crescimento das novas hastes.
    Em clima temperado, as framboeseiras remontantes produzem uma safra menor no outono antes da poda verde, que prepara as hastes para a safra da primavera seguinte. A poda verde é realizada quando a planta atinge entre 1,10 e 1,20 metros de altura, sendo praticada também em variedades não remontantes.
    Pode-se também fazer a poda de limpeza no início da primavera, selecionando de 5 a 7 hastes vigorosas, com grande quantidade de gemas e livres de doenças e danos, visando aumentar a largura e o tamanho das frutas;
  • Quebra da dormência: a dormência consiste no estado fisiológico de repouso em que as plantas de climas temperado e subtropical ingressam para sobreviver às condições desfavoráveis ao seu desenvolvimento. Geralmente, essa dormência é induzida pelo frio e redução do fotoperíodo.
    Quando a quebra da dormência não ocorre de forma natural, é necessário que seja realizada uma intervenção para ajudar a planta a brotar. Para tanto, utilizam-se produtos químicos, como a cianamida hidrogenada. Ainda não há estudos suficientes quanto à dosagem do produto em framboesas.

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Doenças e pragas da framboesa

As principais doenças encontradas na framboeseira são:

  • Mofo cinzento ou podridão do fruto (Botritys cinerea): deteriora até 70% da fruta, atacando também as folhas, pecíolos, caule, botões florais e pétalas. O fungo pode penetrar diretamente na planta ou por meio de feridas causadas por práticas culturais. Inicialmente, a doença causa manchas marrons que se estendem por toda superfície até ficarem recobertas por um mofo branco. A doença pode ser controlada por meio da aplicação de fungicidas durante a floração e manejo cultural com a cobertura de filas, evitando que os frutos sejam molhados pela chuva;
  • Requeima dos brotos (Didymella applanata): causa manchas de coloração café-violácea na base do pecíolo, prejudicando as gemas que não conseguem brotar. Para prevenir seu surgimento, é importante evitar o excesso de brotações (raleio) e não realizar uma adubação excessiva com nitrogênio. Além disso, um tratamento de inverno com calda bordalesa tem se mostrado bastante eficaz para controlar essa doença na cultura;
  • Podridão (Fusarium sp. , Phytophthora sp.): causa podridão no colo e nas raízes das plantas. Para prevenir seu surgimento, é importante evitar solos pesados e encharcados, além de não realizar irrigação excessiva e evitar cortes desnecessários nas raízes;
Podridão nas folhas e hastes atacadas pelo fungo e nos frutos de framboesa. Fonte: Tezotto-Uliana, Jaqueline Visione; Kluge, Ricardo Alfredo.
  • Ferrugem (Pucciniastrum americanum): afeta os frutos, tornando-os impróprios para consumo. Além disso, nas folhas, surgem manchas necróticas na parte superior e pústulas na parte inferior. Quando essas pústulas se unem, acabam afetando grandes áreas e causando a queda prematura das folhas.
  • Agrobacterium e nematoides: para controlar essas doenças, é fundamental utilizar material de propagação saudável, desinfetar os viveiros adequadamente e realizar o plantio em áreas livres de contaminação;
  • Viroses: são classificadas em três grupos: as transmitidas por afídeos (como o mosaico e a folha enrolada), as transmitidas pelo pólen e as transmitidas por nematoides. Todas essas viroses são transmitidas via vegetativa.
    O controle das viroses envolve o uso de material de plantio saudável, a manutenção de áreas livres de nematoides, a escolha de cultivares tolerantes ou menos atrativas para os afídeos, a implementação de medidas de controle contra afídeos e o isolamento de outras áreas de produção para evitar a disseminação das doenças.

Pragas

Quanto às pragas, as principais que atingem a framboeseira são:

  • Ácaros (Tetranichus urticae): provoca o amarelamento das folhas e redução na produção. A forma mais eficaz de controle é a aplicação de acaricidas desde a brotação das plantas;
  • Naupactus e Crisomelídeos: atacam as folhas, resultando em redução da produção. O controle é feito através da aplicação de inseticidas quando necessário;
  • Mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculos): a mosca deposita seus ovos nos frutos, e quando as larvas eclodem, danificam completamente o fruto. O controle é principalmente feito por meio do monitoramento da praga em armadilhas com iscas tóxicas;
  • Formigas cortadeiras: causam danos principalmente durante a implantação do pomar, cortando as mudas e impedindo seu desenvolvimento. O controle é realizado ao destruir os ninhos com o uso de iscas tóxicas.

Ademais, o controle de plantas daninhas é de extrema importância para o cultivo da framboeseira, pois sua raiz superficial a coloca em desvantagem na competição por água e nutrientes.

Além disso, algumas plantas daninhas podem abrigar insetos e doenças prejudiciais. Geralmente, a eliminação das plantas invasoras é realizada manualmente, usando enxadas, ou por meio do uso de herbicidas.

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Produção

A produção da framboeseira se dá em aproximadamente um ano e meio após o transplantio das mudas. Já a frutificação ocorre a partir de novembro, sendo que nas variedades remontantes também pode existir a produção durante o outono, de março a maio.

A espécie atinge a maturidade com 4 anos, produzindo de 5 a 6 toneladas por hectare. A frutificação ocorre por, no mínimo, 6 anos, mas, quando bem conduzidas, podem chegar a produzir por até 20 anos.

Caixas contendo framboesas colhidas
A framboesa atinge a maturidade de produção aos 4 anos de plantio, podendo produzir por até 20 anos quando bem conduzidas.

É importante ressaltar que, ainda que as plantas floresçam e frutifiquem no mesmo ano em que as mudas foram transplantadas, é recomendável que sejam descartadas as flores, visando impedir a frutificação. Dessa forma, a framboeseira mantém a energia para o seu crescimento, garantindo a produção nos anos subsequentes.

Colheita da framboesa

Os principais critérios utilizados para definir o momento da colheita são: coloração, firmeza e resistência da fruta ao arranquio.

A melhor qualidade da framboesa é verificada quando atinge o estágio rosado ou vermelho. As frutas rosadas são colhidas para comercialização a longas distâncias, enquanto as vermelhas são colhidas para comercialização mais rápida ou em locais próximos ao cultivo. Quando atingem o vermelho escuro e levemente azulado, as framboesas perdem atratividade para os consumidores.

A firmeza é uma característica importante que é reduzida após a colheita, especialmente notada devido à falta de casca ou camada de células lignificadas na superfície das framboesas.

Framboesas vermelhas sendo acomodadas em embalagens de comercialização
A colheita das framboesas é feita manualmente, quando os frutos apresentam coloração rosada a vermelha. É importante que o processo seja realizado de maneira delicada, acomodando as frutas diretamente na embalagem de comercialização.

A colheita é realizada de forma manual e requer delicadeza e adesão a critérios rigorosos de seleção, como uniformidade de tamanho, cor, formato e ausência de danos mecânicos e patógenos visíveis. É recomendado realizar a colheita nas primeiras horas da manhã, quando a temperatura é mais fresca, e fazer repasses a cada 3 dias.

Minimizar o manuseio é essencial durante a colheita, colocando as frutas diretamente nas embalagens de comercialização, as quais devem ser levadas o mais rápido possível à casa de embalagem apenas para verificação do peso, etiquetagem e armazenamento.

No Brasil, a safra da framboesa ocorre entre os meses de novembro a março.

Cuidados pós-colheita

As framboesas são altamente perecíveis e suscetíveis a doenças fúngicas após a colheita, causadas especialmente por Botrytis cinerea e Rhizopus stolonifer.

Por isso, é importante optar pelo armazenamento refrigerado, método mais eficiente para a diminuição de perdas pós-colheita. Em temperatura de 0ºC, confere-se à framboesa uma vida útil de 2 dias. Já a – 0,5ºC e umidade relativa de 90 a 95%, a durabilidade da framboesa pode ser ampliada de 3 a 5 dias.

Com o objetivo de encontrar métodos alternativos para o controle de podridões causadas por Botrytis cinerea e Rhizopus stolonifer no pós-colheita da framboesa, foram realizados estudos para avaliar a ação de três microrganismos: Bacillus amyloliquefaciens (BA), Curtobacterium pusillum (CP) e Saccharomyces cerevisiae (SC).

O experimento foi conduzido com 5 repetições de 12 frutos, que foram colhidos após 3, 7 e 14 dias da aplicação dos tratamentos. Os frutos foram inoculados com B. cinerea ou R. stolonifer, armazenadas em B.O.D a 12 ± 0,5°C e avaliados diariamente. A partir de 11 dias do tratamento no campo verificou-se menor incidência de podridão causada pelos dois fungos no tratamento BA. Após 18 dias ou mais do tratamento no campo, constatou-se que os tratamentos CP e BA se destacaram com menores índices de podridão causados por B. cinerea., e CP se distinguiu ainda por reduzir a podridão causada por R. stolonifer.

Em síntese, constatou-se que BA e CP apresentaram maior eficiência no controle de podridões pós-colheita em framboesas da cultivar Heritage, causadas por B. cinerea e R. stolonifer.

Por fim, temos um vídeo que explora como a produção de framboesa se tornou uma excelente fonte de renda para os pequenos agricultores na região da Serra Catarinense. Confira:

Fonte: Epagri Vídeos.

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