Gado Wagyu: conheça a raça ainda pouco explorada no Brasil

Gado Wagyu: conheça a raça ainda pouco explorada no Brasil

A raça de nome Wagyu chegou ao Brasil há quase 30 anos, proveniente do Japão. Originariamente, a raça foi introduzida em terras japonesas com o objetivo de puxar arado nas lavouras de arroz, séculos atrás.

Considerada uma das carnes mais nobres do mundo e de melhor remuneração na pecuária, o Wagyu possui maciez e sabor inigualáveis atribuídos à sua gordura intramuscular, que dá o aspecto de mármore à peça.

A pouca oferta aliada à grande demanda constituem fatores que fazem da raça uma ótima oportunidade para aumentar a rentabilidade da fazenda. No entanto, por ser uma raça ainda pouco explorada no Brasil, muitos pecuaristas têm dúvidas a respeito do assunto.

Nesse artigo, apresentaremos detalhes sobre o gado da raça Wagyu, suas características, bem como as vantagens de sua criação. Continue a leitura e confira!

Como surgiu a raça?

Conforme já abordado, o Wagyu é uma raça milenar que tem origem no Japão. No século II, a sua principal função era trabalhar como tração animal nas plantações de arroz.

Com o passar do tempo, a raça se espalhou por toda a Ásia, porém, devido ao aspecto montanhoso do terreno, a sua importação era lenta e difícil de ser realizada.

Com isso, a criação da raça passou a se dar de forma cada vez mais isolada e, consequentemente, surgiram outras espécies. Ainda assim, a qualidade da carne permanece até hoje.

Animal da raça Wagyu de cor marrom pastando.
Embora seja uma raça milenar, os animais só passaram a ser utilizados como gado de corte muito tempo depois.

Até aproximadamente 50 anos atrás, os animais da raça Wagyu praticamente não eram utilizados na produção de carne, permanecendo apenas na aração das terras. Com a mecanização intensiva da lavoura e o uso de tratores, essa raça de gado passou a não ser mais empregada no trabalho rural.

Com a chegada de estrangeiros ao Japão, os restaurantes passaram a notar que a carne era muito apreciada pelos visitantes. Dessa forma, começaram a investir massivamente em sua produção.

A raça foi introduzida no Brasil no começo da década de 1990, na fazenda da empresa Yakult, localizada na cidade de Bragança Paulista. Atualmente, o país conta com 44 criadores que fazem parte da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos das Raças Wagyu (ABCBRW), contando com quase 7 mil animais da raça registrados no Brasil.

Os criatórios se estendem desde o Tocantins e Bahia até o Rio Grande do Sul.

Diferencial da carne de Wagyu

O diferencial da carne do Wagyo fica por conta de sua “carne marmorizada”. Os animais dessa raça têm predisposição genética para produzir carne com o mais alto teor de marmoreio, ou seja, veios de gordura entre as fibras que lembram o visual da pedra de mármore, conferindo à carne uma textura suculenta, extremamente macia e saborosa.

O Kobe Beef, uma das variedades mais conhecidas do Wagyo, é a excelência em carne, sendo obtido de gado especialmente selecionado.

Em boutiques de carnes no Brasil, um quilo de carne da raça chega a ser vendido por até R$ 1.000. Os preços variam de acordo com a peça e nível de gordura entre as fibras, o famoso marmoreio tão característico dessa raça.

Bife de Wagyu em bandeja, acompanhado de alface, dente de alho e temperos ao fundo.
A carne do Wagyu é considerada uma das mais saborosas e ricas em proteínas.

Outro ponto importante a ser destacado é o fato de essa carne ser mais saudável que as demais, tendo em vista que é rica em ômega-3 e ômega-6. Além disso, o seu marmoreio contém gorduras insaturadas e baixa concentração de gorduras do tipo saturada, levando-a a ser considerada uma carne magra.

Além da textura macia que faz com que derreta na boca, existem dois outros elementos que conferem à carne do Wagyo o status de incomparável: o sabor e o aroma. Ambos são ricos, ligeiramente adocicados e espalham-se pela boca quando a carne é mastigada.

Por essa razão, o ideal é servi-la levemente grelhada e temperada com apenas uma pequena quantidade de sal e pimenta. A utilização de molhos ou de temperos fortes pode camuflar o sabor que torna a carne tão distinta.

Portanto, como você percebeu, a carne de Wagyu é destaque de sabor entre as carnes. No vídeo abaixo, aprenda como fazer a reação de maillard!

Fonte: Netão Bom Beef.

Quais as vantagens de criar gado da raça wagyu?

A alta qualidade da carne de Wagyu faz com que seu preço não seja barato. No entanto, apesar dos altos custos de produção e da rigidez do processo de criação, os lucros por cabeça são extremamente atrativos, tendo em vista que o faturamento por animal chega a R$ 15.000.

Outra vantagem é que os bovinos da raça nascem pequenos, não ocasionando problemas durante o parto. Além disso, atingem sua maturidade sexual em até 11 meses, isto é, com idade inferior a de raças europeias, como o Angus.

As fêmeas são bastante férteis, chegando a produzir entre 10 e 20 embriões viáveis por coleta convencional.

Gado wagyu no pasto
O gado da raça Wagyu tem boa adaptação em diferentes temperaturas e aceita bem cruzamentos.

Os animais são de fácil adaptabilidade e podem viver tanto em temperaturas superiores a 30°C quanto inferiores a -15°C. Outro fator positivo é que atingem cerca de 800 kg com apenas um ano e meio de confinamento.

O Wagyu também pode ser cruzado com outras raças, como Nelore e Angus. Portanto, mesmo quando o animal não é puramente original, transmite uma excelente marmorização. Em geral, paga-se 40% a mais no valor do bezerro.

Assim, trabalhar com cruzamentos é uma ótima oportunidade para quem quer começar o manejo com um investimento mais baixo, acrescentando muito à qualidade da carne.

Quais são os cuidados com essa raça de bovinos?

Os cuidados devem começar ainda na fase intrauterina, com a suplementação da vaca desde o segundo mês de prenhez. Isso faz com que o potencial genético seja ativado para atingir a musculatura e o marmoreio ideais.

Depois do nascimento, os bezerros da raça Wagyu precisam receber um concentrado separado da mãe e as mamadas devem ser controladas. O desmame ocorre quando os bezerros estão com 50 kg a mais que no método tradicional.

Gado se alimentando em sistema de confinamento
A dieta de cada animal consiste basicamente em ração mista, borras de oliva em pó e alimentos volumosos.

Aos 8 meses, o animal desmamado é levado para o semiconfinamento e, com 18 meses, ao confinamento total até atingir a idade ideal para o abate.

Um detalhe importante é que a raça japonesa demora mais que as demais para chegar ao ponto do abate. Enquanto um Nelore pode ser abatido com 18 meses, um Wagyu atinge o ponto apenas após 30 meses.

Essa raça jamais deve receber aditivo químico para reduzir o tempo de abate, pois isso prejudicará a qualidade da carne.

Pasto e confinamento do Wagyu

Nos primeiros meses de idade, os animais da raça são criados no pasto. Após o confinamento, no último ano antes do abate, o boi deve ser submetido a uma dieta energética feita com formulação especial de grãos, podendo incluir mais de 10 ingredientes. Esse fator é fundamental para o depósito de gordura intramuscular.

Conforme já abordado, o gado Wagyu é uma excelente oportunidade para os pecuaristas que desejam expandir seus negócios e aumentar a lucratividade da fazenda. Com a baixa oferta e demanda crescente, o valor dessa carne tende a crescer ainda mais.

Para ter sucesso com essa espécie, o ideal é conhecer todas as suas particularidades antes de começar a criação, sendo de suma importância adquirir apenas produtos adequados ao seu desenvolvimento.

Confira como lucrar com a criação de gado da raça Wagyu:

Fonte: TV Revista Rural.

Gostou da leitura? Aprenda mais sobre a raça sindi, sua história e características.

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