Os cuidados com o uso de defensivos agrícolas não se resumem apenas à sua aplicação nas lavouras. Depois da sua utilização, restam as embalagens, que precisam ter uma destinação correta a fim de evitar a contaminação do ambiente. Para tanto, utiliza-se a logística reversa.
A logística reversa é um conceito muito presente na chamada economia circular, que visa o descarte consciente e prioriza o reaproveitamento de materiais. Trata-se da estratégia adotada para gerenciar o volume de resíduo gerado.
No entanto, as embalagens usadas nas atividades agrícolas exigem cuidados especiais em função dos resíduos químicos que podem ser tóxicos. Por isso, existem alguns procedimentos que precisam ser adotados para que esse material possa ser reciclado.
Sendo assim, neste artigo vamos abordar como deve ser feita a logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas. Confira!
Como fazer a logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas?
Quando tratamos do reaproveitamento de embalagens de defensivos agrícolas, é importante deixar claro que isso não pode ser feito na sua propriedade rural.
Isso porque são materiais que, caso tenham uma destinação incorreta, podem colocar em risco a saúde das pessoas, animais e também contaminar o meio ambiente. Esse material já utilizado precisa ser encaminhado às empresas parceiras credenciadas.
Aliás, esse é um assunto regulamentado por um Decreto Federal que está em vigor desde julho de 1989 e que dispõe, dentre outros itens, sobre a destinação final dos resíduos e embalagens. Essa legislação exige, por exemplo, que essas embalagens (com respectivas tampas) precisam ser devolvidas aos estabelecimentos em que foram adquiridas, aos postos ou centros de recolhimento licenciados por órgão ambiental.
Além disso, existe uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que inclui regras sobre a destinação de embalagens vazias de defensivos agrícolas.
Entretanto, antes de encaminhar as embalagens de defensivos agrícolas para a logística reversa, o produtor rural tem algumas obrigações que incluem tarefas que devem ser realizadas ainda na sua propriedade. Veja a seguir.
Lavagem das embalagens de defensivos agrícolas
A primeira dessas obrigações é separar esse material e classificá-los como “laváveis” e “não laváveis”. As embalagens não laváveis armazenam produtos que não utilizam água como veículo de pulverização, como sacos plásticos e caixas de papelão. As laváveis são aquelas que possuem alta resistência a impactos e a agentes químicos (polietileno de alta densidade).
Quando há necessidade de lavagem, existem dois procedimentos básicos de tratamento: a tríplice lavagem e a lavagem sob pressão.
Na tríplice lavagem o agricultor deve esvaziar totalmente o conteúdo da embalagem no tanque pulverizador. Em seguida, adicionar água limpa na embalagem (até ¼ do seu volume), tampando bem e agitando por 30 segundos. Depois, despejar essa água da lavagem no tanque pulverizador e furar embalagem no fundo, para evitar o reaproveitamento irregular. Por último, armazenar em local apropriado até o momento da devolução.
Na lavagem sob pressão, após esvaziar totalmente, a embalagem deve ser encaixada no local apropriado do funil instalado no pulverizador e acionar o mecanismo que vai liberar o jato de água limpa. Por 30 segundos, direcione o jato de água visando limpar todas as paredes internas das embalagens. A água da lavagem também deve ser transferida ao tanque pulverizador. Aí é só fazer um furo no fundo e armazenar em local apropriado.
Veja também: Os desafios da logística no agronegócio brasileiro.
Tenha um projeto de armazenagem
Após fazer a lavagem desse material, o produtor rural pode desenvolver um projeto próprio de logística reversa para embalagens de defensivos agrícolas. Isso pode ser interessante principalmente em propriedades que geram grande quantidade desse resíduo.
Mas, o ideal é reunir uma rede de parceiros locais, onde todos participem, montando um centro de coleta que será usado pelos agricultores de uma determinada região. Dessa maneira, terão onde depositar os materiais, inclusive evitando que fiquem nas propriedades até serem recolhidos.
A partir daí, será feita a contratação de uma empresa que fará o restante do processo, como a triagem dos materiais e a destinação às cooperativas parceiras. Elas é que irão gerenciar todos os itens de acordo com os produtos utilizados dentro delas, finalizando o processo de reciclagem.
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Por que fazer a logística reversa de embalagens agrícolas?
O uso da logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas é importante em diversos sentidos. A seguir, listamos os principais deles:
- Evita falsificações: existem pessoas ou empresas que coletam essas embalagens e repõem os frascos com produtos sem nenhum controle;
- Minimiza os impactos ambientais: torna a atividade mais sustentável, ajudando a reduzir a poluição e a geração de resíduos, além de diminuir a demanda pela extração de recursos naturais;
- Gera empregos nas funções de coletores e operadores nas empresas cadastradas;
- Economia circular: gera matéria-prima necessária para um novo ciclo produtivo das indústrias.
No vídeo abaixo, confira como funciona o projeto Campo Limpo, com a aplicação da logística reversa das embalagens vazias de defensivos agrícolas:
Conclusão
Conforme citamos neste artigo, a logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas traz uma série de benefícios à cadeia produtiva do setor rural e ao próprio meio ambiente.
Ademais, uma embalagem que, no passado, era descartada sem critérios ou, pior que isso, reaproveitada em outras atividades, volta às mãos de empresas que farão a destinação correta. E, numa segunda etapa, transformando novamente em matéria-prima dos fabricantes.
E então, gostou do artigo? Aproveite e acesse também nosso post sobre tudo que é preciso saber sobre defensivos agrícolas. Boa leitura!