O mofo-branco é uma das principais doenças que atacam grandes culturas, como a soja, algodão, feijão, amendoim, girassol e canola, podendo causar grandes prejuízos às lavouras se não for devidamente combatida.
Por isso, os produtores rurais precisam ficar atentos sobre alguns aspectos que envolvem essa doença, bem como sobre as medidas que devem ser tomadas para evitar a sua proliferação nas lavouras.
Portanto, neste artigo vamos ensinar como identificar o mofo-branco, abordar os prejuízos que ele pode causar também as formas de combater esse fungo. Acompanhe!
O que é o mofo-branco?
O mofo-branco, também conhecido como podridão-de-esclerotinia ou podridão-branca, é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum. Estudos indicam que pode afetar mais de 400 culturas agrícolas, embora economicamente os prejuízos maiores sejam em lavouras de soja.
Trata-se de um fungo conhecido (e temido) em todo o mundo por ser muito agressivo e com um grande número de hospedeiros. Além disso, é considerado um fungo cosmopolita, por estar presente em todas as regiões produtoras, sejam elas tropicais, subtropicais ou temperadas.
É um inimigo silencioso da agricultura, que age lentamente nas lavouras e pode ter um efeito devastador com o passar dos anos. A transmissão do fungo à novas áreas ocorre principalmente por meio de sementes contaminadas.
Ademais, é importante dizer que o mofo-branco tem a capacidade de sobreviver no solo por muitos anos na forma de escleródios (estruturas de resistência), resistindo à seca, chuvas, variações de temperatura e inimigos naturais.
Posteriormente, quando as condições de solo e umidade são favoráveis, germinam e formam apotécios (estrutura em formato de taça), que acumulam o fungo até entrar em contato com a planta e formar a doença.
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Como identificar o mofo-branco?
Os sintomas da doença causada pelo mofo-branco são bem característicos. Primeiramente ocorrem lesões encharcadas nas partes aéreas da planta e, não sendo combatido ou percebido pelo agricultor, ocorre o crescimento de um micélio branco, parecido com algodão, sobre essas lesões.
Após um certo período, ocorre a formação de escleródios, isto é, uma estrutura composta por aglomerado de hifas, comumente arredondadas ou alongadas, de coloração preta e consistência firme que ajuda o fungo a sobreviver de por mais de uma safra.
Assim sendo, em áreas com histórico de ocorrência, é muito provável que ocorra novamente, conforme mostramos acima. Por isso, é recomendado o monitoramento da área, além da aplicação de fungicidas nos momentos propícios ao surgimento, isto é, períodos de alta umidade e temperaturas amenas.
Mas, afinal, por que isso é tão preocupante?
Conforme dissemos anteriormente, trata-se de uma doença que age silenciosamente nas lavouras e, quando instalada tem efeitos que podem ser devastadores. Nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás já foram registradas perdas de até 50% no rendimento de várias culturas, sem levar em conta a provável diminuição da qualidade do produto colhido.
Levantamentos técnicos apontam que o mofo-branco tem atacando as lavouras brasileiras em áreas mais quentes desde a safra 2003/2004 e hoje a doença está instalada em cerca de 6 milhões de hectares, o que representa quase 10% de toda a área de cultivo brasileira.
Uma das maiores preocupações envolve a lavoura da soja. Se não for devidamente controlado, o mofo-branco pode causar queda de produtividade de até 70% nas plantações, segundo levantamento realizado pela Embrapa. A redução na produtividade pode variar entre 147 e 335 kg/ha.
Como o Brasil é o maior produtor mundial de soja e essa doença já foi detectada na maioria das regiões produtoras do país, trata-se de um assunto que não pode ser negligenciado pelos produtores.
Há o risco da situação se agravar e causar ainda mais prejuízos, uma vez que o cultivo da soja está se expandindo às regiões altas do Cerrado, com histórico de grande quantidade de chuva, justamente um ambiente propício à proliferação do mofo-branco.
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Combate ao mofo-branco
Pelo que já apresentamos acima, o mofo-branco é uma doença que se alastrou pelas principais regiões produtoras do Brasil (e em vários outros países), atacando as lavouras e causando sérios prejuízos. Então, combater esse fungo é uma missão “número um” aos produtores rurais.
Uma das primeiras medidas, quando a área já está infestada, é combater os escleródios que estão no solo e reduzir a sua proliferação nas plantas já doentes. No caso da soja, são aplicados fungicidas por meio de pulverizações em intervalos de 10 dias. Os mais utilizados são a base de fluazinam e procimidona, de forma isolada ou em associação com tiofanato metílico ou carbendazim.
Medidas preventivas contra o mofo-branco
São feitas constantes pesquisas com o fim de obter variedades de soja (e também de outras culturas) mais resistentes ao mofo-branco, entretanto até agora nenhuma delas é completamente resistente à doença. Daí, a necessidade de adotar medidas preventivas. Confira algumas delas:
- Rotação com culturas não hospedeiras, ajudando não só para uma melhor estruturação do solo, mas também no combate a parasitas;
- Sistema de plantio direto ajuda a reduzir a incidência da doença uma vez que dificulta o contato da planta com o solo contaminado, o que levaria ao desenvolvimento do fungo;
- Eliminar plantas invasoras que são hospedeiras do fungo;
- Evitar o plantio em períodos chuvosos em áreas que são propensas à doença;
- Palhada no solo pode reduzir a formação ou desenvolvimento do fungo;
- Controle biológico através da infestação do solo com agentes antagonistas;
- Uso sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas adequados;
- Controle químico, através de pulverizações foliares de fungicidas, principalmente no período de maior vulnerabilidade da planta;
- Escolher variedades que permitam uma boa aeração entre plantas (com folhas pequenas e pouco ramificadas);
- Respeitar o espaçamento entre linhas adequados aos cultivares que foram plantados;
- Limpeza de máquinas e equipamentos após utilização em área infestada com o propósito de evitar a proliferação de escleródios à novas áreas.
Por fim, confira no vídeo abaixo como ocorre o ataque do mofo-branco:
Conclusão
Neste artigo, procuramos apresentar um “raio X” do mofo-branco, abordando como identificá-lo, os prejuízos que provoca, as medidas que devem ser adotadas para combate e prevenção da doença, e como ocorre o ataque.
E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também o nosso post com dicas de como combater a ferrugem asiática. Boa leitura!