O Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro) do 3º trimestre deste ano bateu recorde ao alcançar 106,3 pontos, 4,2 pontos a mais em relação ao trimestre anterior. É a maior pontuação desde 2013, quando o índice foi divulgado pela primeira vez.
O estudo desenvolvido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pela OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) confirma o otimismo do setor, motivado principalmente pela melhora da economia brasileira.
Os produtores e as empresas que compõem o agronegócio mantiveram-se na faixa de pontuação acima de 100 pontos, considerada otimista de acordo com a metodologia do estudo.
De todos os setores avaliados para a composição do IC AGRO, a pecuária é a que se mantém mais próxima da neutralidade. O indicador fechou em 100,7 pontos, apenas 0,9 ponto a mais do que no 2º trimestre do ano. Ainda assim, este é o melhor resultado desde o 3º trimestre de 2014.
Uma das razões para a relativa estabilidade na variação do índice é a queda nos preços da carne e do leite nos últimos meses.
Antes e depois da porteira
O Índice de Confiança das Indústrias ligadas às atividades agropecuárias aumentou 3,8 pontos em relação ao 2º trimestre de 2016, chegando a 104,9 pontos. O indicador subiu 29 pontos desde o primeiro trimestre, quando chegou ao nível mais baixo já registrado.
O aumento na confiança foi maior entre os fornecedores de insumos (antes da porteira) do que entre as empresas de alimentos, situadas na parte final da cadeia (depois da porteira).
Insumos
Os ânimos mantiveram-se em alta para os fornecedores de insumos agropecuários. O Índice de Confiança dessas empresas fechou o 3º trimestre de 2016 em 108,4 pontos, 6,4 pontos acima do trimestre anterior. O principal impulso para o crescimento também veio da melhora na percepção sobre as condições da economia.
Isso compensou uma piora na avaliação sobre as condições específicas do negócio, que pode ser explicada pela queda nos preços dos principais produtos agrícolas desde o pico observado no 2º trimestre do ano, prejudicando um pouco a relação de troca do produtor com os insumos.
O desempenho dos setores de fertilizantes e defensivos agrícolas contribuíram para a melhora neste elo.
Alimentos
O Índice de Confiança da Indústria Depois da Porteira fechou o 3º trimestre em 103,4 pontos, 2,8 pontos acima do trimestre anterior.
O otimismo recai basicamente sobre as expectativas de que o mercado dê sinais mais claros de melhora no nível de emprego e de renda.
Produtor agropecuário
Pela segunda vez desde que o Índice de Confiança do Agronegócio começou a ser medido, há três anos, o nível de confiança dos produtores agropecuários fechou acima de 100 pontos. O indicador fechou o 3º trimestre em 108,2 pontos, 4,7 pontos acima do trimestre anterior.
Os produtores agrícolas ainda são os mais confiantes, muito embora os pecuaristas tenham superado a faixa dos 100 pontos, algo que não acontecia há dois anos.
Produtor agrícola
O Índice de Confiança do Produtor Agrícola cresceu pelo quinto trimestre consecutivo, chegando a 110,7 pontos. O crescimento é de 6 pontos em relação ao trimestre anterior e de 24 pontos em relação ao mesmo período de 2015.
De maneira geral, o nível de confiança em aspectos como as condições da economia e a expectativa de produtividade, suplantou a perda de entusiasmo com os preços – as cotações dos principais produtos agrícolas, como soja e milho, vêm caindo desde que atingiram o pico deste ano, no 2º trimestre.
Entenda a metodologia
O Índice de Confiança do Agronegócio é resultado dos levantamentos sobre a expectativa nos três elos da cadeia: antes, dentro e depois da porteira da fazenda.
Painel A
Insumos (fertilizantes, sementes e defensivos)
Indústria de Máquinas e Implementos
Fabricantes de Silos
Cooperativas
Revendas
Bancos
Índice de Confiança da Indústria
(ANTES da porteira) Índice de Confiança do Produtor
Painel B
Produtores Agrícolas (culturas de soja, milho, trigo, arroz, cana, café, citrus, algodão)
Produtores Pecuários (corte e leite)
Índice de Confiança da Indústria
(DENTRO da porteira) Índice de Confiança da Indústria
Painel C
Indústria Processadora
Cooperativas
Trading
Índice de Confiança da Indústria
(DEPOIS da porteira)
Entrevistas
Dentro da porteira da fazenda, foram realizadas 1500 entrevistas para a formação de um painel com 645 produtores agropecuários de diversas culturas, localizados em 16 estados brasileiros.
Foi considerado na pesquisa o porte, a cultura e a região dos produtores.
Produtor Agrícola
UF Pequeno Médio Grande
PR, SC, RS, SP,
MG, ES, PE, AL < 100 101 a 500 > 500
GO, MS < 500 501 a 3.000 > 3.000
PA, MT, MA, PI,
TO, Oeste BA < 1.000 1.001 a 5.000 >5.000
*Área em hectare
Pecuarista
Produção Pequeno Médio Grande
Gado de Corte < 500 500 a 3.500 > 3.500
Gado de Leite < 50 51 a 200 > 200
*Número de cabeças
Com 95% de confiança, a amostra representa os produtores que respondem pela formação do Valor Bruto da Produção agropecuária brasileira (VBP). São consumidores de tecnologia e de serviços das indústrias, cooperativas e representam o dinamismo do setor.
Para calcular o resultado do elo Dentro da Porteira, o levantamento considerou um conjunto de variáveis, agrupadas da seguinte forma:
- Condições do Negócio, com peso de 30% na composição do índice
- Condições Gerais, com peso de 70%.
No caso do índice do produtor agropecuário, a composição da amostra por cultura é proporcional à sua participação na formação do Valor Bruto da Produção.
Dessa forma, em ordem decrescente da quantidade de produtores entrevistados estão: soja, cana-de-açúcar, milho, café, algodão, arroz, laranja, trigo.
Somam-se aos produtores agrícolas, os pecuaristas de corte e leite.
Porte
Grande 23.3 %
Médio 40.9 %
Pequeno 35.8 %
Qual a principal cultura?
Soja 28,1
Cana 19,1
Milho 14,6
Café 9,3
Algodão 5,9
Para o cálculo do resultado final do Índice, são atribuídos pesos distintos aos três elos pesquisados, de acordo com a participação de cada segmento na formação do PIB do agronegócio, seguindo a metodologia utilizada pelo CEPEA/USP
Detalhes do estudo
O Índice de Confiança do Agronegócio, o IC Agro, avalia a percepção das indústrias de insumos e transformação ligadas ao Agro, além das cooperativas e produtores, em relação à uma série de indicadores econômicos e de competitividade do setor.
Apurado trimestralmente pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) mede, por meio de um conjunto de variáveis, a expectativa dos agentes do setor em relação ao seu negócio e ao ambiente econômico de forma geral.
A pesquisa é feita com os três elos que compõem o segmento:
Antes da porteira da fazenda: indústria de fertilizantes, máquinas e implementos, sementes e defensivos, nutrição e saúde animal, cooperativas, revendas, bancos, entre outros.
Dentro da porteira: produtores agropecuários.
Depois da porteira da fazenda: indústria de alimentos, de energia, tradings, cooperativas, armazenadores e operadores logísticos.
Perfil
Para dar robustez aos resultados, outros levantamentos são realizados em paralelo: o Perfil do Produtor Agropecuário, o Painel de Investimentos e a Sondagem de Mercado. Embora eles não entrem na composição do Índice de Confiança, essas sondagens ajudam a explicar o seu resultado.
A partir da mesma amostra que compõe o Índice de Confiança, o Perfil do Produtor Agropecuário apresenta informações sobre sua escolaridade, sucessão, processo de tomada de decisão de compra, gestão do negócio, interação com a indústria e cooperativas, visão sobre o Governo, problemas enfrentados, entre outras informações.
Investimentos
O Painel de Investimentos, medido anualmente, mostra a intenção de investimentos do produtor agropecuário brasileiro em Custeio, Máquinas e Implementos Agrícolas, Infraestrutura e Gestão de Pessoas e ajudam a entender o comportamento dos mercados de insumos.
Negócios
A Sondagem de Mercado, com uma periodicidade trimestral, aborda os resultados de temas relevantes para o agronegócio brasileiro, como: período de aquisição de insumos, mix de financiamento, adoção de tecnologias, veículos de comercialização, entre outros.
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