A pecuária brasileira de carnes nobres e genética bovina ganha mais uma opção: a raça Murray Grey. Voltado ao cruzamento industrial, esses animais são rústicos, precoces e dóceis, produzindo carne saborosa, macia, com pouca gordura subcutânea e um marmoreio diferenciado.
Essa raça de gado de corte australiano surgiu a partir do cruzamento de um touro Aberdeen Angus com uma vaca White Shorthorn, surgindo um bezerro cinzento. Daí o seu nome de “batismo”.
Os primeiros animais nasceram em 1905, no vale do Rio Murray, fronteira entre Nova Gales do Sul e Victoria, na Austrália. Hoje, é a raça mais importante daquele país.
A capacidade de produzir carne marmorizada, sem excesso subcutâneo ou intermuscular de gordura, tornou-se competitiva nos mercados mundiais, sendo criada na Nova Zelândia, Ásia, Canadá, EUA, Europa e Brasil.
Sua adaptação à pecuária brasileira foi muito fácil, com animais trazidos da Argentina e do Uruguai. O primeiro registro de exemplar no Brasil foi no Estado de Goiás, em 2002.
Seis anos depois, chegaram novos animais através da iniciativa pioneira do produtor rural, Luiz Carlos Ardenghy Sobrinho, sócio proprietário da cabanha Guarita e presidente da Associação Brasileira de Murray Grey e Greyman. A porta de entrada foi o município de Palmeiras das Missões, no Rio Grande do Sul.
Principais características da raça Murray Grey
De porte exuberante e com pelagem clara, os animais da raça Murray Grey são rústicos, precoces e dóceis. As fêmeas têm facilidade de parto, são ótimas mães, alcançando alta porcentagem de desmama e bezerros mais pesados.
O padrão racial e o biótipo funcional ajudaram a raça a se adaptar em diversos países. No Brasil, existem criadores de animais P.O e cruzados em Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, além do Rio Grande do Sul.
Os pecuaristas estão investindo cada vez mais na genética Murray Grey para melhorar a qualidade dos seus rebanhos devido as suas características. Destaque para o cruzamento industrial com o Nelore ou Angus.
Com tamanho moderado, um animal adulto atinge entre 750 e 800 quilos. Seu peso médio indica compatibilidade com as possibilidades de alimentos disponíveis no campo.
O gado da raça Murray Gray alimenta-se bem no pasto e em confinamentos, resultando numa carcaças de alto rendimento, características importantes para a pecuária.
A qualidade da carne é outro destaque. É macia, com baixo teor de gordura intramuscular, marmoreio adequado e 55% de aproveitamento da carcaça. O animal possui ossos refinados e grande profundidade de costelas, adequados para comer em pastagens de baixa qualidade, por seu grande espaço ruminal.
Mercados muito exigentes, como Japão e Coréia, escolheram o Murray Gray como sua raça preferida, tanto para a importação de animais vivos quanto para geladeiras, devido à excelente resposta em programas de confinamento e à notável qualidade da carcaça.
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Associação ajuda a divulgar a raça
O Murray Grey e seus cruzamentos já contam com cerca de 20 criadores associados no país. Eles desenvolvem pesquisas, realizam transferências de embriões e adquirem sêmen de touros PO com objetivo de adaptar e estabelecer mais um polo nacional de criação do rebanho no mundo.
Por ser uma raça ainda pouco divulgada, os criadores se uniram, criando uma entidade para estimular o desenvolvimento da raça no Brasil, contribuindo para a nossa pecuária.
A Associação Brasileira de Murray Grey e Greyman (ABMGG) nasceu em setembro de 2019 tendo como foco também a troca de informações, conhecimentos e práticas com criadores dos países onde a raça já possui um grande plantel comercial.
Com foco na produção de rebanhos, a entidade tem ainda como preocupação o melhoramento genético do animal em solo brasileiro.
De acordo com o presidente da entidade, Luiz Carlos Ardenghy Sobrinho, já é possível comprar sêmen Murray Grey aqui no Brasil, através de quatro touros de alta qualidade, sem a necessidade de importar material genético.
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