Nelore: raça mais difundida e lucrativa do Brasil

Nelore: raça mais difundida e lucrativa do Brasil

gado nelore é a raça mais difundida e lucrativa no Brasil, graças a sua rusticidade e adaptabilidade na maioria das regiões brasileiras.

Por suas características físicas, se adaptou muito bem a diversidade de climas locais, por possuir excelente capacidade de aproveitar alimentos grosseiros.

A popularidade é tanta que o Nelore é o “garoto propaganda” de uma campanha nacional de valorização da pecuária que está sendo desenvolvida pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).

Conheça um pouco mais da história dessa raça que hoje, equivale a 80% do rebanho de corte nacional. São mais de 150 anos de história em solo brasileiro!

Rebanho de Nelore em pasto
A raça Nelore compreende 80% de todo rebanho de corte nacional

Ongole, a origem do Nelore Brasileiro

Os zebuínos, que conhecemos hoje como Nelore, são animais descendentes de uma raça radicada na Índia, a Ongole. Esses animais foram levados para o continente indiano pelos arianos ainda antes de Cristo.

Por conta dos aspectos culturais indianos, o gado Ongole não era utilizado para a produção de carne. Naquele país, suas principais funções eram a produção leiteira e o transporte de cargas pesadas.

No Brasil, o Ongole passou a ser conhecido como Nelore, já que faz referência a localidade de onde esses animais foram importados. Os primeiros representantes desses zebuínos que foram enviados para o Brasil saíram de Nelore, distrito da antiga província de Madras, Estado de Andra, na costa oriental da Índia.

O Nelore Brasileiro

A história dessa raça no Brasil começa ainda no século XIX. A história conta que, em 1868, um navio com destino a Inglaterra aportou em Salvador com um casal desses animais a bordo. Os zebuínos acabaram sendo comercializados com produtores locais e permaneceram no país.

Dez anos depois, o criador Manoel Ubelhart Lemgruber decidiu importar mais um casal de Nelore, após conhecer esta espécime em um zoológico de Hamburgo, na Alemanha. No início do século XX alguns exemplares foram importados diretamente da Índia.

Manoel Ubelhart Lemgruber com Nelore importado
Manoel Ubelhart Lemgruber. Fonte: uberabaemfotos

Karvadi, o pai da linhagem 

Em 1962, desembarcam no Brasil animais trazidos pelos zebuzeiros brasileiros, que protagonizaram uma verdadeira epopeia para incrementar o rebanho do país.

A bordo do navio Cora, touros que formariam a linhagem brasileira da raça, chegam à Fernando de Noronha: Karvadi, Taj Mahal e Godhavari.

O touro Kavardi foi considerado o pai da linhagem Nelore no Brasil. Reprodutor da raça Ongole na Índia, já tinha sido largamente premiado como tetracampeão nacional indiano e campeão da Ásia.

Adquirido pelo criador e selecionador Torres Homem Rodrigues da Cunha, da fazenda VR (situada em Uberaba-MG), foi considerado o melhor touro da história da raça Nelore, transmitindo beleza racial aos seus filhos, sendo na época apto aos mais diversos cruzamentos. Kavardi deixou milhares de descendentes.

Fonte: Canal Nelore Grendene

Expansão do Nelore

No começo, a raça teve uma expansão lenta. Já que o gado predominante no país era o de origem europeia, que chegaram junto com os colonizadores.

Além disso, entre as raças indianas, como o Guzerá, Gir e Indubrasil, por possuírem orelhas médias/grandes, eram mais difundidas. Já o gado Nelore, por ter orelhas menores, não se encaixava nos padrões do período.

Somado à ausência de um serviço de registro genealógico oficial e organizado, levou, por algum tempo, a raça Nelore a ser preterida pelos criadores brasileiros em relação às demais. O registro só ocorreu em 1938, quando começaram a ser definidas as suas características.

Mesmo assim, aos poucos foi ganhando espaço. Primeiro, no estado do Rio de Janeiro, graças a proximidade com o porto onde eram desembarcados. Depois, São Paulo e Minas Gerais.

Foi o principal agente pelo desbravamento e ampliação das fronteiras agrícolas e pecuárias, e do povoamento do centro-oeste e norte do país.

A consolidação desse novo cenário cerrados-brachiárias formou o ambiente adequado para que a raça Nelore prosperasse.

O seu comportamento de gado andejo, de alto instinto de defesa própria e de defesa da cria, parindo regular e naturalmente bezerros medianos, saudáveis (se locomovem imediatamente após o parto junto com o rebanho), determinaram o crescimento da raça em uma escala geométrica, até atingir os índices atuais que hoje ela apresenta.

Vaca Nelore com bezerro mamando no pasto
O comportamento do gado nelore com a cria alavancou o crescimento da raça

Genearcas do Nelore

As características da raça, como adaptabilidade ao clima variado do Brasil, resistência a parasitas, resistência às altas temperaturas, boa produção de carne, rusticidade e fácil manejo, atraíram mais produtores.

O momento decisivo para a expansão do Nelore no Brasil ocorreu nos anos 60, quando ocorreram as últimas importações significativas desses animais.

Nessa época, o Brasil havia proibido a importação de animais vindos da Índia. Portanto, a chegada desses novos exemplares precisou de uma autorização especial do governo. Assim, os zebuínos tiveram que passar por um período de quarentena de oito meses em Fernando de Noronha.

Entre os animais que chegaram nesse período, estão algumas das Genearcas mais importantes para o Nelore:  Kavardi, Golias, Rastã, Checurupadu, Godhavari, Padu e Akasamu. Elas foram as responsáveis pela formação do plantel atual de zebuínos Nelore brasileiro.

Depois disso e aproveitando a expansão agrícola para a região Centro-Oeste, o gado Nelore se espalhou por todo o país.

Várias cabeças de gado nelore no pasto
A expansão do gado Nelore foi lenta e ocupa espaço hoje no topo da pecuária brasileira

Linhagens de Nelore

A raça Nelore no Brasil pode ser dividia em três linhagens diferentes, que levam em consideração a origem dos animais e de seus ascendentes. São elas:

PO (Puro de Origem): quando um Nelore é classificado como PO significa que todos os seus ascendentes constam no livro genealógico da raça.

Veja no vídeo abaixo, um trecho da entrevista com Paulo Leonel no MF Cast em que ele aborda a importância de se preservar as características do gado PO:

Fonte: MF Cast.

POI (Puro de Origem Importado): são os animais que foram trazidos da mesma região que os “originais” e que possuem todas as características do padrão da raça. Os animais nascidos no Brasil com todos os ascendentes POI, também podem ser classificados dessa forma.

LEI (Livro Especial de Importação): são os animais originários de pesquisas para o aperfeiçoamento genético da raça.

Padrão do Nelore

O padrão da raça são as características que os animais precisam ter para serem enquadrados como Nelore. A seguir apresentamos algumas delas:

  • Pelagem curta nas cores branca ou cinza-clara.
  • Pele na cor preta ou mais escura, sendo solta, flexível, macia ao toque e oleosa.
  • A cabeça apresenta o formato tradicional de ataúde. Seu perfil tem um formato sub-convexo, principalmente nos machos. Os olhos são de cor preta e bastante vivos. As orelhas são simétricas, curtas e terminam no formato de uma ponta de lança.

Veja no vídeo abaixo, uma entrevista com Antonio Carlos sobre a importância do padrão para a preservação da raça:

Fonte: MF Cast
  • Os animais podem ter chifres ou não. Eles têm a coloração escura e estão firmemente presos ao crânio. Os chifres nascem para cima e depois podem se curvar ou apontar para cima, para fora e para trás. Nos espécimes mochos é permitida apenas a presença de calo ou de batoque.
  • O pescoço nos machos é musculoso e se encaixa harmoniosamente ao tronco, já nas fêmeas é mais delicado.
  • A barbela começa logo abaixo do maxilar inferior e vai até o umbigo do animal, sendo que nos machos ela é maior e mais pregueada. Ambos os sexos apresentam um peito largo e boa cobertura de músculos.
  • O cupim é uma das características marcante dos zebuínos. Eles servem como uma reserva de energia para situações críticas. Nos machos eles apresentam um bom tamanho e devem estar apoiados sobre a cernelha. Já nas fêmeas eles devem ser observados em um tamanho reduzido.
  • Os machos apresentam um tamanho médio de 1,70 m e ultrapassam os 1.000 kg de peso. Apresentam musculatura compacta e bem desenvolvida, com barbela solta pregueada, umbigo curto, bainha e prepúcio leves.
  • As fêmeas têm altura de 1,55m em média e podem chegar aos 800 kg de peso.
Nelore no pasto com cerca ao fundo
As características raciais do gado Nelore são bem conhecidas pelos criadores brasileiros

Carcaça e carne

O Nelore é a raça, no Brasil, que possui a carcaça mais próxima dos padrões exigidos pelo mercado, por apresentar porte médio, ossatura fina, leve, porosa e menor proporção de cabeça, patas e vísceras, conferido excelente rendimento nos processos industriais.

Precocidade de terminação garante nas carcaças distribuição homogênea da cobertura de gordura, tornando-a muito valorizada no mercado.

A padronização das carcaças Nelore otimiza a estrutura industrial e agrega valor aos cortes. Tendo como principais características o alto teor de sabor e o baixo teor de gordura de marmoreio, a sua carne é exportada para mais de 146 países e cada vez mais apreciada consumidores esclarecidos do mundo todo.

Carcaças de Nelore penduradas em frigorífico
A qualidade da carcaça desta raça faz a carne ser apreciada em diversos países

Aliás, pode produzir carnes tão boas ou saborosas quanto qualquer outra raça bovina especializada para o corte, com a vantagem de ser uma raça bovina criada pela própria natureza para a região tropical. Suas  principais características são: o alto teor de sabor e o baixo teor de gordura de marmoreio.

Veja no vídeo abaixo, a evolução do trabalho e aceitação da carne do Nelore:

Fonte: MF Cast

O aprimoramento e desenvolvimento de novas técnicas de reprodução, bem como o acelerado melhoramento genético da raça, em muito contribuíram para a elevação do tamanho do rebanho nelore (e de seus descendentes), hoje estimado em mais de 80% do rebanho bovino de corte nacional, cerca de 130 milhões de cabeças.

O Brasil é hoje o principal produtor mundial desta raça que também serve de base para o cruzamento de espécies focando a produção de carne.

Sempre criado e desenvolvido no sistema intensivo de pastagens, o rebanho nelore vem se ampliando cada vez mais, dado que é menos suscetível a doenças, principalmente aquelas promovidas pelos ecto-parasitas.

O gado nelore é também, sem dúvida, o responsável pela colocação do Brasil como um dos principais exportadores de carne no ranking mundial.

Confira, no vídeo abaixo, mais alguns fatos sobre o Nelore:

Fonte: MF Rural.

Patrimônio nacional brasileiro

Com toda essa aceitação nacional, pelas características acima colocadas neste artigo, o gado Nelore será o “garoto propaganda” de uma campanha nacional de valorização da pecuária, da carne bovina e do agronegócio brasileiro (além da própria raça) que está sendo desenvolvida pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).

De acordo com o gerente-executivo, André Locatelli, a entidade está convidando artistas, personalidades do agro e de outras áreas, bem como aos apaixonados por pecuária e pela carne bovina, para gravarem depoimentos em prol da atividade.

A ideia é valorizar o pecuarista, aquele que é responsável em colocar alimento na mesa dos consumidores. Quem quiser participar pode gravar um vídeo e enviar para a ACNB pelo e-mail imprensa@nelore.org.br ou publicar nas redes sociais e marcar @neloreoficial.

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1 thoughts on “Nelore: raça mais difundida e lucrativa do Brasil

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    Vale apena!!!

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