O pequi é uma fruta muito conhecida no Cerrado brasileiro, famosa por ser usada na culinária regional, compondo pratos típicos. Além disso, apresenta vários benefícios nutricionais, com seu alto teor de fibras e vitaminas importantes para o bom funcionamento do organismo humano.
De sabor intenso, cheiro marcante e uma polpa de cor amarelo forte, o pequi também é utilizado na indústria cosmética e na fabricação de óleos essenciais. Ademais, tem potencial para produção de combustíveis e lubrificantes, e o extrato de suas folhas possui ação moluscicida e antifúngica.
Sendo assim, neste artigo vamos abordar algumas características do pequi, os benefícios que pode proporcionar à saúde, além de citar sua utilização na culinária e ensinar como plantar um pé de pequi. Confira!
Conheça mais sobre o pequi
Diversas espécies são conhecidas como pequi ou seus nomes derivados – piqui ou piquiá – com ocorrência em todas as regiões do Brasil. São cerca de 25 espécies, pertencentes a família Caryocaraceae, divididas em dois gêneros: Caryocar e Anthodiscus. O gênero Caryocar possui 16 espécies, das quais 12 são encontradas no país.
A espécie com maior prevalência é a Caryocar brasiliensis, sendo subdividia em duas subespécies: C. brasiliense subsp. Brasiliense, de porte arbóreo e com ampla distribuição; e C. brasiliense subsp. Intermedium, de porte arbustivo, com ocorrência restrita a algumas partes do Cerrado.
A subespécie Brasiliense consiste em uma árvore frondosa que pode chegar a até 12 metros de altura. A produção normalmente ocorre quatro ou cinco anos após plantio e a colheita varia entre 500 a 2 mil frutos por safra. Já a subespécie Intermedium apresenta menos de um metro de altura, e tem seu primeiro florescimento de 18 a 24 meses após o plantio, quando atinge uma altura média de 60 centímetros.
O pequizeiro é uma planta perene, que pode ser classificada como frutífera ou oleaginosa. O fruto é deiscente, apresenta coloração verde do lado de fora, e é aproximadamente do tamanho de uma maçã. Possui caroços revestidos por uma polpa macia e amarela, que é a sua parte mais comestível – embora sua castanha também possa ser aproveitada, bastando quebrar o caroço.
Ademais, da sua polpa é extraído um óleo, que além de ser usado na culinária também é empregado na indústria cosmética, na produção de sabão, e como produto medicinal, no combate à bronquite, gripes e resfriados.
A madeira do pequizeiro, por sua vez, apresenta boa densidade e resistência, sendo utilizada na construção civil e naval.
O pequi na culinária regional
Na culinária, os pratos com pequi são considerados deliciosos e com sabor inconfundível. São receitas com o gostinho da cozinha de Goiás, pois essa fruta é um dos principais ingredientes utilizados nesse estado. Você já experimentou a tradicional galinhada feita com arroz, galinha caipira, açafrão e pequi? Mas, não para por aí. O pequi é utilizado também como ingrediente pra receitas de pão, macarrão e até licor e pudim.
Além de inúmeras receitas deliciosas, há quem goste de comer o pequi cru, ou seja, in natura. Só que é preciso ter muito cuidado, principalmente se você for fazer isso pela primeira vez. No caroço dessa fruta, por debaixo da polpa, existem minúsculos espinhos, que podem causar sérios ferimentos à língua e lábios. Aliás, “pequi” é uma nomenclatura que vem do Tupi e significa “casca espinhenta”.
Por isso, o ideal não é morder e sim roer o pequi. Em pouco tempo, você vai “pegar o jeito” e saborear, sem acidentes, a polpa macia e saborosa dessa fruta.
Mas, se você preferir desfrutar do pequi sem correr riscos, pesquisadores da Embrapa e da Emater descobriram uma espécie dessa fruta sem espinhos. A pesquisa durou 25 anos e, por meio de um produtor no Mato Grasso, foi possível descobrir um pequizeiro com essa variação genética. A Emater foi informada sobre essa espécie para que produzissem réplicas da planta.
Os pesquisadores garantem que, além de possuir um sabor muito parecido com o pequi tradicional, a fruta não apresenta nenhum risco para quem vai consumir. A partir de novembro deste ano, mudas dessa espécie sem espinhos poderão ser adquiridas. Serão, a princípio, 5 mil mudas, das quais 2.400 serão reservadas a agricultores familiares e viveiristas.
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Conheça os benefícios do pequi à nossa saúde
O pequi é rico em antioxidantes, vitaminas A e C e compostos fenólicos, que promovem o fortalecimento do sistema imunológico e ajudam a prevenir o envelhecimento precoce.
Além disso, o betacaroteno contido nessa fruta, a longo prazo, faz bem para a pele, para o sistema cardiovascular, auxiliando no controle do colesterol e ajuda na diminuição dos radicais livres que, em excesso no organismo, podem causar doenças crônicas e inflamatórias.
Outro ponto que faz com que o pequi se destaque é a presença do ferro, que é responsável por ajudar no funcionamento do sistema circulatório e auxilia na prevenção da anemia.
Ademais, a fruta também contribui bastante para a saúde dos ossos e dos músculos, visto que possui minerais como o fósforo, o potássio e o magnésio.
Como plantar pequi?
No que diz respeito ao solo, o pequizeiro prefere solos arenosos, profundos e bem drenados. Não exige alta fertilidade e tolera solos ácidos. Se adubado com potássio, tende a atingir alturas e produtividades maiores. Quanto ao clima, se adapta a uma variedade de ambientes, do tropical ao subtropical.
Recomenda-se que o plantio seja feito com mudas já com folhas maduras, para maior taxa de sobrevivência. Deve ser realizado no início do período chuvoso, em covas de 40 cm x 40 cm x 40 cm, que devem ser encharcadas, e espaçamento de 8 a 10 metros entre linhas e entre plantas.
Para evitar desequilíbrios nutricionais nas mudas, o fertilizante deve ser bem misturado ao substrato nas covas. Após o plantio, recomenda-se três adubações de cobertura, uma a cada 40 dias, até o fim do período chuvoso.
Como fazer muda de pequi?
Caso decida fazer suas próprias mudas, escolha frutos já maduros e retire a polpa com a semente do interior do fruto.
Em seguida, coloque as polpas em um recipiente com água por cerca de quatro dias. O próximo passo é retirá-las da água, remover a polpa que reveste a semente e deixá-las secar por mais 2 dias.
Depois, em um recipiente, faça uma solução com 1g de ácido giberélico, álcool suficiente para dissolver o ácido e 4 litros de água. Deixe as sementes nessa mistura por mais quatro dias. O ácido giberélico vai ajudar na germinação das sementes.
Depois desse período, as sementes estarão prontas para ir para a sementeira, que deve estar preenchida somente com areia. Então, faça um buraco de 3 a 5 cm no substrato e coloque as sementes com o olho virado para cima. É importante irrigar duas ou três vezes por dia.
As sementes vão demorar cerca de 50 dias para germinar e estarão prontas para serem transplantadas. Em um tubete, adicione terra de barranco, esterco curtido e areia, na proporção de 6:2:1, e então posicione as mudas. Lembre-se de continuar regando de duas a três vezes por dia.
Passados cerca de sete meses, quando a planta atingir 40 cm de altura, está na hora de levá-la ao campo, de preferência no início da estação chuvosa. Nesse sentido, siga as instruções relatadas anteriormente.
No vídeo abaixo, veja outras recomendações para germinação da semente e plantio do pequi:
Veja também: Atemoia: conheça essa fruta e saiba como plantá-la.
Cuidados no cultivo de pequi
Durante o primeiro ano do pé de pequi no campo, faça o controle de plantas daninhas por meio de capinas manuais. A partir do segundo ano, você pode continuar com essa prática ou utilizar herbicidas em pós ou pré emergência.
Quanto ao cuidado com pragas e doenças, fique atento ao ataque de cupins e formigas, e à ocorrência de podridão-das-raízes, ferrugem-das-folhas e mal-do-cipó.
No que diz respeito à colheita dos frutos, os mesmos só devem ser apanhados quando caídos no chão. Apenas nesse estágio é que ele está maduro e apto para consumo ou aproveitamento da semente.
Ademais, o pequizeiro pode ser usado na proteção de nascentes e na recuperação de áreas desmatadas. Ou seja, além de proporcionar frutos saborosos, contribui para a recuperação ambiental.
E então, gostou de conhecer mais sobre o pequi? Por falar em frutas brasileiras, nossa dica de leitura complementar é conhecer seis espécies que são nativas do nosso país. Boa leitura!