Entenda o pré e pós-dipping e como podem ser realizados

Entenda o pré e pós-dipping e como podem ser realizados

A produção leiteira brasileira é bastante expressiva, atingindo a marca de 6 milhões de litros somente no último trimestre de 2021, segundo pesquisa do IBGE. Tendo isso em vista, e visando manter e até melhorar essa produção, alguns cuidados na ordenha são extremamente necessários. É aí que entra o pré e pós-dipping.

Essas práticas contribuem para a prevenção de cerca de 50% de todos os casos de mastite clínica, evitando que ocorra a contaminação ascendente dos tetos, uma vez que o comprometimento chega a graus inflamatórios diferentes da glândula mamária, com prejuízos diretos ao leite produzido, o que gera situações que todo e qualquer produtor deseja fugir.

Mas então, o que é de fato o dipping? Qual a relação entre o pré e o pós-dipping com a higiene do gado leiteiro e a qualidade final do leite? Neste artigo, vamos responder a essas perguntas para que você entenda mais sobre como realizar esses manejos, que não só vão garantir a produtividade, mas também será fundamental para a qualidade, impactando nos lucros do produtor. Confira!

O que é dipping?

O termo dipping, originalmente em inglês, faz referência a “mergulhar” e, nesse caso, vai caracterizar o cuidado de imergir cada teto em solução específica, visando garantir sua antissepsia. Nesse contexto, pré-dipping será a antissepsia antes da ordenha e o pós-dipping será o processo após a ordenha.

O gado leiteiro, ao longo do dia, mesmo em uma modalidade de confinamento, acaba por entrar em contato com uma série de materiais potencialmente infecciosos, como fezes e urina, aos quais os tetos dos animais estão sempre expostos.

Isso é um risco direto para a proliferação de doenças no rebanho, que inviabilizam o consumo do leite extraído de um teto infectado. Casos de mastite clínica (inflamação do teto e até do úbere todo) não são raras nas propriedades, e advém, em parte, de um cuidado insuficiente nesse aspecto.

Sendo assim, realizar corretamente todos os manejos sanitários dos animais é fundamental para manter o rebanho bovino saudável e garantir uma boa produtividade. Contudo, muitos produtores não têm o conhecimento adequado para isso.

Por isso, confira o vídeo abaixo, que ilustra bem o cuidado, que é totalmente simples e justificável, podendo ser utilizadas várias soluções para conseguir o efeito de antissepsia:

Fonte: MSD /Programa Maxi – Leite.

Leia também: Impactos econômicos da mastite na produção leiteira.

Como funcionam as etapas de pré e pós-dipping?

O dipping, como vimos anteriormente, se trata de mergulhar o teto do animal em um material antisséptico, porém, ele se dá em dois momentos distintos da ordenha. A seguir, descrevemos sobre cada um desses momentos. Acompanhe!

Pré-dipping

O pré-dipping é o nome dado ao processo realizado antes da ordenha, seja ela manual ou mecânica. Usando um copo sem retorno, o antisséptico é mergulhado em todo o teto e a ação ocorre em 30 segundos, sendo fundamental, após esse tempo de ação, secar muito bem cada teto, com papel toalha descartável, uma folha por teto.

Porque não utilizar apenas um pano para todos os tetos?

  1. Sabemos que tecidos úmidos são locais propícios para o crescimento bacteriano;
  2. Reutilizar o mesmo tecido ou papel para todos os tetos pode favorecer a contaminação em massa e comprometer o úbere todo.

A realização do pré-dipping atua para a redução da contagem bacteriana total, o que reduz a possibilidade de contaminação do leite. A fim de acompanhar se todo esse processo traz resultados, realize a contagem de células bacterianas e somáticas totais, por meio da análise do leite.

O processo de pré-dipping tem como foco eliminar inclusive os responsáveis pela mastite bacteriana contagiosa, sendo possível a infecção do restante do gado pelo uso da ordenhadeira ou de outros utensílios de ordenha contaminados.

Entretanto, utilizar uma solução antisséptica não vai substituir a limpeza dos tetos do animal, que, quando feita com água corrente antes da aplicação do produto, elimina toda a sujeira acumulada na região.

Pré e pós dipping são feitos com a caneca sem retorno
O copo sem retorno impede que a solução que tem contato direto com o teto volte para o frasco de armazenamento da solução antisséptica.

Passo a passo do pré-dipping

Antes do procedimento, é realizado o teste da caneca, que consiste em lançar dentro de uma caneca os três primeiros jatos de leite de cada um dos tetos do animal, visando verificar qualquer alteração na consistência do leite. A presença de grumos ou de sangue significa infecção ou mastite, sendo que esse teto deverá ser tratado e o seu leite descartado.

Após a realização da limpeza de todo o úbere do animal, eliminando lama, fezes e quaisquer outras sujeiras, deve-se aplicar o produto, mergulhando cada um dos tetos por cerca de 30 segundos na solução antisséptica.

Depois disso, seca-se, de forma individual, cada um dos tetos, evitando o contato entre eles para impedir que comprometimentos se espalhem pelo úbere do animal. A ênfase é para retirar o produto do teto antes de ordenhar o leite, seja manualmente ou com ordenha mecânica.

Tal procedimento deve ser realizado em todos os animais antes da ordenha.

Higiene dos equipamentos de ordenha antes do pré e pós dipping
Todos os tetos precisam ser limpos, passar pelo pré-dipping e serem secos. Da mesma forma, é fundamental que a ordenhadeira também seja limpa e corretamente desinfetada.

Veja também: Quais são os tratamentos para mastite bovina.

Pós-dipping

O pós-dipping é um processo muito semelhante ao pré-dipping, porém é realizado após a ordenha. A principal diferença está no objetivo de proteção dos tetos, além de favorecer a hidratação e o fechamento do teto, já que o esfíncter do teto pode permanecer aberto por até duas horas após a finalização da ordenha.

Esse manejo é fundamental para manter o rebanho saudável e livre de infecções.

Outra diferença está no produto aplicado nos tetos, visto que, como o objetivo é a proteção posterior, usa-se uma substância mais viscosa, que adere ao teto e permanece mais tempo no úbere do animal.

Passo a passo do pós-dipping

O pós-dipping é realizado logo após a finalização da ordenha, com o animal ainda estabilizado, reduzindo assim, o tempo de exposição dos tetos ao ambiente.

Deve-se submergir de forma individual cada um dos tetos dentro da substância antisséptica, o máximo possível, buscando uma grande área de cobertura, desinfeccionando todo o local.

Como o objetivo é criar uma camada protetora contra doenças e infecções, após a aplicação do produto não é necessário secar os tetos ou retirar o excesso da substância.

Detalhado, o vídeo que segue é curto e tem o objetivo de explicar como realizar e qual a importância do pós-dipping:

Fonte: PotenciAgro.

Quais os cuidados a serem observados nesse manejo

Tenha muito cuidado com o treinamento, preparo, planejamento prévio, e com o conhecimento do responsável pela ordenha, pois ele vai conduzir o processo e pode garantir a segurança da higiene.

Ademais, sempre é bom observar o rótulo dos produtos, assim como o tempo de validade, estabilidade e segurança, para os animais e para o ordenhador.

Lembre-se também da importância de sempre realizar a limpeza do úbere com água corrente para a retirada das sujeiras maiores, do teste da caneca e de escolher o produto adequado. Por isso, seguem alguns princípios ativos comuns, como:

  • iodo;
  • cloro;
  • ácido lático;
  • peroxido de hidrogênio;
  • compostos fenólicos;
  • clorexidina;
  • ácido dodecil benzeno sulfônico;
  • homeopatia e fitoterápicos, conforme o vídeo abaixo sugere e ensina:
Fonte: Rio Grande Rural.

Por fim, ao finalizar o processo, é interessante deixar disponível água limpa e de qualidade para as vacas na saída da ordenha, já que o processo todo de produzir leite exige alta demanda de água.

Além disso, oferecer alimento logo após a ordenha garante que elas se mantenham em pé, o que permite que a substância do pós dipping possa agir por mais tempo, até que ocorra o fechamento natural dos tetos.

E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite a acesse também o nosso post sobre as melhores práticas no manejo da ordenha. Boa leitura!

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