Pitangueiras: raça de gado brasileira de dupla aptidão

Pitangueiras: raça de gado brasileira de dupla aptidão

A raça Pitangueiras, de origem em terras brasileiras, tem aptidão tanto como gado de corte quanto como gado de leite e se adapta muito bem ao clima seco predominante no Brasil.

Neste artigo, vamos detalhar as particularidades da história dessa raça e os atributos desejáveis no padrão racial. Confira!

Gado Pitangueiras: um cruzamento que deu certo

A raça Pitangueiras nasceu da necessidade de desenvolvimento de animais completamente adaptados ao ambiente brasileiro. Com isso em mente, para uma melhor heterose foi preciso que ocorresse um cruzamento de qualidade e, quanto maior a distância entre as raças, maior é a qualidade agregada.

Sendo assim, a raça Pitangueiras é fruto de cruzamento entre vacas Guzerá, que apresentam alta produção de leite e a raça Red Poll, de origem europeia que tem conformação muscular ideal.

O gado Pitangueiras reúne potencial produtivo e resistência, não só às condições climáticas, mas também aos parasitas de forma geral. Esses detalhes influenciam no processo produtivo e diminuem os custos, que, de certa forma, são onerosos.

Rebanho da raça Pitangueiras solto em pastagem
Com a alta diversidade que o nosso país apresenta, é natural que os esforços sejam no sentido de conseguir atingir metas produtivas cada vez mais desafiadoras.

Além disso, dentro do contexto de produção de leite, uma preocupação do produtor é o destino das crias. Considerar as bezerras como a reposição do seu rebanho é um ponto importante, mas também é preciso levar em conta os machos, que tendem a ficar sem futuro no plantel produtivo.

Quando há um forte planejamento nesse sentido e os animais são melhoradores, as crias passam a ter destino certo. Por exemplo, nascendo um macho, é possível direcioná-lo para a engorda, o que, além de ser vantajoso, traz benefícios financeiros de alto potencial.

Assim sendo, é possível direcionar a criação de acordo com o mercado e a necessidade do momento. Nesse sentido, a raça Pitangueiras, por ser de dupla aptidão, é uma ótima opção.

História da raça de gado Pitangueiras

É notável o empenho para ter animais de produção com boa adaptabilidade às diversidades climáticas e territoriais existentes no Brasil.

Nesse interim, vale a pena conhecer a história da raça, que se inicia em meados de 1946, na antiga fazenda do grupo Companhia Frigorífico Anglo. Os cruzamentos dirigidos se iniciaram com o intuito de conseguir melhores resultados com as vacas mestiças. Por se tratar de uma época em que o melhoramento genético estava em expansão, as tentativas foram aumentando até que os resultados se provassem de alto interesse comercial.

Um fato interessante que podemos citar é a sequência de cruzamentos que deram origem ao Pitangueiras que conhecemos. As cruzas iniciais foram entre Red Polls e vacas mestiças, o que originou animais meio sangue. As fêmeas, que são meio sangue, em cruzamento com os touros Guzerá, deram origem aos filhos 5/8 Red Poll, caracterizando essa a primeira geração de Pitangueiras.

A segunda geração de Pitangueiras advém de fêmeas 5/8 cruzadas com touros mestiços. Esses cruzamentos de segunda geração dão origem a animais de interesse comercial, consequentemente, o bovino pra ser considerado da raça Pitangueiras deve ser 5/8 Red Poll e 3/8 Guzerá.

Animal da raça Pitangueiras em pasto alto
É interessante o fato de criar, a partir de duas raças já bem estabelecidas, um genótipo diferente de interesse comum entre os potenciais de maior interesse.

O processo de melhoramento genético tem por objetivo justamente obter o melhor das raças cruzadas, portanto entre o Guzerá e o Red Poll foi possível atingir o ideal em rusticidade e capacidade produtiva, dentro de um escopo inicial. Os cruzamentos quando bem conduzidos são muito bons e só agregam maior valor comercial e produtivo.

Uma peculiaridade da raça é que esse nome se deve ao fato de a propriedade responsável pelos cruzamentos estar próxima a cidade de Pitangueiras no estado de SP.

Hoje em dia, especialmente no Nordeste, que é uma região mais seca e quente, há uma boa concentração do gado Pitangueiras, o qual tem resultados muito produtivos, tanto em produção de leite, quanto na produção de carne.

Padrão Racial Pitangueiras

O padrão racial desses animais leva em consideração a mistura das raças zebuínas e europeias e, a partir dessa mistura, o que mais destaca, além do potencial produtivo muito bom da raça, é a questão de serem animais rústicos. São animais que detém bom nível de resistência a diversas doenças.

A raça é de dupla aptidão, por isso demonstra um desempenho eficiente durante o confinamento, e a produção de litros de leite também é bem favorável. De maneira geral, o gado Pitangueiras tem um comportamento manso e se adapta facilmente aos tratos e regimes de ordenha mecânica, por exemplo.

Características físicas

A raça tem um padrão físico que remete muito mais à raça europeia Red Poll, isso devido ao fato de ter maior prevalência das características genéticas europeias. A composição zebu está muito mais relacionada à resistência do que qualquer outra coisa. Sendo assim, algumas características devem ser consideradas:

  • Pelagem de tonalidade vermelha e uniforme, com variações que vão do claro ao escuro;
  • É um animal mocho, sem a presença de chifres;
  • Estatura média que vai de 1,40 a 1,50 de cernelha;
  • Vassoura da cauda da mesma tonalidade da pelagem, mesclada ou branca;
  • Pele solta pregueada, flexível e macia.
Vaca com úbere cheio e cria ao lado
O fato da raça ser resistente é fator importante pois viabiliza a produção de leite – em menor escala, mas ainda de alto potencial – mesmo em condições climáticas desfavoráveis.

Características morfológicas

No decorrer do tempo, foram estabelecidos alguns parâmetros capazes de determinar o padrão dessa espécie. Destaque especial para o temperamento e comportamento dócil, além dos seguintes aspectos morfológicos:

  • Cabeça de peso leve, focinho mais largo com mucosas escuras;
  • O perfil do gado Pitangueiras tem formato retilíneo;
  • A região da garupa é longa, larga, horizontal;
  • Os pelos são finos, curtos, brilhantes e lisos;
  • A cauda é longa, bem colocada e de base achatada;
  • O tronco é cilíndrico e musculoso – o que é uma ótima característica, considerando-se a produção de carne;
  • O lombo e o dorso são horizontais e largos, as costelas afastadas e arqueadas;
  • Aprumos bem desenvolvidos, com o quarto posterior de boa cobertura muscular;
  • Os cascos são bem conformados, contendo um tamanho médio.

Aperfeiçoamento genético

Conforme destacado, a obtenção de um genótipo de sucesso é fruto de cruzamentos dirigidos e acompanhados de perto. No mesmo sentido, é notável o fato de que uma vez conhecendo bem as características que deseja compor nos seus bovinos, é dado o primeiro passo em direção ao melhoramento apropriado.

Diante dessa realidade, é importante mencionar que os mecanismos de aperfeiçoamento da espécie tendem a se tornar mais intensos por meio da inseminação artificial, incluindo o processo de transferência de embriões. Aliás, essa possibilidade já está em prática e, sem dúvidas, proporciona um grande diferencial para o setor do agronegócio.

E então, gostou de conhecer mais sobre essa raça de gado? Aproveite e acesse também o nosso post sobre o gado Crioulo Lageano. Boa leitura!

Post Relacionado