Nos últimos anos, as propriedades rurais têm se modernizado, passando por uma transformação digital significativa impulsionadas pela adoção de tecnologias como IoT (Internet of Things) ou Internet das coisas, e AI (Artificial Inteligence) ou Inteligência Artificial.
As fazendas inteligentes são cada vez mais comuns em todo o mundo. A agricultura de precisão e a utilização de IoT tornaram-se práticas comuns nas propriedades agrícolas, desde as maiores fazendas até o pequeno produtor rural. Com o uso da conectividade e inteligência artificial, é possível controlar e ter acesso a todo o processo produtivo.
Com esse crescente aumento do uso da internet e informações na agricultura, cresce também a necessidade de investir em segurança cibernética para proteger os dados gerados de ataques virtuais.
Neste post falaremos sobre o significado da segurança cibernética no agro, qual a sua importância, desafios e dicas para melhorar a cibersegurança na sua propriedade. Confira!
O que é segurança cibernética na agricultura e qual a sua importância?
A cibersegurança na agricultura refere-se à proteção de dados, informações, sistemas e infraestrutura tecnológica contra ameaças cibernéticas. Com o avanço da tecnologia e a crescente digitalização dos processos no setor agrícola, os produtores têm utilizado cada vez mais soluções como IoT, automação agrícola, sistemas de monitoramento remoto e análise de dados.
Entretanto, esse aumento no uso da tecnologia, apesar dos inúmeros benefícios, traz alguns riscos de segurança cibernética.
Nesse sentido, a segurança cibernética na agricultura envolve a implementação de práticas e medidas para proteger os sistemas agrícolas contra ataques e ameaças de hackers, invasões de redes, roubo de dados, travamento de máquinas, entre outros.
O produtor que investe na modernização das suas operações deve também se preocupar em investir na segurança dos seus sistemas, visto que um ataque pode comprometer toda a cadeia produtiva, causando problemas e prejuízos.
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Desafios
A cibersegurança na agricultura ainda é um desafio para alguns produtores. A proteção de informações e dados, dispositivos com padrões fracos de segurança e a falta de conhecimento dos usuários são alguns desses desafios. Veja os maiores:
- Conectividade e IoT: com o aumento do uso de tecnologia no agro, a utilização de sensores, IoT, drones e outros dispositivos de monitoramento permitem aos agricultores a coleta de dados valiosos que são utilizados para tomadas de decisões mais embasadas e assertivas. No entanto, alguns dispositivos podem ter padrões de segurança fracos, tornando-os vulneráveis a ataques cibernéticos. Além disso, a conectividade limitada em algumas áreas rurais pode dificultar a implementação de medidas de segurança mais robustas;
- Proteção de dados: os produtores têm armazenado cada vez mais dados sensíveis em sistemas digitais, como informações sobre colheita, condições climáticas, animais, dados financeiros e utilização de insumos. Essas informações são valiosas para hackers e podem ser usadas para extorsão, sabotagem ou roubo de identidade. A proteção adequada se torna essencial, principalmente se eles são compartilhados com terceiros, como fornecedores de serviços ou empresas de agritechs;
- Infraestrutura: algumas propriedades têm o sistema de TI desatualizado ou infraestruturas antigas que não foram desenvolvidas e projetadas com a questão da segurança cibernética em mente. Isso inclui equipamentos agrícolas, sistemas de irrigação e até mesmo sistemas de monitoramento agrícola. Essa falta de segurança pode colocar em risco todos os dispositivos, máquinas e softwares pois permitem que os invasores acessem facilmente os sistemas e causem interrupções e perdas nas operações agrícolas;
- Falta de conhecimento: a conscientização sobre os riscos cibernéticos no setor agrícola ainda é muito limitada. Muitos produtores e colaboradores podem não ter o conhecimento necessário das ameaças e das melhores práticas de segurança cibernética. Isso os torna mais suscetíveis a ataques de phishing, malwares e outras táticas de invasão de sistemas;
- Suply chain e agricultura de precisão: a agricultura de precisão, que usa tecnologias para otimizar todas as etapas produtivas, também apresenta desafios de segurança, visto que existe o armazenamento de dados desde a coleta de solo até informações de produtividade final. Já os sistemas da cadeia de suprimentos agrícolas envolvem várias partes, como produtores, distribuidores, varejistas e transportadoras. Assim, a segurança de dados e comunicações entre essas entidades é fundamental para garantir a integridade e segurança das informações e dos produtos agrícolas.
Esses desafios exigem uma abordagem holística da segurança cibernética no setor agrícola, incluindo investimento em tecnologias de segurança e conscientização de todos os envolvidos. Nesse sentido, algumas medidas podem ser tomadas para melhorar a segurança cibernética no agro, como atualização de equipamentos, auditorias, backups, entre outros.
Medidas para melhorar a cibersegurança no agro
Para quem trabalha com IoT na agricultura, a questão dos ataques cibernéticos é preocupante e real. Um vazamento de dados pode revelar informações confidenciais e até mesmo interromper as operações no campo. Por isso:
- Mantenha seus equipamentos sempre atualizados;
- Opte por substituir seus equipamentos mais antigos;
- Realize auditorias completas em todos os equipamentos em busca de vulnerabilidade em todo o sistema;
- Mantenha sempre um backup dos dados mais importantes. Ter sempre um backup regular dos dados e informações mais importantes em locais seguros trará maior segurança contra os efeitos de ataques de malwares e ransomwares;
- Em caso de equipamentos perdidos ou roubados, realize o bloqueio remoto do aparelho e apague todos os dados contidos nele;
- Utilize algoritmos baseados em IA para monitorar seus sistemas de forma completa a todo momento. Assim, você terá informações instantâneas caso haja algum problema, como, por exemplo, se algum usuário indevido estiver acessando o sistema ou alguma falha de irrigação estiver ocorrendo em algum ponto da lavoura etc.;
- Proteja sua propriedade contra malwares. O nome “malware” vem do inglês malicious software, sendo normalmente utilizado por criminosos cibernéticos para danificar, desabilitar um sistema, coletar informações e dados ou executar outras ações maliciosas.
Alguns problemas que os malwares podem causar:
- Bloquear seus equipamentos ou torná-los inutilizáveis;
- Imobilizar suas máquinas agrícolas;
- Roubar, deletar ou criptografar seus dados;
- Interferir em quaisquer sistemas automatizados utilizados na propriedade;
- Converter seus dados confidenciais em dados de domínio público.
Para se proteger do ataque de malwares você pode seguir algumas dicas como:
- Manter um backup seguro dos seus dados mais importantes: identifique todos os dados mais importantes que devem ter um backup de segurança. Mantenha essas cópias em um local separado do seu computador e considere utilizar serviços de nuvem para armazenar esses backups;
- Atualizar seu sistema operacional: nunca ignore atualizações dos sistemas e softwares pois eles podem conter correções de possíveis vulnerabilidades;
- Certificar-se que seus antivírus estejam ativos e atualizados: softwares de antivírus são sempre incluídos em sistemas e devem ser utilizados em computadores, laptops, tablets e celulares, caso seja possível;
- Mantenha seu firewall ativo: o firewall cria uma zona de buffer entre sua rede e sua internet. Uma buffer zone é um segmento de interconexão de rede neutra para conectar segmentos que operam sob uma política de segurança diferente. Verifique as configurações e certifique-se que seu firewall está ativo;
- Ative a verificação em duas etapas: recomenda-se que todas as contas tenham a autenticação em duas etapas ativa para login. Isso significa que todos que tiverem acesso à conta precisam ter a senha e um código enviado por mensagem de texto ao telefone cadastrado ou gerado em uma base rotativa por um aplicativo;
- Capacite seus colaboradores para que se previnam contra ataques cibernéticos: a maioria dos ataques são realizados por meio de colaboradores que clicam em links enviados por e-mails.
Sempre utilize senhas em seus dispositivos. A maioria dos sistemas requerem usuário e senha. Criminosos acreditam no fato de que a maioria das pessoas utilizam a mesma senha para todas as suas contas ou senhas fáceis como “senha1234”, por exemplo.
Os hackers roubam combinações de usuário e senha, muitas vezes testando senhas comuns e usuais. Por esse motivo, recomenda-se utilizar senhas diferentes para cada um dos seus dispositivos e contas online, especialmente contas de e-mail.
- Altere todas as senhas padrões;
- Não escolha senhas fáceis. Nunca utilize nomes de família, nomes de animais de estimação, local de nascimento, seu feriado favorito ou números e letras sequenciais como “1234” ou “qwerty”;
- Escolha senhas fortes e opte por ter senhas diferentes em cada sistema. Combine três palavras aleatórias para montar uma senha mais forte;
- Considere utilizar um gerenciador de senhas;
- Crie networks separados para IoT/sensores/controles. Entenda que os hackers podem atacar seu network de sensores e IoT. Portanto, mantenha os dados críticos em um network separado e nunca conecte os dois.
Alguns outros riscos estão na ofensiva de ransomware, que é o ingresso de softwares maliciosos que sequestram e criptografam informações e dados, que são liberados e descriptografados apenas mediante pagamento. Backups regulares e frequentes são a melhor defesa para esses ataques. Recomenda-se utilizar a regra 3-2-1-1-0:
- 3 cópias dos seus dados;
- 2 mídias diferentes (ou mais);
- 1 cópia externa;
- 1 cópia imutável ou offline;
- 0 erros de recuperação.
Na prática, é necessário ter ao menos três cópias dos seus dados. Assim, você evita falhas e riscos que possam comprometer suas informações, caso uma das versões seja comprometida.
Além dessas cópias, é importante também atentar-se ao local onde esses backups serão salvos. Recomenda-se armazenar essas cópias em duas mídias diferentes, pois estas possuem níveis de durabilidade distintos. Dessa forma, se houver problemas com uma delas, ainda é possível contar com a outra, evitando perdas totais.
Ao escolher os locais para armazenamento dos backups, é ideal que uma das cópias seja mantida em um local externo à propriedade. Isso pode incluir filiais, data centers ou nuvens.
Outra recomendação é que um dos backups seja armazenado offline em uma mídia desconectada dos ambientes de rotina. Uma alternativa é investir em uma cópia imutável.
Por fim, após seguir todos esses passos, é fundamental certificar-se de que nenhuma cópia apresente erros de recuperação durante a verificação do backup. Recomenda-se testar regularmente os dados mais sensíveis a fim de garantir que estejam seguros e sem falhas.
Conclusão
O aumento do uso da tecnologia no campo trouxe inúmeros benefícios ao produtor, porém é necessário ficar atento aos perigos que podem afetar essas ferramentas.
Os desafios da segurança cibernética nesse setor exigem uma abordagem geral em toda a cadeia produtiva, o que inclui o investimento em tecnologia segura, conscientização e treinamento de todos os envolvidos, colaboração entre as partes interessadas e regulamentações que incentivem boas práticas de segurança.
Nesse sentido, a proteção dos sistemas e dados agrícolas é essencial para garantir a segurança e funcionalidade de todo o agronegócio. Manter equipamentos atualizados, substituir equipamentos mais antigos, realizar auditorias, manter um backup seguro dos seus dados e informações mais importantes são apenas alguns dos passos para aumentar a segurança cibernética na sua propriedade, garantindo assim a continuidade dos processos.
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