Principais tipos de sementes e suas características

Principais tipos de sementes e suas características

As sementes são estruturas biológicas obtidas a partir de fecundação que contém o embrião da planta, juntamente com alguns dos nutrientes necessários para que o embrião possa germinar e crescer com vigor, possibilitando a formação de uma planta adulta.

Em resumo, uma semente é um óvulo maduro fecundado capaz de produzir uma planta viável.

Qual a importância das sementes na agricultura?

A semente é considerada o principal insumo da lavoura, pois é o potencial de germinação contido no lote de sementes plantado que determinará qual o teto de produção que aquela determinada área poderá alcançar. Esse potencial vem das características genéticas dessas sementes, por isso sempre é bom ressaltar a importância de se adquirir sementes com origem genética conhecida, vindas de fornecedor confiável.

Por conta da tecnologia envolvida em sua produção, via de regra, as sementes são um dos itens mais caros do investimento que o produtor despende para iniciar sua lavoura. Mais um motivo para adquirir sementes com qualidade comprovada e que irão trazer o retorno esperado para a lavoura.

Leia também: Sementes piratas e os riscos de usá-las nas lavouras

Estruturas morfológicas da semente

À primeira vista, uma semente qualquer pode parecer uma unidade maciça, sem diferenciações. Mas, na verdade, uma semente é um organismo vivo e complexo onde há diferentes processos metabólicos ocorrendo em diversas estruturas fundamentais para a germinação. Vejamos quais são essas estruturas.

O embrião é a “planta dentro da semente”, que contém o material genético (DNA) que será responsável em converter essa semente em plântula. Geralmente é formado por um eixo mais ou menos diferenciado (eixo hipocótilo-radícula) e pela inserção dos cotilédones.

Um embrião maduro apresenta então as seguintes partes:

  • Radícula: raiz rudimentar que dará origem a todo sistema radicular da planta;
  • Hipocótilo: região acima da radícula e abaixo da inserção dos cotilédones;
  • Plúmula: é a parte vegetativa do embrião, que dará origem ao caule, ramos e folhas.

O eixo embrionário é a parte vital do embrião que possui capacidade de crescimento, por possuir tecidos com capacidade de divisão celular localizados em ambas as extremidades. O meristema apical da parte aérea irá originar a parte aérea, enquanto que o meristema apical do sistema radicular, irá originar a porção radicular.

O restante da semente é formado por material de reserva (endosperma/cotilédone). Essa reserva contém água e nutrientes que serão consumidos pelo embrião durante o processo de germinação, contribuindo para a nutrição da semente antes da formação de raízes.

Cotilédones: primeiras folhas embrionárias muitas vezes confundidas com folhas verdadeiras no estágio de plântula.

Esquema demonstrando a estrutura da semente de soja



Glycine max L. (soja). Fonte: Mapa/ACS, 2009.

Tegumento: é a “capa” protetora das sementes, que reveste toda a estrutura e também regula as trocas de água e gasosas com o ambiente, impedindo o acesso de insetos e microrganismos e mantendo unidas as partes internas da semente quando for o caso. Também são responsáveis pela cor das sementes, o que em alguns casos permite-se diferenciar variedades diferentes de uma mesma espécie.

O tegumento é dividido em duas partes:

  • Testa: parte externa que, em alguns casos, é a única parte do tegumento;
  • Tegme: parte interna. Pode ser ausente ou fundido à testa.

É importante salientar que essas são as estruturas mais básicas das sementes em geral, porém há uma variação considerável se observarmos sementes de diferentes grupos vegetais. Por exemplo, as sementes de leguminosas (família Fabaceae) possuem dois cotilédones, onde está o endosperma. Já as sementes de milho possuem apenas um cotilédone.

Semente de milho e semente de algodão posicionadas lado a lado, comparando suas diferenças estruturais
Diferenças estruturais entre sementes de milho (esquerda) e algodão (direita). Fonte: Mapa/ACS, 2009.

Por essa diferença nomeamos as sementes como monocotiledôneas e dicotiledôneas. A diferença está na folha embrionária: enquanto nas monocotiledôneas há apenas uma folha embrionária, nas dicotiledôneas há duas. Outros dois aspectos importantes são as diferenças entre as folhas e raízes.

Plantas monocotiledôneas têm raízes fasciculadas e folhas com nervuras paralelas (folha estreita) enquanto que as dicotiledôneas têm raízes pivotantes e folhas com nervuras ramificadas (folha larga).

Há ainda diferenças nas flores e região vascular da planta como veremos a seguir:

Diferenças entre as sementes monocotiledôneas e dicotiledôneas
Diferenças entre as sementes monocotiledôneas e dicotiledôneas.

Veja também: Germinação de sementes: metabolismo, fatores influenciadores e avaliação

Classificação de sementes

Uma das funções das sementes é garantir que haja reservas de “alimento” ao embrião até que este esteja totalmente formado. Essas reservas têm características distintas em diferentes tipos de sementes, o que nos leva à seguinte classificação:

  • Sementes Amiláceas: têm o amido como principal componente de reserva. Exemplo: milho;
  • Aleuro-amiláceas: além do amido, têm proteína como estrutura importante de reserva. Exemplo: feijão;
  • Oleaginosas: têm lipídeos (gordura) como principal componente de reserva. Exemplo: amendoim;
  • Aleuro-oleaginosas: além dos lipídeos, têm proteína como importante componente de reserva. Exemplo: soja;
  • Córneas: têm a celulose e hemicelulose como componentes de reserva. Exemplo: caqui.

Essas fontes de reserva apontam para a utilização destas espécies como produtos. A presença de gorduras torna a espécie promissora para a produção de óleos. Já carboidratos e proteínas são úteis como alimento humano e animal. Outro norte apontado por essa classificação é quanto ao armazenamento dessas sementes, pois, via de regra, sementes mais ricas em óleo tendem a “rancificar” com maior facilidade exigindo maiores cuidados e consumo mais rápido.

Também visando o armazenamento das sementes, temos a diferenciação entre sementes ortodoxas e recalcitrantes.

Sementes Ortodoxas x Sementes Recalcitrantes

Sementes ortodoxas são aquelas que têm baixa concentração de água quando dispersas, perdendo água durante sua maturação, logo após o acúmulo das substâncias de reserva. Essas sementes toleram a secagem artificial e o armazenamento em baixa umidade sem afetar a sua viabilidade. Exemplos: soja, milho.

Por sua vez, as sementes recalcitrantes tem elevado grau de umidade quando dispersas da planta mãe. Pedem ser pouco ou altamente sensíveis à desidratação, havendo, portanto, diferentes níveis de recalcitrância.

As sementes altamente recalcitrantes iniciam o metabolismo imediatamente após a dispersão e, não encontrando condições para a germinação, começam a perder água imediatamente. Exemplos: guaraná e cacau.

Tendo em vista as diferenças bioquímicas, há algumas técnicas para o armazenamento de sementes ortodoxas e recalcitrantes.

Para as ortodoxas, o armazenamento em galpão seco e arejado e/ou, dependendo da espécie, em câmara fria, deve ser o suficiente para manter a qualidade fisiológica dessas sementes.

Sementes de soja ensacadas e posicionadas em prateleiras em câmara fria
Armazenamento de sementes de soja em câmara fria. Fonte: Autora.

Já para as recalcitrantes os cuidados são maiores: armazenar em água, em quantidade insuficiente para iniciar o processo de germinação; armazenar em alto volume de água, porém em recipientes que não permitam a troca de vapor d’água; e armazenar por um tempo consideravelmente menor do que as sementes ortodoxas são as técnicas mais utilizadas.

Gostou desse conteúdo? Leia também o nosso artigo sobre qualidade das sementes e sua importância como insumo agrícola. Boa leitura!

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