A laranja desempenha um papel fundamental no contexto do agronegócio brasileiro, exercendo uma influência significativa na economia do país. O Brasil é reconhecido como o maior produtor e exportador de laranjas do mundo, um feito que se traduz não apenas na produção da fruta, mas também na exportação do suco concentrado.
Além disso, a cultura é responsável por gerar milhares de empregos diretos e indiretos, desempenhando também um papel crucial no desenvolvimento socioeconômico do país. Para se ter uma ideia da sua importância global, a cada 10 copos de suco de laranja consumidos em todo o mundo, oito são produzidos no Brasil.
Este artigo explorará em detalhes a importância econômica da laranja para o Brasil, destacando seu papel como impulsionadora do crescimento do país. Além disso, serão abordados detalhes sobre como plantar e cultivar essa fruta de destaque no cenário nacional e internacional. Boa leitura!
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Histórico da laranja no Brasil
A laranja (Citrus sinensis) é uma fruta de origem asiática, presumidamente do Sul da China, introduzida no Brasil pelos portugueses entre 1530 e 1540, com o propósito de cultivo e utilização como uma fonte de vitamina C para combater o escorbuto, doença que representava um sério desafio durante as extensas viagens marítimas. As primeiras sementes de laranja doce foram plantadas nos estados da Bahia e São Paulo, onde encontraram condições altamente favoráveis para crescer e se desenvolver, resultando em uma produção satisfatória.
Na Bahia, em meados do século 19, ocorreu uma mutação natural da laranja Seleta, dando origem à laranja Bahia, conhecida por seus frutos maiores e mais suculentos. Hoje, a laranja Bahia é amplamente reconhecida como a variedade mais produzida e consumida in natura em todo o mundo.
Atualmente, a citricultura brasileira tem conquistado crescente destaque tanto no cenário internacional como no âmbito interno, sobretudo no que diz respeito à produção de laranjas, tangerinas, limoeiros ácidos e limões verdadeiros. Além de desempenhar um papel fundamental no equilíbrio da balança comercial nacional, a citricultura também contribui significativamente para o desenvolvimento socioeconômico, gerando milhares de empregos diretos e indiretos na área rural.
Produção da laranja no Brasil
De acordo com o relatório bianual divulgado em julho de 2023 do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) que aborda dados de comércio, produção, consumo, estoque, bem como a análise do panorama mundial de desenvolvimento que afeta o comércio mundial de citros, o Brasil ocupa a primeira posição na produção de laranja.
Além disso, o país também é o primeiro em produção e exportação de suco simples (pasteurizado) de laranja e concentrado congelado, conferindo à cultura o maior valor de produção no agronegócio da fruticultura do país. Segundo a Embrapa, a cada dez copos de suco de laranja consumidos no mundo, oito são brasileiros.
De acordo com dados do IBGE, em 2022, a produção nacional de laranja foi de aproximadamente 17 milhões de toneladas, totalizando mais de 14 bilhões de reais em valor de produção. Nos últimos 60 anos, a produção brasileira da fruta aumentou em cerca de 9,2 vezes, saltando de 1,8 milhão de toneladas em 1961 para 16,2 milhões em 2021.
Entre os maiores estados produtores estão São Paulo, com 77,1% da produção, seguido por Minas Gerais (6,0%) e
Paraná (3,9%). São Paulo se destaca, entre outros fatores, pelas condições climáticas favoráveis, pesquisas de vanguarda na área, colheita contínua ao longo do ano, disponibilidade de mão de obra a preços acessíveis, juntamente com a implementação da mecanização na agricultura, promovendo a uniformização da produção e aprimorando a qualidade do produto. Atualmente, a área destinada à laranja no estado é de 362.700 hectares.
Compondo o cinturão citrícola, juntamente com São Paulo, o estado de Minas Gerais – mais especificamente o Triângulo/Sudoeste Mineiro – é o segundo maior produtor nacional. Com aproximadamente 38.850 hectares de área colhida, arrecadando cerca de R$ 1 bilhão do total de produção.
Já o Paraná ocupa o terceiro lugar em produção nacional. A laranja representa a fruta mais produzida no estado, estando presente em 286 dos 399 municípios paranaenses.
Geração de empregos
A cadeia produtiva da laranja no Brasil é composta por diversos elos, incluindo insumos, sistemas de produção, indústria de processamento de frutas, distribuição e, por fim, o consumo. Ela abrange uma ampla variedade de setores, desde empresas fornecedoras de insumos agrícolas até o consumo final.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), na safra 2021/2022, a produção de laranja gerou um total de 27.890 novos empregos entre julho de 2021 e abril de 2022, representando um crescimento de 20,6% em relação à safra anterior. Esse setor foi responsável por 6,47% do total de novas admissões geradas pela agricultura durante o mesmo período.
Vale ressaltar que, devido à longa duração da safra, podendo se estender por até 10 meses em algumas ocasiões, a mão de obra necessária é contratada por todo esse período. Isso tem um impacto significativo no aspecto socioeconômico, pois proporciona empregos formais em regiões carentes de oportunidades, contribuindo para o desenvolvimento e geração de renda nessas áreas.
Propriedades nutricionais e benefícios da laranja
O interesse do mercado mundial pela laranja tem sido crescente, especialmente devido à tendência cada vez maior de se investir em produtos mais saudáveis e ricos em vitaminas e sais minerais. Outro fator que desencadeou a expansão desse mercado foi o desenvolvimento de novas bebidas, sucos, mix de frutas e néctares de laranja, todos com forte apelo ao bem-estar, devido às propriedades da laranja que veremos a seguir.
A laranja é um alimento funcional que apresenta altos teores de fibras, vitaminas A e C, flavonoides e betacaroteno. Possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que fortalecem o sistema imunológico e previnem o aparecimento de doenças crônicas, como é o caso das cardiovasculares.
Confira os principais benefícios da laranja:
- Favorece o funcionamento do sistema digestivo: por ser rica em fibras, a laranja auxilia no processo de digestão, contribuindo para a formação do bolo fecal e para o trânsito intestinal;
- Fortalece o sistema imunológico: as vitaminas A e C presentes na laranja, bem como o folato, estimulam a produção de glóbulos brancos, que são células de defesa essenciais para o combate de infecções, ajudando a fortalecer o sistema imune;
- Beneficia a estrutura dos ossos: com altos teores de cálcio, fósforo e magnésio, a laranja proporciona o fortalecimento, resistência e aumento da densidade óssea;
- Ajuda a retardar o envelhecimento precoce: a presença de betacaroteno, vitamina A e vitamina C conferem à laranja ações antioxidantes e anti-inflamatórias, ajudando a combater os radicais livres e estimulando a produção de colágeno na pele;
- Dificulta o aparecimento de doenças cônicas: as propriedades nutracêuticas da laranja ajudam a prevenir doenças crônicas, como as cardiovasculares. As fibras presentes na fruta, em especial a pectina, auxiliam na redução do colesterol ruim e dos triglicerídeos, grandes responsáveis pela formação de placas de gorduras nas artérias, reduzindo, assim, absorção de gorduras provenientes da alimentação;
- Previne a anemia: a laranja é eficaz na prevenção da anemia devido à sua alta concentração de vitamina C e ácido cítrico, que facilitam a absorção do ferro dos alimentos. Além disso, apresenta folato em sua composição, que desempenha um papel fundamental na formação de glóbulos vermelhos saudáveis;
- Auxilia no controle da glicemia: rica em fibras, a laranja ajuda a reduzir a absorção de açúcar da alimentação pelo intestino e a controlar os níveis de glicemia. No entanto, por conter alto teor de açúcar, é importante contar com a orientação de um nutricionista antes de consumi-la indiscriminadamente.
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Condições de cultivo da laranja
O clima desempenha um papel significativo no desenvolvimento e durabilidade das plantas cítricas, bem como na qualidade e quantidade de seus frutos. Em geral, a temperatura ideal para o cultivo dos citros situa-se entre 20 e 30ºC, suportando temperaturas mínimas de 10ºC e máximas de 35ºC.
No que tange à pluviosidade, a distribuição inadequada de chuvas ou a sua falta prejudica a produção dessas frutíferas, limitando-as. O ideal é contar com uma média de 1200/1300 mm ao ano, destacando que os melhores rendimentos de citros, geralmente, são atingidos em áreas irrigadas.
Condições de solo
Os citros, em geral, desenvolvem-se bem em solos com ampla variação textural, mas são os de textura média os mais adequados para o seu crescimento, em torno de 20% de argila.
Entre os principais fatores para o bom desenvolvimento dessas plantas está a boa drenagem. Por serem plantas de folhas persistentes durante o ano, precisam de água continuamente.
Além disso, são plantas muito sensíveis à acidez e exigentes em magnésio e cálcio, principalmente. É importante ressaltar que a fertilidade natural do solo não é um fator determinante para os citros, ficando em segundo plano em relação às características físicas.
Produção de mudas
A qualidade das mudas é um fator determinante para que uma lavoura de laranja alcance ou não o sucesso de produção. Por isso, a muda é o principal insumo na implantação de um pomar.
As mudas de laranja são produzidas por meio de porta-enxertos. Confira as etapas para a sua produção:
- Escolha do porta-enxerto e copa: a escolha do porta-enxerto e da copa é muito importante e deve levar em consideração alguns fatores, como o potencial produtivo, resistência à doenças e pragas e compatibilidade entre enxerto e porta-enxerto;
- Formação do porta-enxerto: para o plantio de mudas, é importante obter sementes de árvores saudáveis e produtivas. Antes da semeadura, as sementes devem ser preparadas, incluindo a remoção da mucilagem, secagem e tratamento com fungicida sistêmico. A semeadura é realizada em canteiros, cujo comprimento varia de acordo com a quantidade desejada de mudas. Os sulcos são abertos a espaços de 15 a 20 cm e 2,0 cm de profundidade, com cerca de 100 sementes por metro linear. Para proteção contra a insolação, pode-se utilizar serragem ou palha seca, retirando-a à medida que as sementes germinam, geralmente 15 a 30 dias após a semeadura;
- Enxertia: para realizar a enxertia, é preciso obter borbulhas de plantas-matrizes da variedade desejada ou de borbulheira fiscalizada. A enxertia pode ser feita com seis meses após a semeadura, usando o método de borbulhia em “T invertido”, a uma altura de 30 cm do solo, em mudas com caule superior a 1,0 cm de diâmetro. É importante verificar o pegamento após 20 dias da enxertia;
- Cuidados a serem adotados no viveiro: no viveiro, alguns cuidados devem ser adotados, tais como irrigação, adubação, controle de pragas invasoras, tutoramento, tratos fitossanitários e poda de formação.
Plantio e cultivo
O primeiro passo a ser realizado antes do plantio das mudas é o preparo das covas, que deve ser realizado com antecedência mínima de cerca de 30 dias. Para isso, deve-se atentar aos seguintes passos:
- Abertura da cova com 50 cm de boca e 50 cm de profundidade;
- Espaçamento entre plantas de 6,0 x 6,0 metros;
- Separar duas camadas de terra: uma superficial de terra e outra camada barreta;
- Nesse momento, deve-se fazer a adubação da cova, utilizando-se 1 quilo de calcário dolomítrico, 250 gramas de superfosfato triplo e 15 litros de esterco de curral ou 5 litros de cama de aviário. O ideal nessa etapa é que se faça uma análise do solo para verificar a necessidade de correção;
- Misturar o adubo com a terra seca;
- Encher a cova com a mistura e completar com a camada barrenta.
A época ideal para o plantio de laranjeiras é no início das chuvas, entre janeiro e fevereiro, uma vez que ajudará as plantas a suportarem melhor o período de estiagem.
Após a preparação das covas, será realizado o transplante da muda. As mudas suportam o transplante de raiz nua (sem torrão), cortando as raízes longas e realizando a poda de formação.
Faça um buraco no centro da cova, preenchida previamente com a mistura de adubo, terra superficial e barro, e plante a muda um pouco acima do nível do solo para que, à medida que a terra se ajusta, o colo da planta fique no nível do solo. Compacte a terra ao redor da muda para eliminar o ar.
Após 40 dias do plantio, realize a adubação de cobertura, espalhando-a ao redor da planta. Utilize 30 gramas de cloreto de potássio e 50 gramas de ureia. Repita o mesmo processo entre os meses de maio e junho.
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Doenças e pragas nos pomares de laranja
Assim como outras culturas, os citros são vulneráveis à doenças, que podem ser causadas por fungos, bactérias ou vírus, bem como à ataques de pragas. Vejamos algumas das principais.
Doenças causadas por fungos
- Gomose: é causada pelo fungo Phytophthora spp. Os sintomas podem variar de acordo com a cultivar, idade da planta, condições ambientais e órgãos da planta a serem atacados. Geralmente, causam lesões no colo da planta e em outras partes do tronco, provocando a descoloração do tecido afetado. Os sintomas secundários abrangem o amarelecimento, murcha e queda das folhas, podendo ainda formar lesões nos frutos e ramos novos quando atingidos diretamente pelo fungo. Entre as medidas preventivas estão: plantio de mudas sadias, evitar ferimentos na planta e o plantio em locais úmidos, fazer a enxertia das mudas a 20 cm do solo, entre outras. Já as medidas curativas envolvem a aplicação de fungicidas e tratamento de solo;
- Pinta preta: é causada pelo patógeno Guignardia citricarpa, atingindo folhas e frutos. As lesões de mancha preta são as mais típicas, ocorrendo principalmente quando os frutos estão em fase de amadurecimento. Nas folhas também aparecem lesões de manchas pretas em ambos os lados da folha. Importante ressaltar que os frutos estão suscetíveis à infecção por pinta preta por 4 a 5 meses, podendo, inclusive, manifestar-se após a colheita. Recomenda-se a aplicação de fungicidas para proteger os frutos durante o período de 4 a 5 meses após a florada;
- Rubelose: a doença é causada pelo fungo Corticium salmonicolor, afetando principalmente os ramos principais, tronco da planta e revestimento na base dos ramos, provocando a seca e a morte dos ramos. Para o controle, recomenda-se a aplicação de fungicidas, a melhora da aeração da copa, a poda de ramos doentes, entre outras.
- Melanose: causada pelo patógeno Diaporthe citri., provocando o aparecimento de manchas circulares pardo-claras, menores que 1 mm de diâmetro, especialmente em tecidos jovens. Para o seu controle, é recomendada a poda dos ramos afetados e a pulverização com fungicidas.
Doenças causadas por bactérias
- Cancro crítico: causada pelo Xanthomonas citri, causando erupções em folhas, frutos e ramos. Nas folhas e frutos, essa lesões apresentam aspecto corticoso, duro e com halo amarelado em volta. Entre as formas de controle estão o plantio de cultivares menos suscetíveis, emprego de práticas culturais e pulverização de bactericidas cúpricos.
- Huanglongbing – HLB (greening): o greening é causado pelos patógenos Candidatus Liberibacter africanus, Liberibacter americanus e Liberibacter asiaticum. O primeiro sintoma observado na planta é o surgimento de brotações amarelas, levando ao amarelecimento progressivo de toda a planta. As folhas apresentam manchas amareladas e frutos mal coloridos, com suco com baixo teor de sólidos, alta acidez e amargor excessivo. Para o controle da doença, é importante empregar material propagativo sadio, eliminação de plantas doentes em pomares novos e controle de insetos vetores (nesse caso, duas espécies de psilídeos, Trioza erytreae e Diaphorina citri).
Doenças causadas por vírus
- Tristeza: causada por um vírus que circula na seiva da planta. Seu maior agravante é a sua distribuição pelas mudas por um inseto vetor: o pulgão Toxoptera citricidus. Os principais sintomas são caneluras, paralisação de desenvolvimento da planta, nanismo e sintomas de deficiência nutricionais. Para o controle da doença, recomenda-se a combinação de copa e porta-enxerto tolerantes ao vírus ou pré-imunizadas com tipos fracos destes vírus;
- Leprose: é causada por um vírus transmitido pelo ácaro vermelho (Brevipalpus phoenicis) e ocorre principalmente em laranjeiras doces. Ocasiona lesões rasas amareladas arredondadas (às vezes com o centro marrom ou necrosado) nas folhas, visíveis nas duas faces. Além disso, provoca sintomas nos ramos e frutos, levando à redução de produtividade e do valor comercial da fruta. Como medidas de controle são recomendadas as seguintes: plantio de mudas sadias, poda de limpeza, eliminação de partes afetadas (a eliminação de plantas só se justifica quando não forem economicamente produtivas) e controle químico com acaricidas, alternando o uso de acaricidas do mesmo grupo para evitar resistência ao produto;
- Exoprose: causada por viroides que circulam na seiva da planta, disseminados pelas mudas. Os sintomas se dão nos porta-enxertos, com o descascamento dos tecidos superficiais seguidos de nanismo. Para seu controle, recomenda-se o uso de material propagativo sadio;
- Xiloprose: a doença é causada por um viroide e propagada por borbulhia. Entre os sintomas está o nanismo acentuado e a descoloração integral das folhas, que pode ser revertida com adubação específica. No tronco do porta-enxerto, ocasiona pequenas saliências semelhantes a porosidades na superfície do xilema, logo abaixo da casca. O controle da doença pode ser feito por meio de microenxertia ou pela obtenção de clones nucelares.
Confira no vídeo abaixo como identificar os principais sintomas greening e dicas de como prevenir a ocorrência da doença:
Pragas
A verificação regular do pomar é de extrema importância para a detecção de pragas, uma vez que possibilita não só a sua identificação, mas também constatação da extensão da infestação. O uso de inseticidas deve ocorrer apenas após a inspeção e avaliação tanto das pragas quanto de seus inimigos naturais.
As pragas podem ser classificadas em primárias e secundárias. As primárias ocorrem todos os anos, em altas populações, provocando grandes prejuízos ao produtor. Nesses casos, é necessário utilizar medidas de controle.
Como exemplos de pragas primárias, podemos citar:
- Ácaro da ferrugem (Plyllocoptruta oleivora): causa grandes prejuízos no fruto, reduzindo o peso e comprometendo a aparência externa. Consequência disso é a o menor valor comercial, especialmente quando vendidos in natura;
- Ortézia dos citros (Orthezia praelonga): está entre as pragas que causam maiores prejuízos aos citros. Essa praga suga a seiva da planta e injeta toxinas, causando o aparecimento de fumagina em folhas, frutos e ramos. Para o seu controle, é recomendada a feitura de podas de limpeza dos focos iniciais e o uso de inseticidas sistêmicos nas áreas em que a infestação é localizada;
- Minador das folhas dos citros (Phyllocnistis citrela): ataca principalmente as novas brotações, causando maiores prejuízos em viveiros e em pomares novos. As folhas atacadas tornam-se secas e inativas em sua função fotossintética, reduzindo a produção de frutos e prejudicando o crescimento da planta. Em viveiros e pomares recém-instalados, recomenda-se a pulverização de inseticidas em intervalos de 8 a 10 dias. Já em pomares adultos, não é recomendado o controle químico, sendo este ineficiente;
- Broca da laranjeira (Cratossomus flavofasciatus): o besouro deposita os ovos no interior do tronco e ramos, local onde a larva provoca o dano. As populações de adultos ocorrem no período entre julho e novembro, enquanto as larvas desenvolvem-se entre fevereiro e julho. As larvas podem ser controladas com pasta de fosfeto de alumínio ou meios físicos. Já os adultos são atraídos pela planta armadilha Cordia verbenaceae (“maria preta”).
Já as pragas secundárias são aquelas que ocorrem em baixas populações, provocam poucos danos econômicos e, por isso, raramente exigem medidas de controle. As mais comuns são: moscas-das-frutas (Anastrepha fraterculus); ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis), mosca branca (Aleurothrixus floccosus); pulgão preto (toxoptera citricidus); cochonilha verde (coccus viridis); cochonilha cabeça-de-prego (crysomphalus ficus); cigarrinhas de xilema associadas à CVC (Clorose Variegada dos Citros).
Cuidados com a colheita e pós-colheita
Os frutos devem ser colhidos no estádio de maturação adequado para o consumo, o que é determinado pelas características específicas de cada variedade. A colheita pode ser feita torcendo o pedúnculo e arrancando o fruto ou usando tesouras/alicates de colheita, sendo este método o mais recomendado.
Apesar de mais rápido, o arranquio pode causar danos aos frutos, especialmente na região do pedúnculo, tornando-os vulneráveis a patógenos e à perda de água. A colheita feita com tesouras é mais cuidadosa, sendo realizada em duas etapas: primeiro, o fruto é cortado do galho, e depois, o pedúnculo é cortado rente ao cálice.
Evite colher frutos nas primeiras horas da manhã quando ainda estão cheios de água devido ao orvalho ou à chuva. Frutos com cortes ou outros danos devem ser descartados no campo.
Procedimentos pós-colheita da laranja
Depois que os frutos são retirados do pé, inicia-se outra etapa importante: o pós-colheita. Com o objetivo de garantir a qualidade dos produtos, toda a produção deve ser levada à empacotadora no mesmo dia da colheita, utilizando veículos e equipamentos adequados, limpos e higienizados.
As laranjas são colocadas em caixas plásticas limpas, visando evitar a contaminação e preservar a integridade dos frutos. Deve-se evitar também o pisoteio da carga e a sobrecarga.
Após o transporte, a laranja passa pelas seguintes etapas:
- Recepção: na etapa de recepção, é obrigatório identificar e registrar os frutos quanto à sua procedência para garantir a rastreabilidade. É essencial realizar a limpeza e higienização dos ambientes e do maquinário antes de iniciar o processamento das frutas;
- Lavagem: nesse processo, utilizam-se produtos neutros ou específicos para a cultura, ou sanitizantes recomendados de acordo com a legislação em vigor;
- Seleção: durante a seleção, devem ser descartados os frutos que sofreram danos mecânicos, bem como os frutos verdes, com baixo índice de ratio, coloração de suco fraca e os muito maduros, que são mais suscetíveis a doenças e danos mecânicos;
- Classificação: a classificação das laranjas é determinada com base na cor da casca, diâmetro do fruto (em milímetros) e na presença de defeitos e manchas (%), que determinam, respectivamente, a coloração, a classe e a categoria do lote. Essas informações devem ser incluídas nos rótulos das embalagens;
- Armazenamento: em geral, as laranjas são armazenadas a uma temperatura de 5ºC e com uma umidade relativa de 90-95%, por aproximadamente dois meses.
Conclusão
Portanto, a laranjeira é uma frutífera amplamente cultivada em pomares domésticos e comerciais em todo o país, desempenhando um papel de destaque tanto no cenário econômico quanto no desenvolvimento socioeconômico do Brasil, gerando empregos e fortalecendo o setor agrícola.
E então, gostou desse conteúdo? Confira nosso texto sobre como cultivar a laranja kinkan e seus benefícios à saúde. Boa leitura!
