Confinamento a pasto é uma técnica que visa a engorda do gado de corte, oferecendo capim no pasto e ração no cocho, na mesma área, com um custo menor em relação aos outros sistemas.
Parece uma estratégia “simples” na pecuária, todavia com objetivo de garantir boa produtividade, é preciso fazer o manejo correto do gado, fornecendo a alimentação adequada. Caso contrário, os animais podem perder peso e até ficar doentes, causando prejuízos.
Por isso, no artigo de hoje vamos explicar tudo o que você precisa saber sobre o confinamento a pasto. Confira!
O que é confinamento a pasto?
Primeiramente é preciso lembrar que a alimentação do gado é uma das tarefas mais importantes no manejo dos animais. Ela garante a produção e a reprodução e, por isso, representa um investimento indispensável tanto na pecuária de corte como de leite.
Dessa forma, é preciso planejar a alimentação de todas as etapas da vida desses animais. Normalmente, ela é feita por meio de pastagens, ração, bem como suplementação de vitaminas e sais minerais, visando a engorda de maneira saudável.
Como se trata de um investimento a longo prazo, é preciso ter estratégias nesse manejo. Uma delas é o confinamento, que permite o abate precoce dos animais e ao mesmo tempo a produção de carne de melhor qualidade.
Entretanto, para o confinamento é preciso implantar uma estrutura que nem todo pecuarista tem dinheiro suficiente. Se não tiver condições de realizar esse investimento, existe uma alternativa: o confinamento a pasto.
Como citamos no começo do texto, é o sistema de criação em que os animais são mantidos no pasto e têm acesso ao capim e ração ao mesmo tempo. Dessa forma, o gado recebe todos os nutrientes necessários para engorda, mesmo em períodos de seca e sem a necessidade de serem transferidos à currais ou galpões.
Nesse sistema, também conhecido como terminação intensiva a pasto (TIP), após o período de adaptação, a oferta de ração é aumentada até chegar a 2% do peso vivo do animal, visando maior deposição de gordura na carcaça.
Vantagens desse sistema de confinamento
Além da engorda rápida, o confinamento a pasto é vantajoso pois reduz o custo da produção em até 40% e requer menor investimento de implantação porque as instalações são simples.
Os animais podem entrar no sistema de confinamento a pasto com aproximadamente 15 arrobas. Depois de três meses, já estão no peso ideal para abate: cerca de 20 arrobas.
A combinação de ração e capim também resulta em aumento do consumo energético e, consequentemente, o aumento da cobertura de gordura e melhor rendimento da carcaça.
Outra vantagem de implantar o confinamento a pasto para o gado de corte é a possibilidade de manter uma alimentação equilibrada e o ritmo de engorda mesmo em períodos de seca, sem gastos adicionais.
Existem alguns pecuaristas que adotam esse sistema somente no período de seca, visando suprir a falta de pasto em boas condições de alimentar o rebanho.
Ademais, o confinamento a pasto permite aumentar a taxa de lotação recomendada, ou seja, 8 a no máximo 10 animais por hectare.
Diferença entre o confinamento a pasto e os outros sistemas de criação
Atualmente, existem pelo menos três formas de criar os gados de corte: o confinamento tradicional, o semiconfinamento e o confinamento a pasto (TIP).
O confinamento tradicional consiste em criar o gado em baias e fornecer alimento em cochos. Nesse caso, a alimentação é feita principalmente com ração e o animal não tem acesso ao pasto para engorda.
Nos sistema de semiconfinamento tradicional, os animais têm livre acesso ao pasto e recebem suplementação em cochos. Embora ele seja bem semelhante ao TIP, há uma grande diferença na oferta de concentrado.
No semiconfinamento os animais recebem 1% do seu peso vivo em ração, ao passo que no confinamento a pasto a oferta é aumentada até que atinja 2%.
Além disso, a taxa de lotação do TIP é mais alta (ideal: 8 animais) do que o semiconfinamento (dois animais por hectare), resultando em maior rendimento.
Conforme mostramos acima, o confinamento a pasto é o sistema de criação mais vantajoso porque é de fácil implantação e o seu rendimento é muito maior!
Como implementar o confinamento a pasto
Para implementar o sistema de confinamento a pasto primeiramente é necessário planejamento.
Segundo o pesquisador em Nutrição Animal na Embrapa Gado de Corte, Sergio Raposo de Medeiros, “o principal erro é tentar fazer o confinamento de gado no improviso, ou seja, sem o devido planejamento”.
Para tanto, o primeiro passo, com o propósito de implantar o confinamento a pasto, é definir a taxa de lotação de acordo com a capacidade da área. No geral, conforme citamos acima, o mais indicado é 8 animais por hectare porque, quando a taxa de lotação é muito alta, o pecuarista pode encontrar dificuldades em movimentar e alimentar esses animais.
Além disso, é preciso levar em consideração o tempo de adaptação ao sistema de confinamento a pasto, que pode demorar de duas a três semanas. Durante esse período, o aumento do volume de ração deve ser feita de forma gradual, sempre nos mesmos horários.
Ademais, para que o TIP seja bem sucedido, é importante que o pecuarista tenha estrutura para oferecer água e forragem de qualidade e em boa quantidade.
Cuidados ao manejar o gado
Embora o confinamento a pasto não exija alto investimento, mais alguns cuidados são necessários com o fim de garantir a saúde dos animais e a boa produtividade.
Por exemplo, recomenda-se que os cochos sejam instalados com uma largura de 45 a 60 cm para a cabeça, ou em um espaçamento que atenda a todos os animais do rebanho. Caso a distância entre os cochos seja muito estreita, é mais provável que os animais comecem a disputar por alimento.
No vídeo abaixo, confira o exemplo de uma fazenda que adotou o sistema de confinamento a pasto:
Portanto, quando o confinamento a pasto é feito de forma correta os resultados são muito satisfatórios. Afinal, com o ritmo mais acelerado de engorda, o animal pode ser abatido com menos idade e com melhor rendimento da carcaça.
E então, gostou do artigo? Aproveite para ler também nosso post sobre cruzamento industrial. Boa leitura!