O gado da raça Gir tem grande contribuição na produção leiteira do Brasil. Esses bovinos se destacam pela rusticidade, docilidade, longevidade, capacidade reprodutiva e principalmente por uma boa produção de leite a pasto até mesmo em regiões mais quentes.
A seguir, conheça a história do gado Gir leiteiro e as vantagens de criar essa raça, além das principais características desses animais. Confira!
Como o gado da raça Gir chegou ao Brasil
A raça Gir é originária da região noroeste da Índia, nas montanhas de Gir (por isto o nome da raça), ao sul da província de Katliawar. De acordo com a literatura hinduísta, é a raça zebuína mais antiga do mundo.
Esse fato se comprova pela conformação craniana ultra-convexa. É a única raça bovina do mundo com chifres voltados para baixo e para trás.
No Brasil, a sua entrada aconteceu por volta de 1906. Nessa época, ele era criado principalmente como gado de corte, e também usado em algumas regiões como animal de carga, devido a sua rusticidade.
Na década de 30 esses animais eram comercializados a preços altos e, em 1940, o Gir já era encontrado em todo o território nacional.
A partir desse período, a necessidade dos criadores de ter um gado com boa rusticidade e ao mesmo tempo que produzisse leite, fez com que houvesse um esforço no melhoramento genético dessa raça, o que possibilitou a divisão em linhagens específicas para a produção de leite e para a produção de carne.
Nesse sentido, em 1985 foi criado um dos principais programas de melhoramento genético dessa raça: o Programa Nacional de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro (PNMGL). O objetivo foi a seleção dos melhores touros com o propósito de avaliar a lactação das filhas desses animais. O PNMGL foi responsável por apresentar a vaca ideal dessa raça.
Sendo assim, apesar de ser um gado de dupla aptidão, o Gir ganhou destaque mesmo como gado de leite, possibilitando novos cruzamentos que permitiram uma produção leiteira ainda maior.
Principais características da raça de gado Gir
Trata-se de uma raça de porte médio. Com relação ao peso, em idade adulta, as fêmeas apresentam em torno de 380 kg e os touros 550 kg. Os bezerros nascem pesando em média 35 kg.
Uma característica particular e bem distinta dessa raça são as orelhas compridas, pendentes, encartuchadas na base e que se afunilam até a região da formação do gavião. A cabeça desse gado é convexa e de tamanho médio, com a fronte larga e a marrafa inclinada para trás.
Com manchas de tamanhos e formatos irregulares (chamadas de chitas), os bovinos da raça Gir possuem mais de 34 tipos de pelagem descritos. A pele é escura ou preta e, por isso, proporciona tolerância à incidência solar. Esse aspecto permite que tenham uma boa resistência às altas temperaturas sem sofrer estresse térmico.
Aliás, essa é uma das características comuns nessas raças zebuínas: possuem uma quantidade maior de glândulas sudoríparas, o que facilita a troca de calor com o ambiente.
Entenda as vantagens da criação
Os animais são muito dóceis, o que facilita o manejo. Devido a sua rusticidade, se adapta bem ao clima do nosso país, principalmente nas regiões mais quentes. Além disso, têm mais resistência à doenças, o que reduz os gastos na sua criação.
A criação de um rebanho Gir pode ser em sistema de produção de exploração de pastagens, com boa conversão alimentar (permite boa produção leiteira a pasto) e não tem grandes problemas com restrição alimentar porque o seu metabolismo e índice de ingestão de alimentos são menores que os de outros zebuínos.
A idade do primeiro parto é em torno dos 40 meses. As fêmeas têm facilidade de parto e se adaptam bem tanto à ordenha manual quanto à mecânica.
Além disso, o gado Gir também é usado em cruzamento industrial com a raça Holandesa, resultando no Girolando, que também possui grande aptidão na produção de leite.
Por que investir na criação de Gir leiteiro?
A linhagem do gado Gir é fruto de ações de criadores e de selecionadores brasileiros que conseguiram resgatar a função original da raça na Índia: produzir leite. Essa aptidão natural, aliada aos programas criteriosos de seleção, resultou numa raça leiteira de destaque.
Um dos diferenciais é que as vacas não apresentam queda na produção de leite nem mesmo durante as estações secas, desde que sejam atendidas as mínimas exigências nutricionais. Aliás, têm grande capacidade de converter pastagens em leite, reduzindo o curso de produção da atividade.
O leite da raça Gir tem um alto valor nutritivo, com grande porcentagem de proteína e de gordura. A produção do tipo A2 é outro diferencial desse gado, pois apresenta menos incidência de alergias à proteína do leite, que é comum em outras raças.
Sobre a produtividade, o Gir corresponde a mais do triplo da média da produção nacional (atualmente é de 1.237 kg). A produção de leite pode pode variar de 1600 a 3600 kg por lactação, com teor de gordura ao redor de 4,5%.
Como são animais que se adaptaram bem ao clima e manejo, o produto final tem alta competitividade no mercado, o que permite um bom retorno financeiro ao criador.
Confira no vídeo abaixo dois exemplos de criação de gado Gir leiteiro no estado de Goiás:
Portanto, podemos resumir as vantagens da criação da raça Gir em:
- Boa produção de leite;
- Rusticidade;
- Resistência à doenças e parasitas;
- Longevidade produtiva e reprodutiva;
- Excelente adaptabilidade;
- Manejo fácil e de baixo custo.
Conclusão
Dessa maneira, como abordamos neste post, a raça de gado Gir é uma boa opção de investimento, uma vez que é de manejo fácil, com custos baixos e muito bem adaptado às condições climáticas do Brasil.
Para continuar por dentro das diversas raças de gado, acesse também nosso post sobre a raça Caracu. Boa leitura!
