As oliveiras (Olea europaea L.) – árvores frutíferas que fazem parte da família das oleáceas – são utilizadas pelo ser humano há milhares de anos, embora o seu plantio comercial no Brasil tenha começado apenas no início do século XX.
Em todo o mundo, estima-se que existam cerca de 12 milhões de hectares de área plantada com oliveiras, resultando em uma produção de azeitonas de aproximadamente 18 milhões de toneladas.
Trata-se de uma planta propícia para locais de clima mais ameno, apresentando características marcantes, como o tronco com curvas e folhas que se assemelham a bicos de lança. A oliveira necessita de luz direta e poda para a prosperidade dos seus frutos.
Reunimos nesse post algumas dicas importantes para o plantio e cultivo das oliveiras. Confira!
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Cultivo das oliveiras no Brasil
O Brasil possui cerca de 10 mil hectares plantados com oliveiras. Atualmente, o Rio Grande do Sul assume a liderança na produção de azeite de oliva no país, responsável por 75% da produção nacional, ficando à frente de Minas Gerais e São Paulo.
Em 2021 foram extraídos 448,5 mil litros do produto no estado gaúcho, representando uma alta de 120% em relação a safra anterior, na qual o clima prejudicou a produção. Hoje, nessa região, cerca de um terço das oliveiras cultivadas estão em produção e mais um terço deve entrar em produção nos próximos anos.
Segundo o Instituto Brasileiro de Olivicultura (IBRAOLIVA), a estimativa é de que até 2025 a área de cultivo alcance 20 mil hectares no país.
O Brasil importa mais de R$ 1 bilhão por ano em azeitonas e azeite, sendo o mercado brasileiro uma excelente oportunidade para os produtores rurais. No quesito importação de azeite de oliva, o Brasil está em segundo lugar, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com o International Olive Council (IOC), nosso país importou mais de 100 milhões de litros do produto em 2021.
Variedades de oliveiras
Existem centenas de variedades de oliveiras pelo mundo. Algumas apresentam similaridades, com pequenas diferenças na cor e no sabor das azeitonas, enquanto outras são bastante distintas.
No Brasil, a variedade mais cultivada é a Arbequina, correspondendo a aproximadamente 50% do total de cultivares plantadas, já que apresenta boa adaptabilidade às condições climáticas brasileiras. Porém, como o desenvolvimento da oliveira está ligado à necessidade de temperaturas brandas, o clima pode ser um aspecto restritivo da cultura em alguns locais do país.
As regiões Sul e Sudeste, por apresentarem clima subtropical e invernos amenos, despontam como as mais propícias para o cultivo das oliveiras. Nesse sentido, antes de definir qual variedade plantar, é fundamental realizar uma pesquisa para identificar quais as mais apropriadas para cultivo na sua região.
Como plantar oliveiras
Para o plantio, o ideal é escolher um local com solo fértil e evitar áreas que acumulem muita água. As oliveiras preferem solos bem drenados, profundos e com pH superior a 6,0, pois resultam em frutos e azeite de melhor qualidade.
As mudas de oliveira podem ser plantadas em qualquer época do ano, de preferência em períodos de chuva. Em caso de plantio em épocas de seca, recomenda-se a irrigação até a estruturação completa da planta no solo.
As covas devem ser feitas com 0,8m de comprimento x 0,8 m de largura x 0,8 m de profundidade. Em caso de solos mais soltos e profundos, essas medidas podem ser menores. O espaçamento recomendado entre plantas e entre linhas é de 7 metros.
No momento da abertura das covas, recomenda-se adicionar 20 L de esterco de curral, 500 g de calcário dolomítico, 500 g de superfosfato simples (que deve ser aplicado superficialmente à cova), 500 g de fosfato natural, 300 g de cloreto de potássio e 20 g de boro.
Recomenda-se realizar essas operações com no mínimo dois meses de antecedência ao plantio, preferencialmente em períodos menos chuvosos.
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Cultivo adequado das oliveiras
As oliveiras são plantas de clima temperado que exigem baixas temperatura no período que antecede a sua floração. Dessa forma, recomenda-se que seu cultivo seja realizado em locais onde a temperatura média no inverno seja entre 8ºC e 10ºC e com índices de chuvas superiores a 500 mm.
Dessa forma, temperaturas acima de 30ºC, estresse hídrico e carências nutricionais são fatores que inibem o desenvolvimento das oliveiras, reduzindo consideravelmente sua produtividade.
Adubações e podas
As adubações devem ser feitas mediante análise do solo e, a partir do segundo ano de plantio, novas análises devem ser realizadas a cada dois anos.
Já as podas devem iniciar ainda no viveiro. Com um ano de plantio, uma nova poda deve ser realizada, sempre orientando a planta de forma simétrica à posição dos ramos que formam a estrutura da copa, com uma altura máxima de 1 metro. A partir do segundo ano, escolha os ramos mais simétricos e elimine os demais para formar uma estrutura tipo taça. Por fim, nos anos seguintes, deixe a planta crescer livremente, realizando apenas podas de limpeza.
Pragas e doenças
Algumas pragas e doenças podem causar danos a essa planta. As principais são:
- Abelha arapuá (Trigona spinipes): pode causar grandes prejuízos à planta, pois perfura a base da flor ainda fechada e corta as pontas de folhas novas. O controle desta praga deve ser feito por meio da destruição dos cortiços durante o período noturno. Não é indicado o controle químico, pois não mata a rainha, que permanece no ninho produzindo novas operárias;
- Cochonilha negra ou cochonilha da oliveira (Saissetia oleae): ataca as oliveiras em associação com a fumagina, causando grandes prejuízos. Sua proliferação ocorre entre setembro e novembro, época em que a temperatura e umidade são propícias à sua multiplicação e desenvolvimento. O controle desta praga é feito por meio da aplicação de óleo mineral;
- Antracnose: doença causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, que ataca frutos, folhas e brotos. Pode ocorrer desde a fase inicial da frutificação, causando lesões necróticas de coloração parda. O controle da doença é realizado de maneira preventiva, principalmente por meio da aplicação de produtos à base de cobre;
- Fumagina: doença causada pelo fungo Capnodium elaeophilum. Ataca principalmente as folhas, mas atinge também ramos e frutos, formando uma capa negra na superfície das folhas e prejudicando o processo de fotossíntese. Esse fungo se alimenta do excremento deixado pela cochonilha na planta. Para combatê-lo é recomendado primeiramente o ataque das cochonilhas para controlar a fumagina.
Produção
As oliveiras podem levar de 3 a 5 anos para começar a dar frutos, sendo que cada árvore produz, em média, 20 quilos de azeitonas. A colheita é realizada uma vez por ano, entre final do mês de janeiro e início de abril.
Quando colhidas, as azeitonas não são próprias para o consumo imediato, pois apresentam uma substância que faz com que elas tenham um sabor extremamente amargo. Por isso, existem diversas técnicas de processamento para que esses frutos desenvolvam um sabor mais agradável. Uma das técnicas mais utilizadas é manter as azeitonas em salmoura.
Confira no vídeo abaixo como fazer conservas de azeitonas:
E então? Gostou de saber como plantar e cultivar a oliveira? Aproveite e leia também nosso artigo com 5 espécies de palmeiras que produzem frutos comestíveis. Boa leitura!