Butiá: conheça mais sobre essa espécie de palmeira e saiba como plantá-la

Butiá: conheça mais sobre essa espécie de palmeira e saiba como plantá-la

O butiazeiro é uma palmeira rústica que ocorre naturalmente no Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, destacando-se pela sua resistência ao clima frio e às geadas.

Seu fruto, o butiá, é muito consumido tanto in natura como em preparos culinários, além de conter amêndoas comestíveis em suas sementes. Já a palmeira é muito utilizada na ornamentação e paisagismo, especialmente na região Sul do país.

Neste artigo, vamos apresentar os aspectos gerais a respeito do butiazeiro e seu fruto, além de dar algumas dicas de como plantar essa palmeira. Ficou interessado? Confira!

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Origem e características do butiazeiro

Com milhares de espécies distribuídas em mais de 200 gêneros, a família das palmeiras (Arecaceae) é uma das mais conhecidas no mundo. Certamente, a grande maioria de nós já se deparou com várias delas em nosso dia a dia.

Uma delas, inclusive, é o butiá, pertencente ao gênero de mesmo nome, que engloba 20 espécies nativas da América do Sul, com ocorrência natural no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

No Brasil, considerado o país com a maior diversidade de espécies do gênero Butia, ocorrem 19 das 20 espécies, podendo ser encontradas nas regiões Nordeste (Bahia), Centro-Oeste, (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul). No entanto, a espécie de maior relevância é a Butia capitata var. odorata.

Butiazeiro com folhas verdes vibrantes e ao fundo céu azul.
O butiazeiro é uma espécie de palmeira cultivada em vários estados, principalmente na região Sul do país devido à sua tolerância ao frio.

De acordo com a Embrapa, os subprodutos de seus frutos, coquinhos e folhas, são comercializados por pequenas agroindústrias locais e artesãos, além de constituírem um importante recurso alimentar para a fauna nativa.

Ademais, o butiazeiro, devido à sua arquitetura e resistência ao clima frio, é muito utilizado também em paisagismo e ornamentação de jardins, praças e ruas, principalmente de regiões temperadas.

Morfologia

Tratam-se de plantas com um único estipe, que podem atingir até 12 metros de altura. Possuem flores femininas e masculinas agrupadas no mesmo cacho, mas sua reprodução se dá por meio de polinização cruzada, por meio da qual as flores femininas de uma planta são polinizadas pelas masculinas de outra, necessitando de insetos polinizadores.

Além disso, as flores podem apresentar diferentes cores, como tons de amarelo, amarelo-arroxeado, amarelo-esverdeado ou apenas arroxeado. A sua floração ocorre geralmente durante os meses de primavera e verão e a frutificação principalmente no verão.

Os frutos também apresentam variação genética em suas características, com cores variadas (amarela, alaranjada, avermelhada, verde amarelada ou mesmo púrpura), tamanhos, texturas de casca e quantidade de fibra na polpa. No interior de cada fruto é encontrado um coquinho ou “caroço” que, por sua vez, contém de uma a três amêndoas.

Os butiazeiros podem viver mais de 200 anos e produzir grande quantidade de frutos, no entanto a sua germinação pode levar mais de dois anos. Ocorrem naturalmente em grandes agrupamentos, os chamados butiazais, e abrigam uma diversidade de fauna e flora associadas, como samambaias, briófitas, fungos, algas e liquens.

Butiazeiro com cacho de frutos alaranjados e ave sobre ele.
Os butiazais são ecossistemas antigos, sendo considerados habitats naturais para uma diversidade de plantas e animais nativos associados.

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Conheça o fruto butiá

Muito comum nas paisagens e na cultura do estado do Rio Grande do Sul, existindo inclusive um projeto de pesquisa desenvolvido pela Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS) para o desenvolvimento da cultura do butiá – diversidade, usos, manejo e conservação – visando dar oportunidade ao agricultor de aumentar a sua renda com o plantio dessa espécie de palmeira.

Com uma textura firme e muitas fibras, o butiá possui um caroço não comestível, por ser muito duro, e amêndoas no seu interior que são apropriadas ao consumo. No entanto, é a polpa a parte mais consumida do fruto, in natura inclusive, podendo apresentar sabor doce ou amargo, suave ou ácido.

O caroço é geralmente utilizado como matéria-prima para artesanato e as folhas do butiazeiro são usadas pelos indígenas com o propósito de fabricar cestas, chapéus, bolsas, redes, armadilhas (caça e pesca) e usada na cobertura de suas habitações.

O butiá apresenta uma composição de nutrientes bastante rica, sendo considerado um alimento muito saudável. Contém carotenoides, precursores da vitamina A, altíssima concentração de potássio e ferro, além de grande quantidade de vitamina C. A presença desses nutrientes proporciona o fortalecimento do sistema imunológico, auxilia no controle dos níveis de colesterol e triglicerídeos, bem como promove a sensação de saciedade e o bom funcionamento do intestino por ser rico em fibras.

Um dos usos mais comuns do fruto é como acompanhamento da cachaça, mas também pode ser utilizado em sucos, geleias, sorvetes, bolos, licores e em outras inúmeras receitas. Aliás, uma pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Rosa Lia Barbieri, que também é coordenadora da Rota dos Butiazais, lançou um livro contendo 141 receitas (entre bebidas e pratos doces, salgados e agridoces) que têm o butiá como ingrediente principal.

Cacho de butiá e frutos contidos em cesta trançada. Os frutos apresentam cor amarelada.
O butiá é um fruto muito usado na culinária, inclusive em bebidas, dando um sabor especial à cachaça. Foto: Paulo Lanzetta.

Como plantar e cultivar o butiá

Conforme mencionado acima, o butiá geralmente leva em torno de 2 anos para germinar. Por isso, vamos tratar aqui de um método de produção de mudas recomendado pela Embrapa Clima Temperado que visa a produção de mudas dentro de quatro a seis meses. Vejamos o passo a passo:

  • Colheita de butiás maduros: o primeiro passo para a produção de mudas é a colheita de frutos maduros e a remoção da polpa para o posterior congelamento dos coquinhos;
  • Congelamento: na segunda etapa, após devidamente separados da polpa, os coquinhos devem ser colocados dentro de recipientes ou sacos plásticos e congelados durante uma a três semanas;
  • Preparo do substrato: para preparar o substrato para o plantio de butiá, deve-se misturar solo fértil e areia na mesma proporção, já que a segunda ajuda na drenagem e a evitar que os coquinhos mofem. O plantio do coquinho pode ser feito tanto em bandejas como em vasos;
  • Molhe o substrato: após acondicionamento do substrato na bandeja ou no vaso, umedeça-o;
  • Plantio: retire os coquinhos do freezer e plante-os no substrato a uma profundidade de aproximadamente 2 cm. Detalhe importante para o plantio é a utilização de coquinhos que tenham sido coletados há menos de um ano;
  • Irrigue novamente;
  • Mantenha o vaso/bandeja em local com luz solar e calor: a temperatura recomendada para o cultivo do butiá é em torno de de 25°C.
Coquinhos de butiá em contidos em duas mãos.
Os coquinhos devem ser devidamente separados da polpa e posteriormente congelados por um período de uma a três semanas. Foto: Marene Machado Marchi.

A recomendação é de que o plantio seja realizado nos meses de verão no Rio Grande do Sul, momento em que as temperaturas atingem mais de 28°C. No entanto, quando as temperaturas superarem os 25°C é necessário realizar a irrigação diária, e abaixo dessa faixa a irrigação deve ocorrer em dias alternados, tomando cuidado com a irrigação excessiva.

As plântulas devem ser mantidas nas bandejas/vasos até o momento em que as duas primeiras folhas atinjam de 6 a 10 cm de comprimento. Após atingirem essa fase, elas devem ser transferidas para sacos de mudas de 20 cm de altura, no máximo, contendo uma mistura de substrato com boa drenagem e 1/4 de matéria orgânica.

O momento ideal para o transplantio da muda para o local definitivo é a partir do surgimento de folhas pinadas. É recomendável que seja dado um espaçamento de 4 metros entre as plantas e que as covas sejam profundas o suficiente para acomodar bem as raízes da muda.

Por fim, é importante que sejam evitadas as podas durante a fase de crescimento porque podem causar doenças e até levar à morte da planta.

Com relação às pragas, são praticamente as mesmas das demais espécies de palmeiras como, por exemplo, a lagarta-das-palmeiras.

Cacho de frutos de butiazeiro começando a amadurecer e folhas verdes ao redor.
O butiazeiro é uma espécie de palmeira que chega a produzir frutos por mais de 200 anos.

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Colheita do butiá

O butiá inicia a sua produção entre 6 e 10 anos de vida, produzindo cerca de 15 cachos com até 20 kg de fruto a cada ano. No entanto, para a colheita, é preciso observar alguns cuidados, como: higienização da tesoura de poda para prevenir a entrada de fungos e bactérias na região do corte, evitar que o cacho caia no chão e provoque lesões no fruto, e atentar-se à época da colheita.

De acordo com engenheira agrônoma da Embrapa, para a retirada dos cachos, recomenda-se usar um podão e uma escada, além de uma lona embaixo do butiazeiro para evitar a queda e a perda de frutos maduros.

A colheita deve ser iniciada quando a fruta começa a mudar de cor e inicia a sua soltura do cacho, ocorrendo, geralmente, entre dezembro e fevereiro. No entanto, esse período pode variar de acordo com algumas mudanças climáticas, como é o caso das chuvas que podem “atrasar” esse processo.

Para arrematar o conteúdo, confira um pouco mais sobre o butiazeiro e algumas dicas para o seu plantio:

Fonte: Jardim sem Segredo.

E então, gostou desse conteúdo? Que tal conhecer outras 5 espécies de palmeiras com frutos comestíveis? Clique no link e boa leitura!

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