A produção de carne suína está com o mercado cada vez mais se consolidando no Brasil. Em 2021, por exemplo, a perspectiva é de fechar o ano com uma produção de 4,7 milhões de toneladas, o que representará um crescimento de cerca de 6% em relação ao ano passado. Isso sem falar nas exportações que já superaram todo o ano de 2020.
Neste artigo, vamos destacar o crescimento na produção de carne suína. Essa atividade pode ser bastante vantajosa, desde que conduzida de forma criativa, inteligente e seguindo algumas dicas importantes que mostraremos a seguir. Boa leitura!
Importância da carne suína no Brasil e no mundo
Com sabor diferenciado e marcante, a carne suína é uma das fontes de proteína animal mais consumidas em todo o mundo. No Brasil não é diferente.
Aliás, há um bom tempo deixou de ser consumida pelos brasileiros apenas em datas especiais, como nas festas de fim de ano. Hoje, a carne suína já faz parte do cardápio das refeições diárias em diversas regiões. O consumidor já identifica essa proteína como muito saudável e recomendada pelos nutricionistas.
Segundo o IBGE, o consumo per capita (quilo por habitante/ano) de carne suína vem aumentando. Os dados indicam que, pelo segundo trimestre consecutivo de 2021, chegou a 17,58 kg.
É uma quantidade considerada importante, se comparada com o consumo de carne bovina/ano no Brasil, que é de 26,4 quilos, com uma queda de quase 14% em 2020, em relação ao ano anterior – é o menor nível desde 1996, segundo estatística da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Uma das explicações é que, com o aumento do preço da carne bovina durante a pandemia da Covid-19, levou muitos consumidores a buscar alternativas mais baratas, como é o caso da carne suína, elevando o consumo conforme mostramos acima.
Dados da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) apontam que as compras no varejo cresceram 80% de julho de 2020 a janeiro de 2021.
Confira, no vídeo, uma análise do mercado de carne suína no Brasil:
Leia também: Como o pré-abate influi na qualidade da carne suína.
Exportações de carne suína
Além do consumo interno, o volume de exportações de carne suína pelo Brasil também aumentou. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entre janeiro e novembro de 2021 atingiu 1,047 milhão de toneladas, um crescimento de 11,29% em relação ao mesmo período do ano passado, considerando todos os produtos, entre in natura e processados.
Ademais, também superou todo volume exportado nos 12 meses do ano anterior, de 1,024 milhão de toneladas. Só lembrando que em 2020 o Brasil já havia batido recorde de vendas externas de carne suína, tendo o mercado asiático como maior importador.
De olho nessa mudança de comportamento na alimentação, os suinocultores estão investindo cada vez mais na atividade. Para quem pensa em fazer o investimento nesse ramo, existem desafios, envolvendo principalmente as necessidades alimentares e com a saúde desses animais, além da estrutura. Além disso, muitas vezes é preciso buscar parcerias. É o que mostraremos a seguir.
Como começar uma criação de suínos?
Com esse mercado em franca expansão, a suinocultura vem atraindo novos investidores na criação de animais em ambientes controlados, isto é, recebendo alimentação adequada e todos os demais cuidados sanitários.
O Brasil possui o terceiro maior rebanho do mundo, com 41 milhões de cabeças, e é o sétimo no que diz respeito a exportação da carne suína.
Entretanto, como nas demais atividades pecuárias, a produção de carne suína demanda muitos cuidados e monitoramento constante, que mudam de acordo com a fase da vida desses animais. Há muito tempo deixou de ser aquela criação extensiva, optando apenas por raças que possuíam grande resistência à doenças.
Hoje, a criação de suínos exige uma alta complexidade, com acompanhamento especializado no que se refere ao uso das tecnologias essenciais à produção e, conforme citamos, envolve a saúde animal. Logo, existem alguns processos que precisam ser seguidos obter sucesso na suinocultura.
Confira também: Melhores práticas de produção suína que você precisa conhecer.
Sistemas de criação de suínos
Conforme mencionamos, “criar porcos” hoje não significa apenas ter alguns animais na propriedade e vendê-los nos períodos de festas.
Quem investe nessa atividade deve tratá-la de maneira profissional, com o fim de obter mais lucros. É preciso fazer investimentos em estrutura e, acima de tudo, ter conhecimento mais profundo da suinocultura visando, como resultado final, produzir uma carne suína de qualidade.
Hoje, existem dois sistemas de produção: independente e o integrado. No primeiro caso, o produtor é responsável pelo processo de criação de suínos do início ao fim. Isso significa que ficará responsável por todas as decisões, desde a compra dos animais, alimentação e estrutura das granjas.
Já no sistema integrado, existe uma parceria entre produtor e uma cooperativa. Assim, na prática, a cooperativa fica com a responsabilidade de comprar os animais, os insumos, dar todo suporte técnico-veterinário até a etapa final: a venda.
Em contrapartida, o produtor entra com a sua estrutura e com os serviços durante o período de criação do lote, seguindo as orientações do parceiro. Hoje, é o sistema que predomina em grande parte do Brasil.
Como produzir uma carne suína de qualidade?
No caso de optar pelo sistema independente, o criador precisa ter consciência de que o sucesso na atividade vai depender muito em assegurar o bem-estar animal, com o propósito de ter uma produção de uma carne suína de qualidade. Essa questão passa principalmente pela alimentação.
Dessa maneira, a nutrição dos animais acaba se tornando um dos principais pilares da produção de carne suína. De acordo com a Embrapa, em 2021 só a alimentação dos suínos representou 82,11% do custo de produção. Com isso, o custo por quilo vivo de suíno produzido chegou a R$ 7,03.
A saber, além de rações a base de milho e soja, que são os principais insumos nessa nutrição, existem alguns alimentos alternativos, como raiz de mandioca, banana e bagaço de cana de açúcar. Para saber mais sobre esse assunto, acesse nosso post: Alimentação de suínos: saiba como economizar sem perder a qualidade.
Saúde dos animais
Outro fator-chave no sucesso da criação é cuidar da saúde dos suínos. Certamente um rebanho saudável possibilita ao suinocultor fornecer produtos de qualidade e seguindo as exigências sanitárias dos mercados nacional e internacional, sendo, desta forma, um importante diferencial para o sucesso do negócio.
As doenças mais comuns em suínos são:
- Pneumonia Enzoótica: altamente contagiosa. Os sintomas principais são: tosse seca crônica e apatia. Pode surgir por meio de práticas inadequadas de manejo, como a superlotação das baias e a falta de higiene das instalações;
- Peste Suína Clássica: também conhecida como Cólera dos Porcos ou Febre Suína, é uma enfermidade altamente contagiosa, com altos índices de mortalidade. Os principais sintomas dessa doença são: febre alta, andar cambaleante, diarreia fétida, inapetência, vômitos, manchas azuladas na pele, esterilidade e abortos;
- Doença de Aujeszky: também conhecida como Pseudoraiva, é uma doença infectocontagiosa que, em leitões mais jovens, a taxa de mortalidade pode chegar a 100%. Os principais sintomas são: abortos, febres, tremores, dificuldades respiratórias, pneumonias e, certas vezes, vômitos;
- Rinite Atrófica: altamente transmissível, a propagação ocorre por meio do contato direto entre os porcos. Os sintomas principais são: espirros contínuos, corrimentos nasais, formação de placas escuras perto dos olhos, atrofia das conchas nasais, retardo no desenvolvimento e terminação.
É sempre importante contar com a ajuda de um médico veterinário que vai prestar todas as orientações e, quando, necessário, indicar os tratamentos necessários.
Considerações finais
Conforme mostramos acima, a suinocultura é uma atividade em expansão e hoje com boa lucratividade, devido ao crescimento da demanda pela carne suína no mercado interno e exportação. Contudo, o criador precisa seguir todas as recomendações sanitárias, manejo e cuidar com a alimentação dos animais.
Ademais, investir numa boa estrutura e sempre ficar atento aos números do mercado e a sua rentabilidade e os números e as análises de entidades ligadas ao setor, nos últimos anos, mostram que existe um grande potencial de crescimento da suinocultura.
E então, gostou do artigo? Aproveite e acesse também o nosso post que aborda como o manejo correto dos dejetos suínos pode gerar renda extra ao produtor. Confira!