Quem tem uma produção de origem animal sabe como o ambiente pode influenciar ativamente na qualidade do resultado. No caso das vacas leiteiras, o tipo de instalação tem papel direto tanto na produtividade quanto no bem-estar do rebanho. Em meio a isso, um conceito que está crescendo no Brasil é o Compost Barn.
O que é Compost Barn?
Compost Barn é um tipo de instalação que tem como objetivo proporcionar o bem-estar dos animais. Isso acaba refletindo na produtividade, uma vez que as vacas estarão mais confortáveis e tranquilas para produzir leite. É um sistema alternativo, semelhante ao “loose housing”, que também prioriza o conforto do animal como forma de aumentar a produtividade.
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Como funciona o Compost Barn?
O Compost Barn é composto por uma grande área de cama comum, ou seja, a área de descanso, na maioria dos casos. Esta área é composta por maravalha ou serragem, cuja separação ocorre por meio de um corredor de alimentação ou cocho. Isto tudo em um beiral de concreto, permitindo que haja organização e um fluxo melhor dos animais.
O grande diferencial deste sistema em relação aos outros é que a compostagem acontece durante todo o tempo com o material, seja da cama como também a matéria orgânica obtida por meio dos dejetos dos animais.
Para quem ainda tem alguma dúvida, a compostagem trata-se de um processo relativamente simples. Através da fermentação aeróbica da matéria orgânica produzida, a compostagem tem como finalidade produzir dióxido de carbono (CO2), assim como água e calor.
Por meio do Compost Barn, tanto a urina quanto as fezes são capazes de fornecer os nutrientes necessários para que ocorra a compostagem. Podemos destacar o nitrogênio, carbono, microrganismos e água. Inclusive, o oxigênio utilizado na compostagem é obtido por meio da aeração diária, necessária de ser feita na cama.
Mas, vale ressaltar que o sucesso do processo da compostagem está relacionado diretamente com a manutenção adequada dos níveis de água, oxigênio, temperatura, quantidade de matéria orgânica e também a atividade dos microrganismos presentes no processo.
São eles que possibilitam a produção de calor necessária não só para secar o material como também auxiliar na redução da quantidade de microrganismos patogênicos.
A temperatura da cama deve oscilar de 54°C a 65°C a uma altura de 30 cm da superfície, para
que o processo aconteça.
Compost Barn e o resultado no Brasil
No Brasil, o Compost Barn ainda está sendo implementado cada vez mais em produções de leite. Porém, em outros países, como EUA, esta prática está se destacando especialmente em estados produtores de leite. Diversas pesquisas avaliam o sistema e sua relação com a longevidade do animal assim como o seu conforto.
Em um estudo realizado nos EUA pela Universidade de Minnesota, foram compreendidos alguns benefícios decorrentes da realização do Compost Barn na produção. Doze fazendas que possuem produção de leite adotaram o sistema e participaram desta análise. Podemos destacar:
- Melhoria na sanidade do casco;
- Vacas apresentaram mais facilidade de manifestar que estão no cio. Isso facilitou, inclusive, a taxa de detecção pelos tratadores.
- Aumento na taxa de concepção;
- Redução nos problemas de casco;
- Maior qualidade do leite produzido, redução da CCS assim como a incidência de mastite.
Outra vantagem apresentada por alguns produtores na região é que o custo inicial de investimento é baixo comparado com outras técnicas. Há ainda a redução tanto na acumulação quanto no descarte de dejetos.
Tudo isso, em outros sistemas, acaba gerando gastos de armazenamento, espaço e mão de obra que poderiam ser utilizadas em outras atividades. Ou seja, não há apenas a otimização dos recursos, mas sim a redução do desperdício e de gastos.
Como implementar o Compost Barn?
Para tirar o Compost Barn do papel e transformar em realidade, é necessário investir em algumas ações.
Algumas fazendas já utilizam o Compost Barn na sua produção e uma das grandes preocupações é que o sistema consiga ser viável.
O material utilizado na cama deve ser disponibilizado em local próximo e com um custo aceitável. É comum utilizar serragem na agropecuária, uma vez que há muitas parcerias com serrarias vizinhas.
Porém, existem outras alternativas que podem ser utilizadas na produção da cama e que sejam mais acessíveis, como casca de amendoim, por exemplo.
O galpão no qual precisa ser montado o sistema deve ser projetado para esta finalidade ou, caso já exista, pode ser necessário algumas alterações. Em relação à altura da cama, faça um teste e experimente uma medida mínima de uma base de areia de 10 cm + serragem formando 40 cm.
Analise o resultado e, caso não seja satisfatório, mude de acordo com o seu objetivo.
E para que a umidade da cama seja reduzida, permitindo que haja a compostagem, invista em uma ventilação adequada. Vale até utilizar ventiladores sobre a cama.
Em relação à aeração, vale fazer um revolvimento da cama no mínimo 2 vezes ao dia. Isto pode ser feito, inclusive, com os animais ainda dentro do galpão e também nos horários de ordenha das vacas.
Já a troca de cama (apenas da metade superior) deve ser realizada uma vez ao ano.
Observe ainda o deslocamento do sol assim como a drenagem da água em épocas de chuva.
O manejo também deve ser realizado da melhor forma, pois assim evita que as vacas fiquem sujas ou que sofram alguma doença, como a mastite.
Investir em Compost Barn reflete não apenas no bem-estar dos animais como também na maior produção de leite. O custo de se investir nesse sistema é baixo, comparado com outros disponíveis no mercado.
Ou seja, há grande possibilidade de lucro e menos custos com gastos. Então, é importante observar o Compost Barn como uma forma de alavancar a sua produção.
Veja no vídeo abaixo, a importância do bem-estar animal na pecuária:
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Veja também: Confinamento de gado Free Stall x Compost Barn
