Até o fim do período de estiagem em boa parte do país, o que deve ocorrer apenas no mês de setembro, os produtores rurais devem ficar atentos ao risco de queimadas em suas propriedades. Cuidados preventivos são necessários para evitar grandes prejuízos e muita dor de cabeça.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo elaborou uma lista com 10 cuidados para evitar incêndios nas plantações. Logicamente essas medidas valem para todo o país.
As queimadas geralmente acontecem em propriedades rurais que ficam às margens das estradas, onde qualquer ponta de cigarro jogado pode vir a causar um incêndio de maiores proporções por causa do mato estar muito seco nesta época de estiagem, sendo material fácil de pegar fogo.
Alguns incêndios podem ser causados por raios ou ainda por descuido na limpeza das áreas. Até um caco de vidro, lata ou um pedaço de metal podem ser responsáveis por dar início ao fogo que, sem controle, pode consumir grandes áreas de plantações ou matas.
Fique por dentro das principais notícias do agronegócio brasileiro.
Prejuízo das queimadas
As queimadas podem causar inúmeros danos nas áreas de plantio, como matar os microorganismos do solo, destruir a matéria orgânica e empobrecê-lo para o cultivo. Em áreas de pastagens ou cultivos, podem inviabilizar toda a produção naquele espaço.
Os plantios que mais podem ser atingidos pelos incêndios florestais são a cana, pastagens, a fruticultura, eucaliptos, seringueiras e as matas nativas. Podem causar a morte de animais silvestres, queimar cercas da propriedade e até atingir a rede elétrica.
O produtor rural deve ficar atento em épocas de estiagem, porque as queimadas podem representar crime ambiental, com previsão de pena de reclusão de dois a quatro anos; e também crime previsto no Código Penal, por colocar em risco a integridade física ou o patrimônio de outra pessoa, cuja pena prevista é de três a seis anos de prisão.
Além disso, pode pesar no bolso. O produtor pode responder a processos criminais ao realizar uma queimada sem licença e sofrer multa administrativa de R$ 1 mil por hectare, bem como ser chamado a reparar os danos causados.
Principais cuidados
Portanto, com tantos perigos, risco de prejuízos e dores de cabeça que citamos acima, vale a pena seguir as recomendações estabelecidas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Confira quais são:
- Conhecer a legislação porque, sendo ou não culpa do proprietário, ele poderá responder pelos danos.
- Fazer aceiro (faixas ao longo das cercas livres de vegetação da superfície do solo) com grade e/ou enxada para que o fogo não passe para outros locais. A técnica tem baixo custo e é muito eficaz.
- Manter um tanque de água sempre cheio e meios de transporte para levar a água até o local do incêndio.
- Fazer uma limpeza, eliminando materiais de fácil combustão das áreas, principalmente em épocas de estiagem.
- Elaborar um plano de contingência junto aos funcionários e à família, como a discussão prévia das medidas para conter o incêndio. Mobilizar todas as pessoas da fazenda e também os vizinhos para evitar que o fogo fique incontrolável.
- Ter todos os telefones úteis à mão, como do Corpo de Bombeiros, Prefeitura e Defesa Civil. Se houver usinas nas proximidades, também ter o contato delas, pois contam com brigadas de incêndio e colaboram com os proprietários a fim de evitar maiores danos caso o fogo se alastre também pelos canaviais.
- Se o fogo for em área de pastagem, abrir a cerca para os animais saírem para lugares a salvo do fogo.
- Incentivar que funcionários e toda a família faça cursos de prevenção e controle de incêndio. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) promove cursos on-line gratuitos sobre o tema.
- O produtor rural deve fazer um monitoramento ou vigilância constante da sua propriedade, em estiagem ou não, pois apesar das orientações para prevenção, os incêndios podem ocorrer a qualquer instante. A segurança jurídica também é importante, ou seja, comprovar os seus cuidados com a propriedade e com o meio ambiente. Por isso, é interessante manter um arquivo fotográfico das suas áreas de proteção ambiental (APP) e reserva legal, dos aceiros e também dos equipamentos de combate ao fogo, se existirem, como abafadores; trator-pipa; bomba d’água, entre outros.
- Se ocorrer a queimada, o produtor rural fotografar os prejuízos econômicos e ambientais em decorrência do fogo: cercas, animais domésticos e silvestres, pastagem e plantações; registrar um boletim de ocorrência contendo declarações das pessoas envolvidas na contenção do incêndio e um relatório dos bombeiros, caso tenha havido a participação, assim como um documento de entidades públicas e parceiros (usinas) que contribuíram para a contenção do fogo ou tomaram conhecimento da ocorrência.
Veja também: Bombeiros alertam: manutenção dos secadores de grãos evita incêndios