O feijão é um alimento tipicamente brasileiro, fonte de proteínas, carboidratos e outros nutrientes importantes e amplamente consumido de norte a sul do país.
Para que este alimento chegue à mesa do brasileiro com qualidade, os produtores devem adotar medidas no plantio que vão desde o preparo do solo até a colheita e posterior armazenagem, sendo todas as etapas importantes para uma produção satisfatória.
O cultivo do feijão-comum pode ser realizado em três épocas distintas, o que o distingue da maioria das culturas, que são cultivadas em uma ou no máximo duas safras durante o ano.
A 1ª safra corresponde à época das águas (entre os meses de agosto a novembro), a 2ª safra ou safra seca ocorre entre os meses de dezembro a abril e a 3ª safra, considerada de inverno, é cultivada entre os meses de abril a julho, especialmente na região Centro-Oeste do país.
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Produção de feijão no Brasil
Segundo os dados divulgados no último levantamento da safra de grãos 2022/23 (Conab), o Brasil deve reduzir em 1,8% a área total de feijão cultivado no país.
Atualmente, a primeira safra já encontra-se com o plantio finalizado. A segunda e terceira safra, cultivadas em diversas regiões do país, especialmente pela possibilidade de cultivo em três safras, que permitem um bom desenvolvimento da cultura em praticamente todo ano, iniciaram em janeiro e se entendem até o mês de abril.
Na safra vigente, espera-se que sejam produzidas 945,4 mil toneladas do feijão preto e caupi. Ao total, somando o feijão cores, espera-se uma produção de 2,96 milhões de toneladas, o que corresponde a redução de aproximadamente 0,9% em comparação à safra anterior.
As maiores reduções esperadas em produção são para o cultivo de 2ª safra, que corresponde a pouco mais de 43% de toda a produção da leguminosa, especialmente em função da redução esperada da produtividade por períodos de déficit hídrico.
Principais estados produtores e tipos de feijão mais produzidos no país
Entre os maiores produtores mundiais de feijão, o Brasil ocupa a 3ª posição, ficando atrás somente de Mianmar e Índia.
Os principais estados produtores são Minas Gerais, Bahia e Paraná, correspondendo a aproximadamente 50% da produção nacional.
Embora já tenham sido descritas mais de 150 espécies de feijão no mundo, de cores, formatos e tamanhos diferentes, no Brasil, os principais tipos produzidos são:
- Feijão comum cores: maior em volume de produção, sendo o maior volume produzido na 3ª safra, seguido pela 2ª e 1ª safra, totalizando mais de 1,7 milhão de toneladas produzidas;
- Feijão caupi: segundo maior em produção (totalizando 662,3993 mil toneladas entre as três safras, sendo a segunda safra de maior produção e a terceira safra de menor volume);
- Feijão comum preto: 575,8 mil toneladas (totalizando as três safras), sendo a 2ª safra a de maior produção e a 3ª de menor produção.
No entanto, para que as expectativas de uma boa safra se confirmem, além das condições climáticas ideais para o desenvolvimento da cultura, também é importante que o manejo seja realizado de uma forma adequada e no tempo correto.
Aspectos gerais de manejo do feijão: do plantio à colheita
O feijão-comum é uma planta anual herbácea, e pertence à família Leguminosae, gênero Phaseolus. Seu desenvolvimento é dividido em duas fases: o período vegetativo (V); e a fase reprodutiva (R).
Em geral, não é necessário muito para aprender como cultivar feijão, mas é importante estar atento a alguns detalhes. A seguir, você acompanha algumas informações cruciais para uma lavoura de feijão com mais produtividade.
Escolha da cultivar
A decisão de qual cultivar de feijão será semeada na área de cultivo deve ser feita levando em consideração a região e suas características de solo, clima, precipitações, altitude, luminosidade, além é claro, de que pragas e doenças mais ocorrem. Dessa forma, o conhecimento do histórico da área é importante, visto que muitas pragas e doenças que atacam o feijoeiro, também atacam diversas outras culturas.
Essas informações podem ser obtidas no ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), publicado anualmente pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Competição entre espécies
Para uma produção satisfatória, é necessário que a cultura seja mantida limpa, sem que ocorra a matocompetição (competição da cultura de interesse, no caso o feijão, com plantas daninhas), especialmente nos primeiros dias após a emergência, ponto em que as plantas são de porte menor, e portanto, mais sensíveis a competição com daninhas.
Além disso, nesse período, em função do porte reduzido, as plantas não conferem sombreamento ao solo, o que em estádios mais avançados, também auxilia no controle de daninhas..
Para isso, pequenos agricultores costumam utilizar de capina manual, no entanto, em grandes áreas, pode ser necessário o uso de herbicidas registrados para a cultura.
Clima
A temperatura deve variar entre 15ºC e 30ºC durante todo o ciclo de cultivo da planta. O ideal é entre 18ºC e 25ºC. O feijão não suporta geadas, tampouco baixas temperaturas.
Luminosidade
Necessita de alta luminosidade (luz solar direta, por exemplo). Em regiões com maior intensidade de radiação solar, as plantas podem inclusive, ficar parcialmente sombreadas por plantas mais altas cultivadas na mesma área, como milho ou café, em sistemas de cultivo consorciados.
Necessidade hídrica
Durante todo o ciclo da cultura do feijão, são necessários pelo menos entre 250 a 350 mm de água acumulada. Este valor pode variar em função da época, região de cultivo e cultivar.
As fases mais críticas para o déficit hídrico prolongam-se até o final da floração, no entanto, as perdas maiores ocorrem principalmente na fase de enchimento de grãos até a maturidade da cultura, visto que consistem na época de maior demanda de água.
Nesse sentindo, pode ocorrer o aborto e a queda de flores, queda das vagens recém-formadas, prejudicando severamente o enchimento de grãos, resultando na redução da massa e produtividade da cultura.
Solo e nutrição
Este precisa estar bem drenado, fértil e rico em matéria orgânica, com pH entre 5,5 e 6,5.
O feijoeiro requer durante todo o seu ciclo 18 nutrientes. A necessidade nutricional tem variação a depender da fase de desenvolvimento e das condições da área de cultivo (que devem ser analisadas após uma análise de solo).
Semeadura
As sementes de feijão deverão ser semeadas em profundidade de 3 cm a 4 cm (para solos argilosos) e entre 4 a 6 para solos arenosos.
O espaçamento de plantio pode variar de acordo com a variedade a ser cultivada e com as condições desse cultivo. O espaçamento padrão é de 40 a 50 cm entre as linhas e 7 a 10 cm entre as plantas, totalizando em média 10 a 15 plantas por m².
No entanto, vale ressaltar que o espaçamento pode ter variação a depender da cultivar, por isso, vale consultar as indicações técnicas em função do material utilizado.
Colheita
É geralmente realizada de 80 a 100 dias após a emergência das plantas. As vagens secas podem ser colhidas manualmente em pequenas áreas. Em lavouras maiores, a colheita é realizada quando cerca de 90% das vagens estão secas, cortando e arrancando as plantas, manualmente ou com o uso de máquinas colhedoras.
Outro parâmetro que deve ser observado é o teor de água ou grau de umidade, que deve ser entre 16 e 18%, para evitar ou amassamento dos grãos, por umidade elevada, ou quebra demasiada por estarem secos demais.
Armazenamento
O armazenamento do feijão deve evitar dois fatores principais: elevação da temperatura e da umidade no interior do saco/pilha ou silo. Estas condições favorecem a deterioração acelerada dos grãos e o ataque de pragas e doenças.
Veja também: Principais doenças do trigo: identificação e controle.
Principais pragas do feijão
O feijão pode ser atacado por inúmeras pragas durante todo o seu ciclo, aqui traremos as mais importantes, com base na escala fenológica da cultura. Veja no infográfico a seguir:
Como podemos perceber ao longo da grande lista de pragas, muitas delas atacam inúmeros outros cultivos, por isso, entender sobre o histórico da área, sobre quais culturas foram antecessoras e serão sucessoras da lavoura de feijão é indispensável para planejar as melhores táticas de controle.
Lembrando que o manejo integrado de pragas e doenças (MIPD), é a melhor alternativa a longo prazo, isto porque consiste na junção de diferentes métodos de controle:
- Físico: revolvimento do solo;
- Cultural: rotação de culturas com espécies não hospedeiras, para quebrar o ciclo das pragas e doenças;
- Genético: cultivares resistentes ou tolerantes às principais doenças. A lista de cultivares resistentes pode ser conferida no portfólio da detentora do registro;
- Biológico: fungicidas e inseticidas biológicos, devendo atentar-se à compatibilidade com o controle químico;
- Controle químico: uso de inseticidas (pragas) e fungicidas (controle de doenças de plantas causadas por fungos). Nesta etapa, a depender do histórico da área, o tratamento de sementes é um bom investimento e indispensável para garantir um bom estande de plantas.
Principais doenças do feijão
Além das pragas, os produtores de feijão devem ficar atentos com outro problema tão preocupante quanto às pragas: as doenças, que podem ocorrer em todas as fases de desenvolvimento.
Após essas dicas de como cultivar feijão, consulte o site MF Rural e encontre os insumos necessários para a sua lavoura, como máquinas, implementos, fertilizantes, defensivos, sementes e muito mais!