O ano se aproxima do final e com isso começa a aparecer nos hortifrútis uma fruta muito utilizada na decoração de mesas natalinas: a lichia. Mas saiba que não é apenas para fins decorativos que ela serve: além de ser muito saborosa, também traz vários benefícios à saúde.
Neste artigo, vamos apresentar essa fruta exótica, te ensinar como plantar e listar os benefícios que ela proporciona. Boa leitura!
Origem e botânica da espécie
A lichia (Litchi chinensis) é uma espécie originária do sul da China, pertencente à família Sapindaceae. Possui três subespécies: a Chinensis, que é mais consumida, a Philippinensis, que produz frutos não comestíveis, e a Javanensis, que produz frutos menores e mais ácidos.
Ela é uma planta arbórea, que atinge até 12 metros de altura, mas, quando enxertada, alcança no máximo 5 metros. Possui crescimento lento, sua copa é densa e arredondada, e pode apresentar ramificações próximas ao solo. Se adapta melhor a climas subtropicais, e em latitudes entre 15º e 35º.
Seus frutos, tecnicamente chamados de “drupa”, são redondos, têm casca fina e rugosa, que varia do rosa ao vermelho. A polpa é branca e translúcida, e apresenta uma única semente, marrom e brilhosa. Seu sabor é suave, adocicado e levemente ácido, e a textura se assemelha à uva.
As folhas da lichieira mudam de coloração conforme envelhecem, sendo avermelhadas quando jovens, passando pelo amarelo, verde-claro e quando maduras, verde-escuro.
Além disso, a inflorescência é na forma de panícula, formada por pequenas flores brancas, amarelas ou verdes. A floração ocorre entre junho e julho e a colheita entre novembro e janeiro.
Os maiores produtores mundiais de lichia são a China e a Índia, sendo responsáveis por mais de 90% da produção. Vietnã, Madagascar e Tailândia vêm na sequência.
No Brasil, os pomares de lichieira estão presentes principalmente nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo.
Variedades
Existem centenas de cultivares de lichia, mas, no Brasil, apenas duas são cultivadas em maior escala: a “Bengal” e a “Brewster”.
A primeira é a mais produtiva e mais plantada no Brasil. A árvore apresenta alto vigor, ramos bem estruturados, frutos relativamente grandes, com peso entre 23 e 27 g, cerca de 56% de polpa, casca vermelho-forte e com maturação tardia.
Já a cultivar Brewster produz frutos um pouco menores, com aproximadamente 20-22 g, porém com 78% de polpa. A casca tem um tom de vermelho mais claro, e a maturação dos frutos é precoce.
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Como plantar lichia
A lichia é uma fruta com alto valor agregado e grande potencial para comercialização tanto no mercado interno, pois ainda é desconhecida de muitos agricultores e consumidores, quanto no mercado externo, uma vez que é altamente apreciada internacionalmente.
Conforme dito anteriormente, a lichia se desenvolve bem em climas subtropicais. Ela não gosta de geadas, nem de ventos fortes. Necessita de inverno frio e seco, com temperaturas abaixo de 20 ºC para que a floração ocorra. Na fase de desenvolvimento do fruto, precisa de temperatura e umidade altas.
Além disso, a lichia prefere cultivo em solos profundos, levemente ácidos, não salinos, com matéria orgânica e boa drenagem. É exigente em irrigação, principalmente no período de pegamento da muda e durante a fase de crescimento.
Pomar de lichia
Prepare o terreno de modo que as linhas de plantio fiquem orientadas para maior exposição solar, e prefira terrenos com pouca inclinação, visando facilitar o trânsito de máquinas. O preparo do solo pode ser feito de forma convencional.
Tradicionalmente, o espaçamento usado nos pomares de lichia são grandes, de cerca de 10m x 10m, totalizando 100 árvores por hectare. Essa conformação permite que as árvores cresçam sem concorrência, atingindo grande porte quando adultas e resultando em alta produção por planta.
Porém, em termos de produtividade deixa a desejar, pois há um “desperdício” de área. Por isso, espaçamentos menores vêm sendo testados, variando de 8m x 6m, 6m x 4m e 7m x 3m.
A melhor época para o plantio é no período chuvoso, no entanto, utilizando irrigação pode-se plantar o ano todo. Ele pode ser feito em covas de 50 cm de diâmetro e 50 cm de profundidade, que devem ser preparados com cerca de 45 a 60 dias de antecedência.
Ao escolher as mudas de lichia para o plantio, dê preferência para mudas já enraizadas, de boa procedência e em bom estado fitossanitário.
Ademais, logo após o plantio deve ser feita a irrigação para auxiliar no pegamento da muda e na acomodação da terra em torno do torrão, e depois disso, deve-se irrigar até o completo pegamento. A irrigação por microaspersão é o sistema mais utilizado na maioria das plantações.
Realize podas periódicas para evitar o sombreamento, melhorar a aeração das árvores e a exposição à luz solar, principalmente em pomares mais adensados. Recomenda-se podar imediatamente após a colheita ou juntamente com ela.
O ponto de colheita é determinado pela cor da casca do fruto, que já deve estar vermelha. Usualmente a maturação se dá cerca de 100-110 dias após a antese. Como as lichias são frutas não climatéricas, ou seja, não amadurecem depois de colhidas, deve-se atentar para não colher precocemente.
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Usos e benefícios da lichia
A composição nutricional da lichia pode variar bastante com o tipo de cultivo, o clima e o solo em que a planta está sendo cultivada. Porém, de modo geral, ela apresenta bons teores de vitamina C, potássio, magnésio e ferro, além de compostos fenólicos antioxidantes, como antocianinas e flavonóides.
Essas substâncias ajudam o organismo na proteção contra doenças cardiovasculares, controlando o colesterol ruim, prevenindo a aterosclerose, o infarto do miocárdio e derrame cerebral, além de auxiliar na regulação do metabolismo dos lipídeos e aumentar os níveis do colesterol bom.
A ação antioxidante dos compostos fenólicos também auxilia na redução dos danos causados pelos radicais livres nas células do fígado. Ademais, a cianidina reduz a absorção e o acúmulo de gordura no corpo, e a vitamina C ajuda a fortalecer o sistema imune e melhorar a aparência da pele.
Sendo assim, a lichia pode ser consumida fresca, em sucos, geleias, compotas, doces, sorvetes e iogurtes. Além disso, a fruta também é usada para fazer mel, passas, “noz de lichia” e até bebidas fermentadas, como licor e pinga.
Alerta sobre o consumo de lichia
A lichia contém uma substância chamada hipoglicina A, que, como o próprio nome sugere, promove a queda do nível de glicose.
A glicose é o nutriente mais importante para o cérebro, e a sua falta pode ocasionar fraqueza, tontura, sonolência, perda de memória, provocar convulsões, perda de consciência e levar à óbito.
Contudo, não se assuste! Esses casos são extremos e, para isso ocorrer, o indivíduo precisar estar em estado de carência nutricional e ingerir um grande número de frutos.
Portanto, ao consumir lichia, certifique-se de estar bem alimentado e não exagere na quantidade!
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