Quem investe na Bolsa de Valores, certamente já teve contato com determinados termos, como: letras de crédito, trading, ações e CDBs. Entretanto, o termo “mercado de futuros agrícolas” pode ser novo à muitas pessoas, mas representa uma boa opção aos produtores rurais.
Assim, esse tipo de investimento faz parte de um ambiente da Bolsa de Valores que consiste na fixação de valores de produtos (commodities agrícolas), por meio de contratos futuros que são negociados nos dias atuais e liquidados futuramente.
Essa é uma opção para o produtor rural garantir seu lucro na hora da venda e, então, diminuir os riscos que uma produção sempre tem.
Quer saber mais sobre o assunto? Neste artigo falaremos sobre o mercado de futuros agrícolas e sobre como ele influencia a produção do campo, confira!
Afinal, o que é o mercado de futuros?
Como o próprio nome já diz, trata-se de um ambiente na Bolsa de Valores onde são negociados os contratos futuros.
Nesse tipo de negociação, assume-se o compromisso de comprar ou de vender uma certa quantia de um determinado bem em uma data adiante e por um preço pré-definido. Esse “bem” pode ser uma mercadoria ou um ativo financeiro.
Como os negócios acontecem na Bolsa de Valores, é preciso que todos os contratos sigam o mesmo padrão, de modo que os investidores tenham a segurança de estarem negociando exatamente o mesmo bem e nas mesmas condições.
O mercado de futuros oferece maior liquidez aos investidores porque tem sua posição ajustada diariamente, podendo liquidar seu contrato a qualquer momento.
Como funciona o mercado de futuros na agricultura?
Surgiu com o propósito de reduzir os riscos de produtores rurais e investidores, isto é, funciona como uma espécie de “seguro” aos agricultores contra as oscilações do preço no mercado.
No caso específico da agricultura, esse ambiente na Bolsa de Valores é conhecido como “commodities agrícolas”: são as próprias mercadorias agrícolas negociadas, como a soja ou café.
Veja um exemplo prático: um produtor de milho, através dos contratos futuros, pode garantir que conseguirá vender seu produto, que ainda será colhido, por um preço justo, em determinada data futura, mesmo que no momento de tomar essa decisão o preço do produto, no mercado, tenha sofrido uma grande queda.
O contrato firmado representa o comprometimento em adquirir ou em vender uma quantidade de produtos em uma data futura, com o preço predeterminado no momento do contrato.
O mercado de futuros agrícolas atua de forma distinta do mercado à vista. Mesmo quem já investiu na Bolsa deve atentar a essas diferenças. Por isso, veja, abaixo, os principais conceitos visando fazer essas operações.
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Ajuste diário
O ajuste diário é uma ferramenta a fim de investigar diariamente perdas e ganhos dos investidores com os contratos futuros. É papel desse sistema avaliar as posições mantidas por meio de um preço de referência.
O ajuste serve para que todos iniciem o dia “zerados” e, com isso, diminui-se o risco de inadimplência e fortalece a “saúde” do mercado. Essa é uma ferramenta que existe somente no mercado de futuros e que o diferencia de outros.
Liquidação financeira e física
A liquidação é a fase final de uma operação com contrato futuro. É o momento em que acontece a transferência do que foi negociado. Nesse caso, existem a liquidação financeira e a física.
Na liquidação financeira é feito o cálculo da diferença financeira do valor de compra e do valor de venda. O valor final é acertado em dinheiro e, dessa forma, não é necessário que a commodity envolvida no contrato tenha que ser recebida em mãos.
Nesse caso, aumenta a liquidez dos contratos, já que pessoas físicas e investidores estrangeiros, por exemplo, poderão passar a negociar no mercado, sem a obrigação de entregar fisicamente o produto em sua praça de negociação. Alguns exemplos: boi gordo, etanol, milho e soja.
Já na liquidação física, ao fim do contrato, é necessário receber fisicamente o produto, na data de vencimento. Geralmente, essa forma de liquidação é indicada aos produtores rurais, já que o interesse deles é, de fato, vender a mercadoria produzida. Os exemplos mais comuns são o café e a soja.
Liquidação por inadimplência
A liquidação por inadimplência acontece quando o investidor não faz algum pagamento de ajuste diário. A Bolsa de Valores ou utiliza da margem de garantia que o investidor inadimplente fez no momento de entrar no mercado (visando quitar o prejuízo) ou encerra o seu contrato de forma compulsória.
A finalidade desse tipo de ação é evitar novos prejuízos, não colocando o mercado em risco.
Margem de garantia
A Bolsa de Valores exige que os investidores deixem uma margem de garantia nas corretoras. Essa margem é parecida com o depósito caução que fazemos em outros tipos de negociação.
Ela é usada, por exemplo, quando há inadimplência nos pagamentos – conforme citamos no tópico anterior sobre liquidação por inadimplência. É uma forma de permitir que os investidores se beneficiem de oportunidades existentes em outros mercados.
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Quais são os tipos de investidores no mercado de futuros agrícolas?
No mercado de futuros agrícolas, existem três tipos de investidores:
- Hedgers: utilizam-se de estratégias de proteção dos seus ativos com objetivo de evitar perdas na oscilação de preços de commodities agrícolas;
- Especuladores: utilizam contratos futuros como meios de impulsionar os seus ganhos. Eles apostam nas posições futuras a favor da sua carteira. O foco é lucrar, por isso, arriscam-se mais;
- Arbitradores: aproveitam as falhas do mercado financeiro e compram um ativo com um valor mais baixo em comparação a outro investimento.
No vídeo abaixo, José Kobori, uma das maiores referências em finanças do Brasil, explica como funciona o sistema de proteção (hedgers) no mercado de futuros agrícolas:
Qual a influência do mercado de futuros agrícolas sobre o produtor rural?
Como em toda atividade comercial, é importante comprar determinada mercadoria por um valor mais em conta e ter um lucro maior no momento da venda. Isso não é diferente na agricultura. A expectativa de lucro ocorre no momento da colheita dos produtos.
Nesse sentido, investir no mercado de futuros agrícolas pode ser muito vantajoso para quem trabalha com commodities (milho, soja, café arábica, entre outros). Isso influencia o valor final do produto aqui no Brasil, além de o produtor agrícola lucrar mais ao garantir um preço cotado na época do contrato.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedrozo, em artigo publicado no site da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), defendeu a participação dos produtores na Bolsa de Futuros.
Segundo ele “ainda não é possível fixar, no mercado, preços para o próximo ano, mas atuando no mercado futuro os produtores podem comercializar a safra que ainda vão colher.”
Conclusão
Portanto, como mostramos neste artigo, o mercado de futuros agrícolas é cheio de detalhes. Mesmo assim, se você atua com commodities, vale a pena conhecer um pouco mais sobre o assunto.
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