As palmeiras, além de proporcionar o embelezamento dos jardins, também produzem o palmito, que fica em seu estipe (caule), sendo um alimento bastante apreciado na culinária, por ser muito saboroso e macio.
Aliás, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de palmito no mundo, tanto in natura, quanto em conserva. Entretanto, somente determinadas espécies apresentam palmito próprio para consumo humano.
Dessa maneira, neste artigo vamos apresentar 4 espécies de palmeiras que são as mais utilizadas no cultivo, exploração comercial e consumo desse saboroso alimento. Confira quais são essas espécies, suas características e qual a produção brasileira de palmito em números. Boa leitura!
Palmeiras: da beleza ornamental à extração do palmito
Conforme já citamos em artigos anteriores, a palmeira é uma planta que possui milhares de espécies catalogadas, com diferentes características, sendo muito utilizada para fins ornamentais.
Mas, não é só para embelezar os ambientes que esse tipo de planta é usada. Elas também produzem um alimento muito apreciado: o palmito.
Entretanto, embora toda palmeira produza palmito, nem todo palmito é próprio para consumo humano, havendo alguns que são, inclusive, venenosos.
Por isso, é importante ficar atento e conhecer bem a espécie antes de realizar o plantio. Na aquisição de mudas, dê preferência a viveiros registrados e que vendam produtos de procedência.
Por serem plantas acostumadas ao clima predominantemente tropical, as palmeiras encontram no Brasil um ambiente perfeito para o plantio e desenvolvimento, onde podem ser exploradas comercialmente, tanto na forma de ajardinamento, como na extração do palmito ou na colheita dos frutos.
As espécies de palmeira mais conhecidas e cultivadas para extração do palmito são o açaí (Euterpe oleracea), a palmeira juçara (Euterpe edulis), a pupunha (Bactris gasipaes Kunth) e a palmeira real (Archontophoenix cunninghamiana).
Um pouco mais abaixo, iremos apresentar algumas características de cada uma delas. A seguir, conheça um pouco sobre a importância do palmito à nossa economia.
Exploração comercial do palmito
A “descoberta” do palmito no Brasil para fins culinários ocorreu por volta de 1900 e logo se espalhou por todas as regiões.
A industrialização desse produto ocorreu 40 anos depois e com um crescimento significativo. Tanto que, 10 anos depois, não só o Brasil inteiro consumia o palmito em conserva, como também já exportava à Europa e Estados Unidos.
Segundo a Embrapa, o Brasil é considerado o maior produtor de palmito nativo do mundo, sendo responsável por aproximadamente 95% de todo palmito consumido mundialmente, gerando 8 mil empregos diretos e 25 mil empregos indiretos.
De acordo com o IBGE, o Brasil produziu, em 2020, aproximadamente 110 mil toneladas de palmito, em 26.855 hectares, proporcionando uma movimentação financeira de R$ 282 milhões. Os estados que mais produzem esse alimento são: São Paulo (38.526 toneladas), Santa Catarina (28.422 toneladas) e Paraná (12.096 toneladas).
Leia também: Tipos de palmeiras: conheça mais para escolher melhor.
Quatro palmeiras usadas na extração de palmito
Devido a importância econômica ao nosso país, essas espécies de palmeiras, que permitem a extração do palmito para o consumo humano, chamam a atenção de produtores por todo o Brasil, principalmente nas regiões que proporcionam as melhores condições de cultivo.
Confira agora as principais características das 4 espécies de palmeiras usadas na produção de palmito:
Juçara
O palmito Juçara é caracterizado por apresentar uma textura incrível, mais carnudo e mais vistoso em relação às outras espécies. Dessa planta também se extrai frutos destinados à produção de açaí.
A palmeira Juçara é uma planta de médio a grande porte, podendo atingir de 5 a 12 metros de altura e cerca de 15 cm de diâmetro na fase adulta, com folhas pinadas (como penas) e folíolos que partem da raque (coluna central). Trata-se de uma planta nativa da região da Mata Atlântica do Brasil, sendo uma das espécies mais utilizadas para extração do palmito.
Mas, essa grande procura fez com que a palmeira Juçara esteja ameaçada de extinção, uma vez que a exploração extrativista não repõe as plantas utilizadas, como ocorre em cultivos comerciais. Além disso, a palmeira Juçara não produz perfilhos, então o corte para obtenção do palmito acaba matando a planta.
Açaí
Tendo como origem a região Amazônica, em regiões pantanosas dos rios Amazonas e Tocantins, a palmeira Açaí, também conhecida como Açaizeiro, está entre as espécies mais utilizadas para extração do palmito e tem características muito semelhantes à espécie Juçara (ambas são pertencentes ao gênero Euterpe), entretanto, com a vantagem de ter uma extração menos agressiva, pois produz perfilhos.
O palmito que é extraído do açaizeiro é muito suculento e com textura parecida com a do palmito Juçara. Quando bem cultivado, as colheitas são constantes, sem o corte completo da árvore. Seu tempo para produção leva de 3 a 4 anos.
O palmito está localizado na extremidade superior do tronco da planta, envolvido pelas bainhas das folhas. Uma palmeira adulta apresenta geralmente uma vara de palmito de um metro de comprimento, pesando, em média, quatro quilos. Como possui de 4 a 5 caules, permite que a colheita seja feita em árvores alternadas, sem prejudicar o crescimento.
Aliás, não podemos deixar de citar que o açaizeiro também produz um fruto muito saboroso, o açaí, que se tornou famoso por todo o país, sendo um alimento altamente energético e muito nutritivo.
Pupunha
Com a crescente conscientização ambiental entre os produtores, para que o palmito não seja obtido de forma exploratória (a partir do extrativismo de palmeiras de matas nativas), o cultivo da palmeira pupunha tem se tornado uma alternativa sustentável nesse ramo.
A pupunha é uma palmeira ereta, que forma touceiras densas por meio de perfilhamentos da base dos estipes, podendo chegar a até 20 metros de altura. O palmito se localiza na parte superior da planta, correspondendo à parte central do estipe.
Desde a década de 1970 vem crescendo o interesse de pesquisadores e produtores nessa espécie, que apresenta muitas vantagens em relação às outras palmeiras, como a capacidade de rebrota, precocidade (começa a produzir a partir de 18 meses após o plantio) e alto vigor.
Ademais, outra vantagem é que o palmito pupunha não apresenta oxidação nas primeiras 24 horas após o corte, permitindo a sua industrialização sem perda de peso ou processos de fermentação.
De acordo com levantamento feito pela Embrapa em dezembro de 2019, dos 30 mil hectares destinados ao plantio de palmeiras visando a extração do palmito, aproximadamente 20 mil hectares foram correspondentes ao cultivo de palmito pupunha, ou seja, dois terços.
Isso porque é uma espécie que adaptou-se bem às diferentes condições climáticas que ocorrem pelo nosso país, embora, por ser originária da região Amazônica, prefira climas quentes e úmidos.
A exploração comercial dessa espécie de palmeira ocorre principalmente em São Paulo, Santa Catarina e na região leste do Paraná. Esses estados contam inclusive com um amplo projeto de pesquisa e desenvolvimento que adaptou o cultivo dessa espécie para a agricultura familiar.
O palmito pupunha possui um sabor delicado e suave. Seu exterior é mais fibroso e o miolo é muito macio, com baixo teor calórico, rico em fibras e minerais, como cálcio, fósforo, potássio e vitaminas importantes. Pelo fato desse palmito não oxidar, ele não escurece, ou seja, é ideal para saladas e pratos que permitem o consumo in natura.
Confira nesse vídeo, como é realizado o cultivo da palmeira pupunha, visando a extração do palmito:
Palmeira real
Trata-se de uma planta que tem como origem a Austrália, mas se adaptou muito bem ao solo brasileiro e ao nosso clima. Após o plantio, o corte leva aproximadamente de 3 a 4 anos e é único, ou seja, não proporciona a rebrota.
De porte elegante, a palmeira real possui estipe único, anelado, e a planta pode chegar a até 20 metros de altura com até 20 cm de diâmetro. O cultivo foi inicialmente com objetivo ornamental, até que o seu palmito foi “descoberto”, sendo também muito utilizado na culinária.
O palmito é longo e visível, recoberto pelas bainhas foliares, de cor verde clara. Possui uma textura macia, sabor entre doce/amargo e cor branca, sendo uma rica fonte de vitaminas e minerais.
E então, gostou de conhecer melhor as palmeiras produtoras de palmito? Aproveite e continue por dentro do assunto, acessando o nosso artigo sobre como cuidar de palmeiras. Boa leitura!