Boas práticas na sanidade do gado

Boas práticas na sanidade do gado

Amigo pecuarista, que tal investir na sanidade do gado da sua propriedade? Como retorno, você terá melhor rendimento produtivo e financeiro. Com a atual evolução técnico-científica, a partir da adoção de boas práticas é possível alcançar esse cenário.

Partindo da questão da biosseguridade, convém lembrar que a incessante demanda mundial por alimentos exige cuidados preventivos e controle biológico, inclusive para o acesso a mercados externos, uma vez que todo país tem suas regras para garantir a segurança na importação de alimentos. Caso essas regras não sejam atendidas, barreiras comerciais podem ser impostas, o que implicaria diretamente na economia do país.

Tendo isso em vista, como adotar medidas práticas para ter animais saudáveis? E quanto a qualidade da carne e leite, como garantir um produto com segurança alimentar? As respostas para essas perguntas, no contexto de aplicação das boas práticas de manejo, são determinantes, pois trazem o aval técnico para realização das mudanças necessárias.

Por isso, seguindo a nossa série sobre boas práticas no manejo do gado, preparamos este artigo, onde o foco se volta totalmente para a saúde de sua boiada. Acompanhe!

A sanidade do rebanho e a saúde coletiva

O acesso a mercados de consumo em outros países é fruto do empenho na adoção de manejos que garantem que o produto vai atingir o grau de qualidade e segurança alimentar exigido, ou seja, de alto nível. E como chegar a esse patamar?

Primeiramente, reconhecer que animais doentes ou com presença de parasitas têm pior desempenho em relação aos demais, e que, assim, há grande possibilidade de contaminação endêmica. Além disso, grande parte dos fármacos (se não todos), são eliminados através do leite, e uma carcaça com sinais de irregularidades não oferece segurança para o consumo e ainda perde muito valor comercial.

Ademais, existem patologias com cunho produtivo e risco biológico: as temidas zoonoses. As zoonoses são doenças de fácil propagação, que atacam inclusive a saúde humana, podendo levar a sérias complicações. Elas também devem estar no alvo do controle, a partir da adoção das boas práticas de sanidade.

Mulher com prancheta avaliando a sanidade de uma peça bovina
É muito importante assegurar a qualidade e segurança alimentar. Animal doente não produz alimento seguro para o consumo e o destino dessa produção deve ser o total descarte!

Nesse contexto, uma boa condição física e comportamental dos animais vai contribuir com os resultados produtivos e com o equilíbrio de todo o sistema, inclusive da sanidade humana.

Isso mesmo, a forma como é feito o manejo é extremamente importante, pois estamos falando em alimentar o mundo com proteína animal, que deve ter sua qualidade assegurada.

E, estando a qualidade intimamente associada a um manejo que garanta boas condições de vida ao animal, por que não considerar um abate humanitário, com respeito a vida do animal, mantendo o foco na produção sustentável, de forma holística?

Nesse sentido, os esforços sanitários asseguram não só a sanidade e bem-estar animal, mas também o bem-estar humano, já que assim, o acesso a alimento seguro, verificado, rastreável e de alta qualidade se torna uma realidade.

Então, o melhor caminho para a prevenção e limitação da propagação de doenças é produzir em cadeia com respeito aos elos que compõem a sanidade, os quais vamos destacar melhor no decorrer do conteúdo. Confira!

Biosseguridade e seu papel na manutenção da saúde de seu rebanho

A biosseguridade tem como objetivo evitar a contaminação e disseminação de doenças e agentes infecciosos, melhorando a saúde dos animais e evitando o contágio entre os humanos.

Sendo assim, todos os envolvidos na criação de animais devem contribuir para a segurança produtiva, o que envolve conscientizar massivamente os criadores e tratadores, em um treinamento contínuo.

É importante destacar que diminuir o número de animais doentes leva a uma redução do número de tratamentos e, consequentemente, nos gastos que eles geram, o que impacta positivamente o aspecto econômico dos sistemas de produção.

Por outro lado, é importante saber que o risco de doenças não será totalmente erradicado, mas sim, controlado!

Homem manejando gado ao caminhão de transporte
A criação dos animais considerando o ambiente como um todo, assim como o transporte, é essencial para manutenção da satisfação e saúde perfeita.

Passos práticos para garantia de sanidade do seu rebanho

Com conceitos muito simples, a biosseguridade promete bons resultados, e, ao mesmo tempo, não exige mudanças muito trabalhosas. Veja alguns cuidados:

  • Visitantes podem trazer doenças em calçados e vestimentas, assim como animais de companhia podem oferecer riscos ao seu rebanho. Por isso, atenção ao vestuário e a correta higienização;
  • Cuide de seus animais, que são seres sencientes. Respeite a sanidade e o bem-estar de todas as categorias. Assegure a saúde dos animais de companhia da sua propriedade. Gatos e cachorros devem ser vacinados com o controle parasitário adequado;
  • Limpeza e desinfecção adequada do ambiente a fim de eliminar qualquer presença de vetores ou patógenos;
  • Não facilite a presença de animais selvagens próximos a sua criação. Roedores, por exemplo, podem contaminar a alimentação e o ambiente e trazer doenças importantes;
  • Cuidado essencial com o alimento e a água. Sempre certificar-se de manter a oferta de água limpa e potável e apartar o transporte de alimento e de esterco. Se forem transportados no mesmo veículo, atenção com a limpeza. Do mesmo modo, muito cuidado com o armazenamento;
  • Atenção especial para o transporte in vivo. Priorizar animais de um mesmo rebanho, certificando-se de plenas condições de saúde para todos, além de prezar pela segurança do transporte, que deve estar em perfeitas condições;
  • Ainda com relação ao transporte, atenção para desinfecção completa de todos os veículos, já que até os pneus podem propagar agentes patógenos;
  • Uso de medicamentos somente de forma controlada e de acordo com recomendações técnicas. Antiparasitários e antibióticos, especialmente, assim como qualquer medicamento, devem ser utilizados de forma responsável;
  • Rastrear informações sanitárias, a partir de um registro eficiente que parte da identificação individual do seu rebanho, é essencial. Em casos de surtos de doenças importantes, rastrear inclusive quem teve contato com a criação, contribui muito para o controle estratégico e epidemiológico;
  • Ter em mente a saúde comunitária. Esforços em controlar as zoonoses e garantir um alto nível de bem-estar animal e do coletivo vão refletir em um nível de excelência produtiva.

Prevenção sanitária X prevenção médica

É necessário diferenciar os termos relacionados à prevenção ou, em termos médicos, tudo que engloba a profilaxia.

Quando existe atenção à prevenção de sintomas clínicos, ou do quadro patológico do animal, considere a prevenção médica, ou seja, a administração de vacinas ou de fármacos, sejam eles homeopáticos/fitoterápicos ou alopáticos.

Essa administração compõe um calendário, que supõe uma certa comodidade ao produtor, e os resultados são confirmados. Aproveite para conferir no infográfico que preparamos abaixo, como fazer o manejo de vacinação correto:

Infográfico de manejo correto de vacinação
O momento de vacinar seu rebanho é decisivo e vai garantir animais saudáveis e de maior valor comercial garantido.

Já a prevenção sanitária visa abarcar uma mudança de manejo, considerando o ciclo das doenças e o que envolve o acometimento do animal. Nesse caso, busca determinar barreiras para que o agente patológico seja limitado.

A aceitação dessa medida profilática, infelizmente, é bem menor. Ou seja, alguns pecuaristas não adotam medidas de quarentena, descarte da produção, interdições na produção ou no trânsito de animais.

Porém, é determinante entender que a prevenção médica se limita ao organismo doente, cuidar do indivíduo e esperar os reflexos no rebanho todo. Por outro lado, a prevenção sanitária abrange o meio externo e propõe barreiras para controle da doença, com medidas que englobam sua saúde, seu ambiente e sua família também!

Em todo caso, ambas as medidas de prevenção visam o cuidado, e cabe ao médico veterinário – que deve trabalhar em união perfeita com o pecuarista e com os órgãos oficiais de controle – defini-las, ressoando perfeitamente nas medidas preventivas!

E o que isso tem a ver com a adoção das boas práticas? Saber que a prevenção sanitária é tão importante e necessária quanto a prevenção médica, faz parte de um movimento de conscientização fortemente necessário.

Adote boas práticas no manejo sanitário, higiênico e profilático!

Uma vez que a questão profilática está mais clara, entenda que a higiene e a sanidade do seu rebanho sempre vão andar de mãos dadas. Não menos importante, a questão de respeito à condição mínima de bem-estar está inerente a esse mesmo processo.

Portanto, pequenas atitudes, como garantir a boa higiene, disponibilizar um mínimo de conforto e ajustar o manejo ao programa profilático (vacinações e atenção ao ambiente), vão contribuir para a saúde dos seus animais.

Vale a pena ter em mente o passo a passo para a condução de aspectos que se inter-relacionam, para tanto, dê atenção a alguns fatores:

  • Conhecimento prévio da raça, necessidades e cuidados inerentes;
  • Escolha da melhor raça, considerando seu ambiente e a melhor adaptabilidade e resistência;
  • Acompanhamento aproximado e cuidado com a relação humano – animal;
  • Aplicação de práticas zootécnicas adequadas;
  • Ter um médico veterinário que acompanhe os animais;
  • Dimensionamento correto de acordo com a disponibilidade de espaço e de alimento;
  • Certificar-se de provisionar alimento e água de qualidade;
  • Detalhamento da sanidade reprodutiva, de crescimento, de terminação, entre outras fases de vida;
  • Garantir constância nos aspectos relacionados à produção dos animais;
  • Realizar treinamentos e atualizações na busca de um manejo ajustado e adequado;
Close no focinho de uma vaca dentro de um cocho.
O estresse é fator negativo e implica na questão terapêutica, na qualidade do leite e da carne e, ainda, desencadeia complicações importantes na saúde animal.
  • Mitigar ao máximo os erros no manejo higiênico sanitário;
  • Estabelecer controle de mastite (especialmente em criações de leite);
  • Manter atualizado o programa de vacinação em sua propriedade;
  • Especial atenção aos programas de erradicação de importantes doenças, como febre aftosa, tuberculose e brucelose;
  • Realizar o esquema de vacinação e prevenção médica de forma propositada, respeitando o calendário obrigatório e acrescentando o que for específico da sua realidade;
  • Conduzir com respeito a boiada, para a completa contenção;
  • Aplicar a vacina em cada indivíduo no local apropriado, de forma correta, com material de qualidade e estéril;
  • Manter a quarentena sempre que introduzir novos animais ou em casos recomendados.

Atenção ao que é mais importante!

Portanto, caro produtor, trabalhe com prioridades!

Boas práticas presumem um caminho de respeito à vida do animal, que é dedicada a produzir alimento. Proporcionar dignidade nesse caminho produtivo é o que mais deve envolver os profissionais da saúde veterinária. Quando são dadas condições preventivas para a expressão total do potencial produtivo de um animal, o retorno é de fato muito motivador!

Desconsiderar a segurança e as medidas de prevenção ou profiláticas coloca em risco a saúde não só dos animais, mas do homem também.

Agora que você conhece quais devem ser as prioridades, já entendeu que sua cadeia de produção pode ser mais sustentável quando a sanidade dos animais é priorizada, e que o resultado disso é uma criação harmoniosa de alta qualidade. Além disso, o melhor retorno financeiro é garantido, até pelo fato de mitigar desperdícios.

Portanto, fica a questão: será que você já se considera em um novo rumo? E quanto a chave do manejo produtivo na sua propriedade, já foi virada?

Para te ajudar nessa missão, preparamos o infográfico abaixo. Compartilhe com seus funcionários e colegas pecuaristas, para caminhar rumo a uma pecuária mais produtiva e de maior qualidade!

infográfico com dicas para melhorar a sanidade do gado
Guia de boas práticas de manejo da sanidade do gado.

E então? Gostou do nosso conteúdo? Esperamos que sim. Aplicando nossas dicas de boas práticas na sanidade do seu rebanho, com certeza os resultados serão animadores!

Aproveite e confira os outros posts da série de Boas Práticas de Manejo do Gado:

Boas práticas na identificação do gado

Boas práticas na alimentação do gado

Boas práticas na reprodução do gado

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