Com o propósito de aumentar a produtividade e diminuir os custos de produção, muitos produtores brasileiros têm optado por fazer o plantio do algodão por meio do sistema adensado, isto é, reduzindo o espaçamento entre as fileiras das plantas. Embora o seu cultivo pareça ser mais vantajoso, o manejo incorreto pode ocasionar perdas maiores do que o plantio convencional.
Neste artigo iremos mostrar como funciona o sistema de cultivo de algodão adensado, os tipos de colhedoras usadas, suas vantagens e desvantagens e também como reduzir as perdas na colheita. Confira!
Produção de algodão no Brasil
Em 2020, o Brasil produziu 7,1 milhões de toneladas de algodão, representando uma alta de 2,6%. Isso faz com que sejamos o quarto maior produtor mundial de algodão e o segundo maior exportador, atrás apenas dos Estados Unidos. O Mato Grosso é o maior produtor brasileiro.
Sendo assim, é uma importante atividade econômica para o agronegócio do país. Para o sucesso das lavouras, alguns cuidados são imprescindíveis. Escolher as variedades mais adequadas, dar preferência por áreas planas, pois facilitam a colheita, manter livre de plantas daninhas, além de decidir pelo melhor espaçamento do plantio.
Normalmente é indicado um espaçamento de 0,76 m a 0,90 m entre as fileiras, mas também pode-se plantar em sistema adensado, que varia de 0,45 a 0,50 m (10 plantas por metro quadrado). No caso de optar por variedades com porte mais elevado, a densidade não deve ultrapassar 8 plantas por metro quadrado.
Confira também: O impacto do clima na cultura do algodão.
Plantio de algodão no sistema adensado
Dos espaçamentos que citamos acima, vamos tratar especificamente do sistema adensado, que consiste em plantar a fibra com espaçamento menor, geralmente de 45 cm entre as fileiras no algodoeiro.
O sistema de plantio de algodão adensado foi desenvolvido inicialmente nos Estados Unidos e logo chegou ao Brasil, com objetivo de reduzir os custos de produção com fertilizantes, combustível e mão de obra. Mas, somente nos últimos anos é que vem apresentando melhores resultados devido ao surgimento de herbicidas pós-emergentes para folhas largas, de novos cultivares e do desenvolvimento de novas colheitadeiras do tipo “stripper”.
Além de reduzir custos na produção e colheita do algodão, o plantio adensado permite cultivar até três vezes mais plantas por hectare, 300 mil contra 100 mil no sistema convencional.
Outra vantagem é que o plantio no sistema adensado tem ciclo de cultivo menor, em torno de 40 a 60 dias em relação ao convencional. Isso significa reduzir custos em irrigações, adubações e tratamento químico das plantas.
Contudo, a atenção no manejo do algodão adensado deve ser maior, uma vez que há mais probabilidade de surgimento de doenças e pragas. Além disso, com o propósito de reduzir as perdas na colheita de algodão adensado, é preciso implementar um sistema de colheita adequado e redobrar o cuidado no seu apanhamento. É o que iremos mostrar a seguir.
Tipos de perdas na colheita de algodão
Em todos os tipos de cultivo de algodão podem existir dois tipos de perdas: as quantitativas e as qualitativas. A perda quantitativa é referente a fibra encontrada no solo, algodões remanescentes na planta e perda de peso por causa do atraso na colheita.
Já a perda qualitativa acontece quando há imaturidade das fibras, mistura de algodão com outras partes da planta, redução da resistência das fibras ou variação na coloração ou comprimento das fibras em decorrência de outros fatores, como o clima.
A colheita mecanizada do algodão, embora seja sempre mais rápida que a manual, acarreta em perdas bem maiores, na ordem de 15 a 17%. Na colheita manual, por sua vez, a perda é de apenas 5%.
Além das perdas, o rendimento no beneficiamento é bem menor na colheita mecânica, devido à quantidade de impurezas que esses equipamentos acabam recolhendo. Os dois tipos de perda podem ser influenciadas pelas colhedoras utilizadas. Existem dois sistemas: picker e stripper.
Colhedora picker
A colhedora do tipo picker, ou colhedora de fusos, extrai o algodão em caroço dos capulhos abertos de forma seletiva, sem puxar. As máquinas desse tipo disponíveis no Brasil têm capacidade para colher entre 15 e 17 hectares por dia. Isso equivale a cerca de 76 mil quilogramas de algodão em caroço.
De forma geral, o sistema picker a princípio pode ser considerado mais eficiente do que o stripper. Entretanto é necessário altos níveis de produtividade para ele ser devidamente rentabilizado.
Estudos realizados pelo Instituto Matogrossense do Algodão (IMA), mostram que o sistema picker apresenta um custo de duas a três vezes mais elevado na aquisição e manutenção em relação as colhedoras stripper, exigindo níveis de produtividades elevados com o fim de haver uma devida rentabilidade.
Leia também: Conheça as principais funções das colheitadeiras.
Colhedora stripper
Por outro lado, as colhedoras do tipo stripper (de arranque) não são seletivas. Então, além do capulho aberto, a máquina também colhe as casquilhas, as folhas e os ramos laterais, o que tende a diminuir a qualidade das fibras por causa do aumento da quantidade impurezas, e da redução do micronaire (finura/maturidade da fibra) e da reflectância (a quantidade de luz refletida pela fibra).
De forma resumida, as colhedoras de arranque (stripper) são formadas por um pente com largura entre 3 e 7 metros, um molinete, um caracol e dutos com jatos de ar e um cesto de armazenamento.
Além disso, com o fim de ajudar a reduzir as perdas qualitativas na colheita de algodão adensado, o sistema de colheita de arranque tem um sistema de pré-limpeza na extração das impurezas maiores. Ele é composto por cilindros serrilhados, barras e grelhas.
Essa máquina pode ser até três vezes mais barata do que as colhedoras picker (na compra e manutenção). Além disso, sua velocidade de deslocamento pode chegar até a 5 km/h.
Regulagens na colheita ajudam a reduzir as perdas de algodão adensado
Conforme mostramos acima, existem diferentes fatores que podem aumentar as perdas na colheita de algodão adensado. Além disso, algumas variedades de cultivares de algodão tem características que podem influenciar sobre a sua qualidade e porcentagem de perdas. Nesse sentido, é importante escolher cultivares adequados à região da semeadura.
O tempo de colheita também deve ser respeitado. Atrasos de um mês podem provocar perdas na pré-colheita de 4% a mais do que o normal no Mato Grosso, além da degradação da fibra.
Com o intuito de reduzir a quantidade de impurezas nas fibras, o processo de pré-limpeza precisa ser bem regulado. As telas dos depósitos de algodão devem ser limpas interna e externamente. O ideal é que a higienização seja feita a cada dois descarregamentos.
Também é fundamental ajustar a inclinação da plataforma de acordo com o terreno no momento da colheita. Assim, isso evitará que os dedos da plataforma de pente entrem em contato com o solo e entortem.
Ademais, também é importante monitorar os sistemas de colheita para que a utilização das máquinas seja feita da forma certa. Sendo assim, é importante fazer vistorias constantes e manter a manutenção dos equipamentos em dia.
E então, gostou do artigo? Para continuar por dentro do assunto, acesse também o nosso texto sobre as melhores técnicas para aumentar a produção de algodão. Boa leitura!