O preço da soja subiu. Quem vendeu antecipadamente não aproveitou essa alta. Mas, as bolsas possuem uma alternativa para evitar esse risco: o contrato de opção.
Muitos empresários rurais vendem parte da sua produção antes mesmo fazer o plantio. E estão corretos.
A venda antecipada é uma maneira de reduzir os riscos e a volatilidade das cotações tanto no mercado interno quanto no internacional. Esse instrumento também é muito utilizado nas bolsas de derivativos.
Conhecer o custo de produção
Para utilizar-se desse mecanismo, porém, alguns cuidados são essenciais. O primeiro, por mais óbvio que seja, é conhecer o exato custo de produção.
Não importa qual seja o produto: arroba do boi, algodão, café, soja, trigo, milho… Também é sensato não vender a safra inteira esperada, mas uns 30% do que imagina-se colher.
Outras informações importantes como produção mundial, estoques, condições das lavouras em outros países produtores, pragas e doenças; e, também muito importante, acompanhar as previsões meteorológicas. Atualmente esses dados estão disponíveis nas palmas das nossas mãos.
Mercado da soja: venda antecipada
Talvez alguém questione que produtores de soja e milho que negociaram parte da sua safra 2020/21 antecipadamente estão desolados com o acordo que fizeram.
Venderam a soja, por exemplo, para entrega em fevereiro, março ou abril, isso não é importante aqui, por R$ 70 ou R$ 80/saca.
Quando fecharam esse contrato, fizeram-no porque esse valor, lá em outubro ou novembro de 2020, era excelente, cobria os custos de produção e ainda renderia uma ótima taxa de lucratividade. Tudo muito bom, tudo certo?
Ledo engano. Como ninguém tem bola de cristal, que conta como as cotações do produto estarão três ou quatro meses à frente, o que aconteceu adiante foi uma surpresa geral.
Mercado da soja: cotações em alta
As cotações da soja tiveram um surto de alta. Na Chicago Board of Trade, CBoT, a tradicional bolsa de Chicago, EUA, o bushel (medida que eles usam, 27,216 kg para a oleaginosa), ultrapassou US$ 16.
Aqui os preços acompanharam, mais de R$ 180/saca em Paranaguá/PR. Em uma conta simples, o dólar a R$ 5,30, dois bushels e algo mais (para fazer 60 kg da saca), US$ 31/32 a saca, é só multiplicar.
Portanto, a venda antecipada foi feita por R$ 80, na hora da entrega o produto valia o dobro ou mais. O que fazer?
Bem, gente decente cumpre contratos. Tem apenas o direito de ficar com raiva. Ou de procurar ter menos riscos na próxima operação.
Isso leva-nos de volta às bolsas de derivativos que citei no primeiro parágrafo desse texto. O mesmo negócio que esse produtor fez com uma trading, a venda antecipada, poderia ter sido realizado na bolsa.
Contratos de opção
Aqui no Brasil temos a Brasil, Bolsa, Balcão, a B3. Lá existe um contrato chamado de opção de venda ou de compra. Se usasse essa ferramenta, talvez evitasse o dissabor.
Os contratos de opção funcionam da seguinte maneira: o vendedor, por exemplo, compra o direito de vender uma quantidade de certo produto por um preço pré-determinado em uma data definida.
No caso, soja em março de 2021 por R$ 80/saca. Para ter esse direito paga um prêmio ao comprador da opção, digamos R$ 2 por saca. Importante: ele compra o direito, mas não a obrigação de vendê-la. A isso chama-se exercer ou não esse direito.
Pois bem, chegamos na data de decisão, março de 2021. A saca vendida por R$ 80 está valendo no mercado físico R$ 180. O que deve fazer o vendedor, no caso da soja, o produtor ou a cooperativa?
Não exercer o direito de venda. Se fizer isso ele perderá o prêmio pago, R$ 2/saca. Deve fazer as contas, lógico. Mas poderá ir ao mercado e negociar a sua saca de soja por R$ 170/180. Obterá um resultado melhor. E poderá sorrir novamente.
Veja também: Como aumentar a produtividade da soja por hectare?
