Uso de drones na pulverização de lavouras será regulamentado

Uso de drones na pulverização de lavouras será regulamentado

A utilização de drones nas diversas tarefas numa fazenda, tanto no setor agrícola como pecuário, deixou de ser um “luxo”. Passou a ser um equipamento necessário devido a sua versatilidade, valendo a pena o investimento.

Mas, a popularidade está levando autoridades do setor rural a debater e regulamentar a sua utilização, principalmente quando o assunto se refere à pulverização e no controle biológico das lavouras.

Um grupo técnico está sendo formado para elaborar as diretrizes para as futuras ações.

O objetivo é definir uma instrução normativa preparada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que vai permitir, por exemplo, aplicação aérea de agrotóxicos em áreas onde aviões agrícolas não conseguem chegar.

Uso de drones nas lavouras

Geralmente a pulverização nas lavouras é feito com uso de maquinários em solo, aviões agrícolas ou ainda com pulverizador costal, em se tratando de pequenas propriedades ou áreas experimentais.

Os veículos aéreos não tripulados de pequeno porte apresentam algumas vantagens em relação às ferramentas tradicionais.

Os drones podem sobrevoar áreas de difícil acesso, pulverização localizada em locais com falha de controle, não causar o amassamento da cultura na hora da aplicação do produto, e o tempo de exposição do aplicador é menor.

Vários drones pulverizando a lavoura
Os drones podem fazer a pulverização sem danificar a lavoura

É bastante comum em alguns países da Ásia, pioneira na prestação desse serviço. Na China, por exemplo, cerca de 30 mil aparelhos são utilizados nessa tarefa. Mas, são poucos os países do mundo que possuem normas específicas para sua operação no meio rural.

No Brasil, seu uso para pulverização ainda é recente, mas vem crescendo em algumas culturas, como eucalipto, cana-de-açúcar, arroz, café e laranja, nas regiões Sul e Sudeste do país. Na agricultura, era mais utilizado para detectar pragas e doenças.

No Estado de São Paulo, desde 2019, são usados no cinturão verde da capital paulista, onde é produzido a maior parte das frutas, verduras e legumes consumidas pela maior capital do país.

Os drones são empregados na pulverização de produtos macrobiologicos, como predadores e parasitas naturais, com a vantagem de reduzir o volume de água para essa atividade e também com maior rapidez.

O equipamento consegue cobrir uma área de três hectares por hora enquanto que a aplicação convencional só atinge 0,24 hectare/hora. Isso sem falar da vantagem de reduzir os danos provocados pelo trânsito entre as linhas da lavoura.

Regulamentação de drones

O Secretario de Agricultura do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, defende a implantação de normas específicas, mesmo que não sejam muito restritivas, como forma de aperfeiçoamento e utilização da tecnologia, buscando sempre eficiência e segurança de todos.

Homem abastecendo drone no chão
O profissional que vai pilotar o drone, deve ser qualificado para operar com segurança

Segundo o presidente Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), Nei Brasil, o Estado de São Paulo é o líder tanto em desenvolvimento tecnológico, quanto na utilização dos drones de pulverização nas lavouras, passando a marca de 1 milhão de hectares tratados anualmente.

Para o engenheiro aeroespacial Wender Santos, diretor-técnico da SkyWorks Agro, também defende melhorias em alguns pontos da legislação para que o país possa aumentar a produtividade, manter-se na vanguarda e atrair mais investimentos externos para o setor de tecnologia.

Além disso, ainda é preciso realizar alguns ajustes no uso de drones para pulverização, como a deriva, para que a tecnologia seja adotada plenamente pelo mercado e também para garantir a permanência dos prestadores de serviço, explicou Wender.

No mês passado, foi realizado um debate entre governo do Estado de São Paulo, empresas públicas e privadas discutem o uso desses equipamentos na pulverização e no controle biológico da lavoura.

Confira como foi o debate:

A minuta da norma para regulamentação do uso  foi apresentada pela Divisão de Política de Produção e Desenvolvimento Agropecuário da Superintendência Federal da Agricultura de São Paulo ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a regulamentação do uso de drones na pulverização e no controle biológico das lavouras.

Exigências para regulamentação

A instrução normativa vai abranger os equipamentos pertencentes à Classe III (classificação segundo a Agência Nacional de Aviação Civil), ou seja, aeronaves com peso máximo de decolagem entre 250 gramas e 25 quilos.

As demais categorias (Classe I, com mais de 150 quilos, e Classe II, de 25 a 150 quilos) continuarão seguindo a Instrução Normativa N° 02/2008, que trata das normas de trabalho da aviação agrícola.

Todos os operadores de drones de pulverização terão que ter registro no Ministério, possuindo qualificação e aplicar o produto com segurança.

Já as empresas desse setor deverão ter um engenheiro agrônomo, um piloto agrícola remoto certificado pelo Ministério e um técnico agrícola com curso de executor em aviação agrícola para as missões em campo.

No caso dos agricultores, será preciso contratar um engenheiro agrônomo e piloto agrícola remoto certificado.

Homem pilotando drone pulverizador em cima de lavoura
Em todos os casos será necessário um agrônomo e piloto de drone com qualificação para pulverizar a lavoura

Todos terão que fazer os relatórios técnicos de cada operação, que deverão ser guardados por, no mínimo, dois anos e ficarão à disposição de eventuais fiscalizações por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Uso do drone nas fazendas

Confira algumas vantagens do uso desses equipamentos na agricultura e na pecuária:

  • Análise da plantação: detectar pragas e doenças, falhas de plantio, excesso de irrigação, entre outros. Imagens são enviadas à softwares que vão analisar o material captado;
  • Demarcação de plantio: uma visão do alto de forma fácil e ágil, pode verificar, por exemplo, áreas da fazenda que estão mais propícias para o plantio;
  • Desenvolvimento da safra: equipamento é utilizado para sobrevoar a área plantada, captando as imagens  que depois serão analisadas periodicamente no computador. Pode identificar doenças ou pragas que atingem a lavoura.
  • Monitorar pastagens: analisar aqueles que precisam ser reformados ou aqueles que estão bons para uso.
  • Monitorar desmatamento: permite uma visão ampla de lugares distantes e de difíceis acessos, verificando inclusive pontos em que estejam ocorrendo desmatamentos;
  • Vigilância: pequenos e ágeis, podem ser usados para vigiar as divisas da propriedade e eventual movimentação de pessoas estranhas;
  • Contar a boiada: com as imagens aéreas é possível contabilizar o rebanho sem o deslocamento de funcionários para fazer essa tarefa, com a vantagem de ser bem mais rápido e preciso. Isso sem falar na busca por animais perdidos;

Veja também: O que é georreferenciamento de fazendas?

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