Das mais de 70 espécies de tilápias que existem, apenas três espécies ganham destaque na agricultura mundial, entre elas, a tilápia do Nilo Oreochromis niloticus, a tilápia azul ou áurea Oreochromis aureus e a tilápia de Mossambique Oreochromis mossambicus.
No ranking dos peixes de água doce de maior produção, as tilápias já ultrapassam as carpas. No Brasil, o peixe atingiu 400.280 toneladas em 2018, 11% a mais do que no ano anterior.
Neste cenário, o estado do Paraná é o maior produtor de pescados do país, mas também está na liderança quando o peixe em questão se trata da tilápia, já que a produção local é quase o dobro do segundo colocado no ranking, o estado de São Paulo com uma produção de cerca de 69.500 toneladas.
Além disso, o país é um dos maiores exportadores da espécie do mundo. De acordo com dados da Secretaria De Comércio Exterior, nos primeiros meses de 2019 o Brasil comercializou 520.5 toneladas de tilápia, 33% a mais do que no mesmo período em 2018.
Porém, até o início dos anos 90, as tilápias eram produzidas em viveiros e sua alimentação era baseada em alimentos naturais e rações suplementares. Com o crescimento do cultivo os peixes passaram a serem transportados com mais frequência.
A mudança de região e clima acabou contribuindo para que algumas enfermidades passassem a assombrar a tilapicultura, trazendo prejuízos aos produtores.
Para que esse problema seja contido, é necessário dar mais atenção sobre as necessidades de nutrientes que são essenciais à espécie, não apenas como uma forma de minimizar os fatores econômicos, mas também como uma maneira de fortalecer a imunidade do peixe.
Ajustes na alimentação e nutrição da Tilápia
Embora muita gente entenda que os hormônios, o álcool e a ração são os principais componentes na produção de alevinos (peixes recém-saídos do ovo), isso não é correto. Porém, dependendo do sistema adotado, a manutenção dos custos dos reprodutores pode chegar a até 60% dos custos.
Entretanto, os descuidos no manejo dos reprodutores que são capazes de prejudicar a qualidade das pós-larvas e alevinos é muito maior do que o custo de produção. Entre esses descuidos, está a deficiência de nutrientes, aptas não apenas a comprometer a produção de ovos, mas também o desenvolvimento e qualidade da espécie.
Por serem animais pecilotérmicos, os peixes não regulam a temperatura corporal, sendo assim, não gastam energia dos alimentos para se aquecerem, o que torna os peixes mais eficientes na aplicação de rações quando estão dentro de um conforto térmico.
Os peixes de origem tropical, como a tilápia, se encontram em conforto térmico em temperaturas entre 27 e 30°C, dentro desse conforto, a digestão, metabolismo, ganho de peso e a imunidade da tilápia acabam sendo minimizados.
Dessa forma, o melhor desempenho dos peixes tem se dado a partir do uso de rações com maior relação entre Proteína Bruta/ Energia Digestível (PB/ED), ou seja, próxima de 100g PB para cada 800 a 1,00 quilogramas de ED.
É bem comum acreditar que os peixes são muito mais exigentes quando se refere a questão de proteínas, isso se comparado ao caso de aves e suíno, porém, não é verdade.
Um frango que ingere 2kg de ração com 20% de proteína com a intenção de ganhar 1kg de peso, ingeriu em média 400g de PB/kg de ganho. Já no caso da tilápia, com uma ração de 32% e conversão alimentar de 1,3, ingere cerca de 416 g de PB/KG de ganho, ou seja, bem próximo.
No caso das tilápias, as rações para produtores de tilápia do nilo, devem possuir entre 28 a 40% de proteína. A baixa ingestão pode resultar em atraso na maturação sexual e na baixa produção de ovos. Porém, além da importância das proteínas, deficiências em vitaminas, minerais e ácidos graxos também afetam a reprodução de outras espécies de peixes.
Alguns reprodutores de tilápia de moçambique alimentados através de rações baixar em vitamina c produzem ovos de baixa qualidade. A cada 1.000 ovos, apenas 540 eclodiram e desses, 57% apresentaram alguma deformidade que comprometem o seu crescimento.
No caso das fêmeas bem nutridas, de 1.000 ovos, 880 eclodiram larvas sadias. Essas larvas nutridas com vitamina c apresentaram peso médio de 45% a mais do que as mal nutridas. Ambos os estudos foram submetidos a um período de crescimento de 35 dias.
Qual a melhor maneira de nutrir as tilápias para que apresentem resultados significativos de crescimento?
Em muitas ocasiões de baixa produção e de qualidade das ovas referente às taxas de fecundação e eclosão, estas puderam ser corrigidas a partir da substituição da ração utilizada por uma de melhor qualidade de nutrientes.
Porém, como algumas espécies desovam em uma época definida do ano, errar na nutrição desses animais é capaz de comprometer toda a produção, mas vale observar que quando se trata da tilápia, esses erros conseguem ser reparados com algumas facilidades.
As tilápias são peixes em constante formação, o que facilita no caso de alta demanda produtiva nos sistemas intensivos. Sendo assim, as mudanças na nutrição desta espécie resultam em uma resposta rápida na qualidade dos ovos e das pós-larvas.
O ideal para os produtores da espécie é começar com o uso de rações completas com pelo menos 32% de proteína na alimentação das matrizes. Além disso, essas rações devem ser usadas mesmo quando os reprodutores estocam em tanques de terra com água verde (presença de fitoplâncton) e a uma baixa densidade (0,4 a 0,6 kg de reprodutor/m2 ).
O uso de rações de qualidade engorda os tanques suprem as necessidades nutricionais dos reprodutores. No caso de sistemas mais intensivos de reprodução o ideal é o uso de rações com 40% de proteína.
É fundamental que algumas informações sejam compreendidas pelo produtor em questão do manejo alimentar. Durante a reprodução as fêmeas se alimentam pouco, uma vez que estão ocupadas com a incubação dos ovos e pós-larvas.
Dessa forma, a maior parte da alimentação vai para os machos. Quando não é necessário que os peixes cresçam rapidamente a taxa de alimentação desses seres deve se manter próxima dos níveis de manutenção, em torno de 0,4 a 0,5% do produto vivo (PV)/ dia.
Nesse caso, o ideal é o fornecimento de ração de forma restrita. A melhor maneira desse tipo de aplicação é fornecer um dia sim e outro não uma quantidade de ração a % da biomassa dos machos, em apenas uma ração ao dia.
Muitos produtores optam por dividir a ração em várias refeições pequenas, porém não é indicado quando se faz uma alimentação mais restrita, já que isso pode favorecer peixes com personalidades mais vorazes, causando a diferença de tamanho na espécie, especialmente entre os machos.
Veja Também: Melhores práticas na criação de peixes em tanque rede